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Capítulo 8 - Weenny: A Grande Surpresa

Chegamos a uma boate, um lugar requintado, com uma moderna pista de dança, jardim ao ar livre, pessoas bonitas, comida cheirosa. Faço questão de elogiar o bom gosto das meninas.

Samara sugere que procuremos uma mesa para nós antes que não haja mais nenhuma disponível, aceitamos sua sugestão e observamos atentamente o ambiente, cada uma olhando em uma direção, me surpreendo ao me deparar com Victor Gustavo, minha grande paixão do passado, ele está sentado ao lado de sua irmã Marília, Gopal e outra moça que desconheço.

Tento disfarçar desviando o olhar, mas é tarde demais, Victor levanta e vem em minha direção, enquanto sinaliza gentilmente para eu me aproximar dele, por educação ou por mórbida curiosidade eu vou, faço questão de levar as meninas comigo.

― Boa noite. Weenny, você está tão linda, eu sint... ― Victor para de falar subitamente, parece ter notado a tempo que existem mais pessoas ao nosso redor.

― Por favor, fiquem conosco, aquela é a minha mesa... ― Ele pede, aponta e vai nos conduzindo.

― Boa noite a todos. Agradeço o elogio e o convite, mas recuso porque estou com as minhas amigas. Até logo. ― digo isso com uma expressão nada amistosa e vou virando de costas.

― É uma grande surpresa ver você aqui justo no dia do seu aniversário, mas também é um enorme prazer. Por favor, eu insisto que aceitem o convite e comemorem conosco, prometo que nossa companhia será agradável. ― ele usa esse discurso para tentar ser simpático com as minhas amigas, enquanto segura o meu braço para tentar me impedir de sair.

Ele ainda lembra o dia do meu aniversário?

Puxo meu braço bruscamente, olho para as minhas amigas, que estranham a minha súbita rispidez e seriedade, embora elas saibam que se eu tomo esse tipo de atitude, certamente há um motivo.

Elas conhecem Gopal e Victor por fotos e pelas histórias que eu contei sobre meus relacionamentos com eles, será que não os reconhecem nesse momento?

É claro que meu coração acelera ao ver novamente minha grande paixão, mas não posso sucumbir diante dele, por isso rogo mentalmente que minhas amigas me ajudem e neguem, mas não posso obriga-las.

― Vocês decidem o que preferem fazer. ― digo, confiando na recusa delas, embora tenha esquecido do charme que Victor tem.

― Nem me apresentei como devia. Eu sou o Victor Gustavo, é um prazer conhece-las e rever a Weenny. Vejam, essa é a minha irmã Marília, Melissa, a amiga dela, e Gopal, o primo dela. Por favor, fiquem aqui conosco, tenho certeza de que a noite será bem agradável. ― ele diz, exibindo seu lindo e sincero sorriso.

― É um prazer conhece-los, eu sou a Mayara e estas são as minhas amigas Carol e Samara, pelo visto, a Weenny vocês conhecem bem. Venham meninas, vamos sentar aqui com eles.

É, vocês foram conquistadas pelo charme dele, não as condeno.

― Prefiro que me chamem de Filipe, por favor, é bem mais fácil. ― Gopal resmunga e todos concordam com o seu pedido.

Me surpreende saber a relação entre Gopal e Melissa, Marília e Victor, eles explicam que elas são grandes amigas e por isso agora os dois homens com quem me relacionei estão juntos aqui diante de mim nessa boate no Rio de Janeiro, que grande armadilha do destino! Será que sabem disso?

Samara olha fixamente para Gopal (ou Filipe, como ele gosta de ser chamado, com a desculpa de que prefere nome brasileiro porque é mais fácil), parece estranha diante dele, será que estão interessados um pelo outro?

Ainda não me sinto confortável nesta mesa, mas as meninas iniciam uma conversa agradável na tentativa de aliviar essa tensão inicial, elas são adoráveis e muito simpáticas, logo nos fazem rir, tornando o ambiente mais leve.

Um tempo depois, eles pedem alguns petiscos e bebidas, mas eu não quero nada, ainda estou tentando digerir o desconforto de estar diante do Guh e o desaforo de ver o Filipe novamente.

Samara, Carol e Marília balançam o corpo no ritmo de cada música tocada pelo DJ, enquanto observam os homens que circulam pela danceteria, devem ser bonitos a julgar pelos comentários delas. Mayara sugere que Victor tire a irmã para dançar, mas ele se recusa e olha para mim.

De repente algo prende a atenção das meninas e muitas delas olham para a porta.

― Meu Deus, que homem lindo é esse? ― subitamente elas dizem ao mesmo tempo, posso ver o quanto estão fascinadas.

― Uau, ele é simplesmente perfeito! ― Melissa constata.

Observo o movimento das pessoas nas mesas a nossa volta, muitos olham na direção da porta, algumas mulheres parecem ajeitar suas posições nas cadeiras e jogam charme, deve ser por causa do tal homem, mas será que precisa de tudo isso?

Samara e Carol insistem muito para que eu olhe para o homem, porque combina com as minhas preferências, mas eu digo que não pretendo olhar, então Samara com um dos seus gestos nada delicados, empurra com firmeza o meu rosto me forçando a vê-lo.

É uma grata surpresa o que vejo, um homem de um metro e noventa de altura, pele branca, cabelos castanhos escuros, lisos e penteados para o lado, olhos pequenos e levemente puxados, a cor oscila entre o azul-celeste e o verde-esmeralda, suas sobrancelhas são bem delineadas, nariz fino, pequeno e bem desenhado, queixo másculo que parece coroar a beleza deste rosto.

Quanto ao corpo, bem se vê que é cuidadosamente esculpido, sem exageros, está vestido com um terno vinho, camisa rosa clara, um lenço vermelho e azul no bolso, seu perfume é na dose certa e agora está mostrando seu lindo sorriso porque deve estar tímido com tantos olhares.

O modo como fala com seguranças e hostess demonstra o quão educado e gentil é... Sim, uma fração de segundos é suficiente para admirar aquele homem.

Esboço um sorriso e arrumo a minha posição, quero ficar de frente para a porta e assim o faço.

― O que você está fazendo? - Victor esbraveja.

―  O que você acha? Ah, ok eu te digo, ela está paquerando! – Carol diz.

Ele vai explodir, Carol. Você sabe que o Guh é ciumento! ... Ok, Weenny, Carol não lê pensamentos, deixa para lá.

― Não acredito que vai fazer isso na minha frente. Quer mesmo me desafiar, sério isso, Weenny? – Victor me pergunta.

Guh tem um jeito inflamado, ciumento e explosivo. Eu faço sinal para ele se calar, sei que isso fará com que ele se enfureça mais, mas nem me importo.

― Oh meu Deus, vejam, ele vem vindo para cá! – Melissa está encantada.

E com isso, todas se agitam, menos eu. Ele vem com passos firmes na minha direção, olhando fixamente em meus olhos.

― Com licença. Boa noite a todos. – diz, demonstrando a linda voz que tem.

Estende sua mão direita e eu lhe dou a minha, fico em pé, ele se curva para beijar a minha mão como os cavalheiros ainda devem fazer.

― Ansiei tanto por vê-la... Tento procurar nas lembranças que estão gravadas em minha mente, que são tão vívidas quanto fotografias, mas nem mesmo nelas você está tão linda quanto hoje. - ele diz gentilmente.

Coro com tamanha perfeição, a beleza de sua aparência, o lindo sorriso, a voz terna, a gentileza e as doces palavras.

― Eu também queria vê-lo, mas não podia imaginar que seria hoje ou aqui. Você está lindo, como sempre. – digo, mesmo sorrindo timidamente.

― O que você faz aqui? Está sozinho? – resolvo perguntar.

Samara, Mayara, Marília, Carol e Melissa, olham umas para as outras com expressão de encantamento e com o brilho da curiosidade nos olhos, enquanto Victor Gustavo e Gopal faíscam de ódio.

― Viemos concluir o curso de especialização e as avaliações finais. Eu te contei, não lembra? Você até comentou sobre a sua ida para o congresso, mas eu não sabia que era no Rio de Janeiro também. – ele responde.

― Oh é verdade, esqueci até mesmo a data que vocês viriam. – respondo me reprovando mentalmente.

— Eles alteraram a data, seria a semana que vem. – ele diz.

— Eu decidi vir com as minhas amigas, assim aproveitamos a viagem. – me justifico e ele sorri concordando.

― Feliz aniversário! Eu pretendia tentar te ligar mais tarde... Já comprei seu presente, mas está no hotel. – ele diz com um largo sorriso.

Passo o braço esquerdo por seu ombro e lhe beijo a face, sinto o seu perfume delicioso e inebriante, ele retribui o abraço.

― O melhor presente é ter você aqui. - sussurro em seu ouvido.

― Oh, que falta você fez. – ele diz.

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