Capítulo 3
Clare Vallence 02 de Maio | França Eu não fui mais até a cafeteria depois daquilo, e o pouco tempo que eu tinha de ter qualquer pausa sequer, eu me enfiava no refeitório do hospital, — afinal, eu já tinha me decidido, eu não faria aquilo com o Flyn, porque… ele não parecia merecer. Então, eu fiquei me colocando em um trabalho atrás do outro de novo, que eu nem precisava me enfiar, e céus… eu ocupei a minha cabeça até poder dizer chega. — Clare, você tem certeza de que está bem? — Sophie acabou me perguntando em dado momento, — você não acha que está puxando o seu limite demais? Sorri. — Não, eu estou bem… até porque, eu mal ando conseguindo dormir direito mesmo. — Vocẽ sabe que vão te mandar pra casa, não é? — Sophie insistiu naquilo, — mesmo que não esteja conseguindo dormir, vocẽ não precisa disso. Suspirei, porque no fim… eu estava sendo uma idiotä, e eu sabia disso. “Bom… a essa hora, ele já deve ter ido embora…” eu pensei comigo mesma, e quando eu me levantei, e eu só olhei para a cafeteria de relance, ele realmente… não estava mais lá — e eu não sabia ao certo se sentia alívio com isso, ou não. Porque para ser bem honesta, sim, eu queria evitar ele para que nada acontecesse, para que ninguém se machucasse, mas ao mesmo tempo… uma sensação incômoda tomou conta do meu peito. “Será que isso… quer dizer que no fim, eu queria realmente encontrá-lo? Que eu não estava usando ele apenas como tapa buraco?” Eu comecei a pensar, mas… quais eram as chances disso acontecer? — Oh, Clare? Saiu bem tarde do trabalho… — eu escutei a sua voz, me fazendo levar um baita de um susto, — Flyn??! — Eu acabei soltando, junto com o sobressalto que eu dei, — meu Deus, que surpresa… eu achei que já estivesse em casa. — Bom, eu até estava, mas… eu gosto de fotografar essa área, — ele parecia dizer, um tanto envergonhado, — e… eu ficava me perguntando se em dado momento, vocẽ ia aparecer para… sentarmos e conversarmos de novo. O meu coração errou uma batida. “Ele… estava me esperando? Esse tempo todo?” Acabou vindo na minha mente, apenas para eu sentir novamente, aquela pontada de culpa bater na minha porta. “Qual é… ele é fofo, e claramente quer uma chance, tadinho…” eu me vi pensar, enquanto encarava aqueles olhos âmbar, que pareciam duas jóias recém lapidadas de topázio, “e… do jeito que ele é, ele pode… acabar realmente me conquistando em dado momento, certo?” No fim, tentei me convencer, apenas para acabar me sentando ao seu lado naquela cafeteria mais uma vez, enquanto colocava um breve sorriso no meu rosto. — Então… você ficou me esperando o dia todo, huh? — Perguntei com um sorriso convencido nos lábios, apenas para vê-lo corar, — não ficou pensando que… eu podia estar só te enrolando? — Acho que você tem coisas melhores para fazer, do que me enrolar, doutora… — ele ronronou, enquanto guardava a própria câmera, em uma bolsa que parecia ser completamente acolchoada, cheia de lentes e um pequeno tripé desmontado, — afinal, você parece ficar bem ocupada, dentro daquele hospital. — Nem me fale… — eu acabei soltando, junto de um suspiro, — sabe, eu amo ser pediatra, mas… o que os pais das crianças tem? Eles sempre acham que sabem mais do que eu! E tipo… eu fiz anos de medicina, pra ter que ouvir que eu não sei do que eu estou falando? Respirei fundo, notando o quanto a revolta parecia ter me invadido em dado momento — porque naquele dia em específico, eu tive que lidar muito com essa merda — apenas para o eu rosto se tornar completamente vermelho, como a porcaria de um tomate. — Desculpa, eu… acho que acabei me exaltando demais… — eu me encolhi depois de dizer, apenas para Flyn dar uma leve risada. — Está tudo bem, sei como isso pode ser irritante, — Flyn disse com um sorriso, que quase chegou aos seus olhos, — tanto que foi por isso… que eu parei de fazer fotos de casamento. — Oh… então você tinha que lidar com noivas bravas? — Pior… — ele suspirou, — eu sempre tinha que lidar com um noivo, que jurava que conseguia tirar uma foto melhor do que eu — pude ver o seu olho tremer de leve, só dele lembrar daquilo, — era desgastante… — Entendo… é sempre um pai do meu lado também, raramente é a mãe… — respirei fundo, e céus… como nós dois tínhamos coisas pra reclamar. Flyn tinha me contado cada coisa que acontecia em seu ambiente de trabalho, que me fez questionar sinceramente, se o meu trabalho no hospital era tão difícil assim. — Bom, mas agora… está tudo bem, — ele completou em dado momento, — eu consigo trabalhar no que eu amo agora, e inclusive… posso ir a exposições, com a desculpa de que aquilo é uma pesquisa para eu me inspirar. — Gente… e eu pensando aqui que você era um santo, que não fazia essas coisas… — Doutora… tem muitas coisas que você ainda não sabe sobre mim, — ele ronronou enquanto apoiava o seu queixo nas mãos, e isso? Me deu um lapso de Marcelus. “Merda! Não, não, NÃO!” Eu acabei pensando, enquanto eu realmente desejava me espancar naquele momento. Porque eu tinha que ver ele naquele momento? Só porque Flyn sorriu de canto? Falou com um tom mais aveludado? “Ah… isso não importa, eu sabia que não deveria ter vindo…” eu acabei pensando, apenas para Flyn colocar a sua mão em cima da minha. — Clare, o que houve? Você não me parece bem… — ele me perguntou com preocupação, uma que me fez ficar com peso na consciência. “Que momento horrível para conhecer alguém tão legal…” veio em minha mente, apenas para me fazer sorrir enquanto olhava para Flyn, e me perguntava como raios, eu diria que eu não poderia mais me encontrar com ele. Mas no fim, quem disse que eu consegui? Ele parecia tão doce, e tão meigo… ao ponto de eu nem conseguir negar o convite que ele acabou me fazendo, para ver uma exposição de artes com ele. E isso… porque eu nem gostava tanto assim de exposições — ainda mais, de fotografia. Céus… eu tinha que parar de me deixar levar por um rostinho bonito.Capítulo 4Clare VallenceFrança | 03 de Maio Uma parte de mim se sentia culpada por estar "usando" Flyn para ser bem honesta, afinal… ele era gentil, atencioso e merecia alguém que realmente estivesse interessada nele. Mas, ao mesmo tempo? Eu precisava desesperadamente de algo ou alguém que me ajudasse a tirar Marcelus da minha cabeça. Então, quando Flyn me convidou para uma exposição de arte naquela noite, aceitei, sem pensar duas vezes. A galeria de arte era um lugar elegante, com paredes brancas e luzes suaves destacando as obras expostas, e mesmo que grande parte das fotógrafias fossem algo — aparentemente, mais abstrato — Flyn parecia animado enquanto caminhávamos pelo local, comentando sobre as fotografias em preto e branco que preenchiam as paredes. E eu por outro lado, tentava sorrir e fingir interesse, mas nada daquilo parecia realmente me tocar, só parecia ser... cinza e sem graça, sem muita história para contar. Afinal, eu estava acostumada com os vários quadros qu
Capítulo 5Clare VallenceFrança | 03 de Maio Eu me vi deitada na cama, não conseguindo pregar os olhos, enquanto aquele calor só subia cada vez mais pelo meu corpo, ao ponto de eu sentir a minha sanidade indo embora por completo. Porque Flyn podia até ser gentil e doce, mas… eu sabia que se fosse Marcelus no lugar dele, eu teria vontade de trazer ele para dentro do meu apartamento — mesmo que eu detestasse admitir isso, e quando eu fosse notar… eu já teria ele dentro de mim. “Mas que merdä!” Eu soltei, porque eu odiava saber disso, e odiava ainda mais pensar sobre, enquanto eu sentia a minha bucetä ficando cada vez mais molhada, e… apertada pra cäralho… Fechei os olhos, tentando afastar as memórias, mas em vez disso, comecei a imaginar como teria sido o encontro se Marcelus estivesse em seu lugar, com todos os cenários, todos os lugares. Me vi na galeria de arte, mas ao invés de Flyn, era Marcelus quem estava ao meu lado, enquanto aqueles olhos felinos olhavam pra mim, e zomb
Capítulo 6 Clare Vallence | 04 de Maio Acordei no dia seguinte com a cabeça pesada e a mente confusa. As memórias da noite anterior ainda estavam frescas, e a culpa me corroía por dentro, enquanto pensava em encontrar uma maneira de escapar da ameaça sufocante que Marcelus representava a minha vida pacata — e claro, a minha sanidade. Decidi ir até o café próximo à minha casa, pra deixar aroma do café fresco e o ambiente acolhedor me trazerem algum tipo de sensação de paz. E talvez, se eu visse Flyn novamente, pudesse enterrar as memórias de Marcelus de uma vez por todas. Afinal… ele era o que eu queria, então… talvez se eu insistisse só mais um pouco nele, eu poderia realmente jogar todo esse desejo que eu senti por Marcelus, pela janela. “Ele está ali… deve ser o destino.” Eu pensei assim que vi Flyn sentado em uma das mesas do café, “talvez… nós devemos realmente ter que dar certo.” — Flyn, que coincidência te encontrar aqui — disse, forçando um sorriso, enquanto eu me aprox
Capítulo 7 Clare Vallence 04 de Maio | França Eu não podia acreditar que havia deixado aquilo acontecer. As palavras de Marcelus ainda ecoavam na minha mente, e a imagem de Flyn se afastando, desapontado, me assombrava. Sentia uma mistura de raiva e frustração, principalmente comigo mesma. Como pude deixar Marcelus arruinar tudo de novo? — Qual é a porrä do seu problema? — Eu olhei pra ele, enquanto puro ódio me invadia, — ou melhor, você tem ao menos noção do que acabou de fazer? — Sim, eu te livrei de um loiro sem graça, que cá entre nós… tinha uma carinha de soca fofo… — Não, seu imbëcil! Eu estava realmente gostando de me envolver com ele! Talvez eu até mesmo começasse a ter um relacionamento com ele! — Um relacionamento? — Ele soltou um riso bufado, — pelo amor de deus, Clare… se você realmente gostasse daquele cara, você já teria corrido atrás dele, e estaria em prantos agora. Infelizmente, eu nem podia dizer que aquilo não era verdade, mas… aquilo não me dei
Capítulo 8 Marcelus Moreau França | 04 de Maio Enquanto eu metia dentro de Clare, o meu corpo todo pedia por mais dela, como se ela fosse uma drogä que tivesse tomado conta de todo o meu corpo e alma. Tudo em mim pedia por essa filha da putä, e o fato dela tentar me superar com aquele loiro sem graça, apenas me deixava ainda mais irritado. Então, eu apenas a arrastei até o seu quarto depois de a pegar no colo, a colocando contra a janela do seu quarto, enquanto as minhas mãos exploravam o seu corpo com uma urgência latente, e cada toque, cada movimento eram uma liberação da frustração que eu sentia. Clare gemeu contra o vidro, suas unhas arranhando as minhas costas, enquanto suas pernas se entrelaçavam ao redor da minha cintura. — Você achou mesmo que ia me superar com ele? — Provoquei, minha voz baixa e rouca. — Ele nunca vai te foder como eu, chéri. Murmurei como se eu estivesse falando algo profano, enquanto metia mais uma vez naquela buceta apertada, fazendo Clare arque
Capítulo 9 Clare Vallence França | 04 de Maio Eu sabia que ele não valia nada, mas nunca esperei que Marcelus invadisse minha casa daquele jeito — pelo menos até eu me lembrar do dia em que… ele invadiu a varanda de um dos prédios que eu morei, durante uma das minhas fugas, e… simplesmente, me fudeu, sem nem pensar em me levar para outro lugar. Mas… como eu ia poder reclamar de alguma coisa, eu ainda assim, não consegui resistir a aquele moreno filho da puta, nem quando eu tentava muito. Porque no fim, a raiva, a frustração e o desejo, sempre se misturavam de alguma forma que me deixava completamente sem noção! — Como dessa última vez, que eu tinha transado com Marcelus de novo, até o meu corpo ficar em frangalhos de tão exausto. Depois de estarmos exaustos, me afastei dele, meu corpo ainda tremendo por conta do quão exausta e fraca eu tinha ficado. Precisava de um momento para pensar, para respirar. Me levantei e fui para o banheiro, e quando a água quente finalmente
Capítulo 10 Clare Vallence França | 05 de Maio Acordei com a luz cegante que vinha da porcariä da janela — porque nenhum dos dois gênios se lembrou que precisava fechar as cortinas — apenas para olhar para o lado e ver Marcelus, dormindo como um bebê — o que me fez pensar, que ele nem parecia um maníacö filho da putä, que veio atrás de mim, de país em país. Um sorriso involuntário brotou no meu rosto — porque eu tinha que admitir, até que ele ficava fofo daquele jeito —, mas… eu tinha que ser realista, aquela… não era a realidade, afinal… mais uma vez, eu tinha me deixado levar por aquele rostinho bonito, — mesmo sabendo que ele não era exatamente um príncipe encantado. Então, assim como das outras vezes, comecei a me arrumar para fugir, porque eu não ia dar por vencido, nem fudendo! Claro, eu quase nem tive que fazer muito esforço para arrumar as minhas coisas na surdina — porque Marcelus tinha um sono tão pesado, quanto o de uma pedra — então… arrumar as malas não foi algo
Capítulo 11Marcelus MoreauFrança | 05 de MaioClare não iria escapar de mim, não dessa vez. Mas ao abrir os olhos e olhar ao redor, eu percebi que ela já havia sumido — como era o esperado, afinal, aquela não era a primeira vez que aquilo acontecia, e eu apenas me levantei, e me arrumei com certa calma — só pra ela achar que tinha algum controle, ou até mesmo… tempo. Então, eu tomei um banho, tomei o meu tempo para me vestir, e só depois disso, eu fui, com a maior paz que eu podia ter no meu coração — afinal, depois dela ter sido denunciada por suspeita de tráfico, era bem improvável que qualquer aeroporto, fosse deixá-la sair. Eu apenas entrei no aeroporto como quem não queria nada, e depois de ter falado com um policial ou outro no aeroporto — que eram contatos diretos lá dentro — eu acabei chegando até Clare — que óbvio, estava muito feliz em me ver. Não consegui evitar um sorriso ao ver a expressão dela ao se dar conta de que eu estava ali. A maneira como seus olhos se arreg