Capítulo 75DamonEu estava ali, no corredor do hospital, tentando controlar os pensamentos e os sentimentos que estavam borbulhando dentro de mim. A pressão que eu sentia sobre os ombros era insuportável, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que não havia lugar para mim nesse momento. Tudo estava acontecendo tão rápido, e tudo o que eu conseguia fazer era ficar observando, sem poder interferir. Cassandra estava na mesa de cirurgia, e eu não conseguia fazer nada para impedi-la de passar por tudo aquilo.Fui consumido pelo medo, pela incerteza. Como eu cheguei a esse ponto? Como é que eu acabei me apaixonando por uma mulher como Cassandra, e agora, no meio de tudo isso, mal consigo me declarar para ela? Eu, que sempre achei que tinha o controle de tudo, agora estava diante de uma situação em que não podia fazer nada, nem sequer dizer a ela o quanto a amava antes que tudo se desmoronasse.Eu nunca fui bom com palavras, e talvez isso tenha me impedido de ser claro com ela, de confessar meus sen
Capítulo 76CristianCinco dias. Já se passaram cinco dias. E eu estou aqui, sentado na beira da cama de Cassandra, observando cada respiração dela como se fosse a última. Cada leve movimento que ela fazia, cada suspiro profundo, eram como sinais de que ela estava lutando para voltar. Mas nada acontecia. O que antes parecia uma situação de transição, agora se tornava um pesadelo infernal.A máquina ao lado dela, que monitorava seu batimento cardíaco e a respiração, emitia um som regular e constante, mas para mim, esse som se tornava um eco distante. Eu só queria ouvir ela, ver seus olhos se abrindo. Eu só queria ver Cassandra acordando e me dizendo que tudo estava bem, que a dor e o medo que eu sentia iam desaparecer. Mas ela ainda estava ali, no silêncio profundo de um sono forçado, e eu sentia que meu próprio coração batia com menos força a cada hora que passava.Os médicos já haviam dito que ela estava estável. Mas o fato de não despertar estava se tornando um enigma que eles não
Capítulo 77CristianEu ainda segurava a mão de Cassandra, sentindo o calor fraco de sua pele contra a minha. Não havia movimento, nenhum sinal de que ela estava voltando para mim. O silêncio do quarto era ensurdecedor, quebrado apenas pelo som constante das máquinas que a mantinham monitorada. Meu coração apertava a cada segundo, e a angústia me corroía por dentro. Não saber o que fazer me deixava à beira da loucura. Mas, então, uma ideia surgiu. Algo que eu deveria ter pensado antes.— Damon... — minha voz saiu rouca, quase um sussurro. Ele ergueu os olhos para mim, parecendo exausto, assim como eu. — Eu preciso que você traga Cecília para cá.Ele franziu a testa, como se não tivesse certeza de ter ouvido direito. O olhar dele alternava entre mim e Cassandra, claramente confuso.— O quê? Aqui? — perguntou, cruzando os braços. — Você acha que isso pode ajudar?Engoli em seco e apertei ainda mais a mão de Cassandra.— Sim. Sim, eu acho que pode, é um tiro no escuro, mas eu sinto que p
Capítulo 78CassandraO mundo estava embaçado, como se tudo estivesse distorcido entre os meus olhos. Eu sentia a presença de todos ao meu redor, mas a sensação de confusão ainda me consumia. Tentei focar em tudo que estava acontecendo, mas minha mente estava uma bagunça. As palavras de Cristian, a visão de Cecília ao meu lado, e o calor que emanava de Lucca... Tantas coisas que me deixavam sem saber o que pensar, o que fazer.Eu queria entender, queria voltar a sentir que estava no controle da minha vida. Mas como poderia quando tudo que eu conhecia havia sido jogado para o alto? As lembranças começaram a voltar em flashes rápidos, dolorosos, e ao mesmo tempo desconfortante.Eu não sabia o que fazer com aquele sentimento de desamparo que me consumia, mas sentia que tinha que ser forte, por eles. Cecília, Lucca, Cristian, Damon... Eles precisavam de mim, e isso foi o que me trouxe de volta. Um sorriso fraco se formou nos meus lábios enquanto eu olhava para Cecília, que ainda me aperta
Capítulo 79CassandraQuinze dias haviam se passado desde que despertei, Cristian me contou tudo que tinha feito por mim... Quinze dias de reflexão silenciosa, de noites de Insônia, e decisões que se acumulavam, esperando para ser feitas. Eu estava vivendo com a dúvida constante sobre o que fazer da minha vida. O que era real? O que era apenas uma fuga? Era hora de olhar para frente, sem medo.Lucca já estava em casa, se recuperando bem, e o alívio de vê-lo forte e saudável me dava uma sensação de paz. Como mãe, meu primeiro impulso era proteger meus filhos. Cecília, com apenas 11 meses, era uma preocupação constante. Ela ainda dependia de mim para tudo, e o amor que eu sentia por ela me dava forças para seguir em frente, mesmo quando as dúvidas me consumiam.Ela estava ali, nos meus braços, pequenos risos escapando enquanto eu a embalava. Como ela se encaixava em tudo isso? Ela era a razão pela qual eu lutava. Eu queria que ela tivesse uma vida melhor, sem medos, sem fantasmas do pas
Capítulo 80Cassandra Acordei naquela manhã fria com uma sensação pesada no peito. Era o dia em que Dona Carola seria cremada, e eu sentia como se uma parte de mim fosse junto com ela, dona Carola me acolheu em um dos momentos que me vi mais perdida, e com suas palavras sempre certas me guiou... O jardim de Keukenhof na Holanda, o seu lugar favorito, agora receberia suas cinzas. Estava ali, diante da terra que ela tanto amava, sentindo o vento suave que, de alguma forma, trazia um pouco da sua presença. Enquanto as cinzas eram espalhadas por Damon, fechei os olhos por um momento, permitindo que as lágrimas caíssem sem me preocupar que alguém as visse. Mas, ao mesmo tempo, sentia uma calma imensa, como se Dona Carola finalmente estivesse em paz, com o filho que ela pode recuperar, e naquele lugar que ela tanto amava.A cerimônia foi simples. Apenas os amigos mais próximos e a família estavam ali. Fiquei observando enquanto suas cinzas se misturavam ao solo, as flores, com a esperança
Capítulo 81Um Ano DepoisO vento frio de Nova York cortava meu rosto enquanto caminhava pelas ruas da cidade. O som do caos urbano me envolvia, mas, de alguma forma, meu coração estava em paz. O último ano foi de transformações profundas para todos nós.Cristian finalmente seguiu seu sonho de escrever. Ele pediu a exoneração do FBI e, com isso, também deixamos para trás muito de nós, de certa forma. Mas, ao mesmo tempo, nos aproximamos de um jeito novo e inesperado. Seus livros de suspense começaram a fazer sucesso, e ele não poderia estar mais feliz. Eu sempre soube que ele tinha uma mente brilhante, mas ver o homem que amava florescer da maneira que ele estava, me encheu ainda mais de orgulho. Ele se entregava à escrita com a mesma intensidade com que um dia se dedicou a desvendar mistérios e, de alguma forma, aquilo o libertava de tudo que ele foi e não queria mais ser...Eu, por outro lado, continuei com meus projetos. Não havia mais a mesma incerteza que antes. Eu poderia coloca
Capítulo 1 - Cassandra Moretti O sol mal se ergue no horizonte, e eu já estou acordada. Às vezes, penso que o dia nunca vai começar realmente. Eu fui obrigada a aprender a acordar sozinha, a fazer as coisas por mim mesma. Não que alguém tenha me ensinado, mas, após tantas tentativas de achar um lugar para chamar de lar, acabei por descobrir que a única pessoa em quem posso confiar sou eu mesma.Fui uma órfã comum, se é que isso existe. Meus primeiros anos foram no orfanato, onde, em vez de brinquedos, eu aprendi a me proteger. Fui colocada em várias casas adotivas, cada uma pior que a outra. Eles me queriam boa, educada, quieta. Mas eu não era isso. Eu tinha um fogo dentro de mim, algo que nunca deixei apagar. Então, fugi. Fugi das regras, fugi das famílias, e, quando eles desistiram de me colocar em outra casa aos 15 anos, eu já sabia o que fazer: sobreviver.Aos 18, finalmente me vi livre, com um punhado de dólares e o notebook que sempre guardei. Estudei programação, hackeamento,