Prólogo
Clare Vallence04 de Maio | França — Estou interrompendo algo, querida? — Foi a primeira coisa que eu escutei, quando eu senti uma mão pousar sobre o meu ombro, — quem é o seu amigo, não vai me apresentar? Marcelus. Marcelus Moreau Marini, tinha me achado mais uma vez, e puta que me pariu… como eu queria correr dali agora, e me enfiar no primeiro avião que eu conseguisse. Não importava se seria para um país de primeiro, segundo ou terceiro mundo, não… eu só queria achar qualquer lugar que fosse, que ele não suspeitaria, que ele não fosse conseguir achar o meu rastro, nem se ele quisesse muito. Mas… aparentemente — para a minha infelicidade — isso não parecia ser algo possível. — Clare, quem é ele? — Flyn obviamente não evitou de perguntar, com uma expressão de clara confusão. — Ele não é ninguém importante, querido. — Eu soltei, junto de um breve sorriso no rosto, — agora vamos, ou você quer parar o que estávamos fazendo, por conta dele? — Parar o que estavam fazendo? Ora, não há necessidade… — aquele filho da puta disse, com o tom mais cínico do mundo, enquanto se sentava ao meu lado, — apenas… continuem, finjam que eu não estou aqui. — Eu prefiro ir embora. — Eu falei, sentindo a raiva queimar na minha garganta, — vamos, Flyn? — Opa, opa… não tão rápido. — Ele disse enquanto me impedia de levantar, — por que essa pressa toda, chéri? — Desculpa a intromissão, mas… qual é o tipo de relacionamento que vocês tem? — Flyn parecia incomodado ao perguntar, mas… como não ficaria? Ainda mais… com Marcelus agindo como bem entendia, — porque até agora… está um tanto difícil entender. — Que bom que perguntou, — ele disse com um amplo sorriso no rosto, — digamos que temos uma relação íntima, que dura a uns… três anos, não é mesmo querida? — ele colocou uma de suas mãos sobre a minha, o que fez o meu sangue ferver. — Eu… achei que você fosse solteira… — Aqueles olhos dourados pareciam ter perdido o brilho, quando ele disse aquelas palavras, — pelo visto, eu estava enganado. — Não, você entendeu errado. — Eu tentei me explicar, — eu já disse, ele é alguém que não é importante. — Clare, assim você machuca os meus sentimentos… — Marcelus falou, colocando uma de suas mãos no peito, enquanto tinha aquele ar indignado (que era nitidamente teatral), em sua expressão, — a nossa primeira noite, não significou nada pra você? Ou… todas as outras subsequentes? — Primeira noite? Subsequentes? — Flyn tinha um sorriso no rosto, um que mostrava clara descrença, enquanto jogava os seus fios para trás, — vocês tinham um caso? — Depende do ponto de vista, — Marcelus soltou, enquanto inclinava o seu corpo na mesa, — tudo é relativo de acordo com o tempo e a sociedade, — ele começou, invocando um ar culto, que eu nem sabia de onde ele tinha tirado, — a palavra amante é um ótimo exemplo, já que em tempos passados, era usada para se referir a pessoa que você amava, e não… a mulher com quem você estava traindo a sua esposa, entende o que eu quero dizer? — Sim, claro… — Flyn disse, com aquele ar de quem já estava entendendo tudo, mas nesse caso… era tudo errado! Só que… o que eu poderia falar pra ele? Que Marcelus nunca significou nada pra mim? Que ele era só um stalker que estava me seguindo de um país para o outro, que… eu não sei! “Clare, respire… pense com calma.” Eu me forcei a respirar fundo naquele momento, apenas para colocar um arquear leve em meu rosto. — Não, nós não tivemos um caso. — Tirei a minha mão debaixo da de Marcelus, enquanto olhava bem no fundo daqueles olhos âmbar, — Marcelus só se excedeu na hora de explicar, e nada mais. — Mas vocês… dormiram juntos, aparentemente… — ele disse junto de um suspiro, — ou vai me dizer que… eu entendi isso errado? — Não, você não entendeu, mas… — eu tentei explicar, enquanto eu me sentia como um marido que estava tentando explicar para a própria esposa, que não tinha uma amante, — está no passado! Eu e Marcelus… não temos nada, e sinceramente… nunca tivemos! — Nunca tivemos? — Marcelus disse, enquanto emulava uma certa mágoa em seu rosto, — como você pode dizer isso, quando eu vim atrás de você… de novo? — Certo, isso tudo… parece ter deixado as coisas bem claras pra mim. — Flyn disse enquanto guardava a própria câmera, e eu apenas o fiz parar no meio, o segurando pelo braço. — Não, por favor… você entendeu as coisas errado! Ele é só um… um lunático! — Você tem certeza disso? — Flyn acabou dizendo, enquanto puxava o próprio braço para si, e fechava a sua bolsa, — porque até agora… nem você parecia saber direito… o que você tinha com esse homem, e eu… não quero ficar no meio disso. — Você não está no meio de nada! É ele quem está! — eu tentei me explicar mais uma vez, apenas para ele negar com a cabeça, enquanto se levantava. — Não, Clare… é meio nítido que sou eu a pessoa de fora. — Ele começou a se afastar, — então, com licença… Foram as últimas palavras que eu ouvi saírem pelos seus lábios, e por mais que eu estivesse me sentindo uma merda… isso não durou muito, porque a raiva que eu comecei a sentir de Marcelus? Era bem maior. — Qual é a porra do seu problema? — Eu o encarei ao perguntar, — ou melhor, você tem ao menos noção do que acabou de fazer? — Sim, eu te livrei de um loiro sem graça, que cá entre nós… tinha uma carinha de soca fofo… — ele teve a ousadia de dizer, e puta que pariu… eu não sabia como Marcelus podia ser tão sem noção! — Não, seu imbecil! Eu estava realmente gostando de me envolver com ele! Talvez eu até mesmo começasse a ter um relacionamento com ele! — Um relacionamento? — Ele soltou um riso bufado, — pelo amor de Deus, Clare… se você realmente gostasse daquele cara, você já teria corrido atrás dele, e estaria em prantos agora. Suspirei. Porque eu nem mesmo podia dizer que ele estava errado, mas mesmo assim… em dado momento, eu poderia começar a gostar de Flyn, eu podia… ter algo com ele. Afinal, ele era educado, gentil e… um verdadeiro cavalheiro — que no caso sempre foram as coisas que eu lembro de querer quando pensava em um homem perfeito. Mas agora? Eu estava com Marcelus mais uma vez, que tinha aquele maldito sorriso convencido nos lábios. Por que ele só… não podia desistir de mim de uma vez?Capítulo 1Clare VallenceFrança | 02 de MaioMinha vida finalmente estava do jeito que eu queria, porque depois dos últimos três anos, desde que deixei Londres… essa tinha sido a primeira vez que eu tinha conseguido ter o mínimo de paz na minha vida — afinal, Marcelus… ainda não tinha me achado na França (até porque, ele nunca esperaria que eu estivesse no seu país de origem, esperaria?).Eu poderia finalmente descansar, sem a constante apreensão de que aquele desgraçadö apareceria na minha frente a qualquer momento. Meus dias eram previsíveis, e a rotina médica preenchia meu tempo e minha mente por completo. Estava tudo ótimo. Estava tudo perfeito. Ou pelo menos, era o que eu queria acreditar, mas… eu não conseguia tirar o rosto de Marcelus da minha cabeça! Ele ainda habitava meus pensamentos, especialmente durante a noite. Naquela manhã inclusive? Acordei irritada depois de um sonho erótico que eu tive com aquele moreno filho da putä! E isso me deixava profundamente frustrada,
Capítulo 2Clare Vallence02 de Maio | FrançaAssim que eu cheguei em casa, a minha cabeça já começou a montar mil e um cenários com Flyn, ao ponto de eu começar a sorrir que nem uma idiotä, enquanto me deitava no meu sofá — como se fosse a porcariä de uma adolescênte idiotä. Porque no fim, Flyn era literalmente a definição de Príncipe encantado, ou seja… ele era perfeito pra mim, certo? Era o que eu sempre sonhei desde que eu era uma garotinha que usava maria chiquinhas. Eu sempre sonhei com um loiro alto de olhos claros, com um sorriso brilhante que poderia me cegar, e ele? Era exatamente isso, como se fosse o universo de alguma forma, tentando me compensar por todo o estresse que Marcelus Moreau… tinha causado na minha cabeça — que honestamente, não andava muito boa.“Isso, eu vou sair com ele quando ele me chamar, e nós dois vamos construir uma bela vida juntos, com bebês loiros, e nada parecidos com aquele traste do Marcelus!” Eu comecei a pensar, o que sinceramente? Até que es
Capítulo 3Clare Vallence02 de Maio | França Eu não fui mais até a cafeteria depois daquilo, e o pouco tempo que eu tinha de ter qualquer pausa sequer, eu me enfiava no refeitório do hospital, — afinal, eu já tinha me decidido, eu não faria aquilo com o Flyn, porque… ele não parecia merecer. Então, eu fiquei me colocando em um trabalho atrás do outro de novo, que eu nem precisava me enfiar, e céus… eu ocupei a minha cabeça até poder dizer chega. — Clare, você tem certeza de que está bem? — Sophie acabou me perguntando em dado momento, — você não acha que está puxando o seu limite demais? Sorri. — Não, eu estou bem… até porque, eu mal ando conseguindo dormir direito mesmo. — Vocẽ sabe que vão te mandar pra casa, não é? — Sophie insistiu naquilo, — mesmo que não esteja conseguindo dormir, vocẽ não precisa disso. Suspirei, porque no fim… eu estava sendo uma idiotä, e eu sabia disso. “Bom… a essa hora, ele já deve ter ido embora…” eu pensei comigo mesma, e quando eu me leva
Capítulo 4Clare VallenceFrança | 03 de Maio Uma parte de mim se sentia culpada por estar "usando" Flyn para ser bem honesta, afinal… ele era gentil, atencioso e merecia alguém que realmente estivesse interessada nele. Mas, ao mesmo tempo? Eu precisava desesperadamente de algo ou alguém que me ajudasse a tirar Marcelus da minha cabeça. Então, quando Flyn me convidou para uma exposição de arte naquela noite, aceitei, sem pensar duas vezes. A galeria de arte era um lugar elegante, com paredes brancas e luzes suaves destacando as obras expostas, e mesmo que grande parte das fotógrafias fossem algo — aparentemente, mais abstrato — Flyn parecia animado enquanto caminhávamos pelo local, comentando sobre as fotografias em preto e branco que preenchiam as paredes. E eu por outro lado, tentava sorrir e fingir interesse, mas nada daquilo parecia realmente me tocar, só parecia ser... cinza e sem graça, sem muita história para contar. Afinal, eu estava acostumada com os vários quadros qu
Capítulo 5Clare VallenceFrança | 03 de Maio Eu me vi deitada na cama, não conseguindo pregar os olhos, enquanto aquele calor só subia cada vez mais pelo meu corpo, ao ponto de eu sentir a minha sanidade indo embora por completo. Porque Flyn podia até ser gentil e doce, mas… eu sabia que se fosse Marcelus no lugar dele, eu teria vontade de trazer ele para dentro do meu apartamento — mesmo que eu detestasse admitir isso, e quando eu fosse notar… eu já teria ele dentro de mim. “Mas que merdä!” Eu soltei, porque eu odiava saber disso, e odiava ainda mais pensar sobre, enquanto eu sentia a minha bucetä ficando cada vez mais molhada, e… apertada pra cäralho… Fechei os olhos, tentando afastar as memórias, mas em vez disso, comecei a imaginar como teria sido o encontro se Marcelus estivesse em seu lugar, com todos os cenários, todos os lugares. Me vi na galeria de arte, mas ao invés de Flyn, era Marcelus quem estava ao meu lado, enquanto aqueles olhos felinos olhavam pra mim, e zomb
Capítulo 6 Clare Vallence | 04 de Maio Acordei no dia seguinte com a cabeça pesada e a mente confusa. As memórias da noite anterior ainda estavam frescas, e a culpa me corroía por dentro, enquanto pensava em encontrar uma maneira de escapar da ameaça sufocante que Marcelus representava a minha vida pacata — e claro, a minha sanidade. Decidi ir até o café próximo à minha casa, pra deixar aroma do café fresco e o ambiente acolhedor me trazerem algum tipo de sensação de paz. E talvez, se eu visse Flyn novamente, pudesse enterrar as memórias de Marcelus de uma vez por todas. Afinal… ele era o que eu queria, então… talvez se eu insistisse só mais um pouco nele, eu poderia realmente jogar todo esse desejo que eu senti por Marcelus, pela janela. “Ele está ali… deve ser o destino.” Eu pensei assim que vi Flyn sentado em uma das mesas do café, “talvez… nós devemos realmente ter que dar certo.” — Flyn, que coincidência te encontrar aqui — disse, forçando um sorriso, enquanto eu me aprox
Capítulo 7 Clare Vallence 04 de Maio | França Eu não podia acreditar que havia deixado aquilo acontecer. As palavras de Marcelus ainda ecoavam na minha mente, e a imagem de Flyn se afastando, desapontado, me assombrava. Sentia uma mistura de raiva e frustração, principalmente comigo mesma. Como pude deixar Marcelus arruinar tudo de novo? — Qual é a porrä do seu problema? — Eu olhei pra ele, enquanto puro ódio me invadia, — ou melhor, você tem ao menos noção do que acabou de fazer? — Sim, eu te livrei de um loiro sem graça, que cá entre nós… tinha uma carinha de soca fofo… — Não, seu imbëcil! Eu estava realmente gostando de me envolver com ele! Talvez eu até mesmo começasse a ter um relacionamento com ele! — Um relacionamento? — Ele soltou um riso bufado, — pelo amor de deus, Clare… se você realmente gostasse daquele cara, você já teria corrido atrás dele, e estaria em prantos agora. Infelizmente, eu nem podia dizer que aquilo não era verdade, mas… aquilo não me dei
Capítulo 8 Marcelus Moreau França | 04 de Maio Enquanto eu metia dentro de Clare, o meu corpo todo pedia por mais dela, como se ela fosse uma drogä que tivesse tomado conta de todo o meu corpo e alma. Tudo em mim pedia por essa filha da putä, e o fato dela tentar me superar com aquele loiro sem graça, apenas me deixava ainda mais irritado. Então, eu apenas a arrastei até o seu quarto depois de a pegar no colo, a colocando contra a janela do seu quarto, enquanto as minhas mãos exploravam o seu corpo com uma urgência latente, e cada toque, cada movimento eram uma liberação da frustração que eu sentia. Clare gemeu contra o vidro, suas unhas arranhando as minhas costas, enquanto suas pernas se entrelaçavam ao redor da minha cintura. — Você achou mesmo que ia me superar com ele? — Provoquei, minha voz baixa e rouca. — Ele nunca vai te foder como eu, chéri. Murmurei como se eu estivesse falando algo profano, enquanto metia mais uma vez naquela buceta apertada, fazendo Clare arque