No momento que eu abro a carta eu já começo a desabar vendo tudo o que tinha ali dentro, era os laudos de Paulo explicado um a um por ele, com suas palavras, cada papel que eu lia era como se fosse uma facada dentro de mim.
— O que eu vou te escrever agora não é nada fácil para mim, eu pensei muito em como iria te contar tudo durante esse um ano, fomos companheiros a vida toda e acredito que até o último suspiro da minha vida, eu não queria que nem você e nem Pedro sofresse durante meses antes de que eu partisse, já se lamentando em pensar que um dia eu não estaria mais ao lado de vocês, desde que descobri a minha doença que era um câncer no intestino, eu comecei a viver a minha vid
Eu choro muito, eu caio no chão por que eu perco as forças das minhas pernas, eu tremia e parecia que meu coração ia saltar para fora do corpo, era horrível tudo que eu estava sentindo, era ruim saber tudo que Paulo passou sozinho, guardando toda a sua dor para ele poder fazer dos últimos dias que eu e Pedro tínhamos ao seu lado os mais especiais e únicos, para que a gente pudesse ter as melhores lembranças dele.Eu queria gritar, eu queria sair correndo, eu queria esbravejar toda a dor que eu estava sentindo, mas eu fico aqui jogada no chão, segurando todos os papéis e encolhida em meu próprio corpo, chorando e chorando muito, nessa altura do campeonato eu não queria que ninguém me visse frágil dessa forma, mas era impossível não estar assim neste momento, eu não era que nem o Paulo que foi forte durante um ano de tratamento, um ano passando por toda essa doença sem falar nada.Meu coração parecia que ia sair fora do peito, a dor era tão grande, a porta é aberta e eu só conseguia cho
Algumas semanas depois...Após descobrir sobre a sua doença e ter recebido aquela carta, eu tinha me fechado ainda mais para tudo, a única pessoa capaz de me manter de cabeça erguida era meu filho, por ele eu era capaz de qualquer coisa, por mais que eu tivesse sofrendo e despedaçada por dentro, eu me sentia viva apenas pela sua existência. Eu acho que se eu não tivesse Pedro em minha vida, eu já teria partido com tanta dor e sofrimento.Eu já escutei que a dor não mata, mas eu sei que ela é capaz de matar. Eu me lancei de cabeça no trabalho e mesmo tendo a presença de Pietro frequente na empresa me atrapalhando e me atazanando, tudo fluía muito bem, as coleções eram um sucesso e estava preste a colocar mais uma filial no Brasil, mais um projeto que eu e Paulo sonhamos muito, eu estava disposta a tirar tudo que sonhamos do papel.Ainda existia muita coisa para ser revelada, principalmente sobre as cartas, se era com o tal garçom que ela estava e quem era as pessoas de confiança que P
Eu olho para Fernando que não esboçava nada, estava apenas sério e eu olho para Artur que estava da mesma forma.— Eu terei que aguentar Pietro? — eu pergunto — Vou ser presa? — eu começo a ficar nervosa — Por favor, fale algo.Ele me olha sério e pega alguns papéis na gaveta.— Pelo ao contrário — ele diz — Você está livre dele e do Murilo, o juiz acatou em sua defesa e anulou todos os contratos, você ainda irá processá-los pelo golpe que tentaram lhe dar — eu abro um sorriso e até agora, esse era um riso de felicidade. — Aliás, junto do setor de contabilidade eu consegui provar que o seu cunhado junto do advogado, fizeram retiradas da empresa em contas que foram abertas em nome de Paulo sem conhecimento dele, porque Paulo quando descobriu sobre a sua doença passou uma procuração — ele me entrega o papel da procuração — Assinatura de Paulo e as contas ainda continha o dinheiro e foram bloqueadas, sendo aberto um processo para que os dinheiro volte para as contas de origem.— O senhor
Eu deixo Fernando, Artur e o oficial de justiça esperando na porta de fora e entro para dentro da sala de Pietro, fazendo com que ele me olhe espantada junto de Murilo.— O que foi? — eu pergunto — Estão pensando que deveriam ter tirado o dinheiro antes? Porque agora as contas estão bloqueadas — eles arregalam os olhos.— Do que você está falando? — Pietro fala.— Que acabou Pietro! Acabou tudo, você não vai roubar mais nada… mais nada do seu irmão, meu ou da empresa — ele me encara e posso ver raiva em seus olhos. — Nem você e nem esse trouxa que você tem como advogado, que o Paulo confiou tantos anos— Trouxa? — Murilo fala— Incompetente também — eu falo sorrindo — Porque se soubesse fazer o seu trabalho direito, saberia que nesse exato momento o juiz acatou em minha defesa, o processo que eu movia contra vocês dois.— Você está blefando — Pietro fala.— Por favor Murilo, vá atrás dos seus contatos agora — eu falo — E dê a notícia pessoalmente para o seu cliente — os dois se encar
Alguns meses depois…Eu estou de alma lavada, aos poucos tudo ia se ajeitando dentro das empresas, Pietro e nem Murilo faziam mais parte disso tudo, agora eu preciso trilhar o meu caminho aqui dentro sozinha sempre pensando em Paulo.Eu tinha uma rede de apoio muito boa entre o meu advogado Artur, a minha amiga Adri, meu filho Pedro e o médico Fernando, eles me ajudam muito em tudo. As vezes eu me pergunto se essas pessoas tirando Pedro, sabia da morte de Paulo, mas depois vejo que é uma grande baboseira, Adri estava fora do país a anos, Fernando era apenas um médico e Artur um advogado que jamais ouviu falar em Paulo. Mas, sei que ele lá em cima me guiou para perto dessas pessoas.As investigações da morte de Paulo ainda rolam e sei que ainda tem muita coisa para acontecer, muitos mistérios para ser revelados, tem a mulher que procurou ele com o mesmo carro que ele saiu naquele dia de manhã, tem o escritório de advocacia que simplesmente não existe mais, tem o assassino e os motivos
Eu estou no escritório de Paulo e já era noite, eu passava horas aqui antes de dormir, parecia que eu o sentia perto toda vez que eu vinha aqui.— Mãe — Pedro fala entrando no escritório.— Oi!— Vamos dormir?— Eu já vou — eu respondo e ele olha para a porta do cofre aberta.— Fecha isso — ele fala — Você não pode mais ficar vindo aqui, te faz mal.— Eu estou bem — eu respondo.— Mãe — ele se aproxima — Eu não sou burro mãe e nem mais criança, sei o quanto você está sofrendo e muito — ele me estende a mão para que eu levante da cadeira. — Vem, vamos dormir.Eu não falo nada, apenas pego em sua mão e me levanto para ir com ele para fora do escritório, subo as escadas e ele me leva até o quarto.— A senhora não acha que está na hora de mexer nas coisas do papai? — ele pergunta — Está tudo exposto naquele quarto, em cima da cama, mexer no escritório, reformar ou até mesmo vender essa casa.— Não — eu falo.— Mãe! — ele diz — O papai vai estar presente em nossas vidas, em nossos corações
Eu ando pela frente da casa de um lado para o outro, eu tenho medo do que posso encontrar lá dentro, das respostas, de tudo.— Por favor, Paulo… — eu falo fechando os olhos. E quando eu os abro, vejo a porta da casa abrindo, era uma mulher alta, morena e bem-vestida.Ela mexia em seu celular enquanto andava em direção ao carro azul.— Bom dia — eu falo mais alto e aquela mulher me encara, com pânico em seu olhar.— Bom dia, como posso ajudar? — ela diz caminhando em minha direção.— Acho que podemos deixar as apresentações para depois, você sabe muito bem quem eu sou, aliás você buscou meu marido na manhã do seu assassinato e procurou ele dias depois em nossa casa, quando soube da morte dele foi embora — ela me olha — eu corri até você aquele dia, mas você saiu antes que eu chegasse a tempo, antes de me escutar. Me diz quem é você e porque você estava com meu marido naquela manhã? — eu a encaro e passo a mão no portão vendo que ele estava aberto, entro para dentro do seu pátio — Eu nã
Já é tarde, pego o número de Carol e saio sem rumo da sua casa, cada vez que eu descobria mais, que eu tentava ir mais a fundo nessa história, mas eu me destruía emocionalmente. Eu sei que Paulo não queria que eu sofresse a sua dor, mas era agoniante saber tudo que ele passou.Eu mando uma mensagem para Artur explicando para ele a situação e o número de Carol, peço para ele entrar em contato com o detetive e pedir proteção para ela, recebo a sua resposta dizendo que seria algo simples de conseguir e meu coração tranquiliza.(***)Eu entro dentro da sala de espera do Fernando e fico ali sentada naquela cadeira fria, perdida em meus pensamentos esperando que ele abra a porta, ele estava ali porque a porta da sala de espera estava aberta e não tinha recepcionista. Mas não sabia se ele estava com paciente ou não, toda vez que eu me sentia insegura, com medo, triste e acabada a única coisa que conseguia me fazer bem era falar com ele, porque eu sabia que ele estava ali para me entender e a