Capítulo 195Nathaniel BeaufortItália | 28 de OutubroA música diminuía gradualmente quando me levantei, sentindo o peso dos olhos de todos voltados para mim. O microfone estava firme na minha mão, mas nada naquela noite me deixaria nervoso — eu estava ali para celebrar meu amigo, mesmo que ainda fosse surreal pensar que ele, de todas as pessoas, estava casado.Ajeitei a gravata, olhando diretamente para Marcelus, que me encarava com um olhar que misturava curiosidade e ameaça silenciosa. Clare, ao lado dele, sorria divertida.— Eu realmente nunca pensei que estaria aqui hoje — comecei, arrancando algumas risadas dos convidados. — Não porque Marcelus não fosse digno de se casar, mas porque, honestamente, nunca imaginei que ele encontraria alguém capaz de suportá-lo pelo resto da vida.As risadas aumentaram, e eu vi Marcelus estreitar os olhos em minha direção.— Mas aí apareceu Clare — continuei, sorrindo para ela. — E, bom, se tem alguém que pode domá-lo, essa pessoa é ela.Clare ri
Capítulo 196Clare Vallence | 28 de outubroO casamento fora perfeito. O dia, repleto de sorrisos, trocas de votos e celebração do amor que eu e Marcelus compartilhávamos, agora havia chegado ao fim. Mas, ao contrário de todos os preparativos frenéticos que tinham envolvido o evento, o que eu mais ansiava agora era a paz, o tempo para descansar e finalmente desfrutar de nossa lua de mel.Estávamos a caminho do aeroporto, e uma sensação de alívio se apoderou de mim. Depois de toda a agitação do casamento e da festa, eu sabia que esse seria o meu momento. O jatinho particular que nos aguardava na pista de decolagem parecia representar a liberdade que eu tanto desejava, um refúgio onde eu poderia, por alguns dias, escapar da realidade.Quando entrei no avião, olhei para o lado e vi Marcelus com aquele sorriso satisfeito no rosto. Ele estava claramente desfrutando da ideia de finalmente estar sozinho comigo. Seus olhos brilhavam com um misto de prazer e malícia, e eu sabia, no fundo, que
Capítulo 197Clare Vallence | 29 de outubroA Noruega me recebeu com uma brisa fresca e um céu limpo, tingido pelas cores suaves do amanhecer. O voo tinha sido tranquilo, e, ao descer do jatinho, senti uma sensação de paz invadir meu corpo. Meus pés tocando o solo gelado daquele novo lugar me davam uma sensação de pertencimento, como se ali eu fosse realmente respirar fundo e deixar tudo o mais para trás por um tempo.Eu estava animada não só pelo destino exótico e tranquilo, mas também pela oportunidade de viver esse momento ao lado de Marcelus. Agora, compartilhando uma nova fase da minha vida, tudo parecia diferente. As montanhas imponentes ao longe, suas pontas cobertas de neve, os lagos e fiordes refletindo o céu limpo... era tudo surreal, como se o mundo ao nosso redor fosse uma pintura, perfeita e intocada. A calma natural do lugar parecia ser o destino ideal para nós, longe de qualquer agitação, longe das festas de casamento e compromissos intermináveis.Respirei fundo, sentin
Capítulo 198Clare Vallence | 29 de outubroO sol estava se pondo lentamente, tingindo o céu da Noruega com tons de laranja e lilás. O ar frio da noite começava a envolver o pequeno chalé, que era simples, mas acolhedor, com uma vista deslumbrante das montanhas ao longe. Eu e Marcelus viajamos para aquele lugar isolado para escapar da agitação, e o refúgio parecia perfeito para o que precisávamos: um momento íntimo longe de qualquer pressão, onde só nós dois importávamos.Ao entrar no chalé, senti a paz que aquele lugar transmitia. As paredes de madeira eram rústicas e quentes, com uma lareira acesa, espalhando uma luz suave e confortável por todo o ambiente. O cheiro de pinho e madeira preenchia o ar, enquanto as janelas proporcionavam uma visão de tirar o fôlego dos fiordes que se estendiam à distância. Era o lugar perfeito para se perder no tempo, longe de todas as distrações do mundo.Marcelus, sempre atencioso, me conduziu até o centro da sala e, com um sorriso, me entregou um co
Capítulo 199 Clare Vallence | 30 de outubroOs dias na Noruega passaram como um borrão de prazer e tranquilidade. Marcelus e eu nos perdemos em nossa própria bolha, onde o tempo parecia não existir. A lua de mel estava sendo tudo o que eu esperava e mais um pouco. Era como se a paisagem fria e imponente ao nosso redor aquecesse os nossos corações de uma forma que eu não sabia que era possível.Eu não me cansava de Marcelus. E ele, claramente, também não se cansava de mim.A cada manhã, acordávamos tarde, a luz suave do sol invadindo o quarto por entre as cortinas grossas, a cama ainda quente e acolhedora. Marcelus costumava me acordar com um beijo demorado, seus lábios tão quentes contra os meus, e logo seus braços me envolviam com a mesma intensidade de sempre. Cada toque dele era como uma promessa, como se, a cada dia, eu tivesse que redescobrir o quanto ele me desejava.E não demorava para que a sede um do outro se tornasse insuportável. Era como se os nossos corpos estivessem em
Capítulo 200Clare Vallence | 26 de novembroEu acordei antes dele, como sempre. A manhã ainda estava fria, e a luz suave do sol começava a tocar a superfície do lago congelado lá fora. Eu estava deitada ao lado de Marcelus, ouvindo o som suave da sua respiração, e por um momento, tudo parecia perfeito, tranquilo. O silêncio do lugar, quebrado apenas pelo som do vento batendo nas árvores, me fez pensar no quanto tudo tinha mudado.Ainda não conseguia acreditar que estávamos casados. Que aquela vida ao lado dele, que eu imaginava em momentos de solidão, agora era real. E não apenas isso, mas o futuro… o futuro estava ali, diante de mim, mais perto do que eu jamais imaginei.Minha mente começou a se perder nos pensamentos enquanto olhava para a paisagem. O lago congelado refletia o céu cinza, e o vento fazia as árvores se balançarem suavemente. Era difícil de explicar, mas aquele cenário, com toda a sua calma, parecia ser a pintura perfeita para a nossa vida. Eu e Marcelus, envelhecendo
PrólogoClare Vallence04 de Maio | França— Estou interrompendo algo, querida? — Foi a primeira coisa que eu escutei, quando eu senti uma mão pousar sobre o meu ombro, — quem é o seu amigo, não vai me apresentar?Marcelus. Marcelus Moreau Marini, tinha me achado mais uma vez, e puta que me pariu… como eu queria correr dali agora, e me enfiar no primeiro avião que eu conseguisse. Não importava se seria para um país de primeiro, segundo ou terceiro mundo, não… eu só queria achar qualquer lugar que fosse, que ele não suspeitaria, que ele não fosse conseguir achar o meu rastro, nem se ele quisesse muito. Mas… aparentemente — para a minha infelicidade — isso não parecia ser algo possível. — Clare, quem é ele? — Flyn obviamente não evitou de perguntar, com uma expressão de clara confusão. — Ele não é ninguém importante, querido. — Eu soltei, junto de um breve sorriso no rosto, — agora vamos, ou você quer parar o que estávamos fazendo, por conta dele? — Parar o que estavam fazendo? Or
Capítulo 1Clare VallenceFrança | 02 de MaioMinha vida finalmente estava do jeito que eu queria, porque depois dos últimos três anos, desde que deixei Londres… essa tinha sido a primeira vez que eu tinha conseguido ter o mínimo de paz na minha vida — afinal, Marcelus… ainda não tinha me achado na França (até porque, ele nunca esperaria que eu estivesse no seu país de origem, esperaria?).Eu poderia finalmente descansar, sem a constante apreensão de que aquele desgraçadö apareceria na minha frente a qualquer momento. Meus dias eram previsíveis, e a rotina médica preenchia meu tempo e minha mente por completo. Estava tudo ótimo. Estava tudo perfeito. Ou pelo menos, era o que eu queria acreditar, mas… eu não conseguia tirar o rosto de Marcelus da minha cabeça! Ele ainda habitava meus pensamentos, especialmente durante a noite. Naquela manhã inclusive? Acordei irritada depois de um sonho erótico que eu tive com aquele moreno filho da putä! E isso me deixava profundamente frustrada,