3 - Encontro Inesperado

Mariana acordou cedo, o corpo ainda pesado do dia anterior. A noite com Gabriel já era passado.

Sem arrependimentos, apenas uma sensação de desconforto por saber que as coisas entre eles ficaram sem resolução. Sua prioridade, no entanto, era a reunião com Matheus Vilela, o CEO que estava procurando uma cuidadora para sua mãe.

Vestida de forma simples, mas adequada, Mariana se preparou para o compromisso. O trabalho extra parecia a solução para os problemas financeiros que se acumulavam. Chegou ao prédio de Matheus focada: precisava daquele dinheiro.

Ao entrar na sala de reuniões, foi surpreendida ao ver Gabriel, distraído com o celular, sentado no canto da sala. Ele mal levantou os olhos quando ela entrou. Mariana tentou ignorar o desconforto e se concentrar.

— Mariana, obrigado por vir. — Matheus sorriu ao cumprimentá-la. Ele era jovem, com uma postura confiante e traços fortes. Havia algo nele que chamava atenção, um controle natural sobre as situações.

— Como sabe, estou procurando alguém para cuidar da minha mãe. Ela tem Alzheimer, então o trabalho exige paciência e cuidado — explicou Matheus.

Mariana assentiu.

— Entendo. Qual seria o horário?

— Escala 12x36. Você trabalharia nas folgas do cuidador principal. Minha mãe precisa de supervisão constante. — O tom de Matheus era prático, mas o peso da situação era visível em seu rosto.

Mariana sabia que não seria fácil, mas precisava do trabalho.

— Eu tenho experiência com cuidados delicados. Posso ajudar — disse ela, mantendo o tom profissional.

Gabriel se levantou e pegou as chaves na mesa, sem olhar para Mariana.

— Vou indo, Matheus. Nos vemos depois — disse ele, saindo da sala sem qualquer expressão.

Gabriel saiu sem sequer reconhecer a presença dela, como se ela fosse invisível. Tão frio, tão distante. Ele agia como se nada no mundo o afetasse.

Matheus observou Gabriel sair e voltou-se para Mariana.

— Então, o que acha? Podemos contar com você?

— Sim, claro. — O trabalho era uma chance que ela não podia perder.

No dia seguinte, Mariana voltou ao hospital. O ambiente a ajudava a focar no trabalho, deixando os problemas pessoais em segundo plano.

Enquanto organizava alguns prontuários, viu Lucas, seu ex-namorado, vindo em sua direção com passos rápidos. Antes que pudesse reagir, ele a puxou pelo braço, conduzindo-a até a escada de emergência.

— O que você está fazendo?! — Mariana tentou se soltar, mas Lucas a segurou firmemente até estarem na escadaria.

— O que está acontecendo, Mariana? — perguntou ele, visivelmente irritado. — Você me bloqueou de tudo! Estou tentando falar com você há dias.

Mariana cruzou os braços, encarando-o.

— O que você quer, Lucas? Já acabou.

— Não pode ser assim! Eu errei, mas você nem me deu a chance de explicar. Eu mereço uma segunda chance! — insistiu ele, cada vez mais desesperado.

Mariana deu um passo para trás, firme.

— Você traiu minha confiança, Lucas. Isso não tem volta.

Lucas passou a mão pelos cabelos, nervoso.

— Foi um erro! Eu me arrependi no minuto que aconteceu. Eu te amo, Mariana. Eu preciso de você.

Mariana o encarou, sem se abalar.

— Amar? Você chama isso de amor? Trair alguém no trabalho com uma colega? Não me peça perdão, porque você não vai ter.

A porta da escada se abriu, interrompendo a discussão. Era Gabriel. Ele passou por eles, indiferente à tensão. Seus olhos não pararam em Mariana ou Lucas. Desceu as escadas com a mesma calma habitual, mas sua presença fez Lucas soltar o braço de Mariana e recuar.

Quando Gabriel passou por eles na escada, a presença dele era inegável, mas sua frieza ainda mais. Ele não disse uma palavra, nem sequer olhou diretamente para ela. Tudo nele era calculado, controlado, como sempre. E por algum motivo, aquilo a incomodava mais do que a própria discussão com Lucas.

O silêncio entre eles ficou pesado. Lucas olhou para Mariana, menos seguro de si.

— Mariana, me dá uma chance. Eu sei que errei, mas podemos consertar isso — insistiu, com a voz baixa.

— Não, Lucas. Não há nada para consertar. Acabou.

Sem dizer mais nada, Lucas saiu pela porta, deixando Mariana sozinha. Ela respirou fundo, aliviada por aquele confronto ter terminado, pelo menos por agora.

Após o confronto com Lucas, Mariana voltou, apesar de tentar retomar suas tarefas, sua mente ainda estava agitada. Ela seguia organizando prontuários e ajustando os soros, mas seus pensamentos voltavam para a cena na escada de emergência.

Assim que terminou de checar um paciente, sua amiga de trabalho, Clara, apareceu ao seu lado. Clara era uma enfermeira do hospital, sempre animada e direta.

— Mariana! Eu vi o Lucas te puxando pra escada. O que ele queria? — Clara perguntou, curiosa e preocupada.

Mariana suspirou, cansada da situação.

— Ele quer conversar, mas não tem mais nada a ser dito. A história já terminou.

Clara cruzou os braços, observando Mariana com atenção.

— Você parece cansada. Esse cara não te deixa em paz, hein?

— Nem um pouco. E o pior é que ele acha que pedir desculpas vai resolver tudo — respondeu Mariana, tentando manter o tom firme.

Clara fez uma careta, mostrando o que pensava de Lucas.

— Não dá mole pra ele. Você merece coisa melhor. Falando nisso, ouvi dizer que vai começar um trabalho extra, é verdade?

Mariana assentiu, aliviada pela mudança de assunto.

— Sim, vou cuidar da mãe do sr. Matheus Vilela. Ela tem Alzheimer, então vai ser desafiador. Preciso do dinheiro, sabe?

Clara sorriu, incentivando-a.

— Ah, com certeza! E você é ótima com pacientes. Vai tirar isso de letra. Além disso, um trabalho extra vai te ajudar a distrair dessa confusão toda com Lucas.

Mariana sorriu de volta, grata pelo apoio de Clara.

— Tomara que sim. Amanhã começo às 19h, então vou ter que correr.

— Vai lá, garota. Foco no que importa — disse Clara, dando um leve tapinha no braço de Mariana antes de seguir para sua próxima tarefa.

Com isso, o restante do turno de Mariana foi mais tranquilo, e ela terminou o dia focada em se preparar para o compromisso no dia seguinte.

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