4 - Entre plantões

Mariana acordou cedo, sentindo o peso da responsabilidade nos ombros. O dia seria longo, e seu pai continuava dormindo no quarto ao lado.

Desde que ele havia se afundado em problemas, a vida de Mariana se transformara em uma batalha constante. As contas nunca paravam de chegar, e ela sabia que não podia contar com ele para ajudar.

Passou pela porta do quarto dele. A respiração pesada e o som do ventilador de teto eram os únicos ruídos. Havia dias que ele mal saía da cama. Mariana sabia que precisava focar no trabalho, já que as preocupações em casa não davam trégua.

O segundo emprego como cuidadora de Dona Elisa era sua chance de aliviar um pouco o aperto financeiro.

Na cozinha, preparou um café rápido. O olhar perdido na janela enquanto pensava nas contas que ainda precisavam ser pagas.

Respirou fundo. Sabia que a jornada seria longa. Depois de ajeitar a casa e terminar as pequenas tarefas, ela se preparou mentalmente para a noite de trabalho.

Às 18h, Mariana já estava pronta. Vestiu-se para o turno das 19h às 6h. Sabia que a noite seria cansativa, mas precisava continuar. Antes de sair, olhou para o pai mais uma vez. Ele continuava dormindo. Com um último suspiro, ela saiu de casa e seguiu para a mansão dos Vilela.

A casa de Matheus Vilela parecia ainda mais imponente à noite. As luzes exteriores iluminavam a arquitetura clássica, e Mariana sentiu um leve frio na barriga ao se aproximar. Respirou fundo e tocou a campainha.

Uma governanta idosa abriu a porta com um sorriso educado.

— Boa noite, senhorita Mariana. O senhor Matheus a espera na sala.

Mariana entrou, sentindo o peso do ambiente sofisticado. Matheus logo a cumprimentou com um aperto de mão firme, os olhos atentos e postura confiante.

— Que bom que chegou no horário. Hoje você vai se familiarizar com a rotina noturna da minha mãe. Ela costuma ficar mais agitada à noite — explicou, enquanto a conduzia até o quarto de Dona Elisa.

A idosa estava sentada na poltrona, observando o jardim pela janela. O olhar perdido em algum lugar distante, fora do alcance de Mariana.

— Se precisar de algo, estarei no escritório. Mais tarde me retiro — disse Matheus, antes de sair e deixá-las a sós.

Mariana se aproximou de Dona Elisa. Sabia que seria uma jornada desafiadora, mas estava preparada para enfrentar o que viesse.

No dia seguinte, Mariana estava no hospital. A pressão e o caos rotineiros a mantinham ocupada, mas a tensão era constante. Patrícia, uma colega de trabalho, sempre encontrava uma maneira de atacar. E naquela manhã, não foi diferente.

— Parece que alguém está bem ocupada, hein? — Patrícia murmurou, em tom maldoso.

Mariana tentou ignorar, mas Clara, sua amiga, logo percebeu a mudança no semblante dela.

— O que ela disse dessa vez? — Clara perguntou, se aproximando, cruzando os braços.

— O de sempre. Tentando me diminuir — Mariana respondeu, suspirando. — Mas, sinceramente, eu não vou me desgastar com isso.

— Isso mesmo, foca no que importa. Patrícia não sabe a hora de parar — Clara balançou a cabeça, irritada. — Só porque você namorou o Dr. Lucas ela acha que tem o direito de te atormentar.

Mariana deu um sorriso fraco.

— Não tenho tempo para isso, Clara. Tenho coisas mais importantes para me preocupar.

O hospital estava em completo caos. Gabriel já estava ali há horas, lidando com emergências. O estresse no rosto dele era visível. Ele precisava de uma saída.

Quando ele cruzou o corredor, avistou Mariana. Sem hesitar, ele se aproximou, a voz baixa e direta.

— Hoje eu saio às oito. Me espera no prédio de apoio atrás do hospital. Residencial San Marco, quarto 215. A senha é 2450. Pede algo para a gente jantar — disse, num tom seco e sem rodeios.

Mariana ficou surpresa, mas respondeu rapidamente.

— Certo.

Ele acenou e seguiu seu caminho, imerso na pressão do hospital. O turno de Mariana continuou, mas agora ela tinha algo mais em mente para aquela noite.

Quando seu turno terminou, Mariana seguiu para o Residencial San Marco. O prédio era discreto, funcional, perfeito para médicos que precisavam de um descanso entre plantões. Ela digitou a senha que Gabriel havia dado e entrou no quarto.

O ambiente era simples. Um espaço prático, com o mínimo necessário para uma noite de descanso. Mariana pediu algo para jantar, como ele havia sugerido, e então esperou.

Quando o relógio marcou oito e meia, a porta se abriu. Gabriel entrou, visivelmente exausto, mas sua expressão permanecia impassível. Jogou as chaves sobre a mesa e soltou um leve suspiro.

— Foi um dia longo. — Sua voz era seca, sem emoção. Ele se aproximou sem perder tempo, direto ao ponto.

Ele não estava interessado em conversa. Mariana entendeu o que ele queria. Ele se aproximou, puxando-a para perto. O toque era intenso, quase urgente. A tensão acumulada explodiu em algo físico, direto. Eles sabiam o que aquilo significava.

Nenhuma palavra foi trocada. O desejo era a única comunicação necessária naquela noite. As respirações deles se misturavam ao som abafado do silêncio do quarto.

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