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A vida real e a fantasia C5

Capítulo 5

O domingo chegou com uma leveza que me fez sentir uma pontada de desconforto. A brisa suave da manhã invadia a casa, o cheiro de sal do mar penetrava a cada respiração que eu tomava. A luz do sol iluminava a praia lá fora, mas algo dentro de mim se sentia pesado.

Eu estava ali, vivendo esse fim de semana da forma mais intensa possível, mas a verdade era que, no fundo, sabia que tudo tinha um prazo de validade. A bolha que criamos nesse final de semana estava prestes a estourar, e, ao voltar para a realidade, eu teria que lidar com o peso do que significava tudo aquilo.

Mas o pior de tudo era que, à medida que o tempo passava, a ideia de voltar para minha vida normal se tornava mais e mais insuportável. Eu sabia que, ao me despedir da "ruiva", voltaria para o vazio da minha rotina, que, por mais que estivesse cheia de compromissos, parecia cada vez mais sem propósito, sem rumo...

Ela estava ali, ao meu lado, tão livre, tão distante do que eu estava vivendo. E eu me sentia completamente imerso nela, na ideia de aproveitar aqueles momentos sem pensar no que viria depois. Mas... depois. O que viria depois?

A verdade é que eu ainda não havia superado o que aconteceu antes. Embora estivesse com alguém como a "ruiva", com quem compartilhei uma química inesperada e uma conexão selvagem, os fantasmas do meu passado estavam lá, se insinuando a cada respiração.

Ainda quando cheguei, ao percorrer a casa e olhar aqueles porta-retratos espalhados pela casa de praia — que, na realidade, eu nunca planejei dividir com ninguém além de Sophie — algo me cortou por dentro. O que antes parecia natural, agora parecia um erro. Aquelas imagens representavam um capítulo que já estava fechado, mas que, inexplicavelmente, continuava se reescrevendo na minha mente, e me trazendo a culpa pelo nosso fim...

A "ruiva" era a primeira pessoa com quem eu sentia que podia ser eu mesmo novamente, sem as expectativas de ser o homem perfeito ou o marido perfeito. Ela era só a "ruiva", e eu, o "loiro". Não havia promessas. Não havia esperanças. Apenas o momento. E isso deveria ser suficiente. Não deveria, mas, de alguma forma, estava me deixando ansioso pela continuidade dessa "fuga".

Mas... o que seria de mim depois? Quando ela fosse embora, o que sobraria?

Eu me aproximei da janela e olhei para a imensidão do mar, o som das ondas quebrando na areia quase me trazendo uma sensação de paz. Mas dentro de mim, uma tempestade. Não sei quanto tempo fiquei ali, perdido em meus próprios pensamentos, até que ouvi a porta se abrir.

— Está tudo bem? — a "ruiva" perguntou com aquela voz suave, mas firme. Eu a observei, e, por um momento, tentei encontrar palavras para expressar o que estava sentindo, mas tudo o que consegui fazer foi sorrir fraco.

— Tudo ótimo, ruiva — respondi, tentando esconder a confusão que estava me consumindo.

Ela se aproximou, tocando levemente meu ombro, como se soubesse que algo estava errado. Eu queria afastá-la, mas ao mesmo tempo, queria que ela ficasse ali, perto de mim, longe o suficiente para não me fazer pensar demais, mas perto o suficiente para me ajudar a me esquecer de tudo o que estava me pesando.

No entanto, sabia que não podia fugir disso. Não de mim mesmo. E quando ela perguntou, com um sorriso travesso, se eu queria passar mais tempo na praia, algo dentro de mim se despedaçou. Eu queria, sim. Mas, ao mesmo tempo, sabia que tinha que voltar para a realidade. E não sabia como isso seria possível agora.

Eu estava perdido entre a vida que deixei para trás e o momento perfeito que estava vivendo. E, no fundo, eu sabia que esse fim de semana poderia ser a última vez que eu teria algo assim. Algo genuíno, algo sem amarras, sem passado.

Por um instante, pensei que talvez, se eu me entregasse completamente, talvez a dor de voltar para a minha realidade fosse mais fácil de suportar. Talvez fosse isso o que ela queria, e eu, por um momento, decidi que faria isso. Faria de tudo para aproveitar aquele último dia, como se fosse o último dia de uma vida inteira que já tinha sido perdida.

Mas, no fundo, sabia que nada disso duraria para sempre. E eu teria que enfrentar a vida real assim que ela fosse embora, levando consigo a "ruiva", e deixando para trás o "loiro" perdido na sua própria vida...

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