— Dentro de uma semana, será o nosso tão esperado recital. — Jude Callen, o professor, diz. — Vocês estão cada dia mais preparados, então não vejo a hora desse dia chegar.Os saltos de Marylin Durant, a secretária de Jude, ecoam pelo piso de madeira. Todos se viraram para encará-la, incluindo Jude.— Desculpe atrapalhar, mas vim informar que sexta é o último dia para o pagamento do recital. Só faltam... — Marylin olha a prancheta em sua mão e a analisa de cima a baixo. — duas pessoas.Ela encara Davine Baker e Evangeline Atkins. As duas bolsistas da turma.— Caso não efetuem o pagamento, estarão fora!Marylin tinha um sorriso soberbo, como se ficasse feliz com a pobreza alheia. Aquilo era culpa dos pais, que nunca deixaram ela fazer esforço na vida. O trabalho de secretária é apenas no papel, para marcar em cima de quem ganhou bolsa para as aulas. E ela adorava fazer aquilo, pois segundo Marylin, quem não se esforça, não merece recompensas.— Tenho certeza de que, quem quer que falte
Mas graças a sua genitora e fodida mãe, Leah, aquilo estava arruinado. Assim como ela tinha arruinado o baile de Natal, aparecendo bêbada. Da mesma maneira que arruinou o baile da escola, surgindo como acompanhante de um dos alunos.— Eu a odeio! — Evie grunhi, enquanto Felippa acarinha seu cabelo cacheado. — O que será que fiz, para merecer uma mãe como ela?— Nada, Evie. Você não tem culpa dela ser uma mãe de merda.Fungando, Evangeline se afasta da sua amiga e a encara.— O que eu vou fazer, Felps? Era o meu sonho naquela caixa. Não tem a menor chance, de eu conseguir esse dinheiro a tempo.A garota com os cabelos tingidos de ruivo e que necessitava pintar a raiz, se levanta e começa a andar de um lado para o outro.— Bem, até tem uma coisa, mas você não vai gostar.— O que?— Você lembra do JJ?Evie não precisou fazer esforço algum. Ela falava do garoto negro, esguio e de olhos claros, com quem Felippa teve um ano tórrido de amor. Ninguém sabia seu nome, apenas o chamavam por JJ.
Evangeline sequer pensou duas vezes. Ela se sentou na cama rapidamente e encarou sua mãe. Pela primeira vez em anos, ela sentia que aquela mulher a sua frente, estava sendo sincera.— Como assim?Observando que conseguiu a atenção de Evangeline, Leah empurrou um dos potes para a filha e se levantou para pegar garfos. Só então quando retornou, que começou a falar.— Sabe que trabalho para um pessoal endinheirado. — diz e Evie apenas balança a cabeça, enchendo a boca de comida. — Então, eles dão uma festa amanhã. Uma grande festa. Ouvi alguém dizer mais de duzentos convidados.— Nossa... e cabe essa gente toda lá?— Bem mais do que isso. Enfim. A chefe das empregadas pediu para que conseguíssemos quantas pessoas desse, para ajudar. E já que você precisa de dinheiro para aquela chatice lá...Evangeline sentiu uma imensa vontade de abraçar sua mãe, mas conhecendo-a bem, reprimiu à vontade e continuou comendo o que tinha a sua frente.— Quanto vão pagar? — ela tentou mostrar desinteresse.
Leah havia deixado um papel preso a geladeira, com o endereço e quais conduções Evangeline precisaria pegar. Ela já tinha dado instruções de como queria que a filha arrumasse o cabelo ruivo e cacheado. Evie precisaria amarrá-lo em um coque arrumado e nenhum fio poderia estar fora do lugar.— O que eu falei sobre seu cabelo? — Leah questiona, assim que vê a filha no portão da mansão.— Sabe que meu cabelo não fica no lugar. Ainda mais depois de dois ônibus e o metrô.O segurança manda Leah decidir o que fazer, na parte de dentro. Ela então agarra no braço da filha e a puxa, enquanto a garota admira a imensidão da casa a sua frente.Elas entram pelos fundos, que dava diretamente para a gigantesca cozinha. Diversas pessoas iam e viam, com pressa e esbarrando em outras, que se ocupavam em encher bandejas. Os convidados começariam a chegar a qualquer minuto.— Carol? — Leah chama a mulher mais velha que estava gritando com outra. Carol era a manda chuva daquela cozinha e organizava toda e
Assim que chegou ao topo da escada, Evangeline sentia que o fino elástico que prendia seu cabelo, poderia arrebentar a qualquer momento.Ela caminhou até a famosa porta proibida e não pensou duas vezes, antes de empurrá-las. As duas imensas portas de madeira, se abriram para os lados e fez com que todos os olhos ao redor da mesa, a encarassem.As coisas ocorreram em questão de segundos. Ao ver a quantidade de armas e drogas que tinha em cima da mesa, as mãos de Evangeline vacilaram e a bandeja acabou indo de encontro ao chão. Como se isso já não fosse vergonhoso o suficiente, o elástico do seu cabelo cessou e deixou todo aquele emaranhado de fios, armado.— QUE MERDA VOCÊ FAZ AQUI?Assim que o homem na ponta da mesa grita, todos os outros se levantam e tiraram as armas da cintura, prontos para arrancar Evangeline dali e fazer com que ela nunca mais bisbilhotasse nada.— Eu... eu... — ela não conseguia formular uma frase, de tão nervosa que estava.Evangeline olhou para todos os rostos
— Não. — ela finalmente ocupa o espaço vazio ao lado de Alec, no banco de pedra. — Desculpe. Eu só... desculpe.— Você ainda não me disse o seu nome.— Evangeline. Evie.Ele não fala, mas acha que aquele nome combina perfeitamente com Evie. O cabelo ruivo volumoso, a pele branca e os olhos levemente esverdeados, deixava aquela menina incrivelmente linda, aos olhos de Alec.— Por que veio trabalhar aqui? — ele continua com seu interrogatório. Havia tanto que Alec queria saber. — Você parece ser muito mais do que uma simples empregada.— Não sou tudo isso também. Eu só precisava do dinheiro. Preciso, na verdade.Evie olha na direção da mansão, onde a festa continuava sem nenhum empecilho. Ela então pensa em sua mãe, no motivo que a fez estar ali naquela noite e novamente sente vontade de chorar.— Eu odeio a minha mãe. — Evie sussurra, com os olhos queimando.— Olha, nós temos algo em comum. Mas primeiro você. O que aconteceu?Ela olha para Alec e o inspeciona. Além da beleza impecável;
O dia de Evangeline foi corrido. De manhã ela foi quase se arrastando para a faculdade e assistiu algumas aulas. A tarde quando foi ocupar o seu turno no pequeno mercado em que trabalhava, descobriu que o dono não gostou da troca de funcionários que teve no dia anterior e acabou por demiti-la. Ela saiu do estabelecimento triste, mas com um cheque de duzentos dólares.Decidida a não deixar aquilo abalá-la, Evie resolveu ir comprar a roupa que usaria no recital. Ela caminhou a tarde toda e entrou em diversas lojas, sem encontrar nada ela pudesse dizer ser A ROUPA. Até que quando estava quase desistindo, ela optou pelo clássico. Um vestido midi preto, com mangas curtas.Ela foi para casa e pediu para que sua melhor amiga, guardasse aquela roupa em seu trailer. Apesar de sua mãe ainda não ter aparecido, Evie continuava não confiando nela. Ela pegou sua case com o violino e foi para sua aula da noite.Evangeline não havia percebido, mas Howard, o motorista dos Castello, estava a seguindo d
Os dez alunos já estavam em suas cadeiras e seguravam seus violinos, quando as cortinas se abriram. Evangeline não precisou de nenhum esforço para encontrar Alec. Ele tinha ocupado a cadeira ao lado de Felippa, que o encarava como se fosse uma maníaca.Jude adentra o palco e todos se levantam para aplaudi-lo. Ele faz uma reverencia e logo estão sentados novamente.A primeira música escolhida, era um clássico. Eine kleine Nachtmusik (Pequena Serenata Noturna), de Mozart. Foram quase dezenove minutos daquela música, que fez algumas pessoas chorarem e outras dormirem de puro tédio. Ao fim daquela música, era hora das apresentações solos. Um por um iniciava uma música de sua escolha.Antes das cortinas serem abertas, Jude e Marylin tiveram uma conversa ao pé do ouvido e a ordem das apresentações individuais foi alterada. Evangeline que seria a terceira, era a última. Ela e seus outros colegas, não entenderam o porquê dessa decisão, mas aceitaram.Quando finalmente chega a vez dela, Evie c