— Eu preciso que você veja isso — eu falo quando entramos em uma sala reservada.
— Deixa eu ver — ele diz pegando meu celular.
— Você consegue me explicar? — eu pergunto para ele.
— Sim — ele fala — Será que conseguimos um café?
— Eu vou buscar — eu falo.
Eu saio abrindo a porta e vou até a máquina de café que havia no salão e pego um café, quando estou voltando para a sala encontro Fernando entrando na sala.
— Eu tive que ir ao banheiro — ele fala
Capítulo 40Fernando tinha me acalmado junto de Adri, eu sentia Pedro observando o meu estado o tempo todo, eu tomo um copo de água gelada antes de subir no palco, mas confesso que não conseguia olhar para Pietro e Murilo, no meio de todas aquelas pessoas.Confesso que depois de saber que aquele garçom esteve aqui e entregou a carta para Aline, eu já comecei a ficar confusa e eu sabia que todas as respostas das minhas dúvidas neste momento, estariam naquela quarta carta e que eu precisava me manter calma durante o evento para ler ela após.— Boa noite — eu falo quando pego o microfone e sorrio — Eu quero agradecer a presença de todos no primeiro evento oficial da Evive Decor, esse é um projeto que eu desenvolvi co
Capítulo 41No momento que eu abro a carta eu já começo a desabar vendo tudo o que tinha ali dentro, era os laudos de Paulo explicado um a um por ele, com suas palavras, cada papel que eu lia era como se fosse uma facada dentro de mim.— O que eu vou te escrever agora não é nada fácil para mim, eu pensei muito em como iria te contar tudo durante esse um ano, fomos companheiros a vida toda e acredito que até o último suspiro da minha vida, eu não queria que nem você e nem Pedro sofresse durante meses antes de que eu partisse, já se lamentando em pensar que um dia eu não estaria mais ao lado de vocês, desde que descobri a minha doença que era um câncer no intestino, eu comecei a viver a minha vid
Eu choro muito, eu caio no chão por que eu perco as forças das minhas pernas, eu tremia e parecia que meu coração ia saltar para fora do corpo, era horrível tudo que eu estava sentindo, era ruim saber tudo que Paulo passou sozinho, guardando toda a sua dor para ele poder fazer dos últimos dias que eu e Pedro tínhamos ao seu lado os mais especiais e únicos, para que a gente pudesse ter as melhores lembranças dele.Eu queria gritar, eu queria sair correndo, eu queria esbravejar toda a dor que eu estava sentindo, mas eu fico aqui jogada no chão, segurando todos os papéis e encolhida em meu próprio corpo, chorando e chorando muito, nessa altura do campeonato eu não queria que ninguém me visse frágil dessa forma, mas era impossível não estar assim neste momento, eu não era que nem o Paulo que foi forte durante um ano de tratamento, um ano passando por toda essa doença sem falar nada.Meu coração parecia que ia sair fora do peito, a dor era tão grande, a porta é aberta e eu só conseguia cho
Algumas semanas depois...Após descobrir sobre a sua doença e ter recebido aquela carta, eu tinha me fechado ainda mais para tudo, a única pessoa capaz de me manter de cabeça erguida era meu filho, por ele eu era capaz de qualquer coisa, por mais que eu tivesse sofrendo e despedaçada por dentro, eu me sentia viva apenas pela sua existência. Eu acho que se eu não tivesse Pedro em minha vida, eu já teria partido com tanta dor e sofrimento.Eu já escutei que a dor não mata, mas eu sei que ela é capaz de matar. Eu me lancei de cabeça no trabalho e mesmo tendo a presença de Pietro frequente na empresa me atrapalhando e me atazanando, tudo fluía muito bem, as coleções eram um sucesso e estava preste a colocar mais uma filial no Brasil, mais um projeto que eu e Paulo sonhamos muito, eu estava disposta a tirar tudo que sonhamos do papel.Ainda existia muita coisa para ser revelada, principalmente sobre as cartas, se era com o tal garçom que ela estava e quem era as pessoas de confiança que P
Eu olho para Fernando que não esboçava nada, estava apenas sério e eu olho para Artur que estava da mesma forma.— Eu terei que aguentar Pietro? — eu pergunto — Vou ser presa? — eu começo a ficar nervosa — Por favor, fale algo.Ele me olha sério e pega alguns papéis na gaveta.— Pelo ao contrário — ele diz — Você está livre dele e do Murilo, o juiz acatou em sua defesa e anulou todos os contratos, você ainda irá processá-los pelo golpe que tentaram lhe dar — eu abro um sorriso e até agora, esse era um riso de felicidade. — Aliás, junto do setor de contabilidade eu consegui provar que o seu cunhado junto do advogado, fizeram retiradas da empresa em contas que foram abertas em nome de Paulo sem conhecimento dele, porque Paulo quando descobriu sobre a sua doença passou uma procuração — ele me entrega o papel da procuração — Assinatura de Paulo e as contas ainda continha o dinheiro e foram bloqueadas, sendo aberto um processo para que os dinheiro volte para as contas de origem.— O senhor
Eu deixo Fernando, Artur e o oficial de justiça esperando na porta de fora e entro para dentro da sala de Pietro, fazendo com que ele me olhe espantada junto de Murilo.— O que foi? — eu pergunto — Estão pensando que deveriam ter tirado o dinheiro antes? Porque agora as contas estão bloqueadas — eles arregalam os olhos.— Do que você está falando? — Pietro fala.— Que acabou Pietro! Acabou tudo, você não vai roubar mais nada… mais nada do seu irmão, meu ou da empresa — ele me encara e posso ver raiva em seus olhos. — Nem você e nem esse trouxa que você tem como advogado, que o Paulo confiou tantos anos— Trouxa? — Murilo fala— Incompetente também — eu falo sorrindo — Porque se soubesse fazer o seu trabalho direito, saberia que nesse exato momento o juiz acatou em minha defesa, o processo que eu movia contra vocês dois.— Você está blefando — Pietro fala.— Por favor Murilo, vá atrás dos seus contatos agora — eu falo — E dê a notícia pessoalmente para o seu cliente — os dois se encar
Alguns meses depois…Eu estou de alma lavada, aos poucos tudo ia se ajeitando dentro das empresas, Pietro e nem Murilo faziam mais parte disso tudo, agora eu preciso trilhar o meu caminho aqui dentro sozinha sempre pensando em Paulo.Eu tinha uma rede de apoio muito boa entre o meu advogado Artur, a minha amiga Adri, meu filho Pedro e o médico Fernando, eles me ajudam muito em tudo. As vezes eu me pergunto se essas pessoas tirando Pedro, sabia da morte de Paulo, mas depois vejo que é uma grande baboseira, Adri estava fora do país a anos, Fernando era apenas um médico e Artur um advogado que jamais ouviu falar em Paulo. Mas, sei que ele lá em cima me guiou para perto dessas pessoas.As investigações da morte de Paulo ainda rolam e sei que ainda tem muita coisa para acontecer, muitos mistérios para ser revelados, tem a mulher que procurou ele com o mesmo carro que ele saiu naquele dia de manhã, tem o escritório de advocacia que simplesmente não existe mais, tem o assassino e os motivos
Eu estou no escritório de Paulo e já era noite, eu passava horas aqui antes de dormir, parecia que eu o sentia perto toda vez que eu vinha aqui.— Mãe — Pedro fala entrando no escritório.— Oi!— Vamos dormir?— Eu já vou — eu respondo e ele olha para a porta do cofre aberta.— Fecha isso — ele fala — Você não pode mais ficar vindo aqui, te faz mal.— Eu estou bem — eu respondo.— Mãe — ele se aproxima — Eu não sou burro mãe e nem mais criança, sei o quanto você está sofrendo e muito — ele me estende a mão para que eu levante da cadeira. — Vem, vamos dormir.Eu não falo nada, apenas pego em sua mão e me levanto para ir com ele para fora do escritório, subo as escadas e ele me leva até o quarto.— A senhora não acha que está na hora de mexer nas coisas do papai? — ele pergunta — Está tudo exposto naquele quarto, em cima da cama, mexer no escritório, reformar ou até mesmo vender essa casa.— Não — eu falo.— Mãe! — ele diz — O papai vai estar presente em nossas vidas, em nossos corações