Eu estou no escritório de Paulo e já era noite, eu passava horas aqui antes de dormir, parecia que eu o sentia perto toda vez que eu vinha aqui.— Mãe — Pedro fala entrando no escritório.— Oi!— Vamos dormir?— Eu já vou — eu respondo e ele olha para a porta do cofre aberta.— Fecha isso — ele fala — Você não pode mais ficar vindo aqui, te faz mal.— Eu estou bem — eu respondo.— Mãe — ele se aproxima — Eu não sou burro mãe e nem mais criança, sei o quanto você está sofrendo e muito — ele me estende a mão para que eu levante da cadeira. — Vem, vamos dormir.Eu não falo nada, apenas pego em sua mão e me levanto para ir com ele para fora do escritório, subo as escadas e ele me leva até o quarto.— A senhora não acha que está na hora de mexer nas coisas do papai? — ele pergunta — Está tudo exposto naquele quarto, em cima da cama, mexer no escritório, reformar ou até mesmo vender essa casa.— Não — eu falo.— Mãe! — ele diz — O papai vai estar presente em nossas vidas, em nossos corações
Eu ando pela frente da casa de um lado para o outro, eu tenho medo do que posso encontrar lá dentro, das respostas, de tudo.— Por favor, Paulo… — eu falo fechando os olhos. E quando eu os abro, vejo a porta da casa abrindo, era uma mulher alta, morena e bem-vestida.Ela mexia em seu celular enquanto andava em direção ao carro azul.— Bom dia — eu falo mais alto e aquela mulher me encara, com pânico em seu olhar.— Bom dia, como posso ajudar? — ela diz caminhando em minha direção.— Acho que podemos deixar as apresentações para depois, você sabe muito bem quem eu sou, aliás você buscou meu marido na manhã do seu assassinato e procurou ele dias depois em nossa casa, quando soube da morte dele foi embora — ela me olha — eu corri até você aquele dia, mas você saiu antes que eu chegasse a tempo, antes de me escutar. Me diz quem é você e porque você estava com meu marido naquela manhã? — eu a encaro e passo a mão no portão vendo que ele estava aberto, entro para dentro do seu pátio — Eu nã
Já é tarde, pego o número de Carol e saio sem rumo da sua casa, cada vez que eu descobria mais, que eu tentava ir mais a fundo nessa história, mas eu me destruía emocionalmente. Eu sei que Paulo não queria que eu sofresse a sua dor, mas era agoniante saber tudo que ele passou.Eu mando uma mensagem para Artur explicando para ele a situação e o número de Carol, peço para ele entrar em contato com o detetive e pedir proteção para ela, recebo a sua resposta dizendo que seria algo simples de conseguir e meu coração tranquiliza.(***)Eu entro dentro da sala de espera do Fernando e fico ali sentada naquela cadeira fria, perdida em meus pensamentos esperando que ele abra a porta, ele estava ali porque a porta da sala de espera estava aberta e não tinha recepcionista. Mas não sabia se ele estava com paciente ou não, toda vez que eu me sentia insegura, com medo, triste e acabada a única coisa que conseguia me fazer bem era falar com ele, porque eu sabia que ele estava ali para me entender e a
— Bárbara — Fernando me chama enquanto eu caminho o mais rápido possível — Bárbara! - ele grita.— Por favor… — eu falo quando ele pega em meu braço, eu chorava muito, mas muito mesmo. — Eu não estou preparada para isso.— Por favor me perdoe, eu não deveria ter te beijado, não deveria ter insistido nisso — ele me olha — Mas é que… — a gente se encara — Eu não quero te forçar nada, eu não deveria ter feito nada.— Eu não estou preparada, para viver outro relacionamento — eu suspiro — E acho que não estarei tão cedo, não quero que você crie expectativa, eu gosto muito da sua companhia, você me faz bem, mas eu não posso! – ele limpa as lágrimas que desciam em meu rosto — Espero que você me entenda, você é um homem maravilhoso, mas… — eu abaixo a cabeça e depois levanto — Meu coração não está pronto, eu não estou pronta para ter uma pessoa na minha vida.— Eu te entendo e peço desculpa por ter te beijado, eu não quero misturar as coisas e muito menos deixar de estar ao seu lado, te apoia
— Marília! — eu falo me levantando — não esperava a sua visita tão cedo, já que a última notícia que eu tive, era que você não estava na cidade.— Sim, eu estava fora! Mas cheguei essa manhã e resolvi te fazer essa visita para saber como você está — eu a encaro e ela se aproxima me abraçando, eu respiro fundo e correspondo o seu abraço. — Você está bem? Parecer estranha.— Estou sim, estou só emocionada em estar aqui no escritório de Paulo — eu respondo.— Podemos sair e conversar lá fora —ela fala.— Não! — respondo rápido lembrando do celular que estava ali — Podemos conversar aqui, não tem problema. Eu fico emocionada, mas esse lugar me faz bem.— Eu entendo como você deve estar se sentindo, por isso eu vim até aqui, eu acho que não deveria ter me afastado tanto de você — ela fala — Ainda mais, depois que soube do que Pietro fez com você.— Eu agradeço a sua preocupação, vou pedir um café para nós — falo voltando para a mesa e pegou o celular — Vou mandar uma mensagem para ela para
Eu sabia que no momento que eu encontrasse Marília, eu não iria conseguir me segurar e eu não tinha medo de nada, a única coisa que eu queria era respostas, respostas sobre a morte do meu marido.— Você não deve estar bem, você está cansada, todos esses meses pensando sobre a morte de Paulo! Você já está delirando. Eu jamais mataria meu cunhado, eu jamais mataria ele! — Ela grita, achando que estou caindo no em seu pequeno circo.— Mataria sim! E sabe o porquê? — falo apontando para ela. — P or que você é gananciosa, não admite perder e no momento que Paulo soube sobre o seu envolvimento com Murilo, você sabia que ele tinha descoberto e que a sua casa iria cair, você perderia tudo.— Para Bárbara! – ela fala.— Você sabe que eu estou falando a verdade! Sabe que é verdade por que eu te conheço a muito tempo Marília, eu dividi a minha vida com você, os momentos tristes, alegres e você também. Te conheço como a palma da minha mão! Eu sei e sempre soube que você não casou com Pietro por a
— Isso é um engano — Marília fala — tudo isso é um engano! — ela olha para o investigador Vítor atrás dela.— Marilia Ferraz — ele fala pegando a algema. — Você está presa pelo assassinato de Paulo Barbosa.— Não , isso tudo é uma mentira, isso tudo é um mal entendido, eu não matei ele, eu falei na hora da raiva — ela tenta argumentar e fugir, mas ele a algema.— Por favor, para! — eu falo me aproximando dela — Você me disse todos os motivos por ter matado ele, você disse em alto bom tom, disse que veio até aqui para me matar, eu joguei a sua arma para fora da janela.— Você não tem como provar isso — ela fala.— Eu segui a dica do seu ex marido e meu cunhado, mandei religar todas as câmeras de segurança e principalmente a câmera de segurança do escritório e da biblioteca do meu marido — eu falo para ela. — Eu não sei onde está Murilo, mas ele vai ser preso também.— Você vai se arrepender por tudo isso, por tudo que você fez a vida toda — ela fala.— Eu não sei o que você quer que
O policial tira ela de dentro da sala e Artur entra no escritório ao lado de Fernando, eu e ele nos encaramos.— Você está bem? — o investigador pergunta.— Sim! — eu falo deixado as lágrimas descerem.— Eu sinto muito por toda essa descoberta — ele fala — Eu tomarei o depoimento dela, eu consegui a liminar para que a gravação fosse usada como prova — eu o encaro .— Obrigada.— Eu vou precisar fazer algumas perguntas e que você vá depor novamente na delegacia — eu assinto.— Claro — eu falo.— Mas pode ser amanhã — ele fala — Eu aguardo você lá.Eu me viro e vou até a mesa pegando a urna com as cinzas de Paulo a colocando novamente no cofre, em silêncio. Eu fecho a porta do cofre e coloco o quadro sobre e começo a chorar.Eu jamais imaginei que conhecer Marília, ter uma amizade com ela, faria que no futuro ela destruísse a minha vida, eu me abaixo e começo a chorar muito, eu tinha perdido toda a dureza e firmeza que eu tive até agora enquanto falava com ela.Eu olho para nossa foto e