Em algum lugar do Rio de Janeiro.
Luís Renato Alcântara.
— Tem certeza que quer fazer essa compra Luís? Não sei. O hotel está falido. — Meu sócio pergunta encarando o empreendimento praticamente em ruínas.
— Mas esse é o mérito Marcos. Pegamos o hotel falido. Fazemos uma boa reforma nele e fazemos ele produzir — falo com entusiasmo na voz. Marcos dá de ombros e me encara especulativo.
— Qual é, Luís, nunca fizemos isso antes. Como sabe se vai dá certo? — inquire receoso. Dou de ombros.
— É só olhar as plantas, meu caro. O hotel tem potencial, olha essa área e esse espaço, o lugar onde ele está posicionado, ele é perfeito! A Ana pode fazer os projetos de melhoria nele e ele vai ficar igual aos nossos padrões. — Marcos começa a observar atentamente a planta. Meu celular começa a vibrar em cima da mesa de reuniões. Deixo Marcos olhando a planta e atendo a chamada.
— Luís Alcântara falando.
— Doutor Luís, é o Max.
— Ah! Oi, Max! Alguma novidade?
— Sim, encontrei a casa onde a senhora Rosa Falcão viveu quando criança.
— E sobre o pai da Ana?
— Edgar Fassani? Acabei de m****r um dossiê para o seu e-mail.
— Ótimo, Max! — falo saindo com passos apressados da sala de reuniões e sigo para o meu escritório. Janete minha atual secretária tenta falar algo, mas não lhe dou atenção e entro na minha sala, abrindo com ansiedade a tela do meu computador e em seguida a caixa de e-mails e lá está...
— Estou olhando o arquivo agora, Max — digo ainda ao telefone.
— Mais uma coisa, senhor.
— O quê?
— O senhor Fassini chegou ao Brasil a três dias. — Paro abruptamente o que estou fazendo. Porra isso é, meu Deus! Como vou contar tudo isso para Ana agora?
— Onde? — procuro saber.
— Goiás, senhor. O endereço já está no dossiê.
— Obrigado, Max! Fez um ótimo trabalho, como sempre!
— Disponha, senhor Alcântara, precisando, é só chamar. — Desligo o telefone e o largo sobre a mesa, ainda olhando para a tela do meu computador atentamente.
Dossiê.
Nome: Edgar Fassani. Idade: 45 anos Naturalidade: brasileira. Estudou na faculdade de Minnesota EUA. Atualmente reside em Hamburgo - Alemanha. Formado em administração.
Sobre os pais:
Mãe: Giovanna Fassini. Pai: Henrico Fassini. Endereço: Rua Niquelândia - 124 Anápolis- GO
Fico parado olhando para a tela do computador, praticamente paralisado. O que fazer com tamanha informação? A alguns anos, quando eu e Ana estávamos em nosso cantinho, após fazer amor com a minha esposa, ela parecia especialmente inquieta. Fui dando-lhe carinho e uma atenção especial, até que ela começou a falar-me sobre a sua mãe. Fazia tempo que não falava sobre ela, mas aquela semana era aniversário de sua morte e em um momento do seu desabafo, ela me contou um fato que até então eu desconhecia.
— Ela estava morrendo e foi a primeira vez que me falou dele.
— Dele quem? —Perguntei acariciando as costas nuas. Estávamos em uma casa de veraneio no meio das montanhas, deitados debaixo do cobertor no chão da sala e de frente para uma lareira acesa. Ao nosso lado, havia um balde com gelo, onde o vinho descansava e ao lado do balde, duas taças pela metade. Eu beijei o seu rosto delicado.
— Meu pai. — Ela disse.
—Seu... pai? —perguntei perdido. — Achei que não tinha mais ninguém — comentei completamente surpreso. Ela suspirou audível.
— Eu também achei... Mas depois que tudo se acalmou, eu tive tempo para pensar... Eu posso ter um pai por aí... e avós... — disse, mas não sei se estava feliz por isso, ou receosa, talvez os dois. Desde então, resolvi investigar, sem que ela soubesse e aqui estou eu com as informações que a levará até uma parte da sua família que ela nunca conheceu na vida.
Alguém bate a porta e eu fecho rapidamente a tela do computador.
—Me abandonou na sala de reuniões pra namorar, garanhão? — Marcos diz ao entrar na sala.
— Ah... eu... Não. Eu precisava... — gaguejo as palavras e ele me lança um olhar especulativo.
— Qual foi? — Marcos pergunta dando alguns passos em direção da minha mesa.
— O quê? — Ele rola os olhos.
— Qual é, Luis, fala sério, cara! Você nunca gaguejou na vida. Desembucha — pede com seu habitual tom debochado, se acomodando na cadeira a minha frente. Encaro o meu amigo e penso se deveria me abrir com ele. Penso que mal nenhum faria, desde que ele mantenha a sua boca fechada.
— Encontrei o pai biológico da Ana — falo de uma vez. O cara arqueia as sobrancelhas perplexo.
— Como é, o pai biolo... A Ana tem um pai biológico? — inquire embasbacado.
— E quem não tem, retardado? —Ele rir.
— Vivo, imbecil. Eu quis dizer vivo — esclarece.
—Tem. — Me encosto em minha cadeira e suspiro.
— E ela não sabe?
—Não, quer dizer, ela sabe da existência dele, mas não tem certeza se está vivo, entendeu?
— E qual o problema em contar? — pergunta com desdém.
— Eu investiguei sem que ela soubesse e não sei como vai receber essa notícia — digo. Ele dá de ombros.
— Bom meu, amigo, você investigou, encontrou suas respostas e não é justo ficar calado. Esse segredo não lhe pertence. — Ele diz e pela primeira vez vejo o meu amigo levar um assunto a sério de verdade. Pondero as palavras do meu amigo por alguns segundos. Ele está certo e pensando assim, assinto em concordância.
— Você está certo, Marcos, vou contar tudo pra ela ainda hoje.
— Bom, garoto! — diz erguendo o seu corpo da cadeira e afaga os meus cabelos espalhando os fios para todos os lados.
— Vai se fuder, Marcos! — ralho, fingindo irritação e ele gargalha.
— Olhei a planta. —Ele muda de assunto. —Se você acredita no projeto, eu também acredito. Quando podemos fechar a compra? — sorrio amplamente.
— Posso pedir para Janete marcar um almoço amanhã —sugiro e sorri.
— Faça isso, estou indo para casa. Minha morena tem uma surpresa pra mim essa noite. — Ele pisca um olho cúmplice pra mim.
— Será que é mais um filho? — Brinco. Ele põe as mãos nos bolsos e me encara sério.
— Não diz isso nem brincando, Luís. Da última vez, eu a deixei em casa em pleno trabalho de parto, de tão perdido que eu fiquei — resmunga.
— Ainda me acabo de rir quando me lembro disso. No que estava pensando, Marcos Albuquerque?
— Em nada senhor, certinho. Saindo, você vem? — pergunta.
— Vou, só preciso imprimir isso aqui. — Aperto o botão de enter e em poucos minutos tenho o dossiê montado em minhas mãos.
Paro meu carro no estacionamento da minha casa e Marcos para o seu ao lado do meu. Pego a pasta executiva que está no banco do carona e saio do carro em seguida e assim que entro na imensa sala de visitas posso ver o trio que mais amo nesse mundo através da enorme janela de vidro transparente. Jonathan, Cristal e Caio estão brincando na piscina com alguns amigos de escola. Sorrio e aceno para os meus filhos através da janela. Depois sigo atravessando a sala e no caminho, Delia avisa que a senhora Alcântara está no terceiro andar da casa com algumas amigas.
—Imagino que a minha morena esteja junto. —Meu amigo comenta parando ao meu lado.
—Não duvido, essas duas não se desgrudam nunca! — falo com um tom de brincadeira e subimos as escadas. Do início do largo corredor já posso vê-la e acredite. Após esses oito anos de casados, ainda fico impactado com a sua beleza. Ana tem uma beleza suave, angelical. Um sorriso que ainda me deixa amolecido. Por isso faço tudo o que me pede. É linda... O meu anjo. Sorrio quando os nossos olhos se encontram e de repente me vejo preso em um mundo só nosso. Nada parece existir quando seus olhos amendoados prendem os meus. Porra, como se pode amar alguém tanto assim?
— Bonitão? — A voz da Mônica ressoa quando ver o marido se aproximando. Eu chego perto da minha garota e a puxo para um beijo cálido, sem nenhuma cerimônia ou aviso prévio.
— Hiiii, chegou o esquadrão masculino para acabar com a festa das meninas! — Minha irmã, Lilian reclama e só então percebo sua presença ali.
— Olá, pra você também irmãzinha! —retruco irônico, me afastando da minha esposa e a beijando no rosto. — Preciso falar com você — falo com um tom baixo e sério para que apenas ela me escute.
— Está tudo bem? Por que precisa falar comigo? — Ana inquire com preocupação. Suspiro.
— Podemos ir ao escritório, é importante — peço. Ela avalia o meu rosto. —Tudo bem! Meninas, eu volto logo. — Ana avisa. Ela segura a minha mão e me puxa para fora do cômodo. No caminho me aproveito da minha deliciosa mulher, que está usando um vestidinho de algodão grafite, soltinho da cintura para baixo. Aprecio o balançar bunda arredondada, sacudindo levemente o vestido enquanto anda na minha frente. Paramos em frente a porta do escritório da nossa casa e solto a sua mão, abrindo a porta para lhe dar passagem. Ela entra e olha direto para o sofá de couro negro com um sorriso sugestivo. Safada! — E então, sobre o que o meu marido lindo quer conversar? — indaga com um olhar malicioso. Ela realmente pensa que eu arrumei uma desculpa para trazê-la até aqui? Sorrio. Só queria.
—Eu tenho algo para te mostrar.
— O que é? — pergunta se desfazendo do meu termo e o largando com cuidado em cima do divã.
— Um documento.— Hesito. Ela ergue o olhar e me dá um sorriso significativo.
— Quer que eu trabalhe na minha folga, doutor Alcântara? — sussurra ao pé do meu ouvido. Porra! Ela quer tirar a minha sanidade, só pode! Seguro em seus braços a afastando um pouco e ela me encara atônita.
— É sério, pequena, eu realmente preciso te mostrar uma coisa —insisto. Ana se afasta e me lança um olhar confuso, receoso.
—Tá bom então, o que você tem pra me mostrar? — Agora ela parece curiosa.
— Espere aqui, eu volto logo — peço e ela assente. Saio do escritório rapidamente e volto até o meu carro, abro rapidamente a porta do carona e pego a minha pasta e tiro o envelope com o dossiê. Respiro fundo. Começo a me arrepender de ter feito isso. Logo agora que tudo está tão calmo! Volto para o escritório e encontro os olhos especulativos da minha esposa, que vão para minha mão que segura o papel pardo.
— O que é isto? —indaga curiosa.
— Antes de te entregar, quero que saiba que eu só fiz isso porque eu te amo — confesso, cheio de receios.
— Você está me deixando com medo, Luís — sibila. Eu lhe estendo o envelope e ela o segura, o olhando por algum tempo. Em silêncio, Ana se afasta de mim e vai até a sua mesa do outro lado do escritório. Ela tira as folhas de dentro do envelope e o descarta o sobre a mesa de vidro e fica um tempo ali parada, olhando atentamente as letras negras no papel branco. Os minutos de silêncio, são como o inferno pra mim e quando termina e ergue os seus olhos pra mim, me amaldiçoou imediatamente, ao vê-los marejados. Engulo em seco. Sabia que não devia ter feito isso. Puxo a respiração quando vejo uma lágrima escapar dos seus olhos e em seguida os soluços..
— Você o encontrou — sussurra.
— Sim — digo no mesmo tom. Ela se senta no sofá como se de repente o chão lhe faltasse e eu rapidamente vou ao seu encontro, me sentando ao seu lado, segurando sua mão livre e a beijo. — Você está bem?. —Procuro saber, cuidadoso, cauteloso.
— Não sei. Era bem mais fácil pra mim quando ele não tinha um nome e agora... —Ela não termina a frase. Suspiro baixinho.
— Ana, só vamos fazer o que você quiser — falo. Cacete, se arrependimento matasse!
— Eu posso ter uma família... além da que tenho com você... — gagueja com a voz trêmula.
— Sim, querida. — Apenas concordo beijando carinhosamente os seus cabelos. De repente ela se levanta e vai até a janela.
— E se ele não quiser me conhecer? — inquire com voz baixa. Eu me levanto vou até a minha pequena, a abraçando por trás e aspiro o seu perfume.
— Então ele é muito idiota, porque você é uma mulher maravilhosa! — sussurro. Ela me dá um meio sorriso.
— Preciso pensar um pouco, Luís — pede.
— Claro, amor.
— Será que você pode me deixar sozinha? — Ela pede para minha surpresa e eu hesito no mesmo instante. — Por favor, querido, eu só preciso absorver tudo isso aqui —insiste e eu concordo, mesmo contra a minha vontade.
— Estarei do outro lado dessa porta, se precisar, é só me chamar — falo. Ela assente. Eu a beijo de leve e saio da sala, fechando a porta em seguida.
Ana Júlia. Olho para o papel contendo as informações sobre o meu pai pela décima vez. Pelo relatório, é um homem de posses e muito rico. Mas isso é o de menos. Vejo logo abaixo no dossiê um número de telefone. Sentindo a minha tremular, eu pego o meu celular no bolso traseiro do meu jeans e ligo para o número. O telefone chama incansavelmente e a cada toque, sinto o meu coração bater violentamente. Penso em desistir, mas a minha teimosia não me permite. Ou seria a minha curiosidade? O telefone volta a chamar e o meu coração quase sai pela boca, quando alguém atende na segunda chamada. — Residência dos Fassini, quem é? — A voz masculina inquire do outro lado. — O senhor Fassini se encontra? — Procuro manter a minha voz o mais firme possível — Deseja falar com o pai ou o filho? — pergunta. Eu hesito por alguns instantes. — E... eu acho que o filho... — gaguejo e sinto a minha garganta ficar cada vez mais seca. — Só um mo
O confronto Horas antes do encontro com a Ana. Passei a noite em um bar e entre um copo e outro, eu via a imagem da Rose projetada na minha frente. Ela era tão pequena, tão meiga. Resolvo que não é hora de sentir pena de mim e sim, é hora de correr atrás do tempo perdido. Faço sinal para o garçom e deixo uma nota de cem largada sobre a mesa. Saio do bar me sentindo meio tonto, mas bem capaz de voltar para casa. Subo na moto e acelero ganhando o asfalto quase sem movimento. Minutos depois, deixo a moto na garagem e vou para dentro do meu antigo quarto, onde passei a minha infância, mas que agora já não me sinto em meu lugar. Essas paredes guardam muitas mentiras. Como eles puderam? Na sala, encontro o meu pai sentado em um dos sofás lendo o jornal."Esse confronto seria algo inevitável."Penso. Ele percebe a minha presença e deixa o jornal de lado. Os olhos claros e frios me encaram duramente e neles não um pingo de arrependimento.
— Doug, peça que arrume a minha mala — peço ao garoto quando o encontro do lado de fora da casa. — Vai viajar, senhor Fassini? — indaga com uma curiosidade quase infantil. — Acho que isso não lhe diz respeito! — O repreendo fazendo-o engolir o seu sorriso. — Viu o meu pai? — questiono ríspido. — No escritório, senhor. — O garoto me responde com seriedade e eu assinto entrando na casa. Entro no escritório calado, com as mãos no bolso e um olhar altivo. Encontro Enrico sentado em sua cadeira e a sua frente há um copo cheio de uísque. Uma dose tripla, pura e sem gelo. Seu olhar está perdido, desfocado. Ele parece abalado. Finalmente o vejo vulnerável, confirmando que ele é um ser humano e não uma máquina, como sempre se mostrou ser. — Veio aqui dar o tiro de misericórdia? — inquire bebendo uma quantidade generosa da sua bebida. Calado, eu acendo um cigarro e dou uma boa tragada, soltando uma fumaça espeça que se espalha pelo ambiente. — Está fumando agor
Espero impaciente que o elevador chegue logo ao térreo e quando as portas duplas finalmente se abrem, eu saio como um raio para o lado de fora do hotel. No carro, ensaio algumas palavras para dizer a minha filha. Porra! O que dizer para uma filha que você nunca conheceu? Que você se quer sabia da sua existência? De qualquer forma, o que tenho para lhe dizer será impactante, tanto para mim quanto para ela. O carro para no estacionamento do shopping e eu saio do veículo movido pela ansiedade, o medo e o nervosismo. São os sentimentos que me assolam agora. Sigo para a escada rolante que me levará ao segundo andar do imenso e movimentado prédio, na grande maioria crianças acompanhadas de suas famílias. Respiro fundo. A porra do tempo não anda. Parece que estou dando um passo para frente e dois para trás. Ponho os meus pés na segunda escada rolante com o coração galopando freneticamente. Porra, não posso enfartar sem conhecê-la. Pego o lenço no bolso lateral e enxugo o suor que começa a
Descobertas dolorosas. Me sinto como um animal enjaulado andando de um lado para o outro dentro desse apartamento. Já fiz tudo o que pude para ocupar o meu tempo e a minha mente enquanto aguardo o horário combinado para esse encontro. Mas confesso que estou acordado desde as cinco da manhã. Fiz uma corrida matinal, malhei quase duas horas na academia do hotel, tomei um banho demorado e mergulhei no trabalho, mas parece que a porra do relógio não está colaborando comigo. A noite já não foi tranquila como eu esperava que seria. Simplesmente tive que secar uma garrafa de uísque para poder apagar literalmente e aqui estou eu, andando no meio do amplo quarto de hotel, com uma garrafa de sauvignon em uma mão e um buquê de rosas vermelhas na outra. As suas preferidas.Penso movido pelo amor adolescente que um dia senti por ela. Volto a olhar o meu relógio de pulso e bufo irritado quando vejo que ainda são dez da manhã. Começo a repassar na minha mente as perg
— Ela faleceu a oito anos, um câncer no colo do útero a matou. Não foi fácil tudo o que passamos. — Eu imagino —falo, soltando uma respiração audível — confesso que tinha esperança de vê-la. Nós passamos por tanta coisa juntos ou melhor dizendo, separados. Eu não entendo porque nunca me procurou. Todos esses anos eu nunca soube de você. — Eu só descobri a sua existência no dia de sua morte. Depois eu passei por tantas coisas que... — Ana sorri sem vontade. Linda! Minha filha é linda! Queria ter assistido a sua infância, ter escutado as suas primeiras palavras. Deus, eu perdi tudo. Não me restou nada! — A pouco tempo pensei nela de uma forma mais intensa e me lembrei das suas palavras no leito de morte. Não deu tempo ela me falar muita coisa então... — Minha bebê seca as lágrimas que escapam dos seus olhos. —Contei para o meu marido o que ela me disse. Luís resolveu investigar por conta própria e meu Deus..! —Ela sussurra as últimas palavras. —Quando eu descobri o seu
Quando tudo começou. Acordo me sentindo especialmente mais leve esta manhã. Lá fora os pássaros cantam sobre as copas das árvores frutíferas, que se balançam ao vento ao pé da janela do meu quarto. O sol brilha radiante e seus raios chegam a invadir o cômodo através das paredes de vidro livres das cortinas blecaute. Me mexo na cama espaçosa e sinto o volume da caixa que ficou esquecida em cima do colchão e percebo que adormeci agarrado ao álbum que ganhei de presente da minha filha e agora ele está caído ao meu lado, largado de todo jeito. Com uma respiração profunda me sento no colchão macio, sentindo uma expectativa diferente cair sobre mim. Pela primeira vez em anos não sinto o rancor, a amargura e nem toda aquela raiva que comandava a minha vida fria e solitária. Eu estou particularmente feliz e isso me faz sorrir. É uma felicidade diferente. Eu tenho um novo motivo para sorrir e pensando assim, saio da cama exultante e tomo um banho demorado. No espaçoso closet
Na sequência da brincadeira tomo três shotes, o que me deixa um pouco zonzo e mais leve também. A bebida arde dentro de mim e, ao mesmo tempo me deixa animado. Às onze não sou de ninguém ou devo dizer, sou de todas. Rio. Estou no meio da agitação da música eletrônica e com cinco meninas que estão totalmente na minha. Pena que não posso levá-las para casa, meu coroa me mataria se soubesse. Meus olhos param em cima da menina simples, sentada em um dos banquinhos do bar, olhando com curiosidade tudo o que acontece ao seu redor. Ela está maravilhada, apenas observando o movimento, quando um cara se aproxima. Ai eu paro tudo. A dança, o chamego e minha atenção esta toda em cima nela. Saio da pista de dança deixando as meninas para trás e caminho para perto do casal desproporcional. "A pirralha e o cara maduro." Não mesmo! Onde está Morgana nessas horas? Me perguntei aborrecido. — Eu já disse que não! — A escuto dizer quando me aproximo do balcão. — Q