Estou a três dias trancada em um maldito quarto, dias estes sem poder fazer nada. O pior de tudo não é ficar sem comer, isso eu consigo tirar de letra. O que me irrita é não ter o que fazer, sem um livro, uma revista, meu celular, meu dia se resume em ficar deitada nesta cama dura e fria.
Não me arrependo de ter acertado um belíssimo tapa em Dante, mas ele não avisou que seria obrigada a ficar em um quarto deplorável, sem janelas, sem banheiro e sem uma porcaria de um relógio para saber quanto tempo ainda me resta aqui.
Perdi as contas de quantos carneirinhos saltitantes já contei para passar meu precioso tempo de vida desperdiçado neste quarto imundo e sujo. Ele poderia ter tido o mínimo de consideração e me colocar em um quarto digno. Sou obrigada a fazer minhas necessidades em um balde que fica ao lado da cama. Isso realmente é um tremendo exagero.
Dante diz tanto que eu me pareço comigo mesma, ele poderia ter o mínimo de consideração e me presenteado com um belíssimo quarto já que matou toda a minha família, mas não, me trancou neste quarto mofado e sujo onde provavelmente ele tortura as pessoas.
Sem muita paciência, levanto batendo a mão no vestido preto de festa, que se encontra em um deplorável estado de calamidade. A dias não tomo banho e meus cabelos cacheados e rebeldes tem nós que não sairão com facilidade.
Estalo meu pescoço e respiro profundamente observando a porta de metal a minha frente, apesar de grossa tem uma aparência velha e desgastada, além de muito enferrujada. Sorrio com a possibilidade de derrubá-la.
Sorrio com a possibilidade de derrubá-la.
Talvez com alguns chutes, eu consiga derrubar essa porta, não custa tentar, certo?
Chuto a porta próximo ao trinco com força. Ela balança, mas ainda se mantem em pé. Não desistirei tão facilmente, puxo o fôlego, relaxo os ombros e me preparo para mais um novo chute, mas quando dou o impulso vejo a porta se abrir e não consigo frear meu movimento, acertando o homem a minha frente com força bruta.
Rapidamente ele tenta se defender do meu ataque, mas não adianta acabo caindo por cima do seu corpo. O cigarro que ele tinha em sua boca voa e ele solta um gemido de dor quando caímos no chão.
— Porra! — ouço ele praguejar enquanto se levanta.
— Ai — reclamo apoiando a mão na lateral da costela e me levanto observando o homem de cabelos negros rebeldes e pele naturalmente bronzeada a minha frente, ele é muito parecido com Dante, mas não consigo analisar seu rosto com precisão, pois ele está ocupado demais praguejando inúmeros palavrões. Ele fixa seus intensos olhos azuis se em mim me surpreendendo.
Com toda certeza são irmãos, mas que eu saiba ou pelo menos lembre, Dante é filho único.
— Dante, não vai gostar de saber que você está tentando arrebentar a porta do quarto senhorita.
Dou de ombros pouco me importando se ele gostaria ou não.
— Por que diabos abriu a porta sabendo que estava tentando derrubá-la? — pergunto incrédula.
— Para livrar seu traseiro de um castigo pior — fala irritado. —Dante não vai gostar nada de saber disso — suspira desgostoso. — Infernos, se não paro seu chute estaria em maus lençóis agora. — Pragueja novamente passando as mãos pelos cabelos.
— Se ele quisesse me prender e deixar passar fome, pelo menos que me trancasse em um quarto digno e com banheiro. — Tento frustrantemente passar as mãos nos meus cabelos na tentativa de abaixar o volume esvoaçante e parecer um pouco mais apresentável depois do tombo que acabamos de levar.
— Prisioneira que exige tratamento cinco estrelas? Isso é novo para mim — debocha.
— Faz dias que não tomo um banho ou escovo meus dentes, meus cabelos estão emaranhados, provavelmente estou fedendo, e para piorar tenho que fazer xixi em um balde ao lado da cama, meu humor não está dos melhores e eu sinceramente não quero arrumar confusão, então você poderia me dar licença por gentileza, caso contrário não pouparei esforços para abrir caminho até o andar de cima, como viu posso ser bem persuasiva. — Caminho em sua direção pronta para uma briga direta, pois minha paciência já se esgotou.
Ele sorri abertamente e para a centímetros de distância do meu corpo. Como Dante ele é alto, mas os seus centímetros a mais lhe dão vantagens fazendo com que eu olhe para cima afim de encará-lo. O cheiro de cigarro que está impregnado em suas roupas me incomoda.
Eu deveria odiar esse tipo de cheiro, mas estranhamente gosto dessa mistura indecente e bruta.
— Apenas quero encontrar o cretino que você provavelmente chama de chefe. — Não baixo minha guarda o encarando de frente.
— Ele realmente é um cretino e meu chefe. — Assente sorridente gostando do que eu disse. — Mas acho importante ressaltar que ele é meu irmão e pediu que ficasse de olho em sua prisioneira rebelde. — Cruza os braços na altura do peito me encarando.
Observo seu corpo bem definido e musculoso que não passa desapercebido mesmo que ele queira. Essa família é uma verdadeira perdição, concluo o pensamento observando o homem a minha frente.
Realmente não esperava que Dante tivesse um irmão, em todos os anos que o conheci e que visitei está mansão não me encontrei com nenhuma criança além de Dante. Isso é uma grande surpresa para mim.
— Não sabia que ele tinha um irmão. — Não nego a surpresa.
— Procuramos evitar os falatórios. — Balança os ombros não se importando muito com o assunto.
— Então Sr. Voyaller, vai dar licença ou terei que usar a força? — Cruzo os braços irritada.
— Longe de mim querer brigar com você, fiquei sabendo que derrubou os homens de Royal. — Ele balança os braços em rendição. — Por favor me chame de Jack, ser chamado de Voyaller, faz com que eu me sinta como Dante e isso me incomoda. — Faz uma careta desgostoso.
— Royal? — balbucio, mais para mim do que para ele.
— Somos quatro. — Pisca com um sorriso charmoso nos lábios.
Quatro? Como eu nunca soube disso? Quatro irmãos? Isso é impossível. Como não conheci nenhum deles antes? Não consigo compreender.
— Não gosto de brigar com mulheres entende? Por favor volte para aquele quarto e espere as ordens do chefão — pede suplicante enquanto passa as mãos no cabelo como Dante costuma fazer. — Hoje vim em paz — diz em uma postura relaxada.
Como ele está próximo aproveito para passar minhas mãos por seu peito com cuidado descendo por seu abdômen definido. Seu corpo tenciona em alerta, mas ele não tenta impedir, muito pelo contrário a surpresa explícita em seu rosto me faz querer rir. Sensualmente aproximo meus lábios do seu pescoço roçando os mesmos naquele local sensível.
— É mesmo Jack? Você veio em paz? — sussurro próximo ao seu ouvido ainda descendo minhas mãos em seu abdômen. — Quem vem em paz não traz uma arma presa na cintura. — Seguro sua arma por cima da roupa e uma de suas mãos agarra a minha com uma força bruta enquanto a outra segura meu pescoço indelicadamente.
Seus olhos faiscantes me encaram em um misto de curiosidade e surpresa.
— Solte-a Jack — Uma voz muito conhecida soa de trás dele.
Ele solta meu pescoço e acabo por soltar sua arma, Jack envolve seus abraços sobre meu ombro como se fossemos velhos amigos encarando Dante com um sorrisinho sacana nos lábios.
— Você tem uma bela dor de cabeça irmão — debocha ironicamente.
— Avisei que ela era esperta e perspicaz, mas você gosta de testar as pessoas. Ela poderia muito bem ter usado sua própria arma para matá-lo. —Ele suspira pesadamente.
Dante mantem sua pose forte e imponente, mas sua expressão não nega seu cansaço físico, estou tão irritada com esse cretino que nem mesmo espero para demonstrar toda a minha indignação.
— Você disse que me deixaria sem comida, mas me trancar em um quarto deplorável desses é demais. É assim que você trata seus novos integrantes da máfia? Minha vontade é enfiar minha mão na sua cara mais uma vez. — Avanço em sua direção pronta para atacá-lo, mas Jack segura meus braços me mantendo imóvel.
— Você não é uma integrante Srta. Trion, é somente uma prisioneira que sabe demais e meteu o nariz onde não foi chamada — diz curto e grosso.
— Você não vai querer deixá-lo nervoso — Jack diz suplicante. — Ele é um verdadeiro pé no saco quando está irritado. — Segura meus braços me impedindo de acertar Dante.
— Cale-se Jack. — Dante lança um olhar duro para o irmão que se cala imediatamente.
O olhar frio e expressivo de Dante sobre mim faz com que um estranho calafrio percorra a minha coluna, mas aquele sentimento fraco logo é substituído por nojo e raiva.
— Tranque-a no meu quarto Jack — ordena caminhando em direção as escadas. Jack me reboca do porão com seus braços fortes e me arrasta pela mansão sem muita delicadeza, até parar em frente ao quarto de Dante que fica no andar superior.
— Não quero ficar trancada no quarto dele, não posso ficar trancada no seu? — pergunto esperançosa.
— Adoraria mantê-la presa não só no meu quarto como na minha cama, mas ainda tenho amor a minha vida. Se ele mandou te trazer até aqui é porque você não é uma simples prisioneira. — Abre a porta do quarto forçando a minha entrada.
Respiro profundamente sabendo que aquela conversa não chegará a lugar algum.
— Apenas uma dica senhorita Trion. Não destruía está porta como fez com a antiga, isso seria a mesma coisa de assinar sua própria morte. — Fecha a porta, mas a abre rapidamente novamente. — Só mais uma coisa. Eu gostei de você, tenho certeza de que Max e Royal também gostarão. — Pisca trancando a porta com a chave ao sair.
Eu não acredito que serei obrigada a ficar neste quarto.
Deveria ter me comportado no porão, mas parando para pensar aqui pelo menos tenho um banheiro onde finalmente posso tomar banho. Olho em volta e tudo está perfeitamente arrumado no seu devido lugar. Observo o céu escuro pela janela do quarto indicando que é noite. O relógio sobre a escrivaninha marca onze horas, e provavelmente faz dois dias que estou trancada aqui. Robert a essa altura deve estar extremamente preocupado sem notícias minhas. Suspiro andando até a primeira porta que vejo, abro e encontro o seu closet, ao adentrar o cômodo as luzes se acendem revelando suas roupas organizadas, ele é tão disciplinado em sua vida pessoal como chefe da máfia. Eu poderia picotar todos esses ternos com uma tesoura, seria algo extremamente infantil e imensamente prazeroso, mas dispenso essas ideias, pois reconheço os meus limites. Fecho a porta a minha frente e caminho até a próxima onde há um lindo banheiro e isso é tudo o que eu preciso no momento. Se
Dante VoyallerDeixo Dana trancada no quarto para evitar possível fuga, além de tudo deixei alguns homens apostos do lado de fora.Ela não costuma se comporta adequadamente, gosta de me desafiar. Não que eu me importe com o que meus irmãos pensam, mas não posso dar regalias a uma mulher que acabou de chegar, e por mais que eu queira deixá-la andar livremente pela casa, tenho que impor limites e mostrar quem realmente manda.Robert Trion está na minha cola, não quero envolvimento com ele e para evitar maiores conflitos como o possível sumiço de Dana Trion, fiz questão de comunicá-lo explicando que sua irmã passaria alguns meses em minha casa a fim de melhorar suas habilidades em artes marciais. Ele não se mostrou satisfeito, mas aceitou a decisão da irmã como se soubesse de algo que não deveria e isso me int
EvaPermaneço deitada rolando de um lado para o outro sem saber o que fazer. Pensando no que aconteceu mais cedo, sinto-me completamente frustrada por saber que Dante ainda consegue mexer com os meus sentimentos de uma forma que não me agrada.Ao ouvir um barulho do lado de fora, me sento e fico em estado de alerta segurando o relógio que está ao meu lado. Estou criando uma grande empatia por esse objeto, quando a porta se abre, me preparo para lançá-lo em Dante e colocá-lo para fora do quarto a força, mas sou surpreendida por Jack.— Ow, calma. — Ele ergue as mãos cheias de sacolas e eu seguro o relógio antes de jogá-lo.— Achei que fosse seu irmão — comento colocando o relógio sobre a cama suspirando mais uma vez.— Vou lembrá-lo de tirar todos os objetos perigosos do quarto antes que fique com olho roxo
Eva O caminho até a festa é feito em um silêncio constrangedor, Dante me observa com o canto dos olhos, procuro desviar minha atenção para a janela observando as paisagens que passa. Voltei a poucos dias e não consegui viver um grama de minha liberdade, a saudade de andar livre pelas ruas me consome roubando todos os meus pensamentos. Foco meus olhos na cidade e lembranças do passado me invade, momentos em que saia para me divertir. Parando para pensar, na maioria das vezes estava rodeada amigos e Dante sempre esteve presente, ele quase nunca me deixava só. Aos quatorze anos estávamos envolvidos e muito apaixonados, então sair com ele era agradável e satisfatório. As coisas mudaram tanto entre o passado e o presente que hoje a minha única vontade é ver Dante morto. — Você está linda. — Sua voz rouca me traz de volta a realidade. Observo Dante e ele fixa seus olhos nos meus, impaciente tamborila os longos dedos sobre o vo
É assim que quero Robert, despreocupado e calmo, pois a cada segundo a tensão em seu corpo aumenta Dante se mostra cada vez mais interessado em nossa conversa. Um homem aproxima-se de nós e Robert muda sua postura o recebendo com um sorriso forçado, com essa reação já sei que esse homem não é o tipo que devemos nos envolver. Robert me apresenta ao homem que se chama Stuart e procuro não me envolver muito na conversa dos dois. Esse não é um local para conversas mais profundas e detalhadas sobre Dante e meu passado, então deixo que Stuart ganhe a atenção de Robert, desviando a sua atenção do Voyaller que nos encara indiscretamente. Como tenho tempo livre e não entendo sobre os assuntos das empresas, aproveito para desobedecer Dante e saciar a minha fome com essas delicias dispostas sobre a mesa. Dante fixa seus olhos faiscantes em mim ao me ver quebrando suas regras, mas ele nada pode fazer quando está cercado por empresários, assim como Robert.
EvaRetiro meu vestido deixando-o dobrado sobre a pia, solto meu cabelo e sem demora fico embaixo do jato de água gelada sentindo meus músculos se tencionarem acalmando minha excitação.Encosto minhas mãos sobre a parede e a água escorre por todo meu corpo, me vejo perdida em pensamentos sobre o passado sentindo o peso da culpa cair sobre os meus ombros, mas o misto de desejo confunde minha mente me deixando atordoada.Tenho um sobressalto quando a porta do box se abre e sei que Dante está atrás de mim. Ainda de costas evito encará-lo.— O mínimo que esperava era privacidade — falo ironicamente.— Meninas más merecem castigos severos. — Sua voz rouca e cheia de promessas faz meu corpo estremecer.Uma onda de prazer passa pelo meu corpo e aquela famosa ardência insiste em se instalar entre minhas pernas, mas resisto a qu
EvaAcordo com a luz do sol batendo em meu rosto e sinto braços fortes envolverem meu corpo de uma forma possessiva, incomodada me remexo e Dante me solta.Passo as mãos nos olhos e caio na realidade do que aconteceu, não consigo acreditar que sucumbi a tentação.O que estou pensando? O que eu fiz? Com raiva de mim tento me levantar, mas os braços de Dante me envolvem novamente.Com raiva tento empurrá-lo sem encostar em nenhuma das suas cicatrizes que lhe causam reações adversas, sua única reação é virar de barriga para cima deixando seu peito nu amostra, sinto meu coração se acelerar ao observar uma de suas tatuagens que não havia visto antes.Dentro do coração peito do dragão envolto aos números 371 do lado esquerdo do seu peito, há em belíssimas letras itáli
— Você está bem? — Max se aproxima preocupado.— Sim. — Afasto sua mão que tenta se apoiar em meu ombro.Jack caminha até mim com uma expressão irritada e sem minha permissão segura minha mão com força mostrando o corte profundo.— Ela parece bem para você? Royal é sempre inconsequente agindo por impulso, você sabe que Dante vai descontar sua raiva em nós, por causa disso vamos trabalhar cinco vezes mais essa semana. — Sua irritação aumenta ao dizer isso.— Estou bem Jack. — Puxo minha mão de volta querendo ficar sozinha.— Deixem que eu cuido do dela, limpem essa bagunça. Royal agiu assim para me defender. — Teresa se aproxima preocupada.Max e Jack começam a limpar o chão enquanto Teresa olha o meu corte.— Estou bem Teresa. — Puxo min