Mariana saiu da casa de Gabriel sentindo o corpo mais leve, mas a mente ainda confusa com os acontecimentos da noite anterior. Não houve nada de particularmente íntimo, mas a presença de Gabriel sempre a deixava em um estado de alerta emocional.Pegou um táxi e, ao chegar em casa, se deu conta de que ainda precisava resolver algumas coisas antes de começar o próximo plantão.A tarde passou sem grandes surpresas. Mariana foi ao supermercado, comprou algumas coisas que precisava e até conseguiu descansar um pouco no meio da tarde. No entanto, a noite estava chegando, e ela sabia que teria que ir para a casa dos Vilela cuidar de Dona Elisa.Mariana chegou à casa dos Vilela no início da noite, como de costume. Matheus estava lá para recebê-la, com seu jeito sempre cordial.— Boa noite, Mariana. Tudo certo? — perguntou ele, abrindo a porta para que ela entrasse.— Tudo sim, senhor Vilela. Como está Dona Elisa? — respondeu ela, sempre mantendo a formalidade.— Está dormindo desde cedo, e
Gabriel caminhava ao lado de Dr. Marcelo, chefe do departamento de neurocirurgia, discutindo sobre o caso do paciente com aneurisma. — O paciente está estável para a cirurgia, mas os exames não foram conclusivos. Vamos precisar improvisar — disse Gabriel. — Com você liderando, sei que será certeiro — respondeu Marcelo com um sorriso, confiante nas habilidades de Gabriel. Enquanto caminhavam pelo corredor, Gabriel avistou Mariana mais à frente, resolvendo questões de rotina. Ele desviou o olhar rapidamente, mas Dr. Marcelo, que conhecia Gabriel há anos, percebeu o breve gesto. — E então, Gabriel, algo acontecendo com ela? — perguntou Marcelo, com um sorriso de canto de boca. Gabriel manteve o semblante impassível. — Apenas pensando em mantê-la sob controle. Você sabe como as coisas podem sair dos trilhos por aqui — respondeu, evasivo. Marcelo riu levemente. — Controle, é? Mas você sabe que ela tem algo com o Lucas, não sabe? E Lucas não é o tipo que vai deixar barato se
Eles saíram do restaurante e entraram no carro de Gabriel. O caminho até a casa de Mariana foi tranquilo, sem muita conversa. O som suave do motor e o silêncio da noite eram interrompidos apenas pelo ruído distante da cidade. Eles seguiram em silêncio por alguns minutos, até que Gabriel perguntou: — Tudo bem? Mariana olhou pela janela, ainda absorvendo o jantar e o que estava acontecendo entre eles. Ela sabia que algo estava mudando, mas não tinha certeza do que ou como isso a fazia sentir. — Sim... só cansada — respondeu, tentando disfarçar.O carro de Gabriel deslizou pelas ruas silenciosas.O caminho foi silencioso por vários minutos, com o som suave do motor e o ritmo constante da respiração dela preenchendo o espaço entre eles. Gabriel mantinha os olhos na estrada, focado, enquanto Mariana desviava o olhar para a janela, tentando evitar qualquer tipo de tensão no ar.Quando eles estavam a algumas quadras de sua casa, ela sentiu um aperto no peito ao ver uma figura famil
Mariana chegou ao hospital às sete da manhã, após uma noite exaustiva na casa do Dr. Martins. O plantão começava a todo vapor, com médicos e enfermeiros entrando e saindo, organizando os primeiros atendimentos do dia. Por volta das nove, enquanto Mariana e a equipe finalizavam uma cirurgia de emergência, a chefe de enfermagem entrou na sala e chamou a atenção de todos. — Pessoal, temos uma novidade. A doutora Alice Magalhães está se juntando à nossa equipe como cirurgiã cardíaca. Alice entrou na sala logo depois, cumprimentando a todos com um sorriso educado. Ela era alta, confiante e demonstrava experiência. — É um prazer fazer parte deste time. Espero contribuir bastante nas cirurgias e no atendimento aos pacientes — disse ela. A equipe respondeu com aplausos discretos, mas Gabriel, que também estava na sala, não fez qualquer movimento. Sem dizer uma palavra, ele observou a cena e saiu logo em seguida, voltando às suas responsabilidades. O dia seguiu normalmente, com a r
Sala de Gabriel e parou em frente à mesa, enquanto ele se sentava calmamente, revisando alguns papéis. A luz suave da sala criava uma atmosfera tranquila, quase íntima, contrastando com o ritmo frenético do hospital. O leve zumbido do ar-condicionado era o único som que os acompanhava naquele momento. Gabriel, com seu semblante concentrado, olhou para ela e foi direto ao assunto.— O paciente do leito 38... — começou ele, com a voz firme, enquanto observava alguns documentos. — Como está a evolução dele?Mariana, ainda de pé diante dele, respondeu com firmeza, descrevendo os detalhes do caso. Ela sabia que Gabriel queria todas as informações, especialmente porque era ele quem havia supervisionado parte da cirurgia. Enquanto falava, suas mãos moviam-se nervosamente ao lado do corpo, e Gabriel levantou o olhar para encontrar o dela, e, por um breve instante, o ambiente pareceu carregar algo mais além do profissionalismo. Seus olhares se cruzaram por um segundo a mais, e Mariana pôde sen
Mariana permaneceu de pé, o toque sutil dos dedos de Gabriel em sua mão ainda fazendo sua respiração vacilar. O ambiente entre eles estava carregado, e ela sabia que estava pisando em terreno delicado.— E quanto aos outros casos? — Gabriel perguntou, sua voz baixa e calma, como se estivesse tentando prolongar o momento.A pergunta parecia banal, mas ambos sabiam que era apenas uma desculpa para manter o diálogo, para evitar que aquele espaço entre eles se desfizesse tão rapidamente.— Eles estão sob controle... — respondeu Mariana, sua voz levemente hesitante, refletindo a tensão crescente entre eles.Os olhares se encontraram com mais intensidade agora, como se as palavras fossem desnecessárias. O silêncio que se seguiu era denso, e a expectativa preenchia o ar, cada segundo aumentando a sensação de que algo estava para acontecer.Gabriel deslizou os dedos para mais perto dos dela sobre a mesa, o toque agora mais firme, mais deliberado. Era um gesto silencioso, mas cheio de signific
Mariana mal conseguia manter os olhos abertos após o plantão de 36 horas ininterruptas. Cada músculo do seu corpo implorava por descanso, e o cansaço parecia esmagador. Ao encontrar Gabriel na saída do hospital, ela sabia que estava prestes a desabar, mas também sabia que, de alguma forma, ele sempre conseguiria manter o controle da situação.No carro, o silêncio era confortável, mas o peso da exaustão pairava entre eles como uma nuvem invisível.— Você sabe que já estou há 36 horas direto, né? — comentou Mariana, soltando um leve suspiro enquanto se encostava no banco. Sua voz saiu fraca, com um toque de humor, mas claramente cansada.Gabriel, que até então estava concentrado em algo relacionado ao trabalho, desviou o olhar brevemente para ela, e dessa vez ele percebeu o quanto o cansaço havia realmente tomado conta. Seu semblante sempre controlado não mudou muito, mas seus olhos a avaliaram com cuidado.— Você não vai durar nem mais um minuto acordada assim — comentou ele, a voz prá
Mariana acordou devagar, sentindo-se um pouco mais revigorada, mas ainda com um leve peso no corpo. A luz que entrava pela janela indicava que já passava da metade da tarde. Ela se espreguiçou suavemente na cama, os lençóis ainda quentes, e notou que Gabriel estava encostado no batente da porta, observando-a em silêncio.— Dormiu bem? — perguntou ele, com o tom controlado de sempre, mas havia algo mais no olhar dele, algo que ela reconhecia.Mariana assentiu, sentando-se lentamente na cama e ajeitando o cabelo, ainda meio atordoada pela soneca. Ela sabia que aquele momento estava prestes a mudar, que o descanso havia dado lugar ao que realmente os levou até ali.— Acho que sim... — respondeu ela, com uma leve hesitação. Sua voz ainda carregava o cansaço, mas sua mente estava mais desperta agora.Gabriel deu alguns passos em direção à cama, seu olhar permanecendo fixo nela. A tensão que havia sido contida na noite anterior parecia estar prestes a explodir. Ele se sentou ao lado dela, a