O dia de Evangeline foi corrido. De manhã ela foi quase se arrastando para a faculdade e assistiu algumas aulas. A tarde quando foi ocupar o seu turno no pequeno mercado em que trabalhava, descobriu que o dono não gostou da troca de funcionários que teve no dia anterior e acabou por demiti-la. Ela saiu do estabelecimento triste, mas com um cheque de duzentos dólares.
Decidida a não deixar aquilo abalá-la, Evie resolveu ir comprar a roupa que usaria no recital. Ela caminhou a tarde toda e entrou em diversas lojas, sem encontrar nada ela pudesse dizer ser A ROUPA. Até que quando estava quase desistindo, ela optou pelo clássico. Um vestido midi preto, com mangas curtas.
Ela foi para casa e pediu para que sua melhor amiga, guardasse aquela roupa em seu trailer. Apesar de sua mãe ainda não ter aparecido, Evie continuava não confiando nela. Ela pegou sua case com o violino e foi para sua aula da noite.
Evangeline não havia percebido, mas Howard, o motorista dos Castello, estava a seguindo desde que saiu de casa pela manhã. Ele a acompanhou em todas as suas paradas e só retornou para a mansão, quando Evangeline voltou para casa, depois da aula de violino.
— Aqui estão as fotos, senhor.
Howard entrega um envelope, que estava repleto de fotos que ele havia feito de Evangeline. Alec passou uma a uma, se deliciando com as imagens que tinha em mãos. Ele não conseguia parar de pensar em Evangeline e no toque de seus lábios em sua bochecha.
— Amanhã a turma dela irá tocar em um recital. Imaginei que o senhor gostaria de ir.
O motorista tira um par de ingressos do bolso e coloca em cima da mesa. Alec pega os ingressos e sorri, com a astucia de Howard. Ele mal conhecia aquele homem, já que havia acabado de chegar de outro país, mas sentiu que tinha ele como um aliado. E com aqueles ingressos em mãos, ele poderia bolar um plano para conquistar Evangeline.
[...]
— Eu não quero que vocês fiquem nervosos. — Jude, o professor, diz. — Ajam como se fosse um show particular. Vocês nasceram para isso.
Aquele conselho não serviu de nada para Evangeline. Ela esfregava as mãos uma na outra, sentindo aquele suor deixá-la ainda mais estressada. Com o intuito de ficar mais tranquila, Evie caminhou até as grandes cortinas e espiou por trás delas. Ela olhou rosto por rosto, até encontrar o da sua melhor amiga, ao lado de um banco vazio. Felippa sorria para todos os lados e quando encontrou o rosto de Evie, sorriu mais ainda. Aquilo fez com que ela se sentisse um pouco melhor, em relação a cadeira vazia. A ruiva fez-lhe um sinal, para que fosse até ali.
— O que foi? — Felippa questiona, ao encontrar com Evie. — Está nervosa?
— Onde está minha mãe?
— Ah... — a garota olha para os lados, sem saber se diria a verdade para Evie. — Ela...
— Fala.
— Tudo bem. Quando eu estava saindo, bati no trailer para ver se ela estava pronta. Um cara estranho e seminu abriu e em seguida a chamou. Leah resmungou algumas coisas que não entendi e perguntou o que eu estava fazendo ali. Perguntei se ela não iria se arrumar para vir ao recital e ela...
Felippa engole em seco. Ela sabia que sua amiga se magoaria com a verdade. Afinal, Evangeline havia deixado o ingresso preso a geladeira, junto com um recado para a sua mãe.
— Arranca logo o band-aid, Felippa.
— Ela disse que não iria perder o precioso tempo dela, com uma merda que lhe daria sono. — ela diz, sem respirar. — Mas amiga...
— Eu estou bem, Felippa.
Ela não estava bem. E Felippa sabia disso. Principalmente quando sua melhor amiga, a chamava pelo nome.
— Olha esse tanto de gente. — Evangeline abre novamente a cortina, para olhar o lado de fora. — Eu não vou me importar com Leah, quando...
As palavras de Evangeline sumiram de sua boca, quando ela viu a pessoa que havia acabado de passar pela porta de entrada.
— É ele... — Evie sussurra, fazendo com que Felippa fique curiosa e se aproxime das cortinas. — É o Alec.
— O bonitão que te deu todo aquele dinheiro?
— Sim...
— O que ele faz aqui? Você o convidou?
— Não, mas deve ser coincidência.
Enquanto Evangeline tentava fortemente enfiar aquilo em sua cabeça, Alec olhava tudo a sua frente, tentando buscar um lugar vazio para se sentar. Foi quando Marylin, a secretaria da escola, se aproxima dele com bastante interesse.
— Boa noite, cavalheiro. — ela murmura, abrindo um largo sorriso e ficando com a coluna ereta, com a intenção de deixar seus peitos bem próximos do rosto de Alec. — Você é um rosto diferente por aqui. Primeira vez?
— Sim.
Alec respondeu, com um certo desdém. A ultima coisa que ele queria, era mais uma mulher troféu, dando em cima dele.
— Posso ajudá-lo a achar o seu lugar? — Marylin questiona, tocando as costas de Alec. Ele a olha de lado e faz um movimento para que se afaste. — Temos uma ótima visão do camarote e...
— Ficarei bem ali na frente.
Marylin vestia um justo e decotado vestido vermelho. Aquela escolha havia sido feita de forma proposital, com a intenção de conquistar velhos ricos e assim torná-los doador da escola. Alec estava bem longe de ser um velho, mas ela sabia que só um homem bem rico, poderia usar o tipo de terno que ele usava. Então ela se apressou.
— Nossa escola tem um belíssimo programa de bolsas de estudos, para alunos talentosos e de famílias carentes. — Alec parou e respirou fundo, impaciente com aquilo. — Inclusive, o recital de hoje tem uma premiação e...
— Quanto vale o primeiro lugar?
— Oh... mil dólares e um ano de aulas gratuitas. Esse segundo prêmio, as meninas não sabem.
Através da minuciosa perseguição que Howard fez, Alec sabia que Evangeline morava em um campo de trailers. Ele se virou para Marylin e colocou as mãos nos bolsos.
— Faça com que Evangeline Atkins ganhe o primeiro lugar e nós conversamos sobre uma doação generosa para esse lugar.
Os dez alunos já estavam em suas cadeiras e seguravam seus violinos, quando as cortinas se abriram. Evangeline não precisou de nenhum esforço para encontrar Alec. Ele tinha ocupado a cadeira ao lado de Felippa, que o encarava como se fosse uma maníaca.Jude adentra o palco e todos se levantam para aplaudi-lo. Ele faz uma reverencia e logo estão sentados novamente.A primeira música escolhida, era um clássico. Eine kleine Nachtmusik (Pequena Serenata Noturna), de Mozart. Foram quase dezenove minutos daquela música, que fez algumas pessoas chorarem e outras dormirem de puro tédio. Ao fim daquela música, era hora das apresentações solos. Um por um iniciava uma música de sua escolha.Antes das cortinas serem abertas, Jude e Marylin tiveram uma conversa ao pé do ouvido e a ordem das apresentações individuais foi alterada. Evangeline que seria a terceira, era a última. Ela e seus outros colegas, não entenderam o porquê dessa decisão, mas aceitaram.Quando finalmente chega a vez dela, Evie c
Felippa devorava um hamburguer imenso e ketchup escorria pelos seus dedos. Ela era comicamente observada por Evangeline e Alec, que ocupavam uma outra mesa.— Ela é divertida. — Alec murmura, virando-se para Evangeline.— É. Felippa é a melhor coisa que tem na minha vida.— E pela forma que ela ficou me encarando durante todo o recital, você falou sobre mim.As bochechas de Evangeline queimaram com aquela frase. Talvez ela tenha usado a palavra lindo, diversas vezes, enquanto contava sobre seu encontro com Alec.— Falei. — ela confessa, mordendo uma batata. — Não é todo dia que eu chego em casa com quinhentos dólares na mão.— Você não contou para ela sobre aquela sala. Contou?— Não. Não. Eu prometi que não contaria e não fiz.— Obrigado. — Alec sorri e pega o copo de plástico, repleto de refrigerante. — Hmm... eu não quero parecer esnobe, mas eu não tomava refrigerante desde a minha infância.— Eu imagino. Também imagino que esse deveria ser o último lugar em que você pensou em colo
Evangeline acordou disposta a fazer com que Ruby caísse aos seus pés. Era mais um dia quente no Bronx e ela estava sozinha no trailer. Aproveitando a falta de Leah, Evie provou todos os seus vestidos e optou pelo mais florido. Ele tinha alças finas, valorizava seus seios e era um pouco acima do joelho. Após calçar seus tênis que julga ser dar sorte e pegar os livros que seriam devolvidos, Evie sai do seu trailer.— Que produção!Felippa estava sentada em sua cadeira de praia, usando um biquini e com um ventilador refrescando seu rosto. Ela odiava os dias quentes, mas isso não significava que ela não deveria aproveitá-los para pegar uma corzinha.— Você está realmente disposta a fisgar o coração daquele nerd.— Ele não é nerd! — ela balança a cabeça, para afastar o fio de cabelo que insistia em encostar em seus lábios embalsamado de gloss. — É inteligente.— E qual a diferença?— Tchau, Felippa. Bom banho de sol.Depois de soprar um beijo para sua amiga risonha, Evangeline deixa o camp
Evangeline murmurou meia dúzia de palavras para Ruby e correu para fora do restaurante. Eram cinco minutos de onde ela estava, para o campo de trailers. Evie fez aquilo em dois. Já da esquina, ela conseguia guindastes de demolição e muita gente em volta. Evangeline olhou todas aquelas pessoas desesperadas, até achar sua amiga.— FELIPPA! — Evie grita e Felippa a olha. Elas correm uma para a outra e se abraçam no meio do caminho. — O que é tudo isso? O que está acontecendo?— Eu não sei! Papai está lá falando com aquele homem alto. Amiga, eles querem nos colocar para fora.Evie agarra no braço da amiga e a puxa até onde está William, seu pai, e um homem alto, negro e desconhecido.— Vocês não podem simplesmente chegar aqui e jogar uma bomba dessa nas pessoas. — William diz, para o homem que não está se importando com nenhuma daquelas palavras. — Tem gente que nasceu nesse lugar. E se estamos aqui, é porque não temos para onde ir.Assim que Evangeline se aproxima, o homem desconhecido a
Howard estava com o carro parado em frente ao restaurante escolhido por Alec, já fazia dez minutos. Evangeline se recusava em sair do carro, por não ter fé no plano que havia elaborado.— Menina? — Howard a encara pelo espelho. — Precisa descer.Evie bufa e finalmente faz aquilo que tanto postergou. Ela balança os ombros e caminha até a entrada do restaurante, onde há uma recepcionista. Sem dar um boa noite, a mulher loira a olha de cima a baixo. Evangeline usava a pior roupa possível. Uma saia jeans rasgada, uma blusa vermelha de alças finas e chinelos. Seu cabelo ruivo e feroz, estava muito mal preso em um rabo de cavalo.— Se você está procurando o restaurante de mendigos, não tem nesse bairro.— Querida, Alec Castello está a minha espera. — Evie se debruça no balcão e bate na tela do computador. — Dê uma olhadinha aí. Evangeline.Ela olha novamente Evangeline de cima a baixo, se perguntando qual era o problema de Alec. Após uma revirada de olhos, a recepcionista caminha para dentr
Disposta a afastar a voz de Alec e a ameaça que ele havia lhe feito de sua cabeça, Evie resolveu arrumar todo seu trailer. Ela ligou o rádio nas alturas e aproveitou a falta da sua mãe, para exalar toda sua raiva com a limpeza.Embora Leah já estava sem aparecer há dois dias, Evie não se importava com aquilo. Sempre que ela tinha um novo e recorrente namorado, era normal que ficasse sem aparecer em casa por dias.Perto de acabar a sua grande arrumação, Evie mexe em uma mala antiga de sua mãe. Ela sabia que ali era guardado roupas e alguns pertences mais importantes, coisa que nunca lhe importou. Até que ela nota uma pequena caixa de bijuterias, com um pedaço de papel para fora. Aquilo atiça a curiosidade de Evangeline, que pega a caixa e se senta na cama.Tinha uma carta lacrada, endereçada a Evie e diversos outros envelopes já abertos, também endereçados a ela. Evangeline estranha, já que nunca havia visto nada daquilo. Ao virar a carta, leu o nome do destinatário. Samuel Atkins.— P
Alec estava sentado diante de sua enorme televisão, assistindo a uma partida de futebol americano, quando uma das empregadas surgiu na sala. Sem olhá-la ele pega no balde de pipoca quase vazio e estica em sua direção.— Mais.— Oh... sim... claro. — ela caminha até ele e pega o objeto. — Desculpe atrapalhar, senhor, mas há uma mulher no portão dizendo que o senhor a espera.— Não estou esperando ninguém.Alec se encosta no sofá e antes mesmo da pobre empregada deixar a sala, ele a grita novamente. Ele havia acabado de se dar conta, de que não esperava ninguém pessoalmente, mas esperava uma resposta.— Ela é ruiva? — ele questiona, olhando na direção da empregada confusa.— O que?— A mulher! Ah, esquece.Ele se levanta do sofá e caminha para fora da casa. Ainda da escada, ele conseguia ver a garota ruiva andando de um lado para o outro, do lado de fora do portão de ferro. Enquanto Alec se aproximava daquele portão, a cabeça de Evangeline fervilhava e lhe arrumava mil e um motivos para
Depois da resposta positiva de Evangeline, Alec foi até seu escritório e pegou o dinheiro que ela precisava do cofre. Ele a entregou, mas quando Evie esticou o cheque para ele, Alec o rejeitou.— Desconte quando for ao banco. — ele diz.— Não! Você me deu o dinheiro. Fique com o cheque.— Guarde, Evangeline.Alec a ignorou com a mão no ar e andou até a janela. Alguns jardineiros estavam por ali, regando e podando as plantas. Ele escuta um barulho de vidro e se vira. Evie estava colocando o cheque embaixo de um cinzeiro e em seguida ajeitou a mochila nas costas.— Quer conhecer o resto da mansão? — ele questiona, querendo ficar mais um tempo com ela. — Digo, o que tem além dela. Vem. Deixe a mochila aí.Alec sequer espera a resposta de Evangeline e a segura pela mão, puxando-a para a saída dos fundos, dando de cara com a imensa piscina que tinha ali. Evie é incapaz de admirar o azul daquela água. Era como se Alec tivesse um mar próprio.Descendo as escadas, tinha um imenso lago com pat