Capítulo 2

Capítulo 2

Clare Vallence

02 de Maio | França

Assim que eu cheguei em casa, a minha cabeça já começou a montar mil e um cenários com Flyn, ao ponto de eu começar a sorrir que nem uma idiotä, enquanto me deitava no meu sofá — como se fosse a porcariä de uma adolescênte idiotä.

Porque no fim, Flyn era literalmente a definição de Príncipe encantado, ou seja… ele era perfeito pra mim, certo? Era o que eu sempre sonhei desde que eu era uma garotinha que usava maria chiquinhas.

Eu sempre sonhei com um loiro alto de olhos claros, com um sorriso brilhante que poderia me cegar, e ele? Era exatamente isso, como se fosse o universo de alguma forma, tentando me compensar por todo o estresse que Marcelus Moreau… tinha causado na minha cabeça — que honestamente, não andava muito boa.

“Isso, eu vou sair com ele quando ele me chamar, e nós dois vamos construir uma bela vida juntos, com bebês loiros, e nada parecidos com aquele traste do Marcelus!” Eu comecei a pensar, o que sinceramente? Até que estava me deixando bem satisfeita.

Mas ao mesmo tempo? Eu me sentia na porcariä de um daqueles livros ruins que eu li na adolescência, onde a protagonista tentava desesperadamente esquecer o bad boy — mas adivinha? Ela nunca conseguia!

— Não! Eu não sou uma protagonista de livro rüim! Eu sou uma pessoa do mundo real, e Marcelus é um maníacö e galinha sem causa! — Eu falei pra mim mesma com certa revolta, porque não dava pra colocar a minha situação, no mesmo patamar do que acontecia naquelas obras água com açúcar, onde o único empecilho na obra toda… era que a mocinha era pobre!

Isso! Eu não estava fazendo isso porque Marcelus era rico nem nada do gênero — porque no fim, eu também era — e sim, porque ele era um sem noção, que só queria brincar com a primeira mulher que achasse, e eu? Não queria a porcaria de um homem desses, na minha vida.

— Isso! O que eu quero é não virar só mais uma na lista interminável que Marcelus deve ser… — suspirei ao dizer, enquanto cobria colocava um dos meus braços em cima dos meus olhos, porque naquele momento? Até a luz da lua estava começando a me incomodar, — meu olhos estão cansados… por que eu ainda estou aqui acordada?

Eu me levantei depois de notar isso, e me enfiei embaixo do chuveiro direto, pra finalmente… poder deitar na minha cama e dormir de vez.

E quando finalmente saí do banho e fui me deitar, voltei a fazer várias fanfics de como seria o meu futuro com o Flyn, apenas para notar que… eu ficava comparando ele com Marcelus… a todo momento.

— Merdä! Eu não acredito que eu estou fazendo isso! — Eu me virei na cama, agora encarando o teto, como se tivesse algo de interessante nele, — Flyn parece ser bem melhor que ele! Porque além de ter educação, parece ser um verdadeiro cavalheiro!

Eu tentei argumentar comigo mesma, apenas pra minha cabeça continuar girando e girando naquela mesma questão, mas sinceramente… o que eu esperava?

Se eu parasse pra pensar, eu estava sendo uma completa cuzona por estar pensando daquela forma, porque… Flyn só estava sendo usado para ser a porrä de um tapa buraco — para aquele moreno desgraçadö!

“Ah… não era pra eu conseguir comparar os dois! são completamente diferentes!” Eu acabei por pensar, e quando eu decidi que não queria mais pensar sobre isso, a imagem dos dois lado a lado, veio na minha mente.

— Eu devo me odiar! Eu tenho muito trabalho amanhã… — acabei dizendo, enquanto me afundava nos meus travesseiros, e fechava os meus olhos com força, na esperança do cansaço vir me apagar de vez, pra eu não precisar ficar naquilo, até de manhã.

Mas quem disse que o cansaço chegou? Não, muito pelo contrário, ele apenas parecia me abandonar cada vez mais enquanto aquela m*****a noite passava, ao ponto de eu ter me rendido aos alongamentos que diziam que ajudavam na hora de dormir — e até mesmo a Yoga, para ver se eu consegui relaxar, nem que fosse um pouco.

Só que eu não obtive resultado algum, e quando eu fui ver, eu estava deitada no chão, encarando o teto mais uma vez, enquanto eu me perguntava o que raios eu estava fazendo da minha vida.

— Quer saber? Talvez eu não devesse sair com o Flyn, olha como tudo isso já começou? — Eu acabei pensando, e quando voltei para a minha cama mais uma vez, eu me afundei nas minhas cobertas, — isso… eu deveria fazer isso, até porque… a culpa está me matando agora que eu parei pra pensar na situação como um todo.

Sim, eu precisava parar com isso, e claro, só deixar a vida rolar, e quem sabe me interessar e gostar de alguém naturalmente? Sem colocar muitas expectativas, e quando eu finalmente conseguisse tirar aquele francês de quinta categoria da minha cabeça!

É, seria exatamente isso o que eu iria fazer, o que me fez conseguir finalmente dormir — mesmo que apenas por umas quatro horas — e eu fui direto para o trabalho, sem pensar muito.

Me entupi de trabalho mais uma vez — mais do que eu precisava inclusive — porque eu pensei que talvez, me focar no trabalho como eu sempre tinha feito, talvez… me ajudasse a apagar a porcaria do fogo no cu que eu estava tendo.

Mas assim que eu saí pra tomar um café? Eles estava lá, e com um sorriso leve, ele acenou pra mim.

Eu apenas acenei pra ele como um idiota, e assim que eu peguei o meu café (que graças a deus, saiu rápido) e apenas fugi, porque na minha cabeça, talvez… essa fosse a melhor coisa a se fazer.

Sim, ele não se machucaria, e eu não sentiria essa culpa dentro de mim, certo? No fim… todo mundo saia ganhando, com o coração intacto.

“Isso, Clare… vai ser melhor assim… use a sua inteligência emocional!” Pensei comigo mesma, e assim que eu cheguei no hospital mais uma vez, eu respirei fundo, enquanto colocava a mão no meu peito.

Ah…

Eu tinha que colocar a minha cabeça no lugar.

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