Três

RICO

— Não quero você cuidando de filha de bandido e muito menos de conversinha com esses desviados, tá me ouvindo Ana Luz? — ouvi a mãe dela gritar assim que cheguei na porta da casa da dela.

O foda é te julgarem sem nem ao menos te conhecerem, igual a velha tá fazendo agora com o Rael. Tu pode não ser aquilo, mas se anda com alguém que faz tu leva o nome pro resto da vida.

— Mãe, eu apenas fiz um favor. Como diz o ditado, faça o bem sem olhar a quem — Aninha respondeu, seu tom de voz parecia cansado. Papo de quem ouvia comentários preconceituosos todos os dias.

— Meu papai não é bandido — a Ritinha falou seguida de uma risada abafada da parte da Aninha.

— Mostra essa língua de novo pra ver se eu não corto ela fora — ameaçou a minha afilhada e essa foi a minha deixa para bater na porta.

Esperei um pouco e logo a Aninha abriu a porta, ela tinha um sorriso doce em seus lábios.

— Dindo, a velha falou que ia cortar minha língua fora — a Ritinha veio na minha direção segurando a língua e eu dei risada.

Neguei com a cabeça e peguei ela no braço.

— Se ela cortar a tua eu corto a dela pô, pra aprender a não falar o que não sabe e pelo menos ter respeito a vida e a escolha dos outros — falei alto pra a velha escutar e beijei a testa da minha pequena, logo direcionei o meu olhar para a Aninha que estava sem graça pelo o que a mãe falou — É, eu ouvi tudo.

— Desculpa por isso — ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorriu sem graça.

Neguei.

— Bora dar uma volta aí, quero pensar no seu caso — falei.

Ela olhou pra dentro de casa e depois pra mim, sua expressão era de indecisão.

— Eu não sei... — começou.

— Vai, tia! Eu vou ficar triste se você não for — a Ritinha fez bico e eu ri. Minha pequena era foda.

Ela deu um sorriso derretido e olhou mais uma vez pra dentro de casa, calçou o chinelo e fechou a porta devagar só pra a velha não ouvir ela saindo.

A Ritinha foi pros braços da Aninha e fomos descendo a rua até a sorveteria da tia Nita.

Sol tava castigando maneiro, um sorvete agora ia ser da hora mesmo.

Sentamos e eu falei que podia pedir o que quisessem. A Ritinha pediu um sorvete completo, com tudo que tinha direito. Mas, a Aninha pediu um simples, dizendo que não queria abusar.

Eu não quis insistir, achava isso chato pra caralho então deixei.

— Olha dindo, uma cereja — falou e antes que eu pudesse falar alguma coisa ela colocou a cereja na minha boca.

— Qual foi, Ritinha! Gosta não? — perguntei mastigando e ela negou com a cabeça levando uma colherada de sorvete até a boca.

— Vai com calma, Rita. Assim você vai ficar com dor de cabeça — Aninha avisou e a Ritinha pegou leve.

Me ajeitei na cadeira ficando um pouco mais perto da Aninha. Ela me olhou e sorriu, coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e sussurrei em seu ouvido.

— Tu é linda demais — falei baixinho.

Segurei o seu queixo trazendo o rosto dela pra perto do meu, e quando nossos lábios estavam a poucos centímetros um do outro a Ritinha me puxou falando que queria outro sorvete.

— Porra, Maria Rita! — resmunguei pegando a minha carteira e a Aninha riu, rosto dela tava todo vermelhinho, cara.

Ela era linda demais, parceiro.

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