Em Ritmo De Emergência: O Amor Em Jogo
Em Ritmo De Emergência: O Amor Em Jogo
Por: Val Lima
1 - O Corredo Da Fofoca

O hospital seguia seu ritmo frenético. Mariana atravessava o corredor com uma pilha de prontuários. Atrás dela, duas enfermeiras trocavam olhares rápidos e cochichavam.

— Já soube da história? — murmurou uma, os olhos fixos em Mariana.

— Não me diga que é verdade, ele traiu ela realmente — respondeu a outra, disfarçando a curiosidade. — Com a Dra. Cibele da pediatria?

Mariana manteve o ritmo firme, as mãos apertando os prontuários com mais força do que o necessário. A mandíbula estava tensa. Ao longe, avistou o Dr. Gabriel Alencar, que passou apressado, lançando um breve olhar em sua direção antes de seguir adiante.

As risadas abafadas das enfermeiras ficaram para trás, mas o clima parecia mais pesado a cada passo. Lucas. O nome dele ainda ecoava em sua mente, especialmente desde que soubera da traição com Cibele. As fofocas sobre eles corriam pelo hospital, mas Mariana não deixava transparecer o quanto aquilo a afetava.

Ela entrou na sala de prontuários, os movimentos automáticos e eficientes. Lá fora, os comentários e olhares continuavam pesando mais do que ela gostaria de admitir.

No balcão da recepção, entregou alguns papéis. O olhar das pessoas era insistente, mas ela manteve o foco. Deixou os documentos e seguiu adiante, sem vacilar.

Na área comum, Gabriel apareceu ao seu lado, pegando uma prancheta em silêncio. Mariana continuou focada, mas sentia a presença dele. Gabriel sempre parecia distante, quase frio, mas de alguma forma, ele fazia com que o ambiente ao redor se tornasse denso com uma tensão que ela não sabia explicar.

Por um momento, ele a olhou de soslaio, avaliando-a. A tensão no ar era clara, mas nenhum dos dois a dissipou.

Ela entregou a última ficha e saiu rapidamente, sem olhar para trás.

Na copa, Mariana mexia o café distraída. O tilintar da colher contra a xícara era o único som na sala.

— Turno pesado? — Gabriel perguntou, sem tirar os olhos da própria xícara.

— Como sempre — respondeu Mariana, seca.

O silêncio voltou. Gabriel tomou um gole e saiu, sem mais palavras.

Mais tarde, Mariana caminhava rapidamente pelos corredores. Seu foco se dividia entre o que acontecera na ala de emergência e o que sentia ao estar perto de Gabriel. Ao chegar à porta da sala dele, bateu levemente antes de entrar.

— Dr. Alencar? — chamou, vendo-o concentrado nos prontuários.

Ele ergueu o olhar, mantendo a expressão séria.

— O que aconteceu? — perguntou, direto.

Ela explicou a situação, e ele ouviu, sem desviar os olhos dos papéis por muito tempo.

— Certo, eu cuido disso — disse ele, voltando ao trabalho.

Ela hesitou por um momento, mas se virou e perguntou:

— O que você vai fazer depois do plantão?

Gabriel ergueu os olhos lentamente. Um leve sorriso apareceu em seu rosto.

— Eu não me envolvo com o namorado de colegas de trabalho — disse ele, mantendo o sorriso.

Mariana sentiu a tensão aumentar. O sorriso dele implicava algo mais. Sem hesitar, ela respondeu:

— Que bom que não estou mais namorando.

O sorriso de Gabriel aumentou, e seus olhos brilharam. Ele a observou por mais alguns segundos antes de inclinar-se levemente e murmurar:

— Talvez você não saiba o perigo que está correndo.

Mariana congelou por um segundo, surpresa. "Perigo?" A palavra ecoou em sua mente. Algo no tom de Gabriel não parecia apenas brincadeira. Ela o encarou, pensativa.

Gabriel se recostou na cadeira, mantendo o olhar fixo nela.

— Te espero no meu carro depois do plantão — completou, ainda com aquele sorriso enigmático.

Mariana processou a situação por um momento. Intrigada, assentiu com um pequeno sorriso.

— Até mais tarde — disse, antes de sair da sala, sentindo o peso das palavras dele.

Quando seu turno terminou, Mariana saiu do hospital já escurecendo. O ar fresco da noite a fez respirar mais fundo, como se tentasse aliviar a tensão acumulada.

Seu olhar varreu o estacionamento até encontrar o carro de Gabriel, estacionado em um canto mais afastado. Ele já estava lá, esperando, como havia prometido.

Por um breve momento, ela hesitou, como se reconsiderasse o que estava prestes a fazer. "Perigo", a palavra dele ainda ecoava em sua mente, mas ela não sabia se era um aviso real ou apenas uma provocação.

Com um último suspiro, começou a caminhar em direção ao carro.

Gabriel estava no banco do motorista, olhando para frente, mas quando a viu se aproximar, destravou as portas sem dizer uma palavra. Mariana entrou no carro, fechando a porta com um clique suave.

O silêncio entre eles foi denso nos primeiros segundos. A luz suave do painel iluminava os traços sérios de Gabriel, que ainda mantinha aquele ar indecifrável.

— Acha que isso é uma boa ideia? — Mariana perguntou, quebrando o silêncio.

Gabriel lançou um olhar rápido em sua direção, um leve sorriso puxando o canto de seus lábios.

— Você acha que é uma má ideia? — devolveu a pergunta, mantendo o tom calmo.

Mariana o encarou, tentando decifrar as intenções por trás daquelas palavras. Ele parecia confortável, como se nada daquilo fosse novidade para ele. Ela, por outro lado, sentia seu coração batendo mais rápido do que gostaria de admitir.

— Não sei — respondeu ela, sincera.

Gabriel finalmente virou o corpo levemente em sua direção, apoiando o braço no volante.

— Então, talvez seja melhor descobrir — disse ele, ainda com aquele sorriso enigmático.

Mariana desviou o olhar por um momento, processando a resposta. Ela sabia que aquilo não seria simples, que havia algo a mais por trás daquela calma que Gabriel exibia. E talvez fosse isso que a intrigava tanto.

O silêncio voltou a cair, mas dessa vez não parecia tão desconfortável. Gabriel ligou o carro e deu partida, enquanto Mariana observava a estrada à sua frente. Ela sabia que, a partir daquele momento, tudo poderia mudar.

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