07. Alguém que a faça perder o fôlego

Por um instante, o som dos cavalos avançando pela estrada de terra foi a única coisa que se ouviu. Eduardo manteve o rosto impassível, mas seus dedos apertaram as rédeas com um pouco mais de força antes de responder:

— Eu acho que posso ser esse alguém. Creio que causei uma boa impressão.

A convicção em sua voz fez Max erguer uma sobrancelha, surpreso e levemente divertido.

— Ah, irmão… Sempre tão confiante. — Sua risada soou baixa e cheia de sarcasmo. — Talvez ela tenha ficado encantada com sua postura impecável e seu discurso sobre investimentos no Vale do Paraíba.

— Não subestime minha capacidade de impressionar uma mulher, Max — Eduardo rebateu, a paciência se esgotando. — Nem todas são atraídas por fanfarrões sem rumo.

Max inclinou a cabeça em uma falsa reverência.

— Touche, meu querido irmão. Mas aqui vai um conselho: se quer conquistar uma mulher como Cecília, precisará de muito mais do que boas maneiras e conversas sobre política e administração.

— E você se julga um especialista nisso? — Eduardo riu, sem humor.

— Eu sei o que elas desejam, mesmo quando ainda nem sabem o que querem de fato. — O tom de Max baixou para algo quase íntimo. — E, no caso da senhorita Monteiro de Alcântara, ela quer mais do que um marido correto.

— Você está enganado. Cecília é uma jovem responsável e de boa família — Eduardo afirmou, firme. — Ela quer a estabilidade e segurança de um bom casamento. E eu posso oferecer isso.

— Claro, e quem sou eu para duvidar? — Max ergueu as mãos em rendição fingida. — Mas, irmão, uma mulher pode querer estabilidade durante o dia… — Seu sorriso se alargou, malicioso. — …e algo muito diferente quando as luzes se apagam, acredite em mim.

Eduardo lançou-lhe um olhar severo, cansado desse jogo.

— Eu não estou interessado em suas teorias libertinas, Max. O que importa de fato é que esse casamento trará benefícios para as duas famílias.

Max suspirou, balançando a cabeça com falsa tristeza.

— Sempre o homem dos deveres e responsabilidades, não é? Que vida tediosa você escolheu para si.

— Alguém precisa levar isso a sério — Eduardo retrucou, o tom firme. — E, sinceramente, eu prefiro uma vida de propósito a vagar sem rumo entre taças de vinho e camas alheias.

Max deu de ombros, como se a crítica não lhe atingisse. E de fato, não lhe atingia.

— Cada um com suas prioridades. Eu prefiro aproveitar a vida em vez de me trancar em um escritório contando sacas de café.

— Um dia, isso vai te cobrar um preço — Eduardo avisou, em um tom quase profético.

Max sorriu de lado, mas, quando respondeu, seu tom foi mais sombrio:

— Alguns de nós já pagamos o preço, irmão. Apenas escolhemos lidar com isso de formas diferentes.

Por um breve momento, o silêncio voltou a se instalar entre eles, pesado e cheio de subtextos não ditos.

E enquanto Eduardo pensava no futuro que estava determinado a construir ao lado da bela, delicada e boa moça Cecília, Max não conseguia tirar da cabeça a lembrança dela — os lábios rosados em um sorriso inocente, os cabelos negros em contraste com a pele clara, o decote ousado demais para uma jovem de sua posição, e aquele brilho ingênuo nos olhos esverdeados que, por algum motivo, o fazia querer desafiá-la. Por Deus, o queria fazer era bem mais que desafiá-la.

Ele chacoalhou a cabeça, segurando as rédeas com mais força.

Afinal, por que ele sempre desejava o que não podia ter?

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