Capítulo 1

Ansiedade me define. Nem posso acreditar que depois de onze anos pisarei novamente em solo italiano e a cada pequena turbulência do avião em meio as nuvens espessas meu coração se acelera em ansiedade.

Apesar das cansativas horas de viagem do Japão à Itália finalmente ouço o piloto anunciar nosso pouso.

E uma vez que desembarco, abro os braços respirando profundamente o ar do meu doce e amado país. Desembarcar em solo norte italiano me faz relembrar os bons momentos do meu passado ignorando os ruins. Senti tanta falta desse lugar maravilhoso.     

— Como eu senti falta desse país maravilhoso — falo para mim mesma, sem me importar com as pessoas que desembarcam ao meu redor me observando desconfiadas.

Após pegar minha mala na esteira procuro por Robert, um amigo que considero irmão.

A lotação de pessoas ao me redor me deixa ainda mais ansiosa e depois de incontáveis minutos finalmente o encontro segurando uma placa com o meu codinome.

Bom garoto. Penso com um grande sorriso nos lábios.

Sem pensar duas vezes corro em sua direção e me jogo em seus braços fortes.

Ele era tão jovem quando me mudei e agora está totalmente diferente, se tornou um homem lindo de tirar o fôlego de qualquer mulher que tenha bom gosto.

Sem muita dificuldade, Robert me ampara em seus braços forte me girando no meio do aeroporto, ao me colocar no chão novamente deixa um beijo demorado em minha testa.

— Rob, que saudades. — Sorrio e ele bagunça meu cabelo.

— Sempre levada e sapeca. — Aperta minhas bochechas.

Não pensem que Robert é algum namorado, não mesmo, ele simplesmente é um velho amigo que ficou encarregado de assumir todas as empresas em nome dos Becker.

Na verdade, ele é quem sustenta toda a fortuna que ainda se mantém em meu nome.

Robert é um homem alto e atraente, seus fios grisalhos perdidos entre os cabelos negros o deixam mais charmoso e elegante. Um verdadeiro empresário cheio de si.

Para mim, Robert, é a minha família, ele é a única pessoa que se importa comigo nesse mundo. O único que não me abandonou depois do que aconteceu com os meus familiares. Além de ser um dos únicos que sabe que estou viva.

— Finalmente, depois de onze anos eu pude voltar para Itália. — Suspiro aliviada.

— Achei que você não retornaria mais — diz cansado.

— Que isso, só fiquei um tempinho fora, você sabe que sou uma pessoa morta. — Pisco, mas recebo uma carranca emburrada.

— Odeio quando você brinca com isso. — Revira os olhos dando um peteleco na minha testa.

— Ai. — Passo a mão na testa chateada. — Se eu não brincar as coisas só ficariam pior.

— Tente esquecer então.

— Impossível — resmungo.

— O quê? — Me fita com uma sobrancelha arqueada.

— Nada, vamos logo Rob. — Caminho para a saída do aeroporto o deixando para trás.

Ele me ajuda com as malas as levando para o carro que estava a nossa espera.

— O que você leva dentro dessas malas? — murmura.

— Bom dentro dessa. — Aponto para mala que ele custa em colocar no carro. — Minhas armas, então trate de tomar muito cuidado, pois foi extremamente burocrático conseguir trazê-las para Itália. — Dou de ombros.

— Ainda não desistiu dessa vingança, Eva — diz chateado.

— Eu já disse para não me chamar assim. — Tampo sua boca com minhas mãos. — Sabe que ele tem homens espalhados por todos os lugares.

— Entendi. — Segura minha mão. — Você deveria parar com essa fascinação pelos Voyaller — fala chateado e ao mesmo tempo bravo.

— Isso não vem ao caso no momento, sabe que não ficarei em paz até descobrir a verdade. — Passo a mão no peito me lembrando dos intensos olhos azuis do Dragão.

— Eu queria que você me escutasse uma única vez. — Balança a cabeça em negativo.

— Creio que isso seja impossível. — Me acomodo no banco do passageiro e recebo um olhar de repreensão.

— Você está mais abusada do que eu me lembro — comenta com insatisfação.

— Não quero discutir sobre isso agora. Sabe que esse assunto me deixa irritada, além de me trazer lembranças dolorosas. — Cruzo os braços entristecida.

— Desculpe, vamos para casa. Sua chegada é um momento especial que devemos comemorar. — Seus lindos olhos escuros se voltam para mim cheios de carinho.

— Com macarronada? — pergunto empolgada.

— Com macarronada! — afirma com um lindo sorriso nos lábios dando partida no carro.

Sinto meu peito vibrar em felicidade ao saber que comeria novamente a macarronada de Robert.

Como não tinha outro lugar para ir ou para morar, aceitei ficar na casa dele, afinal ele não aceitaria que eu ficasse em outro lugar e, apesar de sua casa ficar um pouco afastada da cidade, fica entre as localidades de Veneza e Verona, para ser mais exato próximo a Pádua.

Observo Robert dirigindo e me vejo sorrindo involuntariamente. Ele está tão diferente do que me lembro.

— Você está tão diferente, alto e forte. — O observo curiosa.

— Foram onze anos Eva. — Me observa com a sobrancelha arqueada. — Você também mudou muito, cadê aquela garotinha chorona de quinze anos que não sabia fazer nada? Olhando para você agora, me sinto um velho. — Olha de soslaio enquanto dirige.

— Para você não está velho. — Reviro os olhos.

— Ainda não gosto de pensar que pratica essas lutas brutais — fala com desgosto.

— Não são lutas brutais — defendo.

— São sim, para qualquer mulher delicada como você. — Me encara convicto.

— Rob pareço mais bruta e menos delicada? — Faço uma pose desajeitada e ele começa a rir.

— Nem bruta e nem sexy. — Ele rir tanto que chega a formar lágrimas em seus olhos.

— Otário de merda. — Bufo irritada.

— Desculpa, não queria ofendê-la. — Me observa sério reprimindo um sorriso.

— Não quero graça com você, vamos logo para casa que preciso organizar meus planos para caçada de um certo dragão que gosta de usar os números 371 para marcar as pessoas que mata. — Cruzo os braços olhando a pista passar pelo vidro do carro.

— Você não irá desistir Eva? — Robert pergunta intrigado.

— É claro que não, e já vou avisando que sumirei por tempo indeterminado, não adianta me ligar ou me procurar — digo irritada.

Com toda certeza ele tentará me impedir.

— De maneira alguma, você acabou de voltar e já está querendo sumir? Acha mesmo que vou deixar você chegar perto daquele desgraçado que tentou te matar uma vez? Não será sacrifício nenhum para ele acertar seu coração dessa vez, já que dá outra ele errou. — Aperta firmemente o volante do carro irritado.

— Ele não errou — resmungo olhando novamente para a janela do carro.

Dante simplesmente não quis acertar meu coração, pois se quisesse teria feito com maestria. Pessoas como ele não erram, pessoas como ele deixam o assunto inacabado para brincar com suas vítimas no futuro.

— Como pode ter tanta certeza que ele não errou? Você parece defendê-lo — Robert diz indignado.

— Não estou defendendo, apenas sei, ele não erraria um tiro daquela distância.

— Pare de ser teimosa. Todos esses anos no Japão só te deixaram ainda mais complicada e paranoica, se a mira daquele desgraçado fosse a alguns centímetros para esquerda teria acertado seu coração e mesmo assim você quer discutir sobre erros e acertos. Isso não importa, ele poderia ter te matado, mas graças aos céus você está viva. — Sua voz se altera e acaba desferindo um soco no volante do carro.

— Eu sei que você me ama, mas ainda assim, eu vou atrás do Dragão. O fato dele ter errado não vem ao caso. Ele não acertou meu coração porque simplesmente não quis e eu vou descobrir o porquê disso tudo. Quero toda a verdade para depois matá-lo lentamente e já te adianto os detalhes. Eu não vou errar — afirmo irritada. — E outra coisa, não foi uma escolha ir para o Japão, não se esqueça que fui obrigada — falo séria, o encarando com irritação. — Você sabe que a única maneira de descobrir a verdade é entrando no jogo dele e fazendo parte das suas sujeiras, então simplesmente entrarei em seu jogo.

Este assunto está chateando a nós dois.

— Convencida do caramba, quem disse que eu te amo garota abusada? — Ele estaciona o carro em frente a uma casa enorme. — Não importa o que eu fale ou faça, você não me dará ouvidos.

Robert está tentando desviar do assunto principal que é caçar Dante e isso só me deixa ainda mais irritada, mas já que ele quer jogar dessa maneira vamos entrar na dele.

— Você me ama mesmo. — Começo a rir da expressão de incredulidade que ele faz.

— Tire logo essa bunda do meu carro antes que a chute, já chegamos. — Com cara de poucos amigos ele sai do carro.

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