Deveria ter me comportado no porão, mas parando para pensar aqui pelo menos tenho um banheiro onde finalmente posso tomar banho. Olho em volta e tudo está perfeitamente arrumado no seu devido lugar.
Observo o céu escuro pela janela do quarto indicando que é noite. O relógio sobre a escrivaninha marca onze horas, e provavelmente faz dois dias que estou trancada aqui. Robert a essa altura deve estar extremamente preocupado sem notícias minhas.
Suspiro andando até a primeira porta que vejo, abro e encontro o seu closet, ao adentrar o cômodo as luzes se acendem revelando suas roupas organizadas, ele é tão disciplinado em sua vida pessoal como chefe da máfia.
Eu poderia picotar todos esses ternos com uma tesoura, seria algo extremamente infantil e imensamente prazeroso, mas dispenso essas ideias, pois reconheço os meus limites.
Fecho a porta a minha frente e caminho até a próxima onde há um lindo banheiro e isso é tudo o que eu preciso no momento. Sem pensar duas vezes retiro minhas roupas, deixando-as sobre a pia. No local há uma convidativa banheira, mas a necessidade de sentir a água escorrer pelo meu corpo faz com que me jogue embaixo do chuveiro sem muitos rodeios.
Tomo um demorado e relaxante banho, deixando a água quente passar pelo meu corpo cansado. Estou me sentindo imunda, então faço questão de lavar minuciosamente cada parte do meu corpo, principalmente os meus cabelos que estão completamente emaranhados.
Depois do banho procuro uma escova de dente e um pente, por sorte acho na última gaveta junto com outros produtos masculinos.
Saio do banheiro enrolada em uma toalha. Como não tenho nenhuma roupa aqui e meu vestido já não pode mais ser utilizado sigo para o closet certa que encontrarei alguma peça feminina.
Reviro todas as gavetas em busca de algo feminino e não encontro absolutamente nada. Cansada de procurar, pego uma de suas camisas brancas e visto não me importando se ele vai gostar ou não.
Já é tarde e meu corpo implora por uma cama macia e confortável, mas meu orgulho não quer ceder a possível ideia de me deitar na mesma cama que esse homem odioso.
Respiro profundamente observando àquela cama chamativa e confortável e acabo deixando o cansaço vencer minhas razões. Sem pensar muito me deito e ao encostar a cabeça nos travesseiros o familiar cheiro do seu perfume invade meus sentidos trazendo boas e más recordações, e assim acabo pegando no sono rapidamente.
***
Acordo sentindo calor e um peso desconfortável pressionar meu corpo. Custo a abrir os olhos e quando faço assusto com o que vejo.
Dante está deitado ao meu lado, somente de cueca boxer branca, seu braço envolve meu corpo e sua mão descansa sobre um dos meus seios descaradamente. A coberta que cobria meu corpo está caída ao chão, a blusa que cobre minha intimidade se enrolou mostrando mais do que deveria.
Fico tão chocada com o que vejo que acabo o empurrando para o lado com desdém e brutalidade, mas ele não acorda, apenas resmunga deitando de barriga para cima. Aproveito para puxar novamente a coberta cobrindo meu corpo desnudo.
As diversas tatuagens espalhadas pelo corpo de Dante chamam a atenção, não lembro de vê-lo com tantas tatuagens espalhadas por seu corpo como agora. Fixo meus olhos sobre o símbolo da família Voyaller e da máfia tatuado do lado esquerdo de seu peito. Um dragão enrolado nos números 371. É uma belíssima tatuagem, mas para alguém que entende e viveu o peso da dor marcado por aqueles números não é nada agradável observá-los.
Sua pele naturalmente bronzeada se contrasta com todas as suas tatuagens e somente agora percebo as profundas cicatrizes que algumas tatuagens encobrem.
Tenho certeza que o causador de todas essas marcas é ninguém menos do que Donatel. Esse velho é desumano, nasceu apenas para destruir vidas e amaldiçoar todos que estão à sua volta. Inconscientemente passo o dedo sobre uma cicatriz de seu abdômen perdida em meus pensamentos.
Quando menos espero Dante está sobre mim segurando fortemente meu pescoço com uma de suas mãos. Procuro me defender da maneira que consigo segurando suas mãos que se envolvem em meu pescoço com uma força exagerada, travo minhas pernas em sua cintura tentando inverter nossas posições para que assim tenha a chance de me livrar de suas mãos pesadas.
Seus intensos olhos azuis estão perdidos em sentimentos dolorosos. O ar começa a faltar em meus pulmões e minha reação é empurrar seu rosto com as mãos.
Minhas visão se turvas pela falta de oxigênio, a qualquer momento meu sistema se apagará em defesa a falta de ar. Sem pensar duas vezes enfio meus dedos em seus olhos os forçando, imediatamente suas mãos pesadas me soltam e começo a tossir a procura de ar, me sento na cama com certa dificuldade.
— Dana? — Ele apoia suas mãos em meus ombros preocupado, mas tento afastá-lo não querendo contato.
Ignorando os meus protestos ele me puxa de encontro ao seu corpo erguendo meu rosto para que eu consiga respirar melhor e quando finalmente sinto o oxigênio retornar em meus pulmões me acalmo.
— IDIOTA! — grito empurrando-o. Ele segura meus braços mantendo-me imóvel para que não o acerte, ofego em busca de ar e sinto minha garganta arder.
— Não estou acostumado a ser tocado quando estou dormindo — diz em sua defesa.
Dante não é bom em esconder suas preocupações e neste exato momento posso ver que ele realmente está preocupado com o que acabou de acontecer, mas isso não faz com que minha raiva e meu ódio diminuam.
— Se não gosta de ser tocado enquanto dorme o que faz aqui? Se eu não soubesse me defender estaria morta. — Deixo toda minha indignação explícita em meu tom de voz.
— Primeiro: todos os quartos dessa mansão têm dono a não ser o porão que você arrebentou com a porta. Segundo: esse quarto é meu. Terceiro, você estava extremamente convidativa vestida com uma das minhas camisas sem calcinha e sem sutiã. Não imaginei que fosse tão indecente assim Srta. Trion — diz cada palavra em um tom acusatório e sensual, fazendo com que eu me sinta culpada e constrangida.
— A culpa é sua por me trancar aqui — digo envergonhada.
— Essa é sua melhor desculpa Dana? Tem certeza que jogará assim?
— Sai daqui seu imbecil descarado. — Tento acertá-lo com um chute.
— Opa, acabei de ver algo mais interessante do que a sua bunda, abra mais suas pernas e me presenteie com uma belíssima visão — ele sussurra próximo ao meu ouvido. — Talvez você queira minha língua brincando entre suas pernas, eu posso lhe proporcionar sensações incríveis. — Sinto um gelo se formar em minha barriga descendo diretamente entre minhas pernas me enviando uma sensação de desejo inconsciente.
Não acredito que meu corpo está reagindo as provocações dele, estou mais irritada comigo do que com ele.
— Como seu eu quisesse fazer sexo com você — grito irritada.
Dante me solta e se levanta rindo das minhas reações. Sem se importar com a sua semi nudez caminha em direção a porta fazendo questão de mostrar todo o seu conjunto de músculos muito bem definidos e alinhados.
— Vista-se seu pervertido de merda. — Arremesso o travesseiro em sua direção e ele sai do quarto rapidamente rindo da minha cara.
Assim que ele sai me jogo na cama cansada, esse homem vai conseguir me enlouquecer antes que eu consiga atingir meus objetivos e a única coisa que paira em minha mente neste exato momento é seu estranho e repentino surto.
Ele deve esconder mais coisas do que posso imaginar.
Dante VoyallerDeixo Dana trancada no quarto para evitar possível fuga, além de tudo deixei alguns homens apostos do lado de fora.Ela não costuma se comporta adequadamente, gosta de me desafiar. Não que eu me importe com o que meus irmãos pensam, mas não posso dar regalias a uma mulher que acabou de chegar, e por mais que eu queira deixá-la andar livremente pela casa, tenho que impor limites e mostrar quem realmente manda.Robert Trion está na minha cola, não quero envolvimento com ele e para evitar maiores conflitos como o possível sumiço de Dana Trion, fiz questão de comunicá-lo explicando que sua irmã passaria alguns meses em minha casa a fim de melhorar suas habilidades em artes marciais. Ele não se mostrou satisfeito, mas aceitou a decisão da irmã como se soubesse de algo que não deveria e isso me int
EvaPermaneço deitada rolando de um lado para o outro sem saber o que fazer. Pensando no que aconteceu mais cedo, sinto-me completamente frustrada por saber que Dante ainda consegue mexer com os meus sentimentos de uma forma que não me agrada.Ao ouvir um barulho do lado de fora, me sento e fico em estado de alerta segurando o relógio que está ao meu lado. Estou criando uma grande empatia por esse objeto, quando a porta se abre, me preparo para lançá-lo em Dante e colocá-lo para fora do quarto a força, mas sou surpreendida por Jack.— Ow, calma. — Ele ergue as mãos cheias de sacolas e eu seguro o relógio antes de jogá-lo.— Achei que fosse seu irmão — comento colocando o relógio sobre a cama suspirando mais uma vez.— Vou lembrá-lo de tirar todos os objetos perigosos do quarto antes que fique com olho roxo
Eva O caminho até a festa é feito em um silêncio constrangedor, Dante me observa com o canto dos olhos, procuro desviar minha atenção para a janela observando as paisagens que passa. Voltei a poucos dias e não consegui viver um grama de minha liberdade, a saudade de andar livre pelas ruas me consome roubando todos os meus pensamentos. Foco meus olhos na cidade e lembranças do passado me invade, momentos em que saia para me divertir. Parando para pensar, na maioria das vezes estava rodeada amigos e Dante sempre esteve presente, ele quase nunca me deixava só. Aos quatorze anos estávamos envolvidos e muito apaixonados, então sair com ele era agradável e satisfatório. As coisas mudaram tanto entre o passado e o presente que hoje a minha única vontade é ver Dante morto. — Você está linda. — Sua voz rouca me traz de volta a realidade. Observo Dante e ele fixa seus olhos nos meus, impaciente tamborila os longos dedos sobre o vo
É assim que quero Robert, despreocupado e calmo, pois a cada segundo a tensão em seu corpo aumenta Dante se mostra cada vez mais interessado em nossa conversa. Um homem aproxima-se de nós e Robert muda sua postura o recebendo com um sorriso forçado, com essa reação já sei que esse homem não é o tipo que devemos nos envolver. Robert me apresenta ao homem que se chama Stuart e procuro não me envolver muito na conversa dos dois. Esse não é um local para conversas mais profundas e detalhadas sobre Dante e meu passado, então deixo que Stuart ganhe a atenção de Robert, desviando a sua atenção do Voyaller que nos encara indiscretamente. Como tenho tempo livre e não entendo sobre os assuntos das empresas, aproveito para desobedecer Dante e saciar a minha fome com essas delicias dispostas sobre a mesa. Dante fixa seus olhos faiscantes em mim ao me ver quebrando suas regras, mas ele nada pode fazer quando está cercado por empresários, assim como Robert.
EvaRetiro meu vestido deixando-o dobrado sobre a pia, solto meu cabelo e sem demora fico embaixo do jato de água gelada sentindo meus músculos se tencionarem acalmando minha excitação.Encosto minhas mãos sobre a parede e a água escorre por todo meu corpo, me vejo perdida em pensamentos sobre o passado sentindo o peso da culpa cair sobre os meus ombros, mas o misto de desejo confunde minha mente me deixando atordoada.Tenho um sobressalto quando a porta do box se abre e sei que Dante está atrás de mim. Ainda de costas evito encará-lo.— O mínimo que esperava era privacidade — falo ironicamente.— Meninas más merecem castigos severos. — Sua voz rouca e cheia de promessas faz meu corpo estremecer.Uma onda de prazer passa pelo meu corpo e aquela famosa ardência insiste em se instalar entre minhas pernas, mas resisto a qu
EvaAcordo com a luz do sol batendo em meu rosto e sinto braços fortes envolverem meu corpo de uma forma possessiva, incomodada me remexo e Dante me solta.Passo as mãos nos olhos e caio na realidade do que aconteceu, não consigo acreditar que sucumbi a tentação.O que estou pensando? O que eu fiz? Com raiva de mim tento me levantar, mas os braços de Dante me envolvem novamente.Com raiva tento empurrá-lo sem encostar em nenhuma das suas cicatrizes que lhe causam reações adversas, sua única reação é virar de barriga para cima deixando seu peito nu amostra, sinto meu coração se acelerar ao observar uma de suas tatuagens que não havia visto antes.Dentro do coração peito do dragão envolto aos números 371 do lado esquerdo do seu peito, há em belíssimas letras itáli
— Você está bem? — Max se aproxima preocupado.— Sim. — Afasto sua mão que tenta se apoiar em meu ombro.Jack caminha até mim com uma expressão irritada e sem minha permissão segura minha mão com força mostrando o corte profundo.— Ela parece bem para você? Royal é sempre inconsequente agindo por impulso, você sabe que Dante vai descontar sua raiva em nós, por causa disso vamos trabalhar cinco vezes mais essa semana. — Sua irritação aumenta ao dizer isso.— Estou bem Jack. — Puxo minha mão de volta querendo ficar sozinha.— Deixem que eu cuido do dela, limpem essa bagunça. Royal agiu assim para me defender. — Teresa se aproxima preocupada.Max e Jack começam a limpar o chão enquanto Teresa olha o meu corte.— Estou bem Teresa. — Puxo min
Dante VoyallerAs perguntas de Dana me fazem refletir e por mais que eu tente me afastar, não consigo abrir mão dessa proteção, pois não posso perdê-la como perdi Eva. É inacreditável a semelhança entre elas, isso me confunde.Na noite anterior os seus gemidos me fizeram perder completamente o controle e a forma como meu nome soa de seus lábios faz meu peito se rasgar.É como se várias facas fossem cravadas em meu peito a todo instante me matando aos poucos. Talvez essa seja a melhor maneira de pagar pelos meus pecados, morrendo dia após dia por uma dor que me consome de dentro para fora.Manter Dana por perto não é para aliviar meu fardo, muito pelo contrário é uma punição, para que todos os dias me lembre do que fiz e do que perdi, e sinta na pele o inferno que é viver sem Eva.— N&atild