10. Um verdadeiro libertino

A luz dourada do entardecer tingia as ruas da cidade com um brilho quente e decadente. Para Maximiliano Vieira de Sá, aquilo era apenas o prenúncio de mais uma noite de excessos – e ele pretendia aproveitá-la em todos os sentidos.

No salão reservado do Clube do Progresso, um reduto exclusivo para homens ricos e poderosos, o som das risadas roucas se misturava ao tilintar de taças de cristal. O ambiente cheirava a tabaco caro, conhaque envelhecido e promessas ilícitas. Um lugar perfeito para um homem como Max.

Recostado em uma poltrona de couro, ele observava a movimentação com aquele seu sorriso ladino e confiante. Era um homem que chamava atenção sem precisar se esforçar para isso. O cabelo castanho levemente desalinhado, o maxilar firme sempre coberto por uma sombra de barba, e os olhos castanhos-escuros que pareciam brilhar com um convite silencioso para o pecado.

— Você perdeu, Max. — Antônio, seu primo e cúmplice de muitas aventuras, jogou as cartas sobre a mesa, revelando um jogo vencedor. — Eu avisei que sua sorte não duraria para sempre.

— Sorte nunca foi o que me sustentou, . — Antônio riu, inclinado na cadeira com a descontração de quem nunca se preocupou com nada na vida. — E você sabe bem disso.

Ele levantou a taça de conhaque aos lábios, o calor do álcool descendo pela garganta em um prazer conhecido. Mas seu verdadeiro interesse naquela noite estava no canto do salão.

A mulher mais bonita do recinto o observava com a ousadia de quem sabia exatamente o que queria. Morena, pele dourada, lábios carnudos pintados de um vermelho provocante. Ela usava um vestido de veludo verde, justo o bastante para sugerir cada curva voluptuosa que seu corpo tinha a oferecer.

— Maximiliano Vieira de Sá. — A voz dela chegou aos ouvidos dele como uma carícia. — Sempre ouvi dizer que você era um homem de muitos talentos. Será que eles são tão impressionantes quanto dizem?

Max sorriu devagar, deixando os olhos percorrerem cada centímetro daquela visão tentadora. Ele sabia como aquele jogo funcionava. E jogava como ninguém.

— Só há uma forma de descobrir, querida. — Sua voz saiu baixa, arrastada, carregada de intenções nada inocentes.

Com um movimento fluido, ele se levantou, deslizando a mão para pegar a dela, roçando os dedos com uma intimidade calculada. A eletricidade no toque fez os lábios dela se curvarem em um sorriso malicioso.

— Não me decepcione — sussurrou ela, puxando-o com firmeza para fora do salão, como se fosse ele quem estivesse sendo conduzido.

E Max adorava quando uma mulher tinha coragem de enfrentá-lo.

No corredor pouco iluminado, ele a prensou contra a parede sem cerimônias, seu corpo quente e firme pressionando o dela.

— Seu nome — murmurou contra sua pele enquanto seus lábios deslizavam pelo pescoço delicadamente exposto.

— Clara. — A respiração dela já estava entrecortada, os dedos cravando nos ombros dele.

— Clara… — Max repetiu o nome como se saboreasse cada sílaba, antes de deslizar a mão pela curva generosa da cintura dela. — Espero que não seja tão pura quanto o nome sugere.

Ela riu, a cabeça tombando para trás em um gesto de rendição provocativa.

— E eu espero que você seja tão pecador quanto sua fama diz.

Max respondeu com um beijo voraz, sem pressa, mas também sem delicadeza. Ele sabia o efeito que tinha nas mulheres – e usava isso ao seu favor sem a menor vergonha. Suas mãos firmes exploravam cada curva, arrancando dela suspiros que ecoavam pelo corredor vazio.

Quando se afastou o suficiente para encará-la, seus olhos brilhavam de puro desejo.

— Eu poderia levá-la para o meu apartamento, Clara… mas gosto mais da ideia de fazer você perder o fôlego aqui mesmo.

Ela arfou quando Max deslizou a mão por baixo do vestido, seus toques habilidosos a levando a um estado de perdição em questão de minutos. E ele aproveitava cada reação com um prazer quase cruel.

Era assim que ele vivia.

Mulheres belas. Noites longas. Nenhuma promessa de amanhã.

Max não acreditava em amor. Não depois de ter confiado na mulher errada — e quase ter perdido a própria vida por isso. Ele se envolveu com a amante de um poderoso contrabandista, sem saber quem ela realmente era. Durante meses, foi enredado pelas mentiras habilidosas dela, que o usava para encobrir os negócios ilícitos do amante. Quando a farsa foi descoberta, Max se viu no centro de uma vingança violenta. Por pouco não terminou com uma bala no peito em um beco escuro. Sobreviveu, mas não sem cicatrizes. Desde então, aprendeu a lição: mulheres eram belas armadilhas, e o amor? Apenas um risco que ele não estava disposto a correr novamente.

Mais tarde, quando deixou Clara adormecida na cama, Max se vestiu sem pressa, voltando ao clube para terminar a noite com mais uma rodada de conhaque.

— Outra conquista? — Antônio perguntou com uma risada seca ao vê-lo se aproximar.

— Mais uma — Max deu de ombros, como se fosse algo banal. E para ele, era.

Mas quando seu olhar vagou pelo salão, um flash inesperado cruzou sua mente: os olhos claros de Cecília Monteiro de Alcântara.

Ele xingou baixo, irritado com a própria lembrança. Cecília não era como as outras mulheres. Havia algo nela… algo que ele não deveria desejar.

Mas o desejo já estava ali. Quente. Insistente.

E se Maximiliano Vieira de Sá sabia de uma coisa, era que ele não era homem de resistir à tentação por muito tempo.

Principalmente quando a tentação tinha um nome, um noivo… e um gosto por perigo que ainda não descobrira.

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