Eva
Procuro disfarçadamente esconder a pasta sobre as cobertas e agradeço por segundos antes ter arrumado todos os papéis dentro da mesma, mas ao me virar para encarar o homem que se encontra atrás de mim me sinto em total alerta.
Seus olhos azuis estão imersos em fúria, ele me observa com irritação e por incontáveis minutos não diz uma única palavra me deixando preocupada. Ainda assim, não quero conversar agora, pois meus pensamentos estão um verdadeiro emaranhado de decepções e acabarei apenas descontando minhas frustrações sobre ele.
— Quando ia me contar a verdade Eva? — Tranca a porta guardando a chave no bolso.
Ouvir aquela pergunta me deixa tão chocada que nem mesmo consigo fingir desentendimento.
Ele descobriu tudo.
— Eu acreditei que você estava morta por todos esses a
Sinto-me um brinquedo, um verdadeiro brinquedo usado e jogado pelos meus pais. Já não sei mais quem sou ou o que quero ser, para onde vou ou a que lugar pertenço. Minha mente está confusa, meu coração se aperta a cada batimento descontrolado e o nó em minha garganta me sufoca. Estou perdida e mesmo que queira acreditar em tudo o que Dante me diz simplesmente não consigo.Eu me recordo do momento em que Donatel ordenou Dante a atirar em mim e balanço a cabeça não querem me lembrar do passado.Meus pais me venderam? Dante tentou ou não me matar? Robert sempre soube da verdade e mesmo assim me entregou por um contrato?São tantas perguntas que rodam minha mente, tantas dúvidas e incertezas mesclada ao medo de errar mais uma vez, que não consigo acreditar em mais ninguém, nem mesmo nos meus próprios sentimentos desordenados.— N&a
Dante VoyallerMágoa, confusão, dor e tristeza são sentimentos pequenos comparado ao que sinto neste momento.Nunca esperei reencontrar Eva, nunca acreditei que teria a oportunidade de abraçá-la novamente e saber que ela está viva enche meu coração de alegria. Porém, jamais esperei que nosso possível reencontro seria desta maneira. Me sinto tão incapaz.Eu sei que errei e posso imaginar o quanto ela me odeia por achar que atirei em seu peito na intenção de matá-la, mas a realidade não é bem assim e me senti tão frustrado com suas palavras que nem mesmo consegui me explicar. Porra, será que ela em nenhum momento se colocou no meu lugar? Assim como ela, por onze anos sofri.Sorrio ironicamente com minha estranha imaginação de que tudo ainda poderia ser como antes.O que esperar Dante?
Donatel foi um tremendo canalha, a princípio o plano era matar cada integrante da família Becker separadamente deixando Eva livre de qualquer incidente, mas ele fez questão de caçar um por um e fazer a minha doce e amada Ivi, ver seus pais morrerem diante dos seus olhos.Eu não podia hesitar, as ordens já haviam sido dadas e qualquer deslize da minha parte, meus irmãos morreriam. Eu não sabia a quem proteger, não sabia o que fazer? Era uma das minhas primeiras missões e eu estava sendo obrigado a enfrentar a mulher que mais amei.Os gritos, os pedidos de socorro e a decepção estampada em seus olhos me faziam sangrar por dentro. Eu havia prometido o céu e a Terra e agora estava lhe dando o inferno.Doeu não poder abraçá-la e aconchegar sua pequena cabeça em meu peito, doeu ser a pessoa que levou tudo o que ela tinha. Doeu fingir ser o assas
Dante VoyallerUm estranho peso em meu corpo faz cada parte da minha pele queimar, uma dor de cabeça infernal dificulta e atrapalha a minha visão e por mais que tente abrir os olhos a luz faz minha íris doer desfocando a visão a minha frente.Remexo as mãos na tentativa de levá-la aos olhos, mas meus punhos estão presos a correntes apertadas que ao me mexer balançam fazendo pequenos barulhos.Aos poucos me dou conta do que está acontecendo e sinto raiva por ter baixado a guarda e ter permitido que Donatel me pegasse. Infelizmente a sua volta foi em um dos piores momentos da minha vida e agora me encontro neste estado lastimável e caótico.Ouso abrir meus olhos mais uma vez e agora consigo focar minha atenção no homem sentado em uma poltrona a minha frente. Donatel fuma um dos meus charutos com as pernas cruzadas e o seu típico sorriso cruel n
EvaPerdi as contas de quantas vezes rolei nesta cama tentando me esquecer do que aconteceu mais cedo e a culpa de ter sido tão inflexível com Dante me consome lentamente. Culpa essa que não deveria sentir, afinal, mesmo que ele tenha sofrido da mesma maneira que eu, ainda tirou a vida dos meus pais e quase me matou, mas me lembrar dos seus olhos magoados depois das minhas duras palavras pesa meu peito de uma maneira que não deveria.Não sei como serão as coisas de agora em diante e não tenho para onde ir. É claro que posso usar o dinheiro das empresas, mas dói pensar que o único lugar que posso ir é o Japão.Encarar Dante de agora em diante será um verdadeiro sacrifício, e não posso negar que amo aquele homem prepotente, mas nada justifica a atrocidade que ele cometeu com minha família, ainda assim, me pergunto como vou descobrir toda
Minhas mãos tremem enquanto seguro os papéis, as lágrimas rolam livres pelo meu rosto e desta vez não reprimo uma única gota. A tanto tempo culpei Dante, o julguei e desejei sua morte, mas os verdadeiros culpados sempre foram nossos pais e no momento o emaranhado de sentimentos que me assolam me deixam em desespero.Sinto-me um objeto que desde o início foi usado, na verdade, nunca tive o direito de escolha, minha vida estava premeditada de acordo com as vontades do meu pai e de Donatel.Aperto os papéis nas mãos atordoada, pois minha vida foi regada de mentiras. Preciso ver Dante, preciso estar perto dele. É claro que ele também omitiu verdades, que também tem sua parcela de culpa em toda essa história, mas no momento o seu pecado se torna irrelevante perante tudo o que nos fizeram passar.— O que tem nesta carta? — Jack pergunta confuso ao me ver chorar.&mda
— Desgraçado, deixe ele em paz — grito procurando por uma arma próxima que possa usar contra Donatel. Apesar desse quarto ser um arsenal, poucas são as armas de combate direto, a maioria são utilizadas em tortura e queima de arquivos.— Maldito o dia que fiz aquela proposta ao seu pai, deveria ter te matado quando tive a oportunidade. — Ele caminha em direção a Dante novamente.— Pouco me importa, vocês são um bando de mentirosos — rosno desferindo uma sequência de chutes que acaba acertando sua costela em cheio, mas ele aproveita aquele momento para travar minha perna com seu braço puxando meu corpo próximo ao seu.— Tenho que admitir que você luta bem, além de ser uma vadia linda como sua mãe. — Aproveita o momento para acariciar meu rosto e a única coisa que sinto é nojo.Tomada pelo impulso e pela
Acordo com uma forte dor de cabeça, meu peito dói, minhas mãos também, bom, para ser sincera todo meu corpo está pesado e dolorido. Um estranho vazio consome cada parte do meu ser e a tristeza domina meu coração.Abro os olhos com dificuldade gemendo com a claridade que recebo em meus olhos. Levo as mãos até o rosto para afastar a luz que insiste em machucar minha retina e me surpreendo ao sentir minhas mãos enfaixadas.Passo os dedos sobre as fitas e faço uma careta ao sentir sensibilidade em certos locais. Respiro profundamente conforme meus olhos finalmente se acostumam com a claridade e por um momento me sinto entorpecida pela sonolência, mas flashes da noite passada me deixam em desespero. Meus olhos transbordam ao perceber que havia perdido mais uma pessoa preciosa para mim.Choro silenciosamente deixando que as lágrimas diminuam o nó que se forma em minha garg