Gabriel olhou para Mariana enquanto ela se ajeitava na cama, ainda se recuperando do desmaio. O cansaço estava claro no rosto dela, mas algo mais chamou sua atenção: a determinação que ela parecia carregar, mesmo quando seu corpo dava sinais claros de exaustão.— E você, não vai descansar? — perguntou Mariana, observando Gabriel com um leve sorriso, tentando quebrar o silêncio que se instalava entre eles.Gabriel deu um leve sorriso, cruzando os braços.— Tenho uma cirurgia daqui a pouco. Mas depois disso, estarei livre. Não se preocupe, vou descansar mais tarde — respondeu ele, o tom controlado como sempre.Mariana assentiu, mas a pergunta pairava em sua mente. Ela estava acostumada com o ritmo intenso de Gabriel, mas, naquele momento, a preocupação dele parecia ir além do habitual.— Você trabalha demais, Mariana — disse ele, repentinamente mais sério, os olhos fixos nela. — Por que você se força tanto? Precisa de tanto dinheiro assim?A pergunta a pegou de surpresa. Gabriel raramen
Depois de Gabriel sair, deixando Mariana descansar, Matheus ficou ao lado dela por mais algum tempo. O médico havia informado que ela poderia ir para casa mais tarde, caso continuasse se recuperando bem. O ambiente estava tranquilo, e Mariana parecia mais relaxada, embora o cansaço ainda fosse evidente em seus olhos.Matheus olhou para o relógio, sabendo que tinha assuntos da empresa para resolver. Ele se aproximou de Mariana com um sorriso leve.— Você está estável, e o médico disse que, se tudo continuar assim, você poderá ir para casa à tarde — disse ele, tentando manter o tom despreocupado.Mariana assentiu, agradecida pela presença de Matheus, mas também consciente de que ele tinha suas responsabilidades.— Obrigada por tudo, Matheus — murmurou ela. — Não precisava ficar tanto tempo aqui.— Claro que precisava — respondeu Matheus, de maneira firme, mas com um toque de carinho. — E eu ainda volto. Preciso resolver umas coisas na empresa, mas vou checar você mais tarde.Ele sorriu
Eles começaram a comer em silêncio, a presença de Gabriel sempre reconfortante em sua maneira contida, quando a campainha soou, quebrando a tranquilidade do momento.Gabriel franziu o cenho, surpreso com a visita inesperada. Ele colocou o guardanapo sobre a mesa e se levantou calmamente, indo até a porta. Mariana, curiosa, mas ainda se acostumando à ideia de estar na casa dele, observou enquanto ele abria a porta.Foi então que ela ouviu uma voz familiar.— Gabriel — Alicia disse, com um tom amigável e levemente insinuante. — Achei que poderíamos tomar um vinho juntos... como nos velhos tempos.Mariana sentiu o coração acelerar. Sem pensar duas vezes, ela se levantou silenciosamente e correu para o corredor, se escondendo onde não pudesse ser vista, mas de onde ainda podia ouvir tudo. Encostada na parede, ela respirava fundo, tentando acalmar o nervosismo crescente que subia à medida que ouvia a conversa.— Alicia — disse Gabriel, com uma surpresa evidente em sua voz, mas mantendo se
O jantar com Gabriel terminou em silêncio, e eles começaram a limpar a cozinha juntos. Apesar do ambiente tranquilo, os pensamentos de Mariana estavam distantes, ainda ressoando com a visita inesperada de Alicia e as dúvidas que isso trouxe.Foi então que o celular de Mariana vibrou em cima da bancada. Ela olhou a tela e, ao ver o nome de Matheus, um sorriso involuntário apareceu em seu rosto.— Alô? — disse ela, atendendo a ligação com uma suavidade que Gabriel notou imediatamente.— Mariana, como você está? Só queria saber se está se recuperando bem — a voz de Matheus era calma, mas carregava uma preocupação genuína.— Estou melhor, sim, obrigada — respondeu Mariana, sua voz ficando um pouco mais leve à medida que conversava. — Não precisa se preocupar, foi só cansaço acumulado.Enquanto falava, Mariana caminhou até a sala de estar, o telefone colado ao ouvido, a expressão visivelmente mais alegre. Ela riu levemente de algo que Matheus disse, e Gabriel, ao observá-la de longe, noto
Mariana rolou na cama, tentando encontrar uma posição confortável, mas o sono não vinha. O quarto estava tranquilo, mas sua mente permanecia inquieta. Depois de um tempo, decidiu se levantar e ir até a cozinha pegar um copo de água.Ao passar pela sala, viu uma luz suave. Gabriel estava sentado no sofá, com o laptop no colo, concentrado no que parecia ser algum trabalho. Ela hesitou por um momento antes de se aproximar.— Trabalhando? — murmurou ela, sua voz baixa para não interromper o silêncio.Gabriel ergueu os olhos da tela, fechando o laptop devagar.— Não conseguia dormir — respondeu ele, sem rodeios.Mariana assentiu, indo até a cozinha para pegar um copo de água. Enquanto ela bebia, Gabriel se levantou e se encostou no batente da porta, observando-a em silêncio.— E você? — perguntou ele, com a mesma objetividade.— Só insônia... — Mariana deu de ombros, tentando minimizar o desconforto.Gabriel permaneceu observando, sem dizer mais nada. Ele era assim, quieto, mas sempre pres
Mariana ficou em pé por alguns minutos após Gabriel fechar a porta. O apartamento parecia subitamente maior e mais vazio. Ela suspirou, colocando a caneca vazia na pia e começando a recolher suas coisas. Embora a recuperação estivesse sendo mais lenta do que ela gostaria, sentia que precisava voltar à sua rotina. Talvez, com o tempo, as coisas ficassem mais claras em sua mente. Depois de organizar suas roupas e outros pertences, Mariana deu uma última olhada ao redor do apartamento. Algo parecia estranho ao deixá-lo, algo que ela não esperava sentir. Mesmo com a relação entre ela e Gabriel sendo puramente casual, o tempo que passou ali foi reconfortante de uma forma que ela não queria admitir. Antes de sair, ela enviou uma mensagem rápida para Matheus, avisando que estava melhor e que em breve voltaria à casa dele para cuidar de Dona Elisa. Em vez de responder com uma mensagem, Matheus apareceu na porta de seu apartamento no início da noite, segurando um buquê de flores.
Enquanto esperava o colega de trabalho no restaurante, Gabriel manteve-se aparentemente focado, mas seus olhos, quase involuntariamente, voltavam para a mesa de Mariana e Matheus. O brilho no olhar dela enquanto sorria e conversava com Matheus causava um desconforto que ele tentava esconder por trás de sua postura controlada. Ele levou o copo de água aos lábios, permitindo que o líquido gelado descesse pela garganta, mas não conseguia se concentrar no que seu colega estava dizendo. Seus pensamentos estavam fixos em Mariana. Havia algo nos pequenos gestos de proximidade entre ela e Matheus que despertava uma inquietação que ele não sabia como processar. Ela parecia diferente — mais leve, quase despreocupada. Era algo que Gabriel raramente via. Ele sempre soubera que sua relação com Mariana era baseada em algo mais físico, mais casual, sem grandes expectativas emocionais. No entanto, ver Matheus, um cara bom e acessível, ao lado dela, e como ela parecia relaxada, o incomodava mais do
Quando Mariana chegou em casa, depois do jantar com Matheus, sentiu o peso dos últimos dias recair sobre seus ombros como uma carga invisível, mas sufocante. O silêncio do apartamento parecia aumentar sua angústia. Pegou o telefone, olhou para o número do pai e hesitou, o dedo pairando sobre a tela. "Será que ele está bem?", pensou, sentindo uma pressão no peito. Fazia dias que ela não conseguia falar com ele, e a preocupação crescia, a cada tentativa frustrada de contato.Mariana respirou fundo antes de discar, o som dos toques soando alto no silêncio da sala. O telefone chamou... chamou... até que foi direto para a caixa postal. Mais uma vez. Ela fechou os olhos, tentando controlar a frustração crescente, o maxilar tensionando-se enquanto abaixava o telefone. "Pai, o que está acontecendo?", murmurou, jogando o aparelho de lado sobre o sofá.Trocando de roupa para dormir, a preocupação não desaparecia. Seu pai sempre teve problemas com dívidas de jogo, e agora o risco parecia maior.