Sumir um pouco C2

Capítulo 2

O som da última transferência ecoa na minha mente enquanto desligo o laptop. A tela se apaga, e por um momento, me sinto como se tivesse completado mais uma missão. Mas, ao mesmo tempo, o peso da responsabilidade e a constante necessidade de desaparecer começam a surgir. Decido que, por agora, posso dar uma pausa. Não um descanso completo, mas o suficiente para me manter fora das redes por algum tempo.

Destino? Califórnia! As luzes de Los Angeles são um convite ao anonimato, e eu preciso disso. Preciso respirar sem o peso de ser "Ghostred" por um tempo. Depois de horas de voo, chego ao meu hotel, tomo um banho quente e, exausta, apago na cama. Quando acordo, as horas passaram rápido demais. O relógio marca a tarde, e o cansaço ainda persiste, mas decido que preciso sair, caminhar, deixar o peso da viagem para trás.

Caminho pelas ruas agitadas de Los Angeles, absorvendo a energia da cidade, tentando me distrair. As luzes e sons me envolvem, e encontro um barzinho que parece perfeito. A música suave e o ambiente aconchegante é um convite à tranquilidade. Sento-me no banco alto em frente ao balcão, peço uma taça de champagne e deixo que o tempo apenas desacelere. O mundo lá fora parece desaparecer enquanto a bebida desce borbulhando pela minha garganta e a rotina é esquecida por hora...

Foi quando ele entrou. Um homem alto, com olhos claros que pareciam ter o poder de penetrar em minha alma. Seu cabelo, de um tom dourado como o pôr do sol, brilhava sob as luzes do bar, fazendo com que eu o visse antes mesmo de ele se aproximar. Fiquei hipnotizada, sem saber o porquê, mas algo em mim sabia que esse encontro não seria casual. Seus olhos pareciam me observar com uma curiosidade sem pressa, como se tentasse decifrar algum enigma em mim.

Ele se aproximou do balcão com um sorriso discreto, e a conversa logo começou. Não houve formalidades, apenas uma troca de olhares que instantaneamente fez tudo parecer mais leve.

— Eu não sou de vir a lugares como esse — disse ele, encostando-se ao balcão com uma cerveja em mãos. Sua voz tinha um tom profundo, mas tranquilo. — Acho que você me entende, né? Às vezes, tudo o que a gente precisa é de um lugar silencioso.

Eu dei um sorriso rápido, sentindo que ele estava tentando puxar uma conversa sem muita expectativa. Algo me dizia que ele queria se mostrar desinteressado, mas, ao mesmo tempo, era curioso demais.

— Não sei, você parece alguém que sabe como aproveitar a vida — respondi, levantando minha taça. — Ou talvez só esteja fugindo do mundo lá fora.

Ele riu, e a sensação de descontração me envolveu. Havia algo na maneira como ele se movia, como ele falava, que me deixava à vontade. Como se, de alguma forma, ele fosse uma pessoa simples, mas complexa ao mesmo tempo.

— Pode ser. Ou talvez eu só esteja procurando uma desculpa para não ser quem todo mundo acha que eu sou — disse ele, olhando para seu copo, como se estivesse pesando suas palavras. Seus olhos claros se ergueram para mim novamente, e eu senti um arrepio por dentro.

— Interessante... — murmurei, desafiando-o a me dar mais. — E quem é você, então? Além de um homem com um bom gosto para bares, claro.

Ele sorriu, mas de uma maneira que parecia um segredo compartilhado apenas entre nós. Não parecia querer responder diretamente, então, apenas fez um gesto sutil com a mão, como se convidasse a continuar.

— Eu sou só mais uma pessoa tentando se entender em meio ao caos. E você? O que te trouxe aqui? Além de querer fugir do mundo, claro.

Eu me inclinei um pouco para frente, atraída pela forma como ele se entregava à conversa. Sabia que ele não queria revelar nada de concreto, algo que eu também não quero, mas o flerte estava claro, e eu não iria fugir disso.

— Eu? — perguntei, levantando uma sobrancelha. — Bem, eu sou só uma mulher tentando relaxar depois de uma longa viagem. Às vezes, a vida nos empurra para longe de casa, e você precisa encontrar um canto onde ninguém te conhece, onde você pode ser quem quiser.

Ele deu uma risadinha baixa, mais como se estivesse satisfeito com o que eu dizia do que com o que estava acontecendo entre nós. Ele não sabia nada sobre mim, e eu também não sabia nada sobre ele. Mas isso parecia o suficiente para ambos.

— Então, você se esconde atrás de um sorriso e uma bebida, hein? — perguntou ele, deixando as palavras flutuarem no ar como uma provocação. — Não é uma boa estratégia, você sabe.

Eu o encarei com um sorriso desafiador.

— Acredite, não é a primeira vez que tento. E também não será a última — respondi. O jogo estava no ar, e eu não sabia se estava gostando disso mais pela diversão, ou pela possibilidade de algo mais.

A conversa continuou leve e cheia de provocações. De vez em quando, nossas mãos se tocavam acidentalmente, e o toque parecia se prolongar por um segundo a mais do que deveria, como se ambos estivéssemos mais conscientes do que estávamos fazendo. Ele me olhou com intensidade, e a tensão entre nós aumentou.

— Eu sabia que tinha algo de interessante em você. — Ele disse, e dessa vez sua voz estava mais suave, como se quisesse me convencer de algo. — Mas vou ser sincero. Eu não sou o tipo de homem que busca complicação. Não sou bom com isso.

Eu respirei fundo, sentindo que a conversa estava prestes a virar uma encruzilhada. Ele não queria complicar as coisas, mas parecia estar atraído por algo mais. Nós dois sabíamos disso, mas nenhum de nós queria ceder totalmente.

— Que sorte a sua, então — respondi, rindo. — Porque complicações não fazem parte do meu vocabulário.

Ele levantou o copo de whisky, como se brindasse a algo que não fosse exatamente claro para mim, e então disse:

— À vida sem complicações, então.

Nós brindamos, e a noite continuou de uma maneira que nenhum de nós tinha planejado. O flerte fluiu até o momento em que ele sugeriu, de maneira tão casual quanto antes, que fosse hora de irmos embora. Eu não hesitei. O álcool tinha soltado minha língua, e ele parecia ser o escape perfeito, o único homem que, por agora, poderia me tirar da realidade por um tempo.

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