Capítulo 1 - Cassandra Moretti O sol mal se ergue no horizonte, e eu já estou acordada. Às vezes, penso que o dia nunca vai começar realmente. Eu fui obrigada a aprender a acordar sozinha, a fazer as coisas por mim mesma. Não que alguém tenha me ensinado, mas, após tantas tentativas de achar um lugar para chamar de lar, acabei por descobrir que a única pessoa em quem posso confiar sou eu mesma.Fui uma órfã comum, se é que isso existe. Meus primeiros anos foram no orfanato, onde, em vez de brinquedos, eu aprendi a me proteger. Fui colocada em várias casas adotivas, cada uma pior que a outra. Eles me queriam boa, educada, quieta. Mas eu não era isso. Eu tinha um fogo dentro de mim, algo que nunca deixei apagar. Então, fugi. Fugi das regras, fugi das famílias, e, quando eles desistiram de me colocar em outra casa aos 15 anos, eu já sabia o que fazer: sobreviver.Aos 18, finalmente me vi livre, com um punhado de dólares e o notebook que sempre guardei. Estudei programação, hackeamento,
Capítulo 2 O som da última transferência ecoa na minha mente enquanto desligo o laptop. A tela se apaga, e por um momento, me sinto como se tivesse completado mais uma missão. Mas, ao mesmo tempo, o peso da responsabilidade e a constante necessidade de desaparecer começam a surgir. Decido que, por agora, posso dar uma pausa. Não um descanso completo, mas o suficiente para me manter fora das redes por algum tempo.Destino? Califórnia! As luzes de Los Angeles são um convite ao anonimato, e eu preciso disso. Preciso respirar sem o peso de ser "Ghostred" por um tempo. Depois de horas de voo, chego ao meu hotel, tomo um banho quente e, exausta, apago na cama. Quando acordo, as horas passaram rápido demais. O relógio marca a tarde, e o cansaço ainda persiste, mas decido que preciso sair, caminhar, deixar o peso da viagem para trás.Caminho pelas ruas agitadas de Los Angeles, absorvendo a energia da cidade, tentando me distrair. As luzes e sons me envolvem, e encontro um barzinho que parece
Capítulo 3Assim que abri a porta do quarto do hotel, eu sabia exatamente o que queria daquela noite: um sexo quente, cheio de orgasmos, e nunca mais ver esse homem depois. Como sempre faço na minha vida. Quando tranquei a porta atrás de mim, os olhos dele me devoraram, e era exatamente assim que eu o queria. Ele avançou na minha direção, me colocando contra a porta, tomando meus lábios e exigindo espaço com sua língua.Sua boca me devorava enquanto suas mãos traçavam caminhos por todo o meu corpo. Com seus braços fortes, ele me puxou para o colo e me carregou até o sofá no meio do quarto, sem parar de me beijar nem por um segundo. Senti meu corpo incendiar de tesão a cada toque dele. Nem eu sabia o quanto estava precisando disso...Ao me deitar no sofá, ele me observou como se eu fosse a presa de um caçador, o que é engraçado, se for pensar. Afinal, a caçadora sou sempre eu. Mordi meus lábios, observando seu membro duro naquela calça jeans apertada, o que terminou de me enlouquecer e
Capítulo 4A luz da manhã invadia o quarto pelas cortinas mal fechadas. O som distante da cidade começava a dar sinais de vida, mas dentro do quarto o silêncio era confortável, apenas interrompido pela respiração leve de nós dois.Abri os olhos devagar, sentindo o peso do corpo dele ao meu lado. O lençol cobria nossos quadris, e ele estava deitado de lado, me observando. Seus olhos claros tinham um brilho tranquilo, e um leve sorriso brincava em seus lábios.— Bom dia, ruiva — ele disse, sua voz rouca ainda marcada pelo sono.Senti meu rosto esquentar. Não porque estava envergonhada, mas porque ainda me surpreendia o quanto ele era atraente. A noite passada tinha sido... intensa. Algo que eu não esperava. Respirei fundo e sorri de volta, esticando o corpo como uma gata manhosa e preguiçosa.— Bom dia, loiro — respondi, minha voz carregada de uma diversão quase infantil.Nos olhamos por alguns segundos, sem necessidade de palavras. Não havia constrangimento, apenas aquela certeza implí
Capítulo 5O domingo chegou com uma leveza que me fez sentir uma pontada de desconforto. A brisa suave da manhã invadia a casa, o cheiro de sal do mar penetrava a cada respiração que eu tomava. A luz do sol iluminava a praia lá fora, mas algo dentro de mim se sentia pesado.Eu estava ali, vivendo esse fim de semana da forma mais intensa possível, mas a verdade era que, no fundo, sabia que tudo tinha um prazo de validade. A bolha que criamos nesse final de semana estava prestes a estourar, e, ao voltar para a realidade, eu teria que lidar com o peso do que significava tudo aquilo.Mas o pior de tudo era que, à medida que o tempo passava, a ideia de voltar para minha vida normal se tornava mais e mais insuportável. Eu sabia que, ao me despedir da "ruiva", voltaria para o vazio da minha rotina, que, por mais que estivesse cheia de compromissos, parecia cada vez mais sem propósito, sem rumo...Ela estava ali, ao meu lado, tão livre, tão distante do que eu estava vivendo. E eu me sentia co
Capítulo 6— Está tudo bem? — a "ruiva" perguntou, a voz carregando suavidade e firmeza ao mesmo tempo.Antes que eu conseguisse dizer qualquer coisa, ela segurou minha mão, um gesto inesperado que me desarmou.— Vem comigo — disse simplesmente, seus olhos brilhando com algo que eu não conseguia decifrar.Deixei-me ser guiado até a cozinha, onde o sol já iluminava o espaço, destacando a desordem que ela tinha começado a causar no balcão. Ingredientes estavam espalhados, e ela parecia genuinamente empolgada.— Pensei que a gente podia fazer panquecas e bacon — anunciou, sorrindo, enquanto apontava para uma tigela com massa que claramente tinha levado mais farinha do que deveria.— Você sabe fazer panquecas? — perguntei, arqueando uma sobrancelha.— Eu sei fazer... uma bagunça. Mas não é para isso que você está aqui? Para ajudar? — retrucou, cruzando os braços, mas com um sorriso brincando nos lábios.Ri baixo e fui até a bancada.— Tudo bem, ruiva. Vamos lá. Primeiro, você colocou fari
Capítulo 7CristianO carro parecia mais silencioso do que o normal enquanto seguíamos de volta para o hotel. A conversa que tínhamos acabado de ter, a de Sophie e Martin, ainda pairava no ar, e eu sabia que Cass estava tentando entender tudo o que havia acontecido. Ela tinha o direito de saber, e eu não queria que ela ficasse com a sensação de que precisava fazer suposições. Então, antes que o silêncio entre nós se tornasse desconfortável demais, tomei coragem para falar.— A mulher que você viu lá... — comecei, sem saber exatamente como as palavras sairiam. — Ela é minha ex-esposa.Cassandra virou a cabeça na minha direção, surpresa, e eu pude ver a expressão dela mudar, um misto de curiosidade e compreensão.— Ex-esposa? — repetiu, tentando digerir a informação. — Então... aquele cara com ela?— Sim. Ele é um velho amigo. Martin E... — Respirei fundo, ciente de que o que eu estava prestes a dizer poderia ser pesado para ambos. — Ele foi o motivo do fim do meu casamento.Ela não res
Capítulo 8CassandraOs dois dias com o celular desligado haviam sido um alívio. Estar distante de tudo e de todos, sem me preocupar com mensagens ou ligações, me dava uma sensação de liberdade temporária. No entanto, ao ligar o aparelho naquele momento, o alívio logo se desfez quando vi a tela acesa, com várias notificações e uma chamada perdida.Eu não sabia por que o coração começou a bater mais rápido, mas, ao ver o número na tela, algo dentro de mim se acelerou. Não era um número que eu reconhecia, pois nunca era, mas o tom de urgência do aviso na tela me fez hesitar. Olhei para Cristian, que estava sentado na cama, aparentemente distraído, mas eu podia sentir seus olhos em mim, mesmo sem ele olhar diretamente.A ansiedade tomou conta de mim e, sem pensar duas vezes, saí da sala e fui até a sacada. O ar frio da noite não ajudou a aliviar a tensão que sentia. Respirei fundo antes de atender.— Alô? — Minha voz saiu mais tremida do que eu esperava.Do outro lado da linha, uma voz g