7

O dia de Evangeline foi corrido. De manhã ela foi quase se arrastando para a faculdade e assistiu algumas aulas. A tarde quando foi ocupar o seu turno no pequeno mercado em que trabalhava, descobriu que o dono não gostou da troca de funcionários que teve no dia anterior e acabou por demiti-la. Ela saiu do estabelecimento triste, mas com um cheque de duzentos dólares.

Decidida a não deixar aquilo abalá-la, Evie resolveu ir comprar a roupa que usaria no recital. Ela caminhou a tarde toda e entrou em diversas lojas, sem encontrar nada ela pudesse dizer ser A ROUPA. Até que quando estava quase desistindo, ela optou pelo clássico. Um vestido midi preto, com mangas curtas.

Ela foi para casa e pediu para que sua melhor amiga, guardasse aquela roupa em seu trailer. Apesar de sua mãe ainda não ter aparecido, Evie continuava não confiando nela. Ela pegou sua case com o violino e foi para sua aula da noite.

Evangeline não havia percebido, mas Howard, o motorista dos Castello, estava a seguindo desde que saiu de casa pela manhã. Ele a acompanhou em todas as suas paradas e só retornou para a mansão, quando Evangeline voltou para casa, depois da aula de violino.

— Aqui estão as fotos, senhor.

Howard entrega um envelope, que estava repleto de fotos que ele havia feito de Evangeline. Alec passou uma a uma, se deliciando com as imagens que tinha em mãos. Ele não conseguia parar de pensar em Evangeline e no toque de seus lábios em sua bochecha.

— Amanhã a turma dela irá tocar em um recital. Imaginei que o senhor gostaria de ir.

O motorista tira um par de ingressos do bolso e coloca em cima da mesa. Alec pega os ingressos e sorri, com a astucia de Howard. Ele mal conhecia aquele homem, já que havia acabado de chegar de outro país, mas sentiu que tinha ele como um aliado. E com aqueles ingressos em mãos, ele poderia bolar um plano para conquistar Evangeline.

[...]

— Eu não quero que vocês fiquem nervosos. — Jude, o professor, diz. — Ajam como se fosse um show particular. Vocês nasceram para isso.

Aquele conselho não serviu de nada para Evangeline. Ela esfregava as mãos uma na outra, sentindo aquele suor deixá-la ainda mais estressada. Com o intuito de ficar mais tranquila, Evie caminhou até as grandes cortinas e espiou por trás delas. Ela olhou rosto por rosto, até encontrar o da sua melhor amiga, ao lado de um banco vazio. Felippa sorria para todos os lados e quando encontrou o rosto de Evie, sorriu mais ainda. Aquilo fez com que ela se sentisse um pouco melhor, em relação a cadeira vazia. A ruiva fez-lhe um sinal, para que fosse até ali.

— O que foi? — Felippa questiona, ao encontrar com Evie. — Está nervosa?

— Onde está minha mãe?

— Ah... — a garota olha para os lados, sem saber se diria a verdade para Evie. — Ela...

— Fala.

— Tudo bem. Quando eu estava saindo, bati no trailer para ver se ela estava pronta. Um cara estranho e seminu abriu e em seguida a chamou. Leah resmungou algumas coisas que não entendi e perguntou o que eu estava fazendo ali. Perguntei se ela não iria se arrumar para vir ao recital e ela...

Felippa engole em seco. Ela sabia que sua amiga se magoaria com a verdade. Afinal, Evangeline havia deixado o ingresso preso a geladeira, junto com um recado para a sua mãe.

— Arranca logo o band-aid, Felippa.

— Ela disse que não iria perder o precioso tempo dela, com uma merda que lhe daria sono. — ela diz, sem respirar. — Mas amiga...

— Eu estou bem, Felippa.

Ela não estava bem. E Felippa sabia disso. Principalmente quando sua melhor amiga, a chamava pelo nome.

— Olha esse tanto de gente. — Evangeline abre novamente a cortina, para olhar o lado de fora. — Eu não vou me importar com Leah, quando...

As palavras de Evangeline sumiram de sua boca, quando ela viu a pessoa que havia acabado de passar pela porta de entrada.

— É ele... — Evie sussurra, fazendo com que Felippa fique curiosa e se aproxime das cortinas. — É o Alec.

— O bonitão que te deu todo aquele dinheiro?

— Sim...

— O que ele faz aqui? Você o convidou?

— Não, mas deve ser coincidência.

Enquanto Evangeline tentava fortemente enfiar aquilo em sua cabeça, Alec olhava tudo a sua frente, tentando buscar um lugar vazio para se sentar. Foi quando Marylin, a secretaria da escola, se aproxima dele com bastante interesse.

— Boa noite, cavalheiro. — ela murmura, abrindo um largo sorriso e ficando com a coluna ereta, com a intenção de deixar seus peitos bem próximos do rosto de Alec. — Você é um rosto diferente por aqui. Primeira vez?

— Sim.

Alec respondeu, com um certo desdém. A ultima coisa que ele queria, era mais uma mulher troféu, dando em cima dele.

— Posso ajudá-lo a achar o seu lugar? — Marylin questiona, tocando as costas de Alec. Ele a olha de lado e faz um movimento para que se afaste. — Temos uma ótima visão do camarote e...

— Ficarei bem ali na frente.

Marylin vestia um justo e decotado vestido vermelho. Aquela escolha havia sido feita de forma proposital, com a intenção de conquistar velhos ricos e assim torná-los doador da escola. Alec estava bem longe de ser um velho, mas ela sabia que só um homem bem rico, poderia usar o tipo de terno que ele usava. Então ela se apressou.

— Nossa escola tem um belíssimo programa de bolsas de estudos, para alunos talentosos e de famílias carentes. — Alec parou e respirou fundo, impaciente com aquilo. — Inclusive, o recital de hoje tem uma premiação e...

— Quanto vale o primeiro lugar?

— Oh... mil dólares e um ano de aulas gratuitas. Esse segundo prêmio, as meninas não sabem.

Através da minuciosa perseguição que Howard fez, Alec sabia que Evangeline morava em um campo de trailers. Ele se virou para Marylin e colocou as mãos nos bolsos.

— Faça com que Evangeline Atkins ganhe o primeiro lugar e nós conversamos sobre uma doação generosa para esse lugar.

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