Mariana chegou à casa dos Vilela pontualmente às 19h. Ela gostava da rotina e da previsibilidade de cuidar de Dona Elisa, especialmente após os dias tumultuados no hospital. Era seu momento de paz e trabalho, algo que a mantinha focada. Ao atravessar o portão e entrar na mansão, sentiu o familiar ar de tranquilidade que o lugar proporcionava. Ao entrar pela porta da frente, notou de imediato Matheus e Gabriel sentados na sala de estar. A iluminação suave da sala dava um tom acolhedor, mas a presença de Gabriel a deixou levemente desconcertada. Ele estava ali, ao lado de Matheus, com uma postura relaxada, mas o olhar sério e atento de sempre. Mesmo fora do hospital, ele parecia carregar aquela aura de controle e distanciamento. Mariana respirou fundo, ajustando-se ao ambiente. Não esperava encontrar Gabriel ali, embora soubesse que os dois eram próximos. Caminhou em direção aos dois, mantendo uma postura educada e formal. — Boa noite, senhor Vilela, doutor Alencar — disse ela,
Mariana mal teve tempo de respirar após deixar a casa dos Vilela e já estava no hospital. O relógio ainda marcava 6h50, mas o ambiente já pulsava com o movimento típico da manhã. Ela trocou de roupa rapidamente, ajustou o cabelo e seguiu diretamente para a ala de cirurgias. O cansaço da noite anterior ainda estava em seu corpo, mas ela manteve o foco. Ao virar o corredor, Patrícia, sua supervisora, estava ali. Como sempre, com o olhar crítico de quem esperava encontrar algo fora do lugar. — Mariana, que bom que você chegou. Temos um dia cheio hoje, e espero que esteja preparada — disse Patrícia sem nem ao menos levantar o olhar das fichas que segurava. Mariana assentiu, mantendo a calma. — Claro, estou pronta. O que temos? Patrícia a encarou por um breve segundo, como se calculasse cada palavra. — Você vai ficar na sala 3. Dr. Gabriel Alencar tem uma cirurgia às 9h, mas quero que você revise todos os preparativos antes. Não podemos ter nenhum erro — falou Patrícia com um
Mariana mal notou o carro de Gabriel se aproximando até que ele parou ao seu lado. O vidro se abaixou lentamente, revelando sua expressão impassível.— Entra no carro — disse ele, sem rodeios.Mariana parou e o encarou por alguns segundos, processando a situação. Seus pensamentos estavam lentos, e ela sabia que parte disso era o cansaço extremo.— Não precisa, doutor. Eu... eu só vou pegar o ônibus e vou direto pra casa. Estou bem — respondeu ela, tentando manter um tom firme, embora fosse óbvio que estava exausta.Gabriel ergueu uma sobrancelha, o olhar penetrante como sempre.— Você está longe de estar bem, Mariana. Entra no carro. Não vou repetir.Havia algo no tom de voz dele que não deixava espaço para discussão. Era uma ordem, e ela sabia que discutir com ele não levaria a lugar algum.Ela suspirou fundo e cedeu, entrando no carro. Ele não disse mais nada enquanto ela colocava o cinto, apenas acelerou e seguiu pela rua.O silêncio entre eles era pesado, mas não desconfortável. G
Os trovões ribombavam, e a chuva batia com força contra as janelas. Mariana tentava se acalmar, mas o medo que sempre sentira de tempestades começava a se intensificar. Encolhida debaixo das cobertas, ela apertava os olhos, tentando ignorar os relâmpagos, mas a cada trovão, seu corpo tremia. O som da tempestade lá fora não parecia dar trégua, e logo ela percebeu que não conseguiria dormir. Tomando uma decisão impulsiva, Mariana saiu da cama, envolta em um cobertor, e foi em direção ao quarto de Gabriel. Estava hesitante, mas algo a empurrava para frente. Sabia que ele não era do tipo que oferecia conforto, mas a ideia de ficar sozinha naquela situação era insuportável. Parando à porta do quarto dele, ela bateu levemente. Por um momento, pensou em voltar, mas antes que pudesse decidir, ouviu a voz baixa e direta de Gabriel. — Entre. Mariana entrou devagar, ainda segurando o cobertor em volta do seu corpo. Gabriel estava sentado na cama, com o notebook no colo. Ele levantou os ol
Mariana saiu da casa de Gabriel sentindo o corpo mais leve, mas a mente ainda confusa com os acontecimentos da noite anterior. Não houve nada de particularmente íntimo, mas a presença de Gabriel sempre a deixava em um estado de alerta emocional.Pegou um táxi e, ao chegar em casa, se deu conta de que ainda precisava resolver algumas coisas antes de começar o próximo plantão.A tarde passou sem grandes surpresas. Mariana foi ao supermercado, comprou algumas coisas que precisava e até conseguiu descansar um pouco no meio da tarde. No entanto, a noite estava chegando, e ela sabia que teria que ir para a casa dos Vilela cuidar de Dona Elisa.Mariana chegou à casa dos Vilela no início da noite, como de costume. Matheus estava lá para recebê-la, com seu jeito sempre cordial.— Boa noite, Mariana. Tudo certo? — perguntou ele, abrindo a porta para que ela entrasse.— Tudo sim, senhor Vilela. Como está Dona Elisa? — respondeu ela, sempre mantendo a formalidade.— Está dormindo desde cedo, e
Gabriel caminhava ao lado de Dr. Marcelo, chefe do departamento de neurocirurgia, discutindo sobre o caso do paciente com aneurisma. — O paciente está estável para a cirurgia, mas os exames não foram conclusivos. Vamos precisar improvisar — disse Gabriel. — Com você liderando, sei que será certeiro — respondeu Marcelo com um sorriso, confiante nas habilidades de Gabriel. Enquanto caminhavam pelo corredor, Gabriel avistou Mariana mais à frente, resolvendo questões de rotina. Ele desviou o olhar rapidamente, mas Dr. Marcelo, que conhecia Gabriel há anos, percebeu o breve gesto. — E então, Gabriel, algo acontecendo com ela? — perguntou Marcelo, com um sorriso de canto de boca. Gabriel manteve o semblante impassível. — Apenas pensando em mantê-la sob controle. Você sabe como as coisas podem sair dos trilhos por aqui — respondeu, evasivo. Marcelo riu levemente. — Controle, é? Mas você sabe que ela tem algo com o Lucas, não sabe? E Lucas não é o tipo que vai deixar barato se
Eles saíram do restaurante e entraram no carro de Gabriel. O caminho até a casa de Mariana foi tranquilo, sem muita conversa. O som suave do motor e o silêncio da noite eram interrompidos apenas pelo ruído distante da cidade. Eles seguiram em silêncio por alguns minutos, até que Gabriel perguntou: — Tudo bem? Mariana olhou pela janela, ainda absorvendo o jantar e o que estava acontecendo entre eles. Ela sabia que algo estava mudando, mas não tinha certeza do que ou como isso a fazia sentir. — Sim... só cansada — respondeu, tentando disfarçar.O carro de Gabriel deslizou pelas ruas silenciosas.O caminho foi silencioso por vários minutos, com o som suave do motor e o ritmo constante da respiração dela preenchendo o espaço entre eles. Gabriel mantinha os olhos na estrada, focado, enquanto Mariana desviava o olhar para a janela, tentando evitar qualquer tipo de tensão no ar.Quando eles estavam a algumas quadras de sua casa, ela sentiu um aperto no peito ao ver uma figura famil
Mariana chegou ao hospital às sete da manhã, após uma noite exaustiva na casa do Dr. Martins. O plantão começava a todo vapor, com médicos e enfermeiros entrando e saindo, organizando os primeiros atendimentos do dia. Por volta das nove, enquanto Mariana e a equipe finalizavam uma cirurgia de emergência, a chefe de enfermagem entrou na sala e chamou a atenção de todos. — Pessoal, temos uma novidade. A doutora Alice Magalhães está se juntando à nossa equipe como cirurgiã cardíaca. Alice entrou na sala logo depois, cumprimentando a todos com um sorriso educado. Ela era alta, confiante e demonstrava experiência. — É um prazer fazer parte deste time. Espero contribuir bastante nas cirurgias e no atendimento aos pacientes — disse ela. A equipe respondeu com aplausos discretos, mas Gabriel, que também estava na sala, não fez qualquer movimento. Sem dizer uma palavra, ele observou a cena e saiu logo em seguida, voltando às suas responsabilidades. O dia seguiu normalmente, com a r