Mais tarde, enquanto Mariana estava ocupada com os pacientes, Gabriel encontrou Alice no corredor, perto da ala de cirurgia. Ela mantinha seu típico ar confiante, os olhos brilhando com um misto de profissionalismo e algo mais provocador.
— Gabriel — disse ela, com um sorriso que parecia esconder uma intenção. — Parece que estamos sempre cruzando caminhos ultimamente, não é? Gabriel, sempre direto e controlado, apenas assentiu, mantendo o foco no trabalho à frente. — Isso é inevitável em um hospital como esse, Alice. Somos profissionais, e é isso que importa aqui. Alice riu suavemente, enquanto dava um passo mais próximo, reduzindo a distância entre eles. — Profissionais, claro — disse ela, com a voz baixa, quase um sussurro. — Mas e se ainda houver algo mais? Algo do passado que não desapareceu completamente? Não me diga que você já se esqueceu de tudo tão facilmente. Antes que Gabriel pudesseO hospital estava mais calmo agora que o plantão de Mariana havia terminado. A noite já caía lá fora, e a temperatura amena trazia um alívio para o corpo exausto. Ela estava a caminho do ponto de ônibus, os pensamentos ainda dispersos após o confronto com Lucas. O celular vibrou no bolso de seu jaleco, trazendo uma notificação, mas antes que ela pudesse verificar, um carro familiar parou ao lado dela na calçada. Era Gabriel. A janela do carro desceu, revelando seu semblante tranquilo e controlado. — Está indo para casa de ônibus? — perguntou Gabriel, com sua habitual objetividade. Mariana deu um leve sorriso cansado e assentiu, aproximando-se do carro. — Sim. O plantão foi longo demais, mas nada que eu não esteja acostumada. Só estou pronta pra chegar em casa. Gabriel a observou por um segundo antes de destravar a porta do passageiro. — Entra. Eu te levo. Ela hesitou por um instante, mas logo aceitou a oferta. Afinal, estava exausta e uma carona com Gabriel seria m
Após o jantar, o silêncio confortável entre Gabriel e Mariana preenchia a sala. Gabriel, normalmente tão controlado, observava Mariana de um jeito mais suave, como se estivesse vendo uma nova faceta dela.Ela começou a recolher os pratos, mas Gabriel se levantou, pegando o último copo de água que restava na mesa.— Deixa que eu ajudo — disse ele, caminhando em direção à pia.Mariana olhou para ele com um sorriso discreto, apreciando o gesto inesperado.— Você ajudando na cozinha? Isso é uma novidade — comentou ela, tentando suavizar o clima, que ainda estava carregado pelo comentário de Gabriel sobre ela ser boa em não deixar as pessoas se aproximarem.Ele deu de ombros, colocando o copo na pia.— Não sou tão incapaz quanto pareço — respondeu ele com um leve tom de humor, mas seus olhos não deixavam de observá-la com atenção.Enquanto eles lavavam os pratos lado a lado, a proximidade física parecia amplificar a tensão entre eles. Gabriel não era de muitas palavras, mas Mariana sabia q
Era cedo quando Mariana chegou ao hospital para o plantão da manhã. A luz suave do sol iluminava os corredores ainda silenciosos, e o movimento começava a ganhar ritmo à medida que a equipe médica se preparava para mais um dia. Ela passou pelo saguão principal, ajeitando o jaleco enquanto verificava as mensagens no celular, e logo encontrou Clara na sala de descanso.— Bom dia, dormiu bem? — perguntou Clara, já ajeitando o cabelo em um coque apressado.— Na medida do possível, né? — respondeu Mariana, soltando um suspiro enquanto guardava a bolsa em um armário.Clara riu suavemente, como se aquilo fosse uma rotina normal. O hospital raramente dava espaço para o descanso que realmente precisavam.— Parece que hoje vai ser daqueles dias. Fiquei sabendo que tem mais casos complicados chegando na emergência — comentou Clara enquanto se preparava para o turno.— Nada que já não tenhamos visto antes, né? — respondeu Mariana, tentando se manter otimista enquanto ajeitava o estetoscópio no pe
Após encerrar o plantão da manhã no hospital, Mariana estava exausta. Os ombros pesados, os movimentos lentos, e o corpo todo clamando por descanso Ela se despediu da equipe, organizou suas coisas e saiu do hospital, aliviada por ter algumas horas para descansar antes de ir à casa de Matheus cuidar de Dona Elisa.Ao chegar em casa, tirou o jaleco e se jogou na cama, afundando no colchão com um suspiro. O descanso seria curto, mas qualquer sono era bem-vindo. Mesmo assim, sua mente não parava. O plantão, a conversa com Gabriel, e o próximo turno na casa de Matheus passavam como flashes em seus pensamentos.Quando a noite chegou, Mariana estava de pé novamente. Vestiu sua roupa de trabalho, mas sentia o corpo mais pesado do que o normal. O cansaço acumulado parecia maior, mas sua responsabilidade com Dona Elisa falava mais alto. Matheus sempre fora grato pelo seu cuidado, e ela sabia que a mãe dele precisava de atenção redobrada à noite.Chegando à casa, o silêncio habitual a recebeu
Horas depois, Mariana começou a despertar lentamente, piscando os olhos enquanto o ambiente do hospital entrava em foco. Ao abrir os olhos, viu Matheus sentado ao lado da cama, a expressão séria, mas com um leve alívio ao ver que ela acordava.— Você está bem? — perguntou Matheus, suavizando o tom, enquanto se inclinava levemente para verificar como ela estava.Mariana franziu a testa, tentando processar o que havia acontecido.— Eu... desmaiei? — perguntou ela, a voz fraca.Matheus assentiu, o alívio ainda evidente em sua expressão.— Sim. Você estava exausta, Mariana. Não conseguiu descansar o suficiente. O Gabriel me ajudou a trazê-la para cá. Ele está verificando você sempre que pode.Mariana suspirou, sentindo o peso da situação. Ela sabia que tinha se esforçado demais, e agora seu corpo estava cobrando o preço. Olhando para Matheus, percebeu a preocupação no rosto dele, algo que raramente via com tanta clareza.— Desculpa pela preocupação — murmurou Mariana, fechando os olhos p
Depois de uma longa noite de cirurgias e algumas poucas horas de sono, Gabriel acordou cedo. O relógio marcava 8 horas quando ele finalmente se levantou, ainda sentindo o peso das últimas horas em seu corpo. Ele sabia que precisava passar no hospital, ver como Mariana estava antes de encarar outro plantão.Se arrumando com a habitual precisão, Gabriel saiu de casa e dirigiu-se ao hospital. Embora mantivesse seu ar sempre controlado, a preocupação com Mariana ainda pairava em sua mente. Ele sabia que Matheus havia ficado ao lado dela, e essa presença constante do outro homem começava a provocar reflexões inesperadas em Gabriel.Ao chegar ao hospital, Gabriel caminhou pelos corredores com passos firmes, mas algo o deteve ao se aproximar do quarto de Mariana. A porta estava entreaberta, e de onde ele estava, conseguia ouvir vozes suaves. Curioso, ele se aproximou mais, o suficiente para ver parte da cena.Dentro do quarto, Matheus estava sentado ao lado de Mariana, em uma postura rela
Gabriel olhou para Mariana enquanto ela se ajeitava na cama, ainda se recuperando do desmaio. O cansaço estava claro no rosto dela, mas algo mais chamou sua atenção: a determinação que ela parecia carregar, mesmo quando seu corpo dava sinais claros de exaustão.— E você, não vai descansar? — perguntou Mariana, observando Gabriel com um leve sorriso, tentando quebrar o silêncio que se instalava entre eles.Gabriel deu um leve sorriso, cruzando os braços.— Tenho uma cirurgia daqui a pouco. Mas depois disso, estarei livre. Não se preocupe, vou descansar mais tarde — respondeu ele, o tom controlado como sempre.Mariana assentiu, mas a pergunta pairava em sua mente. Ela estava acostumada com o ritmo intenso de Gabriel, mas, naquele momento, a preocupação dele parecia ir além do habitual.— Você trabalha demais, Mariana — disse ele, repentinamente mais sério, os olhos fixos nela. — Por que você se força tanto? Precisa de tanto dinheiro assim?A pergunta a pegou de surpresa. Gabriel raramen
Depois de Gabriel sair, deixando Mariana descansar, Matheus ficou ao lado dela por mais algum tempo. O médico havia informado que ela poderia ir para casa mais tarde, caso continuasse se recuperando bem. O ambiente estava tranquilo, e Mariana parecia mais relaxada, embora o cansaço ainda fosse evidente em seus olhos.Matheus olhou para o relógio, sabendo que tinha assuntos da empresa para resolver. Ele se aproximou de Mariana com um sorriso leve.— Você está estável, e o médico disse que, se tudo continuar assim, você poderá ir para casa à tarde — disse ele, tentando manter o tom despreocupado.Mariana assentiu, agradecida pela presença de Matheus, mas também consciente de que ele tinha suas responsabilidades.— Obrigada por tudo, Matheus — murmurou ela. — Não precisava ficar tanto tempo aqui.— Claro que precisava — respondeu Matheus, de maneira firme, mas com um toque de carinho. — E eu ainda volto. Preciso resolver umas coisas na empresa, mas vou checar você mais tarde.Ele sorriu