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Evangeline acordou disposta a fazer com que Ruby caísse aos seus pés. Era mais um dia quente no Bronx e ela estava sozinha no trailer. Aproveitando a falta de Leah, Evie provou todos os seus vestidos e optou pelo mais florido. Ele tinha alças finas, valorizava seus seios e era um pouco acima do joelho. Após calçar seus tênis que julga ser dar sorte e pegar os livros que seriam devolvidos, Evie sai do seu trailer.

— Que produção!

Felippa estava sentada em sua cadeira de praia, usando um biquini e com um ventilador refrescando seu rosto. Ela odiava os dias quentes, mas isso não significava que ela não deveria aproveitá-los para pegar uma corzinha.

— Você está realmente disposta a fisgar o coração daquele nerd.

— Ele não é nerd! — ela balança a cabeça, para afastar o fio de cabelo que insistia em encostar em seus lábios embalsamado de gloss. — É inteligente.

— E qual a diferença?

— Tchau, Felippa. Bom banho de sol.

Depois de soprar um beijo para sua amiga risonha, Evangeline deixa o campo de trailers e caminha até chegar na universidade do bairro. Antes mesmo de chegar na porta da unidade, já era possível escutar um burburinho sobre greve. Ela então entra no campus vazio e caminha diretamente para a biblioteca. Ali ela encontra a maioria dos professores, meia dúzia de alunos e aquele que ela tanto queria encontrar.

— Ruby? — Evie chama e se aproxima dele. — O que está acontecendo?

Ele estava apoiado em uma mesa e se virou para encarar Evangeline. Seu cabelo liso e recém lavado emanou um perfume de camomila, que fez Evie suspirar apaixonadamente.

— Oi, Evie. Os professores vão entrar em greve.

— Sério? — ela questiona com tristeza na voz e larga os livros sobre uma mesa. — Por quê?

— A prefeitura não tem pagado o salário deles, então não é justo que continuem dando aulas, sem receber. Não é mesmo?

— Claro que não. No que eu posso ajudar?

Eles passaram a manhã toda preparando cartazes, faixas, bandeiras e tudo o que era necessário para iniciarem a greve na segunda feira. E apesar dos motivos para estarem ali, não ser o melhor de todos, Ruby e Evangeline eram só sorrisos um para o outro.

Quando estavam saindo da universidade, junto das outras pessoas, Evie resolveu pôr em prática sua vontade.

— Ei, Ruby... — ela toca o braço dele. — Eu estava pensando... é...

Ruby era um pouco tímido, mas sempre gostou de Evangeline. O jeito educado, simples e inteligente dela, o encantou de primeira. Mas o fato de achá-la bastante bonita, o fazia pensar que ela não poderia sentir o mesmo por ele. Até aquele momento.

— Você quer almoçar comigo? — ele pergunta de uma vez, antes que sua timidez o fizesse mudar de ideia. — Tem um restaurante do outro lado da rua e...

— Claro!

Ela respondeu rapidamente, com a felicidade exalando através do sorriso que carregava. Ruby tocou nas costas de Evie e ambos caminharam para o restaurante. Eles pediram suas comidas e conversavam animadamente. Quem observava os dois, de dentro de um carro grande, preto e blindado, era Alec. E diferente dos amigos sorridentes, ele não estava nada feliz com aquilo.

— E agora, senhor? — Howard pergunta, encarnado a feição furiosa de Alec pelo retrovisor. — Vamos para algum lugar?

— Ainda não.

Alec sacou seu aparelho celular do bolso e digitou o número de Evangeline. Seu motorista barra detetive, havia conseguido aquele número para ele, que de tanto ensaiar uma ligação, conseguiu gravá-lo. Enquanto a ligação chamava, Alec observava a reação de Evie através da grande janela de vidro onde ela estava sentada.

Evangeline não iria atender, para não atrapalhar o seu tão sonhado momento com Ruby, mas como ela aguardava possíveis ligações de caça-talentos, atendeu.

— Alô?

— Evangeline.

A voz de Alec era única. Principalmente quando mencionava o nome dela. O olhar esperançoso que ela carregava, mudou para um confuso.

— Onde conseguiu meu número?

— Preciso conversar com você. — ele diz, sem responder o que ela queria saber. — Podemos nos encontrar?

— Não! Alec, eu fui bem direta ontem a noite. Olha, eu vou desligar. Estou ocupada.

Alec não pretendia deixá-la tratar ele daquele jeito. Ele precisou pensar rápido e arrumar uma forma de ela não desligar a ligação.

— Sua mãe está roubando da minha família. — ele fala rapidamente e percebe que a feição dela muda. Evie olhou para Ruby e franziu a testa. — Meu pai quer chamar a polícia, mandar prendê-la. Eu já acho que uma conversa entre nós dois, seria o suficiente. O que acha?

A risada de Evangeline escapuliu mais rápido do que ela planejou. Ela não sabia se aquilo era realmente verdade ou era uma maneira de fazer com que ela fosse até ele. Evie resolveu arriscar.

— Eu não tenho nada a ver com as escolhas que minha mãe faz para a vida dela. Se ela realmente roubou vocês, faça valer o seu direito. Chame a polícia. Eu não sou moeda de troca, Alec. Espero que tenha entendido e não me ligue mais. Tchau.

Após desligar, Evie bateu o telefone na mesa e grunhiu. Alec jogou seu celular para longe, assim que ela desligou a ligação. Howard continuou o encarando pelo retrovisor e reparou na forma furiosa que o peito dele balançava.

— Senhor?

— Para casa, Howard. Temos algo para fazer.

Howard arranca com o carro, fazendo barulho e chamando atenção das pessoas em volta. Evie ouviu, mas não olhou naquela direção.

— Está tudo bem? — Ruby questiona, ao reparar o nervosismo de Evangeline. — Quem era?

— Ah... um idiota que eu conheci e acha que por ele ter dinheiro, eu tenho que ficar com ele. Eu não sou assim.

— Eu sei que não é. — ele murmura, com um sorriso de lado. — E por isso que eu gosto de você.

Ela sorri largamente e quase se derrete no banco em que estava sentada.

— Eu também gosto de você, Ruby.

A conversa entre os dois fluía com muita facilidade. Passaram-se horas, onde descobriram que tinham livros, filmes e até sonhos em comum. Ruby já estava sentado ao lado de Evie e um clima romântico estava no ar. Ela sentia que ele queria beijá-la e tendo iniciativa que sempre desejou, Evangeline tocou o rosto dele e juntou seus narizes.

Antes de seus lábios alcançarem a glória, o telefone de Evie começou a vibrar incessantemente na mesa e o nome de Felippa brilhava no visor.

— Desculpe. Vai levar um minuto. — ela murmura, pegando no aparelho. — Felippa seja o que for, fale depois. Está estragando o meu momento aqui!

Um barulho se fez presente e depois um soluço vindo de Felippa. Evie entrou em alerta.

— Amiga... o campo de trailers foi comprado. Tem um homem dizendo que precisamos sair daqui agora ou tudo será demolido.

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