A noite estava silenciosa no hospital, quebrada apenas pelo som constante e ritmado dos monitores cardíacos ao lado de Mariana. As luzes suaves do teto lançavam um brilho pálido sobre seu rosto cansado e pálido. Ela estava imóvel, respirando com dificuldade, as mãos instintivamente protegendo seu abdômen arredondado. Cada dor persistente no ventre era um lembrete cruel da vulnerabilidade de sua situação.Seus pensamentos se embaralhavam entre a preocupação com seu bebê e a incerteza sobre o estado de Gabriel. Ele estava vivo? Estaria se recuperando? Ninguém lhe dizia nada, e a incerteza estava destruindo sua mente.O silêncio foi abruptamente interrompido pelo som sutil de passos ecoando no corredor. Mariana prendeu a respiração, os sentidos aguçados por uma inquietação inexplicável.A porta do quarto se abriu lentamente, rangendo de maneira sinistra. Mariana esperava ver uma enfermeira, mas seu coração congelou ao reconhecer Dra. Gisele Alencar entrando. Impecavelmente vestida com um
O ônibus balançava suavemente na estrada deserta, cortando a madrugada com suas luzes fracas. Mariana estava encolhida no assento, os olhos fixos na escuridão do lado de fora da janela. Cada quilômetro que se afastava da cidade parecia levar um pouco de sua força junto.A respiração dela ainda estava descompassada. O que Gisele tinha falado ecoava em sua mente como um pesadelo sem fim."Gabriel morreu... Ele morreu por sua causa."Ela apertou a barriga com as mãos, como se isso pudesse proteger o bebê da dor avassaladora que tomava conta de seu peito."Você tem que ser forte, Mariana... Ele precisa de você."O motorista anunciou a próxima parada, uma cidade pequena e desconhecida, perdida no interior. Era para lá que ela ia. Não fazia ideia do que encontraria, mas qualquer lugar era melhor do que aquele hospital onde sua vida estava ameaçada.Quando o ônibus finalmente parou, ela desceu hesitante, sentindo o peso da mochila pendendo em suas costas. O vento frio cortava sua pele e a es
Matheus estacionou em um prédio discreto, sem letreiros ou placas chamativas. O lugar parecia mais uma casa grande do que um hospital.Ele desligou o carro e virou-se para Mariana.— Espere aqui. Vou falar com ele primeiro.Ela assentiu e observou enquanto Matheus entrava no prédio. O coração dela batia acelerado. O medo ainda estava lá, rondando como uma sombra, mas agora havia algo mais forte que ele: esperança.Poucos minutos depois, Matheus reapareceu acompanhado de um homem alto e de aparência confiável. Ele tinha um jaleco branco e uma expressão atenta.— Mariana, esse é o Dr. Lucas Ferreira. Ele é um dos melhores obstetras que conheço.O médico sorriu suavemente.— Prazer, Mariana. Matheus já me contou um pouco. Sei que está com medo, mas aqui você está segura. Vamos te examinar, tudo bem?Ela assentiu, sentindo um nó na garganta.Matheus estendeu a mão para ajudá-la a sair do carro. Assim que ficou de pé, um arrepio percorreu seu corpo, e uma tontura repentina fez suas pernas
O hospital seguia seu ritmo frenético. Mariana atravessava o corredor com uma pilha de prontuários. Atrás dela, duas enfermeiras trocavam olhares rápidos e cochichavam.— Já soube da história? — murmurou uma, os olhos fixos em Mariana.— Não me diga que é verdade, ele traiu ela realmente — respondeu a outra, disfarçando a curiosidade. — Com a Dra. Cibele da pediatria?Mariana manteve o ritmo firme, as mãos apertando os prontuários com mais força do que o necessário. A mandíbula estava tensa. Ao longe, avistou o Dr. Gabriel Alencar, que passou apressado, lançando um breve olhar em sua direção antes de seguir adiante.As risadas abafadas das enfermeiras ficaram para trás, mas o clima parecia mais pesado a cada passo. Lucas. O nome dele ainda ecoava em sua mente, especialmente desde que soubera da traição com Cibele. As fofocas sobre eles corriam pelo hospital, mas Mariana não deixava transparecer o quanto aquilo a afetava.Ela entrou na sala de prontuários, os movimentos automáticos e e
O carro deslizava pelas ruas silenciosas. Mariana olhava pela janela, observando as luzes da cidade passando rapidamente. O brilho da noite não conseguia acalmar a turbulência que sentia por dentro. Gabriel dirigia com a mesma calma e controle de sempre, as mãos firmes no volante, sem perder o foco. Ele era Dr. Alencar, o médico conhecido por sua frieza e precisão, mas agora estavam indo para um lugar que ela nem sabia ao certo onde era. Seu estômago revirava de ansiedade. O que estou fazendo aqui? A pergunta ecoava em sua mente, mas a resposta parecia distante. Algo nele a atraía, algo além do simples mistério. — Pra onde estamos indo? — perguntou, quebrando o silêncio. Gabriel lançou um rápido olhar para ela, um sorriso leve surgindo em seus lábios. — Para um lugar onde possamos conversar sem interrupções. O silêncio voltou, mas Mariana não conseguia se acalmar. Ela estava exausta das últimas semanas. As fofocas, o estresse, a traição de Lucas ainda pairando em sua mente, mis
Mariana acordou cedo, o corpo ainda pesado do dia anterior. A noite com Gabriel já era passado. Sem arrependimentos, apenas uma sensação de desconforto por saber que as coisas entre eles ficaram sem resolução. Sua prioridade, no entanto, era a reunião com Matheus Vilela, o CEO que estava procurando uma cuidadora para sua mãe. Vestida de forma simples, mas adequada, Mariana se preparou para o compromisso. O trabalho extra parecia a solução para os problemas financeiros que se acumulavam. Chegou ao prédio de Matheus focada: precisava daquele dinheiro. Ao entrar na sala de reuniões, foi surpreendida ao ver Gabriel, distraído com o celular, sentado no canto da sala. Ele mal levantou os olhos quando ela entrou. Mariana tentou ignorar o desconforto e se concentrar. — Mariana, obrigado por vir. — Matheus sorriu ao cumprimentá-la. Ele era jovem, com uma postura confiante e traços fortes. Havia algo nele que chamava atenção, um controle natural sobre as situações. — Como sabe, estou
Mariana acordou cedo, sentindo o peso da responsabilidade nos ombros. O dia seria longo, e seu pai continuava dormindo no quarto ao lado. Desde que ele havia se afundado em problemas, a vida de Mariana se transformara em uma batalha constante. As contas nunca paravam de chegar, e ela sabia que não podia contar com ele para ajudar. Passou pela porta do quarto dele. A respiração pesada e o som do ventilador de teto eram os únicos ruídos. Havia dias que ele mal saía da cama. Mariana sabia que precisava focar no trabalho, já que as preocupações em casa não davam trégua. O segundo emprego como cuidadora de Dona Elisa era sua chance de aliviar um pouco o aperto financeiro. Na cozinha, preparou um café rápido. O olhar perdido na janela enquanto pensava nas contas que ainda precisavam ser pagas. Respirou fundo. Sabia que a jornada seria longa. Depois de ajeitar a casa e terminar as pequenas tarefas, ela se preparou mentalmente para a noite de trabalho. Às 18h, Mariana já estava pront
Mariana mal teve tempo de processar a presença de Gabriel quando ele a puxou para si com uma força controlada, mas irresistível. O toque urgente de Gabriel a fez esquecer qualquer pensamento racional. O desejo tomou conta de ambos.Ele a empurrou contra a parede, os olhos fixos nos dela, a respiração pesada. Sem uma palavra, Gabriel avançou. Suas mãos exploraram cada parte de seu corpo com uma fome que Mariana nunca havia sentido antes.Os lábios dele encontraram os dela de forma feroz. Não havia suavidade, apenas a explosão de um desejo contido. Mariana retribuiu o beijo com a mesma intensidade, suas mãos agarrando a camisa de Gabriel, puxando-o para mais perto.Ele a pressionou ainda mais contra a parede, seu corpo forte moldando-se ao dela. As mãos de Gabriel eram firmes, e ele sabia exatamente o que fazia. O controle que ele tinha sobre a situação era absoluto, e Mariana gostava disso.O quarto, que antes parecia frio e funcional, agora se tornava um cenário de caos e calor. Gabri