O carro deslizava pelas ruas silenciosas. Mariana olhava pela janela, observando as luzes da cidade passando rapidamente. O brilho da noite não conseguia acalmar a turbulência que sentia por dentro.
Gabriel dirigia com a mesma calma e controle de sempre, as mãos firmes no volante, sem perder o foco. Ele era Dr. Alencar, o médico conhecido por sua frieza e precisão, mas agora estavam indo para um lugar que ela nem sabia ao certo onde era. Seu estômago revirava de ansiedade. O que estou fazendo aqui? A pergunta ecoava em sua mente, mas a resposta parecia distante. Algo nele a atraía, algo além do simples mistério. — Pra onde estamos indo? — perguntou, quebrando o silêncio. Gabriel lançou um rápido olhar para ela, um sorriso leve surgindo em seus lábios. — Para um lugar onde possamos conversar sem interrupções. O silêncio voltou, mas Mariana não conseguia se acalmar. Ela estava exausta das últimas semanas. As fofocas, o estresse, a traição de Lucas ainda pairando em sua mente, misturando-se ao desejo por algo inesperado. Talvez fosse isso que ela precisasse: algo diferente, algo que a tirasse daquilo que conhecia. Gabriel era exatamente isso. Alguns minutos depois, Gabriel entrou no estacionamento subterrâneo de um prédio de alto padrão. Mariana observou enquanto o carro descia suavemente a rampa, passando por colunas de mármore e luzes indiretas que iluminavam o ambiente com uma elegância discreta. Gabriel estacionou em uma vaga privativa, o que apenas reforçava a sensação de controle que ele sempre exalava. Ele saiu do carro com passos calculados e abriu a porta para ela. — Vamos? — perguntou ele, a voz baixa, mas firme. Ela hesitou por um segundo. Cada parte do seu corpo gritava para sair dali, mas algo a impelia a seguir em frente. Algo no jeito dele, na mistura de mistério e confiança, a atraía. Por mais que tentasse racionalizar, ela não conseguia resistir. Subiram até o apartamento em silêncio, e ao entrar, Mariana foi tomada pela sofisticação do ambiente. Era elegante e minimalista, refletindo a personalidade de Gabriel: controlado, sem exageros, mas claramente luxuoso. — Café? Ou prefere algo mais forte? — perguntou ele, pegando duas taças. — Algo mais forte, eu acho. Gabriel serviu o vinho com precisão, entregando a taça sem pressa. Mariana sentiu o calor do vinho se espalhar por seu corpo enquanto observava o ambiente ao redor. O silêncio entre eles era pesado, mas não desconfortável. No fundo, ela sabia que aquela era uma pausa antes de algo maior. Mariana sentiu o ambiente pesado. O silêncio entre eles parecia amplificar a tensão que ela carregava nos ombros. Tentando aliviar o nervosismo, ela lançou uma provocação, sua voz carregada de uma confiança que ela própria não sentia. — Parece que você já está acostumado a esse tipo de encontro — disse ela, com um tom levemente desafiador, tentando quebrar a tensão que pairava no ar. Gabriel ergueu os olhos para ela, um sorriso discreto surgindo nos lábios, mas sem deixar muito claro o que estava pensando. Seu olhar intenso fazia com que Mariana sentisse que ele a enxergava de uma maneira mais profunda, mais íntima. — Acostumado? — repetiu ele, sem negar ou confirmar, mantendo o mistério que o cercava. Mariana esperava que ele fosse mais direto, talvez previsível, mas aquela resposta vaga só a fez perceber que Gabriel era diferente. Ele não era alguém que se deixava ler facilmente. Ela riu, tentando manter o controle da situação. — Achei que você fosse mais previsível — comentou, sorrindo de lado, intrigada pela complexidade de Gabriel. Gabriel não respondeu. O silêncio que voltou a se instalar entre eles não era desconfortável. Pelo contrário, a tensão se intensificava, e Mariana sabia que algo mais estava prestes a acontecer. De repente, ele se aproximou, os passos lentos. Mariana não pensou duas vezes. Ela o puxou pela gola da camisa e o beijou. Gabriel retribuiu no mesmo instante, e a intensidade que ele exibia no hospital desapareceu, dando lugar a uma urgência crua. Ele a pressionou contra a parede, suas mãos explorando seu corpo com firmeza. Cada toque dele parecia calculado, preciso, como se soubesse exatamente como arrancar cada suspiro de seus lábios. Quando se separaram para respirar, os olhos de Gabriel estavam ferozes. — Você não faz ideia do que está começando — murmurou ele, antes de puxá-la novamente para si. Mariana não teve tempo de responder. Gabriel a conduziu para o quarto, e a intensidade só aumentava a cada passo. O controle dele era absoluto, e ela se sentia quase hipnotizada por isso. O quarto refletia o restante do apartamento: sofisticado, minimalista, sem excessos. Gabriel a empurrou suavemente contra a cama, e Mariana o seguiu, sem hesitação. O desejo nos olhos dele era inconfundível, e ela se entregou completamente. Cada toque parecia cuidadosamente planejado. Gabriel não dava espaço para dúvidas, não deixava margens para que Mariana recuperasse o controle. Ele sabia exatamente o que estava fazendo, e Mariana se sentia incapaz de resistir. No final, ambos estavam ofegantes. Gabriel se afastou por um momento, apoiando-se na beirada da cama. Ele não parecia arrependido, nem hesitante, apenas satisfeito, como se tudo tivesse saído conforme o esperado. Mariana se ajeitou ao lado dele, ainda processando o que acabara de acontecer. Ela olhou para ele, esperando qualquer sinal de arrependimento ou hesitação, mas Gabriel permanecia o mesmo, sereno e calmo, como se nada tivesse mudado. Ele se levantou da cama, a expressão inabalável. Não havia sinais de hesitação ou arrependimento. Ele pegou as chaves do carro e verificou o relógio, como se o tempo tivesse corrido conforme o planejado. Vestiu-se com a mesma calma de sempre, sem sequer olhar para Mariana. — Tenho que estar no hospital cedo amanhã. — A voz dele era prática, sem deixar espaço para mais perguntas. Para ele, aquilo já tinha se resolvido. Mariana se ajeitou na cama, observando-o por um momento. Não havia nada naquele olhar que sugerisse que ele estava refletindo sobre o que acabara de acontecer. Ele parecia satisfeito, mas distante, como se já estivesse mentalmente em outro lugar. Ela puxou o lençol para cobrir o corpo, mas o fez mais por hábito do que por constrangimento. A noite havia sido o que ela queria, sem arrependimentos. Contudo, ao vê-lo tão distante e focado em algo completamente alheio àquele momento, uma pequena dúvida surgiu. Seria ele sempre assim? Tão inatingível, tão impenetrável? Ele caminhou até a porta, pronto para sair, mas antes de deixá-la, murmurou, quase como um comentário casual: — Espero que tenha resolvido o que precisava. Sem olhar para trás, Gabriel saiu do quarto, deixando Mariana sozinha com seus pensamentos. Não demorou muito para que ela decidisse ir embora também. A noite havia sido intensa, mas não havia espaço para mais nada. Pegou suas coisas e saiu do apartamento, voltando para casa.Mariana acordou cedo, o corpo ainda pesado do dia anterior. A noite com Gabriel já era passado. Sem arrependimentos, apenas uma sensação de desconforto por saber que as coisas entre eles ficaram sem resolução. Sua prioridade, no entanto, era a reunião com Matheus Vilela, o CEO que estava procurando uma cuidadora para sua mãe. Vestida de forma simples, mas adequada, Mariana se preparou para o compromisso. O trabalho extra parecia a solução para os problemas financeiros que se acumulavam. Chegou ao prédio de Matheus focada: precisava daquele dinheiro. Ao entrar na sala de reuniões, foi surpreendida ao ver Gabriel, distraído com o celular, sentado no canto da sala. Ele mal levantou os olhos quando ela entrou. Mariana tentou ignorar o desconforto e se concentrar. — Mariana, obrigado por vir. — Matheus sorriu ao cumprimentá-la. Ele era jovem, com uma postura confiante e traços fortes. Havia algo nele que chamava atenção, um controle natural sobre as situações. — Como sabe, estou
Mariana acordou cedo, sentindo o peso da responsabilidade nos ombros. O dia seria longo, e seu pai continuava dormindo no quarto ao lado. Desde que ele havia se afundado em problemas, a vida de Mariana se transformara em uma batalha constante. As contas nunca paravam de chegar, e ela sabia que não podia contar com ele para ajudar. Passou pela porta do quarto dele. A respiração pesada e o som do ventilador de teto eram os únicos ruídos. Havia dias que ele mal saía da cama. Mariana sabia que precisava focar no trabalho, já que as preocupações em casa não davam trégua. O segundo emprego como cuidadora de Dona Elisa era sua chance de aliviar um pouco o aperto financeiro. Na cozinha, preparou um café rápido. O olhar perdido na janela enquanto pensava nas contas que ainda precisavam ser pagas. Respirou fundo. Sabia que a jornada seria longa. Depois de ajeitar a casa e terminar as pequenas tarefas, ela se preparou mentalmente para a noite de trabalho. Às 18h, Mariana já estava pront
Mariana mal teve tempo de processar a presença de Gabriel quando ele a puxou para si com uma força controlada, mas irresistível. O toque urgente de Gabriel a fez esquecer qualquer pensamento racional. O desejo tomou conta de ambos.Ele a empurrou contra a parede, os olhos fixos nos dela, a respiração pesada. Sem uma palavra, Gabriel avançou. Suas mãos exploraram cada parte de seu corpo com uma fome que Mariana nunca havia sentido antes.Os lábios dele encontraram os dela de forma feroz. Não havia suavidade, apenas a explosão de um desejo contido. Mariana retribuiu o beijo com a mesma intensidade, suas mãos agarrando a camisa de Gabriel, puxando-o para mais perto.Ele a pressionou ainda mais contra a parede, seu corpo forte moldando-se ao dela. As mãos de Gabriel eram firmes, e ele sabia exatamente o que fazia. O controle que ele tinha sobre a situação era absoluto, e Mariana gostava disso.O quarto, que antes parecia frio e funcional, agora se tornava um cenário de caos e calor. Gabri
Quando estava prestes a sair, o celular vibrou sobre a mesa. Pegou o telefone sem muita expectativa, mas seu coração disparou ao ver o nome na tela.Era uma mensagem de seu pai.Franziu a testa. Mensagens do pai eram raras, especialmente àquela hora. Ao abrir a notificação, as palavras na tela a fizeram congelar no lugar."Mariana, eles me encontraram. Estão ameaçando ir atrás de você se eu não pagar. Não posso perder você. Por favor, me ajuda!"Ela leu e releu a mensagem, o coração acelerando e a respiração ficando irregular. A realidade da ameaça pairava diante dela como uma nuvem densa. O que seu pai havia feito desta vez? As apostas? As dívidas? O desespero subiu à garganta, sufocando-a. Agora, o perigo não era apenas uma possibilidade distante; era iminente.Sem pensar muito, ela apanhou a bolsa e saiu do apartamento de Gabriel apressada, o som de seus saltos ecoando pelos corredores vazios. O ar da noite era fresco, mas ela mal sentia enquanto seu corpo inteiro era tomado por um
Às 19h em ponto, Mariana tocou a campainha da mansão dos Vilela. As luzes externas iluminavam a fachada imponente, conferindo um ar ainda mais grandioso ao local. Embora já estivesse acostumada com a sofisticação daquela casa, sempre sentia um frio na barriga ao passar pela imensa porta de entrada.Dessa vez, foi Matheus quem a recebeu.— Boa noite, Mariana — disse ele, com um sorriso discreto, mas atencioso. — Minha mãe teve um dia tranquilo, mas as noites, como sempre, são mais agitadas.— Boa noite, Sr. Vilela. — Mariana sorriu, tentando manter o tom profissional. — Pode deixar que eu cuido dela.— Eu sei que sim — ele respondeu, observando-a por um breve momento, antes de gesticular para que ela entrasse.Mariana se dirigiu ao quarto de Dona Elisa, e Matheus a seguiu em silêncio. Ao chegarem, encontraram a idosa sentada na poltrona perto da janela, o olhar distante, mas sereno. Mariana começou a conversar com ela suavemente, preparando o ambiente para que a senhora se sentisse m
O relógio marcava 7h30 da manhã quando Mariana entrou no hospital. O ritmo frenético do bloco cirúrgico já era evidente. Médicos e enfermeiros andavam de um lado para o outro, cada um cumprindo suas funções com precisão. Ela sabia que seu turno seria longo, mas a intensidade do trabalho ali sempre a mantinha alerta.Após a troca de plantão, Mariana começou a revisar os prontuários dos pacientes. A cirurgia mais delicada do dia estava marcada para a sala 3 — remoção de um tumor cerebral. Sem perder tempo, ela começou a organizar o espaço, preparando tudo para a chegada do Dr. Gabriel Alencar, o neurocirurgião responsável pelo procedimento.Enquanto verificava os equipamentos, sentiu uma leve agitação na sala. Gabriel havia acabado de entrar. Mariana o percebeu imediatamente, mas não levantou o olhar. Ele caminhou com passos firmes até o centro da sala, passando instruções precisas à equipe. Sua voz era firme e segura, e ele parecia completamente focado no trabalho. Mas havia algo no
Mariana terminou de organizar os prontuários e deu uma rápida olhada no relógio. O plantão estava prestes a acabar, e a expectativa do evento à noite começava a crescer dentro dela.Gabriel ainda estava na sala de cirurgia, mas ela sentia que ele a observava de vez em quando, como se a tensão entre eles estivesse se acumulando a cada momento.Assim que a equipe começou a se dispersar, Mariana aproveitou para dar um último toque nos equipamentos. Gabriel saiu da sala, ainda com a máscara no rosto, e se dirigiu a ela.— Bom trabalho hoje — disse ele, com um tom neutro. — O paciente está estável.Mariana sorriu, satisfeita com o reconhecimento.— Obrigada, Dr. Alencar. Fiz minha parte, mas a equipe trabalhou bem em conjunto.Ele a observou por um momento, um leve aceno de aprovação surgindo.— É bom ouvir isso. Vamos continuar assim.Com isso, ele se despediu e saiu, deixando Mariana sozinha com seus pensamentos. Ela respirou fundo, tentando afastar os sentimentos confusos que ele desper
— Está acompanhando o Lucas, suponho? — disse Gabriel, com a voz baixa, mas firme, aproximando-se devagar. Mariana, surpresa com a presença dele ali, hesitou por um momento antes de responder. — Estou... mas não é como você está pensando — disse ela, tentando explicar. Gabriel a encarou, com um leve sorriso frio no canto dos lábios. — Eu não penso, Mariana. Eu só observo. A resposta dele a deixou sem palavras. Era típico de Gabriel não se envolver emocionalmente, apenas assistir de longe, sem revelar muito. Ele se aproximou um pouco mais, ficando perigosamente perto dela. — Você parece desconfortável — comentou ele, quase casualmente, mas sem desviar o olhar. Mariana sentiu o calor subir ao rosto. Havia algo na maneira como ele a observava, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo, mas preferisse deixar as palavras não ditas. — Talvez — respondeu ela, tentando manter a compostura. Gabriel não disse mais nada. Ficou ali por alguns segundos, observando-a de