O PADRE, O RIO E A PEDRA

O homem é apenas o homem. Legião ele é, tão perto do animal, tão perto do anjo. Santo ou demônio, possuído por luz ou escuridão, homens é o que somos.

Era um boato, quer dizer, a gente achava que era. Sabe, dessas estórias de fantasmas, só para meter medo em gente medrosa. A estória era de que na margem do rio, na quarta-feira de cinzas, um padre aparecia lá e ficava olhando as águas, quieto. Realmente, a gente já tinha visto ele lá, quieto, mas nunca, por mais engraçado que parecesse, ninguém tinha chegado perto dele, para conversar ou pedir a benção. A gente estranhava, mas respeitava ele. Afinal, era um padre; ele devia estar rezando.

Só que um dia uma mulher, que a gente tem por feiticeira, começou a dizer que ele era um fantasma.

Apesar de ninguém mostrar que estava preocupado, todos bem sabiam que o dia seguinte era a quarta-feira de cinzas. Então quase todo mundo começou a brincar, sobre quem teria coragem de ir

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