Sala de Gabriel e parou em frente à mesa, enquanto ele se sentava calmamente, revisando alguns papéis. A luz suave da sala criava uma atmosfera tranquila, quase íntima, contrastando com o ritmo frenético do hospital. O leve zumbido do ar-condicionado era o único som que os acompanhava naquele momento. Gabriel, com seu semblante concentrado, olhou para ela e foi direto ao assunto.— O paciente do leito 38... — começou ele, com a voz firme, enquanto observava alguns documentos. — Como está a evolução dele?Mariana, ainda de pé diante dele, respondeu com firmeza, descrevendo os detalhes do caso. Ela sabia que Gabriel queria todas as informações, especialmente porque era ele quem havia supervisionado parte da cirurgia. Enquanto falava, suas mãos moviam-se nervosamente ao lado do corpo, e Gabriel levantou o olhar para encontrar o dela, e, por um breve instante, o ambiente pareceu carregar algo mais além do profissionalismo. Seus olhares se cruzaram por um segundo a mais, e Mariana pôde sen
Mariana permaneceu de pé, o toque sutil dos dedos de Gabriel em sua mão ainda fazendo sua respiração vacilar. O ambiente entre eles estava carregado, e ela sabia que estava pisando em terreno delicado.— E quanto aos outros casos? — Gabriel perguntou, sua voz baixa e calma, como se estivesse tentando prolongar o momento.A pergunta parecia banal, mas ambos sabiam que era apenas uma desculpa para manter o diálogo, para evitar que aquele espaço entre eles se desfizesse tão rapidamente.— Eles estão sob controle... — respondeu Mariana, sua voz levemente hesitante, refletindo a tensão crescente entre eles.Os olhares se encontraram com mais intensidade agora, como se as palavras fossem desnecessárias. O silêncio que se seguiu era denso, e a expectativa preenchia o ar, cada segundo aumentando a sensação de que algo estava para acontecer.Gabriel deslizou os dedos para mais perto dos dela sobre a mesa, o toque agora mais firme, mais deliberado. Era um gesto silencioso, mas cheio de signific
Mariana mal conseguia manter os olhos abertos após o plantão de 36 horas ininterruptas. Cada músculo do seu corpo implorava por descanso, e o cansaço parecia esmagador. Ao encontrar Gabriel na saída do hospital, ela sabia que estava prestes a desabar, mas também sabia que, de alguma forma, ele sempre conseguiria manter o controle da situação.No carro, o silêncio era confortável, mas o peso da exaustão pairava entre eles como uma nuvem invisível.— Você sabe que já estou há 36 horas direto, né? — comentou Mariana, soltando um leve suspiro enquanto se encostava no banco. Sua voz saiu fraca, com um toque de humor, mas claramente cansada.Gabriel, que até então estava concentrado em algo relacionado ao trabalho, desviou o olhar brevemente para ela, e dessa vez ele percebeu o quanto o cansaço havia realmente tomado conta. Seu semblante sempre controlado não mudou muito, mas seus olhos a avaliaram com cuidado.— Você não vai durar nem mais um minuto acordada assim — comentou ele, a voz prá
Mariana acordou devagar, sentindo-se um pouco mais revigorada, mas ainda com um leve peso no corpo. A luz que entrava pela janela indicava que já passava da metade da tarde. Ela se espreguiçou suavemente na cama, os lençóis ainda quentes, e notou que Gabriel estava encostado no batente da porta, observando-a em silêncio.— Dormiu bem? — perguntou ele, com o tom controlado de sempre, mas havia algo mais no olhar dele, algo que ela reconhecia.Mariana assentiu, sentando-se lentamente na cama e ajeitando o cabelo, ainda meio atordoada pela soneca. Ela sabia que aquele momento estava prestes a mudar, que o descanso havia dado lugar ao que realmente os levou até ali.— Acho que sim... — respondeu ela, com uma leve hesitação. Sua voz ainda carregava o cansaço, mas sua mente estava mais desperta agora.Gabriel deu alguns passos em direção à cama, seu olhar permanecendo fixo nela. A tensão que havia sido contida na noite anterior parecia estar prestes a explodir. Ele se sentou ao lado dela, a
Mariana chegou à casa do Sr. Matheus por volta das 19h, depois de passar o dia com Gabriel. O cansaço ainda estava presente, mas o dia com Gabriel havia sido um tanto revigorante, mesmo com a tensão velada que sempre pairava entre eles. No entanto, sua responsabilidade como cuidadora da mãe de Matheus exigia que ela estivesse alerta, e Mariana se preparava mentalmente para mais uma noite de plantão.Matheus a recebeu com o habitual sorriso educado.— Boa noite, Mariana. Como foi o dia? — perguntou ele, abrindo a porta para que ela entrasse.— Um pouco cansativo, mas tudo certo. E a Dona Elisa? — respondeu ela, sempre mantendo o tom formal.— Ela está descansando bem. Espero que a noite siga tranquila para todos nós — disse Matheus, gesticulando para que ela se acomodasse na sala.Mariana foi direto ao quarto de Dona Elisa, como de costume, para verificar se estava tudo em ordem. A senhora parecia confortável, e tudo indicava que seria uma
Mariana chegou ao hospital um pouco antes das sete da manhã, depois de uma longa noite na casa do Sr. Vilela. O plantão havia sido tranquilo, mas ainda assim, ela sentia o cansaço de não ter tido uma noite inteira de sono. Precisava estar preparada para enfrentar mais um plantão no hospital, então a primeira coisa que fez foi ir até o vestiário tomar um banho rápido. A água quente escorria por seus ombros enquanto ela tentava clarear a mente e se preparar para mais um dia cheio de emergências. Depois de sair do banho e se trocar, Mariana se sentia revigorada o suficiente para encarar as próximas 12 horas. Ao sair do vestiário, encontrou Clara no corredor. — Nossa, você parece renovada! — comentou Clara, com um sorriso animado. — Nem parece que você acabou de sair de outro plantão! — Banho faz milagres — respondeu Mariana, rindo. — Mas a noite foi tranquila. Nada fora do comum. Clara a olhou co
Mais tarde, enquanto Mariana estava ocupada com os pacientes, Gabriel encontrou Alice no corredor, perto da ala de cirurgia. Ela mantinha seu típico ar confiante, os olhos brilhando com um misto de profissionalismo e algo mais provocador. — Gabriel — disse ela, com um sorriso que parecia esconder uma intenção. — Parece que estamos sempre cruzando caminhos ultimamente, não é? Gabriel, sempre direto e controlado, apenas assentiu, mantendo o foco no trabalho à frente. — Isso é inevitável em um hospital como esse, Alice. Somos profissionais, e é isso que importa aqui. Alice riu suavemente, enquanto dava um passo mais próximo, reduzindo a distância entre eles. — Profissionais, claro — disse ela, com a voz baixa, quase um sussurro. — Mas e se ainda houver algo mais? Algo do passado que não desapareceu completamente? Não me diga que você já se esqueceu de tudo tão facilmente. Antes que Gabriel pudesse
O hospital estava mais calmo agora que o plantão de Mariana havia terminado. A noite já caía lá fora, e a temperatura amena trazia um alívio para o corpo exausto. Ela estava a caminho do ponto de ônibus, os pensamentos ainda dispersos após o confronto com Lucas. O celular vibrou no bolso de seu jaleco, trazendo uma notificação, mas antes que ela pudesse verificar, um carro familiar parou ao lado dela na calçada. Era Gabriel. A janela do carro desceu, revelando seu semblante tranquilo e controlado. — Está indo para casa de ônibus? — perguntou Gabriel, com sua habitual objetividade. Mariana deu um leve sorriso cansado e assentiu, aproximando-se do carro. — Sim. O plantão foi longo demais, mas nada que eu não esteja acostumada. Só estou pronta pra chegar em casa. Gabriel a observou por um segundo antes de destravar a porta do passageiro. — Entra. Eu te levo. Ela hesitou por um instante, mas logo aceitou a oferta. Afinal, estava exausta e uma carona com Gabriel seria m