Eu corri na direção de Ravi que deitado na cama tentava de modo desajeitado se levantar, eu me joguei em cima o abraçando fortemente.Eu senti uma enorme gratidão por finalmente depois de todos esses dias ele estar despertando, uma parte de mim nunca deixou de acreditar que ele acordaria. A sensação de tê-lo despertando após todos esses dias foi tão reconfortante que uma onda de gratidão me inundou por completo. Uma parte de mim nunca deixou de acreditar que ele acordaria, e agora, ali, nos meus braços, parecia que um milagre tinha acontecido. — Nina, calma você está me esmagando. — reclamou Ravi e só então me dei conta de que eu ainda estava praticamente deitada sobre ele, o abraçando. Me levantei rapidamente para olhar para ele, observando sua pele pálida e seus olhos castanhos avermelhados, que revelavam o rastro de sofrimento que tinha enfrentado. A preocupação tomou conta de mim, sabendo que ele devia estar com fome depois de tantos dias inconsciente. — Eu vou arranjar algu
Quando entrei no casebre, imediatamente senti cheiro de sangue. Eu olhei ao redor da bagunça que era aquele lugar, com potes e penico espalhados, em busca da origem do cheiro. Ao ver eu fazer isso, a feiticeira que possuía cabelos escuros e seu rosto estava parcialmente escondido pelo capuz. —Meu marido acabou de morrer. Ainda não preparei o corpo. Havia um pesar muito grande em sua expressão e sua voz era baixa e rouca, talvez por isso eu não tenha notado nada de estranho. Afinal, era apenas uma viúva que acabara de perder o marido. Eu fui guiada até um túnel subterrâneo, eu segui a mulher pelo caminho estreito até chegar em uma área cavernosa e maior. No centro havia um corpo imóvel. O corpo de um homem com uma adaga no peito. Eu olhei para trás e vi as lágrimas descendo pelo rosto da mulher e toda a sua dor. — Você o matou? — perguntei incrédula. Ela caiu de joelhos, e chorou alto demais, enquanto dizia: — Sou a última feiticeira de sete que sabe fazer esse fe
A noite estava escura e densa, eu corria pela viela sem saber o que seria de mim, o vento soprava gelado em meu rosto, mas não era por causa dele que eu tremia repetidamente.Os tremores eram causados pelo medo que sentia não o frio.Meu coração batia em um ritmo louco, desesperado, minha respiração ofegante se fazia alta no silêncio da noite.O som dos meus passos correndo era o único som daquele lugar.Logo os cachorros e seus donos viriam até mim, o fino vestido vermelho que eu usava agora estava todo amassado e sujo de suor, mas eu só precisava correr mais um pouco até chegar na floresta.Lá eu conseguiria sobreviver, mas seria muito difícil diante do clima frio, das condições que eu me encontrava sem provisões a não ser um pedaço de pão que eu segurava enrolado em um pano.Olhei para o céu e vi suas estrelas, a lua imponente e luminosa me fez querer chorar, em algum lugar meus pais poderiam estar vendo aquele mesmo céu que eu agora, só
Acordei com o barulho dos passaros sobrevoando onde eu estava, por um momento esqueci que tinha fugido e imaginei que Sandra apareceria exigindo uma limpeza nos quartos e na boate, mas é claro isso não aconteceu.Estava de volta a natureza da qual eu passei a maior parte da infância.O cheiro da mata ao redor me trouxe uma felicidade que há muito não sentia e agora o céu estava limpo sem nenhum vestígio de chuva vindo.Me levantei caminhando com o único objetivo de encontrar um riacho, beber água e um banho seria uma benção agora, eu sabia que tinha um riacho na direção ao norte daqui graças a Pedro um dos meninos que trabalhava na boate.Ele já havia entrado na floresta para caçar apesar das lendas amendrontarem a todos para Pedro ver suas irmãs com fome pareceu mais assustador, esperava que ninguém soubesse que ele havia me dado algumas referências de como sobreviver aqui, embora ninguém soubesse que ele já havia entrad
Havia andado o dia todo sem encontrar o riacho, minha boca estava seca e meu corpo desejando um gole que fosse de água, até do vinho da boate eu sentia falta agora, mas só do vinho.Agora a noite se aproximava e a idéia de fazer uma fogueira me parecia tão insensata, se aquele homem havia entrado aqui sem medo então deveria ter outros e eu precisava ser o mais discreta possivel, afinal pensando agora para onde eu iria?Se fosse na delegacia eles arrumariam um jeito de me pegar de volta ou me matar, e minha casa?Estariam me esperando agora lá sem dúvida.Será que meus pais ainda viviam perto da tribo Kai? Ou minha finalmente convenceu meu pai a se mudar para a cidade? Será que eles acham que morri? De certa forma eu morri.Estava sentada pensando nessas coisas quando notei uma figura saindo das sombras, uma muito alta.Me levantei do chão de sobressalto segurando uma pedra pronta para jogar quando um rosto familiar foi iluminado pela lua.
Ao acordar imaginei que estaria sozinha novamente, mas para a minha surpresa não estava.A minha frente estava acesa uma fogueira onde peixes estavam sendo assados, o aroma era maravilhoso, Ravi o manejava no fogo com cuidado.Olhei para a manta que me cobria, era azul marinho.- Bom dia Nina.- comprimentou Ravi, retirou um peixe do fogo e o estendeu para mim no espeto. Encarei-o sem entender porque ele ainda estava aqui.Afinal o que ele quer de mim?Começo a achar que ele não tem nada a ver com Sandra, se trabalhasse para ela já teria me levado.- Você é muito desconfiada.- pronunciou ele e retirou um pedaço do peixe provando-o na minha frente.Em seguida estendeu o restante do peixe, aceitei mais confiante ao menos envenenado não estava.Ele sorriu ao me ver comer o peixe, estava ótimo.- Você fala muito pouco para uma mulher sabia Nina.Não me dei ao tra
O sol estava alto, sorri para Avati parado a beira do rio, seus cabelos negros caiam sobre a testa molhada, ele tinha entrado no rio sem mim é claro. - Nina, você demora muito!- gritou ele nadando, Avati era um ótimo nadador.Sentei nas pedras do rio sorrindo para ele.Hoje era o dia que mamãe faria meu bolo. - Avati você vai a minha casa hoje não vai?- gritei a pergunta a ele enquanto nadava no rio. - Sua mãe vai fazer bolo olhos azuis?- perguntou ele.Era como praticamente todos da tribo Kai me chamavam, eu tinha traços de indígena, cor de indígena e cabelo também mas os olhos da minha mãe. - Então você só vai pelo bolo seu cabeça oca?!- questionei fingindo estar irritada.Avati saiu da água e se sentou ao meu lado. - Vou por você também olhos azuis.- sussurrou ao meu lado. - Tenho certeza disso Avati.- respondi.Ele se levantou de repente e andou até uma árvore, mexeu em umas folhas amontoadas ao pé dela, das folhagen
É estranho morrer, achei que veria anjos ou demônios mas não vi nada disso, vi escuridão e vazio mas não fiquei tanto tempo assim.Mas é claro que eu não morri de verdade caso contrário não teria acordado.Quando acordei senti algo estranho.Para começar parecia que havia um buraco no meu peito, meu corpo que antes doía agora não doía nada.Abri os olhos e vi que estava no mesmo lugar, deitada na cama e ao meu redor cada um sentado em um banco estava Olívia e Ravi, seus olhos se alarmaram ao me verem se sentando na cama.Olívia foi a primeira a chegar perto se sentando na cama ao meu lado. - Vai ficar tudo bem.- sussurrou ela.Minha mente parecia um turbilhão, vozes sem sentido começaram a se tornar muito altas, um casal conversando sobre praias, crianças bricando de pega-pega, uma porta batendo, um chuveiro sendo ligado, um carro saindo, carros chegando, a tv ligada, várias tvs ligadas...aq