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Eterna Esperança
Eterna Esperança
Por: Raays
Capítulo 1 - O Diagnóstico Errado

Mariana

Eu sempre soube que minha vida não seria fácil, mas ser mãe solteira aos 22 anos me trouxe uma realidade que eu nunca imaginei. Minha filha, Isabela, nasceu há quatro meses e trouxe uma alegria imensa para o meu coração, mas também trouxe muitas dificuldades. Eu sabia que ser mãe jovem, sem um parceiro ao meu lado, não seria fácil, mas a felicidade que Isabela me dava fazia tudo valer a pena. Eu me levantava todos os dias com um sorriso no rosto, por ela. Ela era a razão da minha existência agora, a razão pela qual eu lutava todos os dias.

Naquela manhã, no entanto, algo estava diferente. Eu estava cansada, exausta, e o corpo não parecia responder como antes. Eu sentia uma dor estranha, uma pressão no peito que me fazia parar de vez em quando, como se estivesse tendo dificuldades para respirar. Mas, claro, como mãe, eu apenas empurrei para o fundo da minha mente e continuei com minha rotina. Isabela não iria esperar, ela precisava de mim.

Mas o cansaço não passava. A dor no peito piorava e a sensação de mal-estar se espalhava pelo meu corpo. Eu sabia que algo não estava certo. Por mais que tentasse ignorar, algo dentro de mim gritava para que eu fosse ao médico.

Eu peguei Isabela no colo e pedi a uma amiga para ficar com ela enquanto eu ia até o hospital. Eu não queria alarmar ninguém, mas no fundo eu sabia que precisava de ajuda.

Cheguei ao hospital, e a sala de espera estava lotada. A cada segundo que passava, o medo só aumentava. Será que eu estava imaginando tudo? Será que estava apenas cansada demais? Eu não sabia, mas sentia que algo estava errado. Meu coração batia forte, e a ansiedade tomava conta de mim.

Quando finalmente fui chamada, fui direcionada para uma sala de exame onde o médico me aguardava. Ele era alto, de olhos claros, com uma expressão séria e uma postura calma que, de algum modo, me fez me sentir um pouco mais tranquila. Ele me pediu para me sentar, e comecei a falar sobre os sintomas, a dor no peito e a falta de ar.

— Mariana, preciso fazer alguns exames para poder entender o que está acontecendo com você. Vamos começar por um exame de imagem. Você está se sentindo muito mal? — ele perguntou com um tom suave, mas firme.

Fiz o que ele pediu e, minutos depois, fui chamada para a sala de resultados. O médico estava à minha espera. Ele olhou para os exames e, com um suspiro profundo, me pediu para sentar novamente.

A sala parecia ficar mais fria, e eu, que estava tentando manter a calma, percebi que o ar havia se tornado denso. Ele olhou para mim, com a expressão séria, e antes que eu pudesse perguntar algo, ele falou:

— Mariana, os exames mostraram algo muito grave. Eu sinto muito, mas o seu quadro parece ser de um câncer terminal. É um estágio muito avançado.

Eu fiquei parada, sem reação. As palavras não faziam sentido. Eu olhei para ele, sem entender.

— Como assim? Não pode ser... — minha voz tremia. — Como você pode ter certeza disso? Como pode me dar um diagnóstico tão definitivo assim?

Eu estava em choque. Não conseguia entender. Meu cérebro não processava as palavras dele.

— Eu entendo que seja difícil de acreditar, mas os resultados são claros, Mariana. Eu sei que isso é muito difícil para você, principalmente porque você é muito nova. Eu realmente sinto muito.

Ele parecia genuíno, mas as palavras dele cortaram como uma faca. A dor no peito que eu sentia agora era uma dor diferente, era uma dor que não vinha de dentro do meu corpo, mas de dentro da minha alma. Eu sentia que o mundo tinha desmoronado ao meu redor.

Eu respirei fundo, tentando engolir a dor, tentando entender o que estava acontecendo.

— Mas... minha filha... Isabela... como eu vou deixar minha filha? Ela precisa de mim. Ela tem apenas quatro meses... Como eu vou lidar com isso?

Eu estava chorando agora, a sensação de desespero tomando conta de mim. Eu havia criado minha filha sozinha, com tanto amor, com tantas dificuldades. Ela era a razão pela qual eu acordava todos os dias, a razão pela qual eu estava disposta a lutar. Como poderia deixar ela para trás?

O médico me olhou com compaixão, mas o que ele disse depois foi um choque ainda maior.

— Mariana, entendo o quanto isso é difícil, mas é importante que você comece a pensar no que está por vir. O tratamento é limitado, e sua condição está em um estágio muito avançado. Eu recomendaria que você começasse a se preparar para o pior.

Essas palavras me cortaram ainda mais. O pior? O que ele estava dizendo? Eu não sabia como reagir. Como poderia aceitar isso? Como poderia aceitar a ideia de que eu estava com os dias contados? Eu tinha tanto para viver, tanto para dar à minha filha. Como ele podia simplesmente dizer isso?

Eu saí da sala sem dizer mais nada. Meu corpo parecia ter sido drenado de todas as forças, e eu caminhava sem rumo pelos corredores do hospital. Eu sentia que não havia mais chão sob meus pés, e a única coisa que importava era minha filha. Eu precisava ser forte por ela, mas naquele momento, tudo o que eu queria fazer era desaparecer.

Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi pegar Isabela no colo. Ela estava dormindo tranquilamente, sem saber o que estava acontecendo no mundo dos adultos. Olhei para ela, e a dor se multiplicou. Eu não queria deixá-la. Eu não queria perder isso. Eu não queria perder o sorriso dela, as suas risadinhas, a sua mãozinha minúscula segurando o meu dedo.

E enquanto ela dormia pacificamente, eu chorava em silêncio, com o peso do diagnóstico me esmagando. Eu não sabia como seguir em frente. Não sabia como viver sabendo que o tempo estava se esgotando.

Eu olhei para ela e fiz uma promessa silenciosa: eu faria de tudo para estar ao lado dela, ao menos mais um pouco. Eu lutaria até o fim, mesmo que as chances fossem mínimas. Eu não podia deixá-la sozinha, não podia. Ela era tudo o que eu tinha.

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