Capitulo 4.1

Deveria ter me comportado no porão, mas parando para pensar aqui pelo menos tenho um banheiro onde finalmente posso tomar banho. Olho em volta e tudo está perfeitamente arrumado no seu devido lugar.

Observo o céu escuro pela janela do quarto indicando que é noite. O relógio sobre a escrivaninha marca onze horas, e provavelmente faz dois dias que estou trancada aqui. Robert a essa altura deve estar extremamente preocupado sem notícias minhas.

Suspiro andando até a primeira porta que vejo, abro e encontro o seu closet, ao adentrar o cômodo as luzes se acendem revelando suas roupas organizadas, ele é tão disciplinado em sua vida pessoal como chefe da máfia.

Eu poderia picotar todos esses ternos com uma tesoura, seria algo extremamente infantil e imensamente prazeroso, mas dispenso essas ideias, pois reconheço os meus limites. 

Fecho a porta a minha frente e caminho até a próxima onde há um lindo banheiro e isso é tudo o que eu preciso no momento. Sem pensar duas vezes retiro minhas roupas, deixando-as sobre a pia. No local há uma convidativa banheira, mas a necessidade de sentir a água escorrer pelo meu corpo faz com que me jogue embaixo do chuveiro sem muitos rodeios. 

Tomo um demorado e relaxante banho, deixando a água quente passar pelo meu corpo cansado. Estou me sentindo imunda, então faço questão de lavar minuciosamente cada parte do meu corpo, principalmente os meus cabelos que estão completamente emaranhados.

Depois do banho procuro uma escova de dente e um pente, por sorte acho na última gaveta junto com outros produtos masculinos.

Saio do banheiro enrolada em uma toalha. Como não tenho nenhuma roupa aqui e meu vestido já não pode mais ser utilizado sigo para o closet certa que encontrarei alguma peça feminina.

Reviro todas as gavetas em busca de algo feminino e não encontro absolutamente nada. Cansada de procurar, pego uma de suas camisas brancas e visto não me importando se ele vai gostar ou não. 

Já é tarde e meu corpo implora por uma cama macia e confortável, mas meu orgulho não quer ceder a possível ideia de me deitar na mesma cama que esse homem odioso.

Respiro profundamente observando àquela cama chamativa e confortável e acabo deixando o cansaço vencer minhas razões. Sem pensar muito me deito e ao encostar a cabeça nos travesseiros o familiar cheiro do seu perfume invade meus sentidos trazendo boas e más recordações, e assim acabo pegando no sono rapidamente.

***

Acordo sentindo calor e um peso desconfortável pressionar meu corpo. Custo a abrir os olhos e quando faço assusto com o que vejo.

Dante está deitado ao meu lado, somente de cueca boxer branca, seu braço envolve meu corpo e sua mão descansa sobre um dos meus seios descaradamente. A coberta que cobria meu corpo está caída ao chão, a blusa que cobre minha intimidade se enrolou mostrando mais do que deveria. 

Fico tão chocada com o que vejo que acabo o empurrando para o lado com desdém e brutalidade, mas ele não acorda, apenas resmunga deitando de barriga para cima. Aproveito para puxar novamente a coberta cobrindo meu corpo desnudo.

As diversas tatuagens espalhadas pelo corpo de Dante chamam a atenção, não lembro de vê-lo com tantas tatuagens espalhadas por seu corpo como agora. Fixo meus olhos sobre o símbolo da família Voyaller e da máfia tatuado do lado esquerdo de seu peito. Um dragão enrolado nos números 371. É uma belíssima tatuagem, mas para alguém que entende e viveu o peso da dor marcado por aqueles números não é nada agradável observá-los.

Sua pele naturalmente bronzeada se contrasta com todas as suas tatuagens e somente agora percebo as profundas cicatrizes que algumas tatuagens encobrem.

Tenho certeza que o causador de todas essas marcas é ninguém menos do que Donatel. Esse velho é desumano, nasceu apenas para destruir vidas e amaldiçoar todos que estão à sua volta. Inconscientemente passo o dedo sobre uma cicatriz de seu abdômen perdida em meus pensamentos. 

Quando menos espero Dante está sobre mim segurando fortemente meu pescoço com uma de suas mãos. Procuro me defender da maneira que consigo segurando suas mãos que se envolvem em meu pescoço com uma força exagerada, travo minhas pernas em sua cintura tentando inverter nossas posições para que assim tenha a chance de me livrar de suas mãos pesadas.

Seus intensos olhos azuis estão perdidos em sentimentos dolorosos. O ar começa a faltar em meus pulmões e minha reação é empurrar seu rosto com as mãos.

Minhas visão se turvas pela falta de oxigênio, a qualquer momento meu sistema se apagará em defesa a falta de ar. Sem pensar duas vezes enfio meus dedos em seus olhos os forçando, imediatamente suas mãos pesadas me soltam e começo a tossir a procura de ar, me sento na cama com certa dificuldade.

— Dana? — Ele apoia suas mãos em meus ombros preocupado, mas tento afastá-lo não querendo contato.

Ignorando os meus protestos ele me puxa de encontro ao seu corpo erguendo meu rosto para que eu consiga respirar melhor e quando finalmente sinto o oxigênio retornar em meus pulmões me acalmo.

— IDIOTA! — grito empurrando-o. Ele segura meus braços mantendo-me imóvel para que não o acerte, ofego em busca de ar e sinto minha garganta arder.

— Não estou acostumado a ser tocado quando estou dormindo — diz em sua defesa.

Dante não é bom em esconder suas preocupações e neste exato momento posso ver que ele realmente está preocupado com o que acabou de acontecer, mas isso não faz com que minha raiva e meu ódio diminuam. 

— Se não gosta de ser tocado enquanto dorme o que faz aqui? Se eu não soubesse me defender estaria morta. — Deixo toda minha indignação explícita em meu tom de voz.

— Primeiro: todos os quartos dessa mansão têm dono a não ser o porão que você arrebentou com a porta. Segundo: esse quarto é meu. Terceiro, você estava extremamente convidativa vestida com uma das minhas camisas sem calcinha e sem sutiã. Não imaginei que fosse tão indecente assim Srta. Trion — diz cada palavra em um tom acusatório e sensual, fazendo com que eu me sinta culpada e constrangida. 

— A culpa é sua por me trancar aqui — digo envergonhada.

— Essa é sua melhor desculpa Dana? Tem certeza que jogará assim?

— Sai daqui seu imbecil descarado. — Tento acertá-lo com um chute. 

— Opa, acabei de ver algo mais interessante do que a sua bunda, abra mais suas pernas e me presenteie com uma belíssima visão — ele sussurra próximo ao meu ouvido. — Talvez você queira minha língua brincando entre suas pernas, eu posso lhe proporcionar sensações incríveis. — Sinto um gelo se formar em minha barriga descendo diretamente entre minhas pernas me enviando uma sensação de desejo inconsciente.

Não acredito que meu corpo está reagindo as provocações dele, estou mais irritada comigo do que com ele.

— Como seu eu quisesse fazer sexo com você — grito irritada.

Dante me solta e se levanta rindo das minhas reações. Sem se importar com a sua semi nudez caminha em direção a porta fazendo questão de mostrar todo o seu conjunto de músculos muito bem definidos e alinhados.

— Vista-se seu pervertido de merda. — Arremesso o travesseiro em sua direção e ele sai do quarto rapidamente rindo da minha cara.

Assim que ele sai me jogo na cama cansada, esse homem vai conseguir me enlouquecer antes que eu consiga atingir meus objetivos e a única coisa que paira em minha mente neste exato momento é seu estranho e repentino surto.

Ele deve esconder mais coisas do que posso imaginar.

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