Capítulo 13 CristianO voo para a Irlanda foi longo, mas minha mente não estava no tempo ou no conforto. Eu estava distante dos meus colegas, mas dentro da minha cabeça, o peso de uma missão urgente me acompanhava. O caso de Ghostred não era mais uma busca comum. Agora, tudo parecia se entrelaçar de forma tão íntima e complexa que eu não sabia mais se estava perseguindo uma hacker brilhante ou tentando entender algo muito mais profundo.Durante a viagem, tentei me manter focado no trabalho, em cada detalhe que poderia ser importante, em cada possível pista que me separava de encontrá-la. Mas, a verdade é que, mesmo com toda a experiência que eu tinha, nunca estive tão dividido.Cassandra... ou Ghostred... Como se faz para lidar com isso? Quando a linha entre o trabalho e o pessoal se apaga e você não sabe mais quem está caçando e quem está sendo caçado?Eu me forçava a não pensar nela, mas a cada momento, a imagem de Cassandra surgia na minha mente. Ela era tudo o que eu não esperav
Capítulo 14CristianChegamos à Irlanda com uma sensação de urgência que eu não conseguia dissipar. A cidade estava enevoada, e a umidade penetrante do clima europeu tocava minha pele enquanto eu saía do carro. Eu sabia que não poderia perder tempo. Os últimos sinais de Ghostred vinham desta região, e a missão estava perto de se concluir — ou pelo menos era o que eu achava.A investigação me levou a um bairro tranquilo, quase suburbano. Depois de andar por ali e fazer algumas perguntas, chegamos a um pequeno edifício de três andares que se destacava entre os outros. Ele parecia inofensivo à primeira vista, mas era ali que as pistas me levaram. Uma padaria ocupava o térreo, com um cheiro de pães frescos tão delicioso que me fez questionar por um momento se tudo o que estava acontecendo não era um pesadelo, ou se realmente estava a um passo de encontrar Ghostred.Entrei, disfarçando a tensão, e observei as prateleiras repletas de doces e pães. Não era o tipo de lugar onde eu esperava en
Capítulo 15CristianO perfume ainda pairava no ar, doce e sutil, mas inconfundível. Minha mente recusava-se a aceitar o óbvio, mas meu instinto sabia: Cassandra havia estado ali. Cada detalhe do apartamento parecia carregado da sua presença, como se ela tivesse saído às pressas, mas deixado muito dela para trás.Olhei ao redor. O lugar era simples, funcional, sem nada que denunciasse quem realmente o ocupava. Uma mala fechada, ao lado do pequeno closet, abri mais estava vazia...Sobre uma pequena estante, algo chamou minha atenção: uma foto emoldurada, virada para baixo, parecia ter sido esquecida ali. Virei-a, curioso, e encontrei uma imagem de um grupo de crianças em algum lugar ao ar livre. Não havia nada explícito, mas atrás da moldura, rabiscado à mão, estavam números que pareciam coordenadas.Anotei as coordenadas rapidamente no meu caderno e devolvi a moldura ao lugar. A tensão no peito só aumentava. Cassandra, ou Ghostred, era cuidadosa demais para deixar algo tão direto. Se
Capítulo 16CassandraA chuva batia na janela do meu quarto, no novo hotel, no novo esconderijo, mas agora era o menor dos sons que preenchiam o vazio dentro de mim. Eu estava sozinha, como sempre estive, mas a solidão agora parecia diferente. Algo havia mudado, e eu não sabia ao certo como lidar com isso. As imagens de Cristian, sua expressão, seu olhar ao descobrir cada pista que deixei para ele, continuavam a se repetir na minha mente. Eu sabia que deveria seguir em frente, mas, de alguma forma, ele já estava ali, dentro de mim, de uma maneira que eu não conseguia entender, ou pelo menos estou lutando pra isso...Levantei-me da cama, passando os dedos pelo rosto, tentando dissipar a sensação estranha que me tomava. Precisava fazer algo. Algo para mudar, para esquecer, para apagar qualquer vestígio dessa conexão que eu nunca deveria ter permitido.Vesti-me rapidamente, sem realmente pensar no que estava fazendo. Eu precisava sair, fugir daquele quarto, daquilo tudo. Caminhei pela ru
Capítulo 17CassandraAs primeiras semanas naquela pequena cidade na Holanda foram um borrão. Um turbilhão de rostos novos, cheiros desconhecidos e um silêncio quase ensurdecedor que só quem já passou por tantas transformações como eu poderia compreender.Cheguei aqui com um único propósito: desaparecer. Para trás ficaram os arranha-céus, as luzes intensas das grandes cidades, e a agitação constante que acompanhava minha vida. Tudo isso agora parecia distante, um sonho sombrio que não me atrevia a revisitar. Em vez disso, encontrei conforto nas pequenas coisas – o farfalhar das folhas nas árvores, o som suave das bicicletas passando pela calçada e o cheiro fresco de flores no ar. Estava começando a acreditar que, talvez, pudesse encontrar algum tipo de paz.A cidade, com suas ruas estreitas e casas de tijolos vermelhos, me parecia acolhedora de um jeito sutil. Não era o tipo de lugar que faria alguém se sentir especial, mas era perfeito para quem queria se esconder. As pessoas eram am
Capítulo 18 - CristianO telefone em minha mesa continuava a tocar, mas eu não o atendia. Já sabia o que iriam dizer. O que poderiam dizer. As respostas sempre eram as mesmas, e tudo o que eu queria naquele momento era que o maldito silêncio tomasse conta de tudo. O caso de Ghostred havia se tornado uma obsessão para mim, algo que começou com uma simples missão de rastrear um hacker, mas logo se transformou em algo muito mais profundo. Algo que não conseguia mais controlar.Eu sabia o nome dela. Sabia o nome que ela usava. E mesmo assim, estava completamente perdido.Cada pista que encontrei sobre Cassandra, ou Ghostred, parecia mais uma peça de quebra-cabeça que, quando finalmente encaixada, não fazia mais sentido. Eu havia investigado tudo — e nada. Ela havia desaparecido. De uma maneira quase sobrenatural, como se tivesse sido apagada do mapa, removida da existência. Todos os rastros que ela deixou para trás, todos os códigos que ela escreveu, simplesmente desapareceram, e eu não s
Capítulo 19 - CristianA ansiedade tomava conta de mim com uma força que eu não conseguia controlar. Cada segundo parecia se arrastar, como se o tempo fosse um inimigo impiedoso, me forçando a encarar o abismo em que me encontrava. As últimas palavras de Alan ainda ecoavam na minha cabeça, mas algo dentro de mim se recusava a aceitar o fim. Eu sabia que estava indo para um caminho sem volta, mas, de alguma forma, a ideia de parar me parecia mais angustiante do que seguir em frente.Levantei-me da mesa, meus passos pesados e ritmados, como se cada movimento fosse uma tentativa de afastar a tempestade que se formava dentro de mim. Eu precisava de respostas. Não sabia mais se estava procurando por Cassandra ou tentando encontrar alguma forma de me salvar dessa obsessão que havia tomado conta da minha mente. O único lugar onde eu poderia pensar com clareza, onde minhas memórias ainda tinham um significado, era a casa da praia.Antes de sair, fui até o departamento de Recursos Humanos do F
Capítulo 20 - CristianA concha ainda estava em minha mão, fria e frágil, mas com um peso que se tornava insuportável. As iniciais "C.A." estavam gravadas de forma discreta, quase como se tentassem se esconder, mas para mim, naquele momento, elas bradavam, gritavam pela minha atenção. Eu sabia que não era uma coincidência. Sabia que, de alguma forma, aquelas letras eram a chave para algo maior, algo que eu estava prestes a descobrir, algo que tinha a ver com Cassandra, com sua vida, com a mulher que havia mexido com a minha cabeça de um jeito inexplicável.O vento que batia contra a janela da casa da praia parecia acentuar a tensão dentro de mim. A solidão do lugar, que antes me trazia um certo consolo, agora parecia se transformar em um cárcere. Cada canto da casa estava impregnado de memórias de um tempo que já não existia, mas que eu não conseguia deixar ir. Eu não conseguia entender por que estava obcecado por ela. Como o caso de Ghostred poderia me levar até ali? Como aquela mulh