Depois daquele dia com minha mãe as coisas ficaram mais fáceis, minha mãe estava me ajudando muito. Decidi sair do emprego que eu estava e consegui o emprego dos meus sonhos na empresa dos meus sonhos, estava indo tudo bem, já estava até fazendo faculdade de engenharia civil, Flavio realmente era um assunto que tinha decidido deixar no passado.
Fui para casa um pouco mais aliviada, mas como diz o ditado “felicidade de pobre dura pouco”. Flavio entra em contato comigo novamente, no primeiro momento levei um baque, já estava paquerando outro rapaz que trabalhava comigo.
Flavio insistiu muito para me ver, dizia que precisava resolver um assunto e precisava da minha ajuda. Ele me pegou no ponto fraco, não conseguia negar ajuda a ninguém, ainda que fosse meu maior inimigo me pedindo ajuda, nunca iria recusar. Continuou insistindo por dois dias, então resolvi me encontrar com ele.
Marquei em um restaurante que sempre freqüentava e onde todos me conheciam, assim me sentiria mais segura, traumas ficam. Enfim, fui para o restaurante e chegamos quase que ao mesmo tempo, ele me viu e longe e logo, veio querendo me beijar como se fossemos namorados ou qualquer coisa do gênero, mas rapidamente eu afastei, virando o rosto para forçar o beijo na bochecha e ele me deu um abraço que retribui com frieza.
— Você está diferente. - ele fala se afastando e me olhando intrigado.
— Impressão sua. Sou a mesma, alta, gorda de sempre. - disse sem emoção.
— Você está mais fria e distante.
— Já disse que é impressão sua. Vamos entrar, não quero ficar aqui por muito tempo, tenho outros assuntos para resolver. – disse isso enquanto ia entrando no restaurante, cumprimentando a todos que me conheciam.
Sentamos em uma mesa mais ao fundo, ele tentou ser cavalheiro comigo, mas não permiti, confesso que no fundo, no fundo, não queria mais vê-lo, estava gostando de outra pessoa, não queria colocar tudo a perder novamente.
— O que você tem? – perguntou mais uma vez.
— Já disse que nada. Vamos direto ao assunto, para que você quer tanto a minha ajuda, estou ficando curiosa. – falei para ele parar de perguntar o que eu tinha, estava tentando não ser ignorante e nem grossa.
— Então, como você é uma pessoa muito importante para mim, vim pedir sua opinião.
Ele explicou que recebeu uma proposta de trabalho, porém teria que morar em outra cidade, mas tinha conseguido uma bolsa de estudos para entrar na faculdade, não sabia se ia trabalhar ou se ficava na cidade e fazia faculdade.
— Vai para o trabalho e transfere a faculdade para lá, você já vai trabalhar na área que você vai estudar, então ficará mais fácil conseguir um estágio na sua área. – ele sempre quis morar no interior, então me baseei nisso.
— Tem certeza?
— Você não tem nada e nem ninguém que te prenda aqui, então vai fazer sua vida em outra cidade, não é o que você sempre quis.
— Nossa não precisa falar desse jeito. – disse ele, visivelmente magoado.
— De que jeito? – eu disse da forma mais cínica que consegui.
— Do jeito que você falou para eu ir embora.
— E eu disse alguma mentira por acaso?
— Claro que você disse, eu tenho você.
— Não tem não, não sou absolutamente nada sua, no máximo amiga você sempre preferiu as outras a mim, eu sempre fui seu consolo. Elas te chutam e você sabe que a trouxa aqui está sozinha, que ainda te amava e era só estalar os dedos que eu voltava. Só que a trouxa aqui cansou desse jogo, durou tempo depois. Quero alguém que me ame de verdade, me ame como eu sou. Então é melhor você fazer sua vida longe de mim. – desabafei e ele me olhou perplexo, não acreditando que eu realmente estava falando aquilo.
— Nossa você mudou mesmo, não me ama mais.
— A dor e a decepção fazem as pessoas mudarem. Cansei de dar murro em ponta de faca. Você sempre soube que eu queria me casar com você e ter uma família com você. E o que você fez? Casou com outra mulher, que te traiu com um amigo de trabalho. Então, vamos cair na real, você nunca quis nada comigo, além de cama, não é mesmo?
Diante do silêncio dele e do fato de que ele não conseguia olhar para mim, pude concluir a realidade desse fato.
— Posso te ajudar em mais alguma coisa?
— A única coisa que consigo dizer nesse momento é obrigado e desculpa. Vejo o quanto está magoada comigo, me ajudou na decisão.
— Ótimo, então preciso ir já de que decidiu. Não posso ficar mais tempo.
Levantei da mesa sem esperar que ele esboçasse uma reação, quando vi, ele já estava do meu lado.
— Então isso é um tchau, não pretendo vê-lo novamente. Seja feliz na sua escolha e nunca deixe ninguém ditar a sua felicidade, seu caminho. Você é capaz. Se não der certo, tente novamente, mas nunca desista. - eu disse a ele.
Ele me deu um abraço, vi que estava demorando demais, mas eu permiti, tinha decidido que aquele seria o último abraço, como realmente foi nunca mais tivemos contato.
Quando cheguei em casa, em meio a tantas lagrimas olhei para o céu, pela janela do meu quarto, e disse pra Deus que nunca mais ia cair de novo nas conversas dele, e que arrancaria toda aquela paixão do meu peito, que como uma mulher apaixonada aceitei vários desvios de caráter, e abusos sentimentais por anos, ate chegar ao ponto de agressão física e sentimental, por achar que ele me amava da mesma forma que eu, então fui percebendo que não era amor, nem da minha parte e nem da dele, era puro e simplesmente sentimento de posse.
Já estava sem rumo àquela altura, quando o convite salvador da Weenny apareceu. Uma viagem para o Rio de Janeiro, ela tinha um congresso e decidiu chamar algumas amigas para acompanhá-la.
Como estava cansada de tudo, tive uma conversa com a minha mãe sobre o que ela achava dessa viagem, decidi cair de cabeça nessa viagem, era um ótimo presente de aniversario que estava dando a mim.
Olhei-me no espelho que tinha no meu quarto e falei que voltaria de lá outra pessoa. Então sem mais pensar respondi que sim para a Weenny, coloquei tudo nas mãos de Deus, e viveria o melhor que tinha para viver e veria o que daria essa viagem.
Weenny entra com contato comigo para confirmar se realmente vou mesmo com ela para o congresso, confirmei que sim e ela me pede para ajudar a resolver alguns assuntos pois ela está muito corrida, ela pede para procurar um hotel que seja em conta e também próximo do local do congresso que será em Ipanema.
Pesquiso bastante e encontro o hotel “The Light House”, perto da praia com uma promoção incrível de quarenta e cinco reais a diária. Entro em contato e reservo o quarto para quatro pessoas, vamos ficar em torno de uma semana e chegaremos dia quatorze de abril a tarde. Pois iremos de ônibus para economizar ainda mais.
Weenny me fala que Mayara e Samara também vão.
May, eu e Weenny trabalhamos juntas. E Samara é vizinha da Weenny acabamos pegando uma amizade também. Como conheço as meninas e temos liberdade ligo para elas e informo que o hotel está ok, passei o valor pra cada uma, porém não falo que é próximo à praia, quero fazer uma surpresa.
A May e eu quando recebemos o convite para essa viagem combinamos de guardar parte do salário para nos divertir sem maiores preocupações, eu já tenho algum dinheiro guardado devido alguns sonhos que quero realizar, mas vou usar parte dele nessa viagem. Isso se lá eu não decidir gastar todo ele, algo me diz que essa ida ao Rio de Janeiro possa mudar minha vida.
Samara é legal, a mais ambiciosa de nós, sempre querendo o melhor, porém muito deslumbrada, gosta de chamar atenção e gosta das coisas mais caras, por morar com a mãe, irmã e avó doente, tem uma vida simples e não pode sustentar os luxos que quer e sonha ter. Essas atitudes dela sempre me deixam com o pé atrás, fico sempre na reserva. Algo me diz que essas atitudes ainda nos colocarão em alguma enrascada. Espero que realmente esteja enganada.
Quando liguei para ela não questionou muito as condições do quarto nem do valor somente pela localidade do hotel. Samara sendo Samara.
Elas fazem a transferência do valor que cada uma deve pagar do hotel e fecho a reserva, como é promoção, não podemos perder muito tempo, senão correríamos o risco de perder essa oferta e os quartos com uma ótima vista que escolhi.
O tempo é apertado, para poder resolver tudo que preciso referente ao trabalho para poder viajar. Como era terceirizada. Meu contrato acabou. Estou em processo de dar baixa na carteira, fazer o exame demissional, correr atrás do seguro desemprego será um dinheiro a mais para levar.
Essa viagem tem mais do que tudo para ser especial, o motivo para isso é que em abril além de ser meu aniversário também o aniversário da Weenny. Então vamos aproveitar muito.
Ainda estou sofrendo demais, por toda história que havia acontecido com o Flavio, ainda dói bastante.
Sinto-me uma idiota por ter disposto a prestar aquele papel, me repudio tanto.
Ainda não acredito onde minha carência tinha me levado. Começo a repassar na mente tudo que minhas amigas sempre disseram sobre ele, e começo a perceber que a única cega fui eu. Minha mãe não gosta muito dele, lembro-me que ela sempre questionava sobre como estava indo o namoro, e dos seus abraços quando voltava dos inúmeros encontros que ele desmarcava em cima da hora. Quanto mais eu reflito, mais frustrada eu fico. Decido me concentrar no atendimento que já está complicado o suficiente para poder ficar “viajando” nos meus problemas.
Me dedico inteiramente à fisioterapia nesses dois meses, trabalhando cerca de treze horas por dia, inclusive fins de semana e feriados, preenchendo intermináveis relatórios e prontuários à noite, dormindo pouco.Admito que nas poucas horas vagas me exercito para que meu corpo não sinta tanta falta da dança quanto a minha alma sente.Certo dia aproveito a ausência de uma dos meus pacientes e ligo para Carol e Mayara, imagino que estejam na pausa do almoço.As duas se alegram ao ouvir a minha voz e logo tratam de contar a novidade, estão terminando de cumprir o aviso prévio, o que me faz lamentar por saber que estão desempregadas.— Não lamente! Essa é uma chance de encontrarmos algo melhor, acredite nisso. Essa viagem surgiu como uma grande oportunidade em nossas vidas, primeiro vamos descansar, depois Deus é quem sabe. – Carol diz, Mayara co
Finalmente chegou o mês de abril e com ele a nossa viagem, e a despedida da empresa também. Nessas horas que vemos que a vida não acontece exatamente como planejamos.No começo do mês de março recebemos a notícia que iriam reduzir o pessoal da equipe, e meu nome entrou na lista dos dispensados. Então duas semanas antes da viagem será o último dia na empresa. Foi bom enquanto durou, amizades foram feitas, lições aprendidas, mas agora é hora de seguir em frente e relaxar um pouco nessa viagem que está a caminho.Está chegando o dia da nossa viagem, minha mãe me chama pra conversar.― Filha estou preocupada com você.― Por que mãe?― Estou sentindo você muito abatida, você não sorri mais como antes, não tem mais ânimo pra nada, não vejo mais você falando com as suas amigas. Só de
Que correria hoje, chego em casa as dezoito hora tenho que viajar as cinco para as dez para o Rio. Passo um torpedo pro pessoal pra ver quem já está pronto, local de encontro e outros detalhes. Tomo um banho coloco uma blusa leve porque São Paulo é terra da garoa. O celular toca é o Eduardo. — Fala Edu. — Oi cara no Rio está frio igual aqui? Levo uma blusa? — Boa pergunta, não faço idéia, vou levar camisetas e bermuda além da blusa vai que de praia. — Você tem noticia das meninas? elas já estão prontas? Não pode atrasar! —¨I meu¨ , não faço idéia , elas nunca atrasam é o preço da beleza. Risos. Desligo o telefone, vou até a cozinha tomar um café. Sento por alguns segundos e penso olha aonde a dança esta me levando, uma profissão tão descriminada em nosso país, onde homem não pode dançar. Lembro de ver musicais antigos com meu pai e hoje vou sair pra uma especialização de dança, ritmo de paises am
Chegamos a uma boate, um lugar requintado, com uma moderna pista de dança, jardim ao ar livre, pessoas bonitas, comida cheirosa. Faço questão de elogiar o bom gosto das meninas.Samara sugere que procuremos uma mesa para nós antes que não haja mais nenhuma disponível, aceitamos sua sugestão e observamos atentamente o ambiente, cada uma olhando em uma direção, me surpreendo ao me deparar com Victor Gustavo, minha grande paixão do passado, ele está sentado ao lado de sua irmã Marília, Gopal e outra moça que desconheço.Tento disfarçar desviando o olhar, mas é tarde demais, Victor levanta e vem em minha direção, enquanto sinaliza gentilmente para eu me aproximar dele, por educação ou por mórbida curiosidade eu vou, faço questão de levar as meninas comigo.― Boa noite. Weenny, você está t
— Estamos todas prontas vamos?- May pergunta já bem ansiosa.— Vamos sim. Quem vai chamar o carro?— Deixa que eu chamo. – falo já saindo do quarto.Chego à recepção e pergunto por Rodrigo.— Só um instante senhora, ele já está vindo.— Obrigada.Assim que agradeço aguardo mais alguns segundos e ele aparece na recepção, como estou de costas para ele, o mesmo não me reconhece.— Em que posso ajudar senhora?- ele pergunta.Me viro devagar e consigo pegar o momento exato que ele abre a boca e me olha com admiração de cima baixa, como alguns costuma dizer por ai “dando uma conferida no material”, que particularmente acho que extremo mal gosto.— Carol, como você está linda, mais do que já é.— Obrigada Rodrigo. - digo me aproximan
Depois de um domingo bom, na parte da manhã as avaliações, sol e praia a tarde, descansar é o que resta.Acordo às oito horas da manhã na segunda, desço para tomar café, os outros ainda descansavam.Quando estou na metade da xícara de café, desce a Michele.— Bom dia Claudio - diz ela.— Bom dia Michele - respondo e a convido para sentar.Não obrigado pensei que teria mais de nós por aqui.— Não estou só, respondo.— Eu estava falando com as meninas pra gente sair a noite.— Para onde, não conhecemos nada.— No folder que seu Gilberto deu, tem uma boate, e ele falou que é a melhor do Rio de Janeiro.— Aí sim, até que fim uma coisa diferente, boate, música, bebidas e meninas, eu topo.— Beleza vou subir e falar c
No enlevo que estou, esqueço dos que estão ao meu redor, segundos depois desperto.― Quero que conheça algumas pessoas. Estas são as amigas que vieram comigo, Samara, Carol e Mayara. Esses são os amigos que eu não via há algum tempo e que moram aqui mesmo, Victor e sua irmã Marília, Melissa e Filipe. – digo enquanto nos afastamos.― Esse é o Eros Myron. – olho para meus amigos e faço a devida apresentação.Eros cumprimenta gentilmente as mulheres com um beijo na mão e os homens com um firme aperto de mão. Conheço Gustavo e Gopal o suficiente para saber o ódio que estão sentindo, noto que Marília está segurando os impulsos raivosos do irmão.― Senhor, tudo está preparado conforme solicitou, é aquela mesa. – diz a garçonete para Eros, enquanto aponta para uma enorme mesa a d
Weenny está em transe, parece que esqueceu o resto do mundo e só existe eles dois. A mesa está um silencio mortal, em a respiração do pessoal da pra escutar, todos querendo saber o desfecho desse momento.Despertando desse transe, ela vem em nossa direção e finalmente apresenta cada um de nós pelo nome e logo depois diz:— Esse é o Eros Myron.- Ele abre um belo sorriso ao ver que ela pronunciou o seu nomeEle cumprimenta cada mulher com um beijo na mão sustentando um olhar firme e penetrante, e os rapazes da mesa que por sinal estão se corroendo de ciúmes, com um firme aperto de mão, mas sem desmanchar o lindo e encantador sorriso.De repente a garçonete se aproxima dele, eles trocam algumas palavras, ele nos pede licença educadamente.Mas antes que ele saia Weenny e ele trocam algumas palavras, ele diz algo em seu ouvido e sai junto com a