— Isso é um engano — Marília fala — tudo isso é um engano! — ela olha para o investigador Vítor atrás dela.— Marilia Ferraz — ele fala pegando a algema. — Você está presa pelo assassinato de Paulo Barbosa.— Não , isso tudo é uma mentira, isso tudo é um mal entendido, eu não matei ele, eu falei na hora da raiva — ela tenta argumentar e fugir, mas ele a algema.— Por favor, para! — eu falo me aproximando dela — Você me disse todos os motivos por ter matado ele, você disse em alto bom tom, disse que veio até aqui para me matar, eu joguei a sua arma para fora da janela.— Você não tem como provar isso — ela fala.— Eu segui a dica do seu ex marido e meu cunhado, mandei religar todas as câmeras de segurança e principalmente a câmera de segurança do escritório e da biblioteca do meu marido — eu falo para ela. — Eu não sei onde está Murilo, mas ele vai ser preso também.— Você vai se arrepender por tudo isso, por tudo que você fez a vida toda — ela fala.— Eu não sei o que você quer que
O policial tira ela de dentro da sala e Artur entra no escritório ao lado de Fernando, eu e ele nos encaramos.— Você está bem? — o investigador pergunta.— Sim! — eu falo deixado as lágrimas descerem.— Eu sinto muito por toda essa descoberta — ele fala — Eu tomarei o depoimento dela, eu consegui a liminar para que a gravação fosse usada como prova — eu o encaro .— Obrigada.— Eu vou precisar fazer algumas perguntas e que você vá depor novamente na delegacia — eu assinto.— Claro — eu falo.— Mas pode ser amanhã — ele fala — Eu aguardo você lá.Eu me viro e vou até a mesa pegando a urna com as cinzas de Paulo a colocando novamente no cofre, em silêncio. Eu fecho a porta do cofre e coloco o quadro sobre e começo a chorar.Eu jamais imaginei que conhecer Marília, ter uma amizade com ela, faria que no futuro ela destruísse a minha vida, eu me abaixo e começo a chorar muito, eu tinha perdido toda a dureza e firmeza que eu tive até agora enquanto falava com ela.Eu olho para nossa foto e
Capítulo 59Algumas semanas passaram e as coisas estão se encaminhando, em breve faria um ano da morte de Paulo e eu tinha decidido que no dia que completar um ano, seria o dia que a gente jogaria as suas cinzas, o lugar seria onde de alguma forma eu receberia a sua última carta e só agora depois de quase um ano, eu entendi as palavras de Paulo durante a dança, a nossa última dança.Flashback on…— Do que você está falando? — Olho para ele sem entender. — Acontecer algo com você? — Ele passa a sua mão pelo meu rosto.— Você terá todas as respostas que irá precisar em forma de uma carta, lá onde o sol nasce e a gente… — ele me olha e eu encaro.Flashback off…Após a condenação de Marília e Murilo, fiquei mais tranquila. Meu coração parece que se acalmou e começou aceitar um pouco mais a ausência do Paulo na minha vida, ausência física, por que eu sei que ele sempre estaria presente na minha vida. Não digo que deixou de doer a sua falta, porque jamais vai deixar de ser doloroso não ter
— Eu não sei o que te dizer, isso tudo é muito difícil para mim! Me desculpe.— Eu sei que é, eu te entendo — ele fala — Mas é que eu não consigo mais esconder, nem mentir para mim mesmo o que eu sinto e eu não quero esconder de você o que eu sinto, quero ser sincero sobre os meus sentimentos, eu também não quero que isso atrapalhe a nossa amizade, a nossa relação que criamos até aqui.— Jamais iria atrapalhar — eu falo.— Mas você é uma mulher incrível, tem uma força enorme. Aprendi a te admirar, eu me acostumei com a sua presença, com o seu sorriso, com a sua forma de ser — ele se aproxima ainda mais de mim — Eu entendo porque Paulo era tão apaixonado por você e continua sendo, por que você é uma mulher encantadora. Eu penso em você o tempo todo, dia e noite, quando eu te vejo chorar é como se eu estivesse levando facadas em meu coração, porque tudo que eu quero é apenas te ver bem, com seu sorriso leve e encantador — ele passa a sua mão pelo seu rosto — Eu não queria , mas eu apre
Uma semana depois.Hoje era o dia do aniversário de Pedro e o dia que completava um ano da morte de Paulo, acordamos de manhã cedo e tomamos o café da manhã especial de aniversário do Pedro como era a tradição, como fazíamos todos os dias e todos os anos, só que dessa vez foi apenas eu e Pedro.Qual lugar melhor para jogar as cinzas de Paulo se não o lugar onde a gente deu o nosso primeiro beijo? Onde voltamos várias vezes durante a nossa vida para ver o sol de por. Cabo da Roca era o lugar mais ocidental de Portugal e o melhor lugar para ver o sol se pôr no meio de suas rochas sobre o mar. Adoramos esse lugar, quantas coisas vivemos aqui, quantos sonhos, quantas conversas tivemos e quantos sorrisos bobos.Pedro ainda estava no quarto do hotel e eu estava esperando ele, com a urna sobre minhas mãos e o barco já esperava para que fossemos até o alto mar, ver o pôr do sol e jogar as suas cinzas.Eu não sei como, mas eu sinto que eu receberia a carta dele a qualquer instante. Há um ano
A hora do sol se pôr ia chegando e a gente tentava se preparar emocionalmente, não era fácil, era uma segunda despedida. Agora era uma despedida mais leve, onde a gente ia entendendo o que a gente sentia, mas não menos dolorosa.— Bárbara — A voz dele soa atrás de mim e me viro.— Fernando? — falo olhando para ele e vejo que está com as mãos atrás dele — O que você está fazendo aqui?— Eu tenho uma coisa para você — ele fala tirando a mão de trás das suas costas e está segurando uma carta de Paulo na mão.— Co… como você tem isso?— Era eu quem estava com as cartas o tempo todo — ele fala e eu o encaro.— Você? — pergunto com mil coisas passando pela minha cabeça. — Por que você?— Quando Paulo passou pelo tratamento no hospital, eu fui o médico dele que equilibrou a situação toda. Eu não poderia te falar até então por que era segredo de paciente, eu acompanhei ele durante alguns meses, ele confiou em mim e entregou todas as cartas no dia da sua morte — eu o encaro — Peço desculpa por
Eu entrego a urna para Pedro que segura ela em suas mãos com todo cuidado, Fernando se afasta e se senta mais para trás de nós e apenas nos encara.Eu abro a carta lentamente porque sei que essa seria a última que eu iria receber dele, a última que ele escreveu para mim. Passo a mão pela sua assinatura, cheiro o papel por que eu sentia o seu cheiro e vejo a data em que a carta foi escrita, vejo que tinha sido no dia 17/05/2021, exatamente um ano atrás, no dia da sua morte. Ele sentiu tudo, ele sentiu que algo ruim aconteceria com ele nessa data e fez com que tudo se encaixasse da melhor forma possível.Eu abro a carta e quando começo a ler era como se eu escutasse a sua voz, era como se eu enxergasse ele na minha frente me falando o que estava escrito na carta.Querida Bárbara, eu escrevo essa carta no dia do aniversário do nosso filho, são 11h40 da manhã e você já me ligou várias vezes, já me deixou tantas mensagens, eu sei que sumi e não sei quando que você vai ler essa carta, não s
BônusPaulo Narrando17|05|2021 – Um ano atrás..Eu termino de escrever a última carta para Bárbara, eu encaro aquela carta escrita e deixo uma lagrima escorrer pelo meu rosto, eu nunca fui um homem de dar o braço a torcer para algo, mas na circunstância que está a minha vida e com tantos problemas, com essa doença horrível, eu decidi deixar tudo preparado. Eu não quero que quando chegar a hora que eu tenha que partir, Bárbara fique despreparada para continuar sem mim, nem ela e nem Pedro.Eu e Barbara sempre fomos uma pessoa só, o nosso amor era intenso de mais e eu não queria ter que deixar ela sozinha nesse mundo, é por isso que eu escolhi ao longo da minha caminhada no tratamento contra o câncer, algumas pessoas que poderiam auxiliá-la.— Aqui está — eu falo entregando as cinco cartas para o doutor Fernando — Todas com as datas estabelecidas para entregar.— Eu espero que eu não tenha que entregá-las — Fernando fala — Porque eu acredito que você vai ainda viver muito, você sabe o