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Capítulo 6 – Carol: A Viagem

Finalmente chegou o mês de abril e com ele a nossa viagem, e a despedida da empresa também. Nessas horas que vemos que a vida não acontece exatamente como planejamos.

No começo do mês de março recebemos a notícia que iriam reduzir o pessoal da equipe, e meu nome entrou na lista dos dispensados. Então duas semanas antes da viagem será o último dia na empresa. Foi bom enquanto durou, amizades foram feitas, lições aprendidas, mas agora é hora de seguir em frente e relaxar um pouco nessa viagem que está a caminho.

Está chegando o dia da nossa viagem, minha mãe me chama pra conversar.

― Filha estou preocupada com você.

― Por que mãe?

― Estou sentindo você muito abatida, você não sorri mais como antes, não tem mais ânimo pra nada, não vejo mais você falando com as suas amigas. Só de casa, para o trabalho, do trabalho para igreja e da igreja pra casa. O que está acontecendo?

― Nada mãe, fica tranquila que logo vou melhorar.

― Eu sabia que aquele namoro ia resultar nisso minha filha, não queria falar nada na época pra você não sofrer, mas pelo jeito não adiantou não é.

Nessa hora mais uma vez não aguentei ser forte na frente da minha mãe, chorei, chorei tudo que estava me doendo, fazendo-me sangrar por dentro, e chorei mais ainda de ver que minha mãe chorava junto comigo. Ela afaga meus cabelos e diz:

― Aproveita essa viagem e coloca sua vida nos eixos de novo. Volte renovada. Você é forte, guerreira, linda, e saiba que a mãe e o pai sempre estarão aqui de braços abertos pra te segurar e te apoiar sempre que precisar.

Então depois ela me ajudou a arrumar as malas, ela tinha comprado alguns biquínis, saídas de praia e vestidos pra eu levar na viagem, coisas de mãe, sabe?

Vou dormir tarde arrumando as minhas coisas para o dia seguinte, e também por estar ansiosa pela viagem.

Acordo cedo, em volta das seis e meia da manhã e vou logo para o banho. Como meu pai vai me levar até a rodoviária, estou tendo um pouco mais de tempo para tomar um café da manhã sem correr, meu pai acha que saindo às nove e meia está ótimo já que nosso ônibus sairá ao meio dia, se houver trânsito, chegaremos à rodoviária no máximo às dez e vinte.

Escolho uma roupa bem confortável, um conjunto de moletom e tênis, porque enfrentar seis horas de estrada já não me anima muito, não gosto de viagens longas de ônibus além de ser desconfortável se tiver muita curva na estrada será o fim de tanto que vou passar mal. Que sacrifícios não fazemos para os amigos, não é mesmo?

Escolhemos ir de ônibus primeiro para economizar, segundo para bater papo por que com a correria do dia a dia a gente quase não se vê mais e terceiro por que não conseguimos vôo no horário que precisaríamos chegar para valer a reserva.

Termino de me arrumar checo as passagens, a reserva do hotel, o dinheiro na carteira para eventualidades no caminho, e o cartão do banco, está tudo na bolsa. Falo com as meninas por mensagens e confirmo o local do nosso encontro.

Nesse tempo, meu pai já está com o carro ligado e como a minha mala no porta-malas e já está me chamando para sair. Com tudo certo dou um beijo e um abraço bem apertado na minha mãe, para levar o cheiro dela comigo, me despeço do meu irmão, que por sorte está em casa neste momento, como ele namora, quase não o vejo e sinto falta dele, costuma ficar mais na casa da namorada do que em casa, mas fazer o que.

Saio quase uma hora antes do previsto. Chego à rodoviária em torno das dez e quarenta da manhã, me despeço do meu pai, sinto que é uma despedida diferente. Desde a hora que acordei estou sentindo algo diferente, é difícil explicar exatamente o que é, mas tentando exemplificar, sabe quando você sente a passagem de clima, você está no calor e de repente você entra em um lugar gelado, onde toda sua percepção muda? Pois é isso que estou sentindo sobre o que está acontecendo com a minha vida neste exato momento, parece que nunca mais verei os meus pais da mesma forma que agora. Tenho os sentidos um pouco aguçados, tenho uma percepção diferente de coisas, pessoas e situações. Aquele abraço do meu pai é como se eu o colocasse dentro de mim. Estou levando um pedaço da minha família dentro de mim, não sei o que essa viagem me reserva, mas sei que aconteça o que acontecer, eles sempre estarão comigo. Dou tchau, em lágrimas para o meu pai, que neste momento não entende porque estou chorando, já que daqui uma semana estarei de volta.

Subo as escadas e encontro as meninas no local onde combinamos, dentro da rodoviária. Weenny fica animada quando me vê:

― A turma está completa― ela diz.

Também fico animada ao ver às meninas, cumprimento, e vamos em direção ao portão de embarque. E como amo comer, vou logo comprar algo para mastigar, estou com fome tanto pela ansiedade quanto pelo tempo desde o café da manhã.

Samara está especialmente animada e também vai comigo, no fim vamos todas.

― Quero ver é muito homem bonito nessa viagem, quero beijar muito, e outras coisinhas também, porque eu não sou de ferro.

Acho que já falei que não vou muito com a cara da Samara? Acho que já né?

― Vai com calma mulher ― eu digo, e ela se diverte com a situação.

Weenny e Mayara olham pra minha cara e nos acabamos rindo.

Voltamos para a nossa plataforma e o ônibus já estava estacionado. Colocamos as malas no bagageiro do ônibus, entramos e sentamos, eu com a May e a Weenny com a Samara. 

Durante a viagem ao Rio, trocamos de lugar e conversamos bastante, falamos das nossas expectativas pra essa mini férias.

Sou fascinada pelo Rio de Janeiro, apesar da violência (como em qualquer lugar do mundo, vamos combinar), seu clima e suas paisagens são exuberantes moraria tranquilamente.

Chegamos ao Rio de janeiro por volta das seis da tarde. Durante o trajeto liguei para o hotel e falei com o Rodrigo recepcionista e responsável pelas reservas, disse que teve um problema com o trajeto que poderia fazer com que chegássemos alem do horário previsto, ele me disse que não teria problemas e que nos aguardaria conforme o combinado e vamos direto para o hotel. Fazemos o check-in e subimos para o quarto, que é bem charmoso, e o mais importante, super perto da praia.

Eu estou com tanta fome que posso comer um milharal todo, então sugiro:

— Meninas o que acham de irmos comer uma pizza? Estou varada de fome.

— Nossa agora que você falou, eu realmente estou com muita fome também, acho que com a adrenalina e a ansiedade da viagem, nem lembrei de comer. – Mayara diz.

Então todas desfazem as malas, escolhemos as camas é claro, tomamos uma ducha bem rápida, porque está ficando tarde, além de não sabermos ainda o esquema do local, até que horas fica aberto o comércio, a Weenny tem que levantar cedo para ir ao congresso amanhã.

Vou até a recepção e pergunto para o recepcionista se ele indica alguma pizzaria próxima ao hotel.

— Olha aqui nesta rua em frente ao hotel tem uma pizzaria que recomendamos a todos os hóspedes, e eles sempre falam bem de lá. Se chama Mama’s pizzaria rústica. Creio que vocês não vão se arrepender.

— Muito obrigada, desculpa, mas qual o seu nome mesmo?

— Meu nome é Rodrigo estarei sempre à disposição, qualquer coisa que precisarem é só falarem comigo. - ele fala com um belo sorriso no rosto.

— Muito obrigada Rodrigo. Até mais.

Despeço-me do recepcionista. As meninas já estão me esperando lá fora.

Assim que me vê, a Samara já logo solta:

— Tava paquerando o recepcionista é para demorar tanto assim?

Não gostei nem um pouco desse comentário, e eu com fome não sou uma pessoa muito amigável.

— Não sou igual a você, tenho meus critérios, não saio com quem não conheço, mas enfim, falei com o Rodrigo e ele disse que nessa rua tem uma pizzaria bem legal, disse que todos os hóspedes que foram lá gostam e recomendam o que acham?

— Se tiver bom pra vocês, está bom pra mim – Weenny diz.

— Por mim está ótimo Cá. – diz a May.

Samara não está gostando nem um pouco da resposta que dei pra ela, e nem se manifestou, somente está nos seguindo.

Realmente o Rodrigo tem razão, o lugar é realmente charmoso, com mesas do lado de fora, decoração bem rústica, bastante coisa em madeira, ar bem descontraído. Olho pras meninas e vejo aprovação no olhar delas.

Escolhemos uma mesa próxima da janela, olhando quem passa.

O garçom não demora muito para nos atender, e já pedimos duas pizzas, uma delas é a recomendação da casa e a outra unanimidade entre nós três, mussarela e a moda do chef,  cada uma pede sua bebida, hoje vou de suco, dessa vez de maracujá, quero desmaiar naquela cama maravilhosa, até porque devido a ansiedade dessa viagem, estou há quase dois dias sem dormir direito.

Estamos conversando bem pouco, acho que estamos tão cansadas que só queremos comer e ir pra cama.

— Meninas estou exausta, quero cama – Samara diz, bocejando.

— Olha Samara concordo plenamente com você, estou só o pó. – digo.

— Vamos pagar e ir embora. - Weenny diz já chamando o garçom para trazer a nossa conta.

Pagamos e voltamos pro hotel. Chegamos ao quarto, pego meu pijama, me troco e me jogo naquela cama eu não quero saber de mais nada, e agora estou lindamente debaixo das cobertas, fazendo minha oração de todas as noites.

— Boa noite meninas, durmam com Deus, até amanhã. – digo extremamente sonolenta, quase nem sei onde estou.

De tão cansada nem escuto se as meninas me respondem.

...

Weenny acorda bem cedo, fazemos questão de cumprimentá-la pelo aniversário, antes que ela saia para o congresso que começa às oito da manhã.

Ela se arrumou rápido, nem tomou café da manha por que como era o primeiro dia, ela tomaria por lá e já correu para o congresso.

Ficamos decidindo aonde vamos.

— Meninas o que vocês acham de irmos explorar as areias cariocas? – Samara diz.

— Eu topo. – eu concordo com Samara animada.

Mayara não parece muito animada, mas a convencemos a ir pegar uma cor, para podermos arrasar a noite. Pois pretendemos seqüestrar dona Weenny e ir à boate mais badalada da cidade que pesquisaremos mais tarde.

Perguntamos ao Rodrigo o recepcionista, se ele recomenda a praia que tem perto do hotel, ele diz que é muito boa e que os quiosques só têm pessoas bacanas, não deixa de fazer as recomendações de segurança, seguimos o seu conselho de deixar algumas coisas no quarto e partimos pra praia.

Deparamos-nos com uma praia de areia branca e o mar em um azul sem igual.

Procuramos o quiosque que o Rodrigo mencionou, e realmente ele tinha razão, só tem pessoas bacanas.

Decidimos ficar por ali mesmo, colocar o papo em dia. Afinal com a correria do dia a dia às vezes não dá muito tempo para conversar, mesmo tento conversado bastante no ônibus.

Decido dar um mergulho, tento deixar minha timidez de lado, depois de tanta coisa que passei.

Samara decide ir comigo, enquanto Mayara fica olhando nossas coisas.

Percebo que Samara está tentando chamar atenção de alguns homens na praia, acho isso um pouco estranho, porque apesar de ser espontânea, acho que pra tudo tem hora. E ela consegue seu intuito, os rapazes vão falar com ela.

Deixo-a para trás, vou dar um mergulho no mar, e volto para perto da Mayara.

Logo Samara volta do seu momento de paquera e vamos para o hotel, até por que já está quase na hora da Weenny chegar do congresso, e ainda precisamos escolher para onde vamos à noite.

Chegando ao quarto, pesquisamos algumas boates para podermos nos divertir, porque essa viagem está marcando um novo passo nas nossas vidas.

Vejo uma danceteria que amamos logo de cara.

— Meninas o que acham dessa boate e danceteria Tryst nigthclub, um lugar elegante, tem boas referencias pelo que li. Só tem um problema, talvez precise de reserva, por que pelo que estou lendo aqui, é a mais disputada do momento.

— Nossa que lugar lindo, adorei. – Mayara diz.

— Chiquérrimo, só deve ter homem com muito dinheiro nesse lugar, agora que fico rica, não saio desse lugar sem agarrar um ricaço.

— Então vou ligar lá para ver se ainda está disponível, tudo bem?- eu digo e as meninas concordam animadas.

Ligo e a Amanda a hostess da boate, ela me fala que precisa colocar nome na lista, então colocamos nossos nomes, mas assim que comuniquei que os escolhemos para poder comemorar o aniversario de nossa irmã, ela logo se prontificou a reservar uma mesa para nós no melhor lugar da casa como cortesia. Agradeci imensamente e desliguei o telefonema.

— Meninas tudo certo e ainda reservaram a melhor mesa da casa para podermos comemorar o aniversario de Weenny. Então coloquem suas melhores roupas porque hoje promete ser a melhor noite das nossas vidas

Assim que terminamos de decidir, Weenny chega do congresso e logo digo:

— E outra, a nossa querida Weenny aqui precisa ver novos corpos, novos rostinhos bonitos... Bom, na verdade todas nós precisamos, né meninas, vamos combinar.

— Nossa e como precisamos, na verdade eu preciso extravasar – Samara diz.

Então nós escolhemos nossos melhores trajes.

Eu quero que essa seja a primeira noite do resto da minha vida, então entro no banho, coloco minha musica favorita neste momento, pois posso dizer que sou mais do que apaixonada e movida por musica, dança e movimento, por isso algumas culturas como a indiana me encanta tanto, mas por enquanto vou ouvindo I Wanna Love You - do Jussie Smollet, que toca no último volume no banheiro, deixo que água do chuveiro leve todas as coisas que podem me prender, há muito tempo não faço isso. Saio deste banho renovada, pronta para a nova vida que estou dedicida a ter a partir dessa viagem.

Escolho um vestido de alça fina na cor azul marinho com algumas flores colorida nos tons laranja e salmon, uma sandália de salto com tiras finas preta, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo baixo, bem rente à nuca, faço uma maquiagem simples, mas marcante nos olhos para dar destaque ao meu olho cor de mel.

As meninas ficam admiradas e eu também quando me vejo no espelho finalmente pronta, estamos todas deslumbrantes e prontas para abalar corações e arrasar nessa noite.

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