Mariana acordou cedo, sentindo o peso da responsabilidade nos ombros. O dia seria longo, e seu pai continuava dormindo no quarto ao lado.
Desde que ele havia se afundado em problemas, a vida de Mariana se transformara em uma batalha constante. As contas nunca paravam de chegar, e ela sabia que não podia contar com ele para ajudar. Passou pela porta do quarto dele. A respiração pesada e o som do ventilador de teto eram os únicos ruídos. Havia dias que ele mal saía da cama. Mariana sabia que precisava focar no trabalho, já que as preocupações em casa não davam trégua. O segundo emprego como cuidadora de Dona Elisa era sua chance de aliviar um pouco o aperto financeiro. Na cozinha, preparou um café rápido. O olhar perdido na janela enquanto pensava nas contas que ainda precisavam ser pagas. Respirou fundo. Sabia que a jornada seria longa. Depois de ajeitar a casa e terminar as pequenas tarefas, ela se preparou mentalmente para a noite de trabalho. Às 18h, Mariana já estava pronta. Vestiu-se para o turno das 19h às 6h. Sabia que a noite seria cansativa, mas precisava continuar. Antes de sair, olhou para o pai mais uma vez. Ele continuava dormindo. Com um último suspiro, ela saiu de casa e seguiu para a mansão dos Vilela. A casa de Matheus Vilela parecia ainda mais imponente à noite. As luzes exteriores iluminavam a arquitetura clássica, e Mariana sentiu um leve frio na barriga ao se aproximar. Respirou fundo e tocou a campainha. Uma governanta idosa abriu a porta com um sorriso educado. — Boa noite, senhorita Mariana. O senhor Matheus a espera na sala. Mariana entrou, sentindo o peso do ambiente sofisticado. Matheus logo a cumprimentou com um aperto de mão firme, os olhos atentos e postura confiante. — Que bom que chegou no horário. Hoje você vai se familiarizar com a rotina noturna da minha mãe. Ela costuma ficar mais agitada à noite — explicou, enquanto a conduzia até o quarto de Dona Elisa. A idosa estava sentada na poltrona, observando o jardim pela janela. O olhar perdido em algum lugar distante, fora do alcance de Mariana. — Se precisar de algo, estarei no escritório. Mais tarde me retiro — disse Matheus, antes de sair e deixá-las a sós. Mariana se aproximou de Dona Elisa. Sabia que seria uma jornada desafiadora, mas estava preparada para enfrentar o que viesse. No dia seguinte, Mariana estava no hospital. A pressão e o caos rotineiros a mantinham ocupada, mas a tensão era constante. Patrícia, uma colega de trabalho, sempre encontrava uma maneira de atacar. E naquela manhã, não foi diferente. — Parece que alguém está bem ocupada, hein? — Patrícia murmurou, em tom maldoso. Mariana tentou ignorar, mas Clara, sua amiga, logo percebeu a mudança no semblante dela. — O que ela disse dessa vez? — Clara perguntou, se aproximando, cruzando os braços. — O de sempre. Tentando me diminuir — Mariana respondeu, suspirando. — Mas, sinceramente, eu não vou me desgastar com isso. — Isso mesmo, foca no que importa. Patrícia não sabe a hora de parar — Clara balançou a cabeça, irritada. — Só porque você namorou o Dr. Lucas ela acha que tem o direito de te atormentar. Mariana deu um sorriso fraco. — Não tenho tempo para isso, Clara. Tenho coisas mais importantes para me preocupar. O hospital estava em completo caos. Gabriel já estava ali há horas, lidando com emergências. O estresse no rosto dele era visível. Ele precisava de uma saída. Quando ele cruzou o corredor, avistou Mariana. Sem hesitar, ele se aproximou, a voz baixa e direta. — Hoje eu saio às oito. Me espera no prédio de apoio atrás do hospital. Residencial San Marco, quarto 215. A senha é 2450. Pede algo para a gente jantar — disse, num tom seco e sem rodeios. Mariana ficou surpresa, mas respondeu rapidamente. — Certo. Ele acenou e seguiu seu caminho, imerso na pressão do hospital. O turno de Mariana continuou, mas agora ela tinha algo mais em mente para aquela noite. Quando seu turno terminou, Mariana seguiu para o Residencial San Marco. O prédio era discreto, funcional, perfeito para médicos que precisavam de um descanso entre plantões. Ela digitou a senha que Gabriel havia dado e entrou no quarto. O ambiente era simples. Um espaço prático, com o mínimo necessário para uma noite de descanso. Mariana pediu algo para jantar, como ele havia sugerido, e então esperou. Quando o relógio marcou oito e meia, a porta se abriu. Gabriel entrou, visivelmente exausto, mas sua expressão permanecia impassível. Jogou as chaves sobre a mesa e soltou um leve suspiro. — Foi um dia longo. — Sua voz era seca, sem emoção. Ele se aproximou sem perder tempo, direto ao ponto. Ele não estava interessado em conversa. Mariana entendeu o que ele queria. Ele se aproximou, puxando-a para perto. O toque era intenso, quase urgente. A tensão acumulada explodiu em algo físico, direto. Eles sabiam o que aquilo significava. Nenhuma palavra foi trocada. O desejo era a única comunicação necessária naquela noite. As respirações deles se misturavam ao som abafado do silêncio do quarto.Mariana mal teve tempo de processar a presença de Gabriel quando ele a puxou para si com uma força controlada, mas irresistível. O toque urgente de Gabriel a fez esquecer qualquer pensamento racional. O desejo tomou conta de ambos.Ele a empurrou contra a parede, os olhos fixos nos dela, a respiração pesada. Sem uma palavra, Gabriel avançou. Suas mãos exploraram cada parte de seu corpo com uma fome que Mariana nunca havia sentido antes.Os lábios dele encontraram os dela de forma feroz. Não havia suavidade, apenas a explosão de um desejo contido. Mariana retribuiu o beijo com a mesma intensidade, suas mãos agarrando a camisa de Gabriel, puxando-o para mais perto.Ele a pressionou ainda mais contra a parede, seu corpo forte moldando-se ao dela. As mãos de Gabriel eram firmes, e ele sabia exatamente o que fazia. O controle que ele tinha sobre a situação era absoluto, e Mariana gostava disso.O quarto, que antes parecia frio e funcional, agora se tornava um cenário de caos e calor. Gabri
Quando estava prestes a sair, o celular vibrou sobre a mesa. Pegou o telefone sem muita expectativa, mas seu coração disparou ao ver o nome na tela.Era uma mensagem de seu pai.Franziu a testa. Mensagens do pai eram raras, especialmente àquela hora. Ao abrir a notificação, as palavras na tela a fizeram congelar no lugar."Mariana, eles me encontraram. Estão ameaçando ir atrás de você se eu não pagar. Não posso perder você. Por favor, me ajuda!"Ela leu e releu a mensagem, o coração acelerando e a respiração ficando irregular. A realidade da ameaça pairava diante dela como uma nuvem densa. O que seu pai havia feito desta vez? As apostas? As dívidas? O desespero subiu à garganta, sufocando-a. Agora, o perigo não era apenas uma possibilidade distante; era iminente.Sem pensar muito, ela apanhou a bolsa e saiu do apartamento de Gabriel apressada, o som de seus saltos ecoando pelos corredores vazios. O ar da noite era fresco, mas ela mal sentia enquanto seu corpo inteiro era tomado por um
Às 19h em ponto, Mariana tocou a campainha da mansão dos Vilela. As luzes externas iluminavam a fachada imponente, conferindo um ar ainda mais grandioso ao local. Embora já estivesse acostumada com a sofisticação daquela casa, sempre sentia um frio na barriga ao passar pela imensa porta de entrada.Dessa vez, foi Matheus quem a recebeu.— Boa noite, Mariana — disse ele, com um sorriso discreto, mas atencioso. — Minha mãe teve um dia tranquilo, mas as noites, como sempre, são mais agitadas.— Boa noite, Sr. Vilela. — Mariana sorriu, tentando manter o tom profissional. — Pode deixar que eu cuido dela.— Eu sei que sim — ele respondeu, observando-a por um breve momento, antes de gesticular para que ela entrasse.Mariana se dirigiu ao quarto de Dona Elisa, e Matheus a seguiu em silêncio. Ao chegarem, encontraram a idosa sentada na poltrona perto da janela, o olhar distante, mas sereno. Mariana começou a conversar com ela suavemente, preparando o ambiente para que a senhora se sentisse m
O relógio marcava 7h30 da manhã quando Mariana entrou no hospital. O ritmo frenético do bloco cirúrgico já era evidente. Médicos e enfermeiros andavam de um lado para o outro, cada um cumprindo suas funções com precisão. Ela sabia que seu turno seria longo, mas a intensidade do trabalho ali sempre a mantinha alerta.Após a troca de plantão, Mariana começou a revisar os prontuários dos pacientes. A cirurgia mais delicada do dia estava marcada para a sala 3 — remoção de um tumor cerebral. Sem perder tempo, ela começou a organizar o espaço, preparando tudo para a chegada do Dr. Gabriel Alencar, o neurocirurgião responsável pelo procedimento.Enquanto verificava os equipamentos, sentiu uma leve agitação na sala. Gabriel havia acabado de entrar. Mariana o percebeu imediatamente, mas não levantou o olhar. Ele caminhou com passos firmes até o centro da sala, passando instruções precisas à equipe. Sua voz era firme e segura, e ele parecia completamente focado no trabalho. Mas havia algo no
Mariana terminou de organizar os prontuários e deu uma rápida olhada no relógio. O plantão estava prestes a acabar, e a expectativa do evento à noite começava a crescer dentro dela.Gabriel ainda estava na sala de cirurgia, mas ela sentia que ele a observava de vez em quando, como se a tensão entre eles estivesse se acumulando a cada momento.Assim que a equipe começou a se dispersar, Mariana aproveitou para dar um último toque nos equipamentos. Gabriel saiu da sala, ainda com a máscara no rosto, e se dirigiu a ela.— Bom trabalho hoje — disse ele, com um tom neutro. — O paciente está estável.Mariana sorriu, satisfeita com o reconhecimento.— Obrigada, Dr. Alencar. Fiz minha parte, mas a equipe trabalhou bem em conjunto.Ele a observou por um momento, um leve aceno de aprovação surgindo.— É bom ouvir isso. Vamos continuar assim.Com isso, ele se despediu e saiu, deixando Mariana sozinha com seus pensamentos. Ela respirou fundo, tentando afastar os sentimentos confusos que ele desper
— Está acompanhando o Lucas, suponho? — disse Gabriel, com a voz baixa, mas firme, aproximando-se devagar. Mariana, surpresa com a presença dele ali, hesitou por um momento antes de responder. — Estou... mas não é como você está pensando — disse ela, tentando explicar. Gabriel a encarou, com um leve sorriso frio no canto dos lábios. — Eu não penso, Mariana. Eu só observo. A resposta dele a deixou sem palavras. Era típico de Gabriel não se envolver emocionalmente, apenas assistir de longe, sem revelar muito. Ele se aproximou um pouco mais, ficando perigosamente perto dela. — Você parece desconfortável — comentou ele, quase casualmente, mas sem desviar o olhar. Mariana sentiu o calor subir ao rosto. Havia algo na maneira como ele a observava, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo, mas preferisse deixar as palavras não ditas. — Talvez — respondeu ela, tentando manter a compostura. Gabriel não disse mais nada. Ficou ali por alguns segundos, observando-a de
Mariana chegou à casa dos Vilela pontualmente às 19h. Ela gostava da rotina e da previsibilidade de cuidar de Dona Elisa, especialmente após os dias tumultuados no hospital. Era seu momento de paz e trabalho, algo que a mantinha focada. Ao atravessar o portão e entrar na mansão, sentiu o familiar ar de tranquilidade que o lugar proporcionava. Ao entrar pela porta da frente, notou de imediato Matheus e Gabriel sentados na sala de estar. A iluminação suave da sala dava um tom acolhedor, mas a presença de Gabriel a deixou levemente desconcertada. Ele estava ali, ao lado de Matheus, com uma postura relaxada, mas o olhar sério e atento de sempre. Mesmo fora do hospital, ele parecia carregar aquela aura de controle e distanciamento. Mariana respirou fundo, ajustando-se ao ambiente. Não esperava encontrar Gabriel ali, embora soubesse que os dois eram próximos. Caminhou em direção aos dois, mantendo uma postura educada e formal. — Boa noite, senhor Vilela, doutor Alencar — disse ela,
Mariana mal teve tempo de respirar após deixar a casa dos Vilela e já estava no hospital. O relógio ainda marcava 6h50, mas o ambiente já pulsava com o movimento típico da manhã. Ela trocou de roupa rapidamente, ajustou o cabelo e seguiu diretamente para a ala de cirurgias. O cansaço da noite anterior ainda estava em seu corpo, mas ela manteve o foco. Ao virar o corredor, Patrícia, sua supervisora, estava ali. Como sempre, com o olhar crítico de quem esperava encontrar algo fora do lugar. — Mariana, que bom que você chegou. Temos um dia cheio hoje, e espero que esteja preparada — disse Patrícia sem nem ao menos levantar o olhar das fichas que segurava. Mariana assentiu, mantendo a calma. — Claro, estou pronta. O que temos? Patrícia a encarou por um breve segundo, como se calculasse cada palavra. — Você vai ficar na sala 3. Dr. Gabriel Alencar tem uma cirurgia às 9h, mas quero que você revise todos os preparativos antes. Não podemos ter nenhum erro — falou Patrícia com um