CAPÍTULO 80 Maria Eduarda Duarte Embora Maicon tenha me tirado o juízo com aquela sunga branca, ele estava tão diferente e divertido que não liguei dele arrancar o short quando entrou na água. O meu medo é que tudo acabe quando voltarmos pra Roma, porque ele está tão mais humano, aqui. Acabou me jogando no mar, e saímos nadando... é claro que no meu caso, fugindo dele para que não me afundasse. A água estava gelada, mas isso não importava. — Você sabe nadar muito bem. Nem teve tanta graça ter te jogado... — reclamou quando me encontrou. — É que a minha irmã só acalma suas crises na água quando perde o controle. Passei grande parte da infância e adolescência nadando ao seu lado, queria garantir que ela ficaria bem — respirei fundo, abracei seu pescoço. — Que estranho, nunca ouvi nada a respeito. — Sempre fomos discretos — falei e acho que me distraí por um momento, Maicon colocou a mão no peito de repente e vi sua expressão de dor. — Maicon, o que foi? O
CAPÍTULO 81 Maicon Prass Fernandes Assim que me despedi da italiana, caminhei rapidamente até o carro. Algo estava errado. Minha mãe nunca mandava mensagens confusas, ainda mais sobre um lugar que conhecia tão bem. Acelerei pelas ruas de São Paulo, cada quilômetro aumentando minha ansiedade. Eu conhecia aquele lugar, um beco escondido entre os prédios do centro, onde eu morava. Cheguei ao local, as luzes fracas e as paredes marcadas por grafites desgastados. Um lugar que sempre me trouxe uma sensação de controle, mas hoje tudo parecia diferente. Parei o carro no final do beco e desci, os sons abafados da cidade ecoando ao meu redor. Mas, ao invés da segurança familiar, senti um frio na espinha. O beco estava vazio. Nenhum sinal da minha mãe ou da Ivete. A preocupação começou a se transformar em algo mais sombrio. Peguei o celular e liguei para minha mãe, mas a ligação foi direto para a caixa postal. A sensação de que algo estava terrivelmente errado se intensi
CAPÍTULO 82 Maicon Prass Fernandes Saí do hotel com o sangue fervendo, celular na mão e um foco: encontrar Maria Eduarda. Então comecei a fazer muitas ligações, dirigindo pela cidade, a procura dela e da minha mãe com a Ivete, que com certeza também deveriam ter sido levadas, mas por quem? A cada segundo que passava, a angústia crescia, e era quase insuportável. As minhas ligações não surtiam resultados, uma incerteza me corroía por dentro, uma sensação de impotência, eu estava fora dos meus domínios, sem meus recursos. Fiquei prestes a perder o controle quando, de repente, algo me veio à mente. A pulseira. Aquela maldita pulseira que Maria Eduarda sempre usava, que eu nunca dei muita importância... mas que tinha um rastreador. A ficha caiu como um soco no estômago. Como pude esquecer disso? Era minha chance, a única pista concreta. Sem perder tempo, puxei o celular, já abrindo o aplicativo que eu sabia que estava lá, esperando para ser usado, e percebi
CAPÍTULO 83 Maria Eduarda Duarte Acordei devagar, com a cabeça pesada, como se estivesse saindo de um pesadelo. Tudo ao redor parecia frio. Quando tentei me mover, algo estava errado. Minhas mãos estavam presas, amarradas às costas da cadeira. Tentei mexer as pernas, mas elas também estavam imobilizadas. Um pânico tomou conta de mim, fazendo o coração disparar. Olhei ao redor, tentando entender onde estava. A sala era escura, iluminada apenas por uma luz fraca num canto. As cordas apertavam meus pulsos, machucando a pele, e a cadeira rangia a cada movimento que eu fazia. Minha respiração ficou pesada, e senti o medo se espalhar, subindo pela garganta. Eu tentava lembrar o que havia acontecido. A última coisa que veio à mente foi quando eu estava atravessando a rua para ir à farmácia. Depois disso, tudo se tornou um borrão. E agora, aqui estou, sozinha, amarrada, sem ter ideia de onde estou ou quem me trouxe até aqui. Fechei os olhos, tentando me acalmar, buscando al
CAPÍTULO 84 Maicon Prass Fernandes Cheguei no local indicado pelo rastreador, os pneus do carro cantando quando parei de repente. O lugar era um armazém velho, escuro, decadente, com a tinta descascada e as janelas quebradas. Meu coração ainda estava apertado, aquela dor de merda latejando, mas eu ignorei. Antes que eu pudesse sair do carro, o meu celular tocou. Olhei a tela e vi que era do hotel. Atendi com a voz ainda carregada de tensão. — O que é? — Senhor Maicon — começou o gerente, a voz nervosa — os policiais estão aqui. Eles estão pedindo as imagens das câmeras de segurança e, se possível, sua localização atual para enviar reforços. Respirei fundo, tentando manter a calma, embora cada fibra do meu corpo gritasse para eu avançar logo naquele armazém. — Passa as imagens que tiverem, merda! — rosnei — E aqui vai minha localização — enviei a coordenada para ele antes de continuar — Porra, vão demorar muito? “Eu vou entrar nesse lugar sozinh
CAPÍTULO 85 Maicon Prass Fernandes Soltei o desgraçado, ele caiu no chão. O outro se mexeu pra querer ajudar, meu soldado o cobriu no chute. — ALGUÉM TE DEIXOU SE MEXER, CARALHO! — ele gritou, mas ignorei. No fundo, eu sabia muito bem quem era o cabeça, de onde tinha vindo aquilo, então olhei para o cabelo com repulsa. — Porra! Você comeu ao lado da minha família, caralho! Fiz questão de tratar todos bem, e agora faz essa malandragem comigo, machuca a minha esposa. A mesma que pediu pra te convidar, com toda a boa intenção... — Olhei pra italiana e observei a marca vermelha no seu rosto, e isso me deixou ainda mais sem controle. O sorriso dele desapareceu do rosto, substituído por um medo que ele não conseguiu esconder. [Plaft!] — ecoou o tabefe bem-dado na cara daquele nojento. — Ousou encostar na minha mulher, seu desgraçado! — meti outro. Não eram socos, mas com o impacto da minha mão pesada, cortou o canto da boca e ficaram as marcas. — Desculpa cara! Nos deixe ir,
CAPÍTULO 86 Maria Eduarda Duarte Quando Maicon finalmente me encontrou naquele cativeiro, a mistura de alívio e desespero quase me sufocou. Cada segundo que passei lá dentro parecia durar uma eternidade. A dor de cabeça causada pelo pano que usaram para me desacordar ainda latejava, mas quando vi o rosto dele atravessando a porta, senti um alívio imediato, como se uma âncora tivesse sido jogada para me salvar de me afogar. Ele me ajudou a sair sem dizer muitas palavras, mas eu sentia o desespero na firmeza com que ele segurava minha mão. Maicon sempre teve uma presença forte, uma segurança que me fazia sentir protegida, mas naquele momento, mesmo ao lado dele, eu ainda me sentia frágil. O medo estava gravado na minha pele, e eu ainda estava tentando processar tudo o que tinha acontecido, embora também estivesse tão feliz, em saber que não tenho um marido tão frio, ele sente alguma coisa por mim, e isso me dá muita esperança. Ele mal teve tempo para respira
CAPÍTULO 87 Maria Eduarda Duarte Aquilo parecia um pesadelo. Nunca imaginei passar por algo assim, mas me mantive forte... até dona Sarita não se conteve, mas meu sangue é de mafiosa, e assim como Ivete, aguentei firme. A ajuda parecia demorar uma eternidade, mas eu o apoiei em mim e lembrei das massagens que o aliviavam, mesmo chorando sobre ele, eu precisei me recompor, e hoje fui mais precisa, pois pelos sintomas, era algo no coração. — Você deveria ter me dito, Maicon... a gente não estaria passeando com você doente, talvez se não se esforçasse tanto, isso não teria acontecido — reclamei sobre ele, palavras num tom que só ele poderia ouvir, mas eu nem tinha certeza se conseguiria. — Senhora, a ambulância deve estar chegando! A senhora pode ir com o patrão, leve dona Sarita e a Ivete, que também se machucou. Eu ficarei para resolver a questão do homicídio. A polícia logo vai chegar, então precisarei sair antes disso — falou o soldado, olhei para a Ivete e a minha so