2 - Além do Controle

O carro deslizava pelas ruas silenciosas. Mariana olhava pela janela, observando as luzes da cidade passando rapidamente. O brilho da noite não conseguia acalmar a turbulência que sentia por dentro.

Gabriel dirigia com a mesma calma e controle de sempre, as mãos firmes no volante, sem perder o foco. Ele era Dr. Alencar, o médico conhecido por sua frieza e precisão, mas agora estavam indo para um lugar que ela nem sabia ao certo onde era.

Seu estômago revirava de ansiedade. O que estou fazendo aqui? A pergunta ecoava em sua mente, mas a resposta parecia distante. Algo nele a atraía, algo além do simples mistério.

— Pra onde estamos indo? — perguntou, quebrando o silêncio.

Gabriel lançou um rápido olhar para ela, um sorriso leve surgindo em seus lábios.

— Para um lugar onde possamos conversar sem interrupções.

O silêncio voltou, mas Mariana não conseguia se acalmar. Ela estava exausta das últimas semanas. As fofocas, o estresse, a traição de Lucas ainda pairando em sua mente, misturando-se ao desejo por algo inesperado. Talvez fosse isso que ela precisasse: algo diferente, algo que a tirasse daquilo que conhecia. Gabriel era exatamente isso.

Alguns minutos depois, Gabriel entrou no estacionamento subterrâneo de um prédio de alto padrão. Mariana observou enquanto o carro descia suavemente a rampa, passando por colunas de mármore e luzes indiretas que iluminavam o ambiente com uma elegância discreta.

Gabriel estacionou em uma vaga privativa, o que apenas reforçava a sensação de controle que ele sempre exalava.

Ele saiu do carro com passos calculados e abriu a porta para ela.

— Vamos? — perguntou ele, a voz baixa, mas firme.

Ela hesitou por um segundo. Cada parte do seu corpo gritava para sair dali, mas algo a impelia a seguir em frente. Algo no jeito dele, na mistura de mistério e confiança, a atraía. Por mais que tentasse racionalizar, ela não conseguia resistir.

Subiram até o apartamento em silêncio, e ao entrar, Mariana foi tomada pela sofisticação do ambiente. Era elegante e minimalista, refletindo a personalidade de Gabriel: controlado, sem exageros, mas claramente luxuoso.

— Café? Ou prefere algo mais forte? — perguntou ele, pegando duas taças.

— Algo mais forte, eu acho.

Gabriel serviu o vinho com precisão, entregando a taça sem pressa. Mariana sentiu o calor do vinho se espalhar por seu corpo enquanto observava o ambiente ao redor. O silêncio entre eles era pesado, mas não desconfortável. No fundo, ela sabia que aquela era uma pausa antes de algo maior.

Mariana sentiu o ambiente pesado. O silêncio entre eles parecia amplificar a tensão que ela carregava nos ombros. Tentando aliviar o nervosismo, ela lançou uma provocação, sua voz carregada de uma confiança que ela própria não sentia.

— Parece que você já está acostumado a esse tipo de encontro — disse ela, com um tom levemente desafiador, tentando quebrar a tensão que pairava no ar.

Gabriel ergueu os olhos para ela, um sorriso discreto surgindo nos lábios, mas sem deixar muito claro o que estava pensando. Seu olhar intenso fazia com que Mariana sentisse que ele a enxergava de uma maneira mais profunda, mais íntima.

— Acostumado? — repetiu ele, sem negar ou confirmar, mantendo o mistério que o cercava.

Mariana esperava que ele fosse mais direto, talvez previsível, mas aquela resposta vaga só a fez perceber que Gabriel era diferente. Ele não era alguém que se deixava ler facilmente.

Ela riu, tentando manter o controle da situação.

— Achei que você fosse mais previsível — comentou, sorrindo de lado, intrigada pela complexidade de Gabriel.

Gabriel não respondeu. O silêncio que voltou a se instalar entre eles não era desconfortável. Pelo contrário, a tensão se intensificava, e Mariana sabia que algo mais estava prestes a acontecer.

De repente, ele se aproximou, os passos lentos. Mariana não pensou duas vezes. Ela o puxou pela gola da camisa e o beijou. Gabriel retribuiu no mesmo instante, e a intensidade que ele exibia no hospital desapareceu, dando lugar a uma urgência crua.

Ele a pressionou contra a parede, suas mãos explorando seu corpo com firmeza. Cada toque dele parecia calculado, preciso, como se soubesse exatamente como arrancar cada suspiro de seus lábios.

Quando se separaram para respirar, os olhos de Gabriel estavam ferozes.

— Você não faz ideia do que está começando — murmurou ele, antes de puxá-la novamente para si.

Mariana não teve tempo de responder. Gabriel a conduziu para o quarto, e a intensidade só aumentava a cada passo. O controle dele era absoluto, e ela se sentia quase hipnotizada por isso.

O quarto refletia o restante do apartamento: sofisticado, minimalista, sem excessos. Gabriel a empurrou suavemente contra a cama, e Mariana o seguiu, sem hesitação. O desejo nos olhos dele era inconfundível, e ela se entregou completamente.

Cada toque parecia cuidadosamente planejado. Gabriel não dava espaço para dúvidas, não deixava margens para que Mariana recuperasse o controle. Ele sabia exatamente o que estava fazendo, e Mariana se sentia incapaz de resistir.

No final, ambos estavam ofegantes. Gabriel se afastou por um momento, apoiando-se na beirada da cama. Ele não parecia arrependido, nem hesitante, apenas satisfeito, como se tudo tivesse saído conforme o esperado.

Mariana se ajeitou ao lado dele, ainda processando o que acabara de acontecer. Ela olhou para ele, esperando qualquer sinal de arrependimento ou hesitação, mas Gabriel permanecia o mesmo, sereno e calmo, como se nada tivesse mudado.

Ele se levantou da cama, a expressão inabalável. Não havia sinais de hesitação ou arrependimento. Ele pegou as chaves do carro e verificou o relógio, como se o tempo tivesse corrido conforme o planejado. Vestiu-se com a mesma calma de sempre, sem sequer olhar para Mariana.

— Tenho que estar no hospital cedo amanhã. — A voz dele era prática, sem deixar espaço para mais perguntas. Para ele, aquilo já tinha se resolvido.

Mariana se ajeitou na cama, observando-o por um momento. Não havia nada naquele olhar que sugerisse que ele estava refletindo sobre o que acabara de acontecer. Ele parecia satisfeito, mas distante, como se já estivesse mentalmente em outro lugar.

Ela puxou o lençol para cobrir o corpo, mas o fez mais por hábito do que por constrangimento. A noite havia sido o que ela queria, sem arrependimentos.

Contudo, ao vê-lo tão distante e focado em algo completamente alheio àquele momento, uma pequena dúvida surgiu. Seria ele sempre assim? Tão inatingível, tão impenetrável?

Ele caminhou até a porta, pronto para sair, mas antes de deixá-la, murmurou, quase como um comentário casual:

— Espero que tenha resolvido o que precisava.

Sem olhar para trás, Gabriel saiu do quarto, deixando Mariana sozinha com seus pensamentos. Não demorou muito para que ela decidisse ir embora também. A noite havia sido intensa, mas não havia espaço para mais nada. Pegou suas coisas e saiu do apartamento, voltando para casa.

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