CAPÍTULO 88 Maria Eduarda Duarte Assim que entrei no CTI, o cheiro de antisséptico me atingiu com força, misturado ao som suave dos monitores cardíacos que preenchiam o ambiente. Meus olhos procuraram desesperadamente pela cama de Maicon, e o encontrei cercado por outros pacientes. Ao lado dele, o mesmo médico que falou comigo, se aproximou de mim. — Senhora Maria Eduarda — ele tinha uma voz que parecia escolher as palavras com cuidado — Incluímos o nome do seu marido em caráter de urgência no banco de órgãos. Já enviamos o material para análise de compatibilidade. Agora, temos que ter fé que um coração compatível apareça o mais rápido possível. Meu coração, que já estava pesado, afundou ainda mais, segurei a mão do Maicon, mas antes que eu pudesse processar completamente o que ele disse, Francesco, o cardiologista da máfia e velho amigo da família Strondda, entrou na sala. Seu olhar era intenso e, de certo modo, carregado de uma preocupação que ele raramente demons
CAPÍTULO 89 Narrativa da autora ( 1 hora antes) No CTI, Maria Eduarda estava ao lado da cama de Maicon, segurando sua mão inerte, tentando encontrar forças em meio ao caos que parecia envolvê-la. Ao lado, uma família estava reunida ao redor de outro paciente, um jovem homem de cerca de trinta anos, preso a aparelhos que sustentavam sua vida. A mãe do jovem, uma mulher de meia-idade com o rosto marcado pela angústia, segurava a mão do filho com desespero. Ao lado dela, uma senhora idosa, provavelmente a avó, chorava em silêncio, com os olhos fixos no neto, como se já tivesse aceitado o inevitável. Um médico se aproximou da família, com uma expressão séria, mas carregada de compaixão. Ele se abaixou para falar com a mãe, escolhendo as palavras com cuidado. — Senhora, os exames confirmaram que seu filho teve morte encefálica — começou ele, sua voz baixa, mas firme. — Infelizmente, isso significa que não há mais atividade cerebral, e ele não tem chanc
CAPÍTULO 90 Maria Eduarda Duarte Sentada ao lado da cama do Maicon, o tempo parecia se arrastar. A cada respiração dele, eu sentia o peso da incerteza sobre nós. Segurava sua mão, tentando transmitir alguma força, mas, no fundo, eu mesma estava quase sem forças. Decidi sair por um momento, precisava de um segundo para respirar, me recompor, já que dona Sarita também estava no quarto. Fui até o banheiro do corredor, tentando afastar os pensamentos ruins, vi que Ivete veio atrás de mim. No entanto, ao sair, um sussurro familiar chamou minha atenção. Francesco, o médico do Maicon, estava ali, falando ao telefone. Parei imediatamente, o coração acelerado. Ele não me viu, mas ouvi claramente: — Don, sim, existe um possível doador — senti minhas pernas fraquejarem, Ivete me segurou — A família foi específica, estão dispostos a doar apenas para o nosso consigliere. Mas os procedimentos são rigorosos, e estou preso há ética profissional. Se negarem, não poderei fazer
CAPÍTULO 91 Maria Eduarda Duarte Quando empurrei a porta do quarto, tudo pareceu desacelerar. O cardiologista estava lá, conversando com a minha sogra. Aproximando-me da cama, meu coração quase parou quando o médico virou-se para mim, mas seu sorriso discreto, me aliviou. — Maria Eduarda, conseguimos. — Aquelas palavras penetraram como uma onda de alívio, tão poderosa que senti meus joelhos ameaçarem ceder. — O Maicon será levado para a cirurgia agora. O outro paciente poderia demorar para chegar, e como o Maicon já está aqui... As lágrimas vieram antes que eu pudesse sequer processar totalmente o que ele disse. Era muita emoção. Eu me aproximei da cama e agarrei a mão de Maicon, sentindo a pele fria dele contra a minha, encostei no meu rosto. Ele estava prestes a passar por algo tão grande, tão decisivo, e tudo o que eu podia fazer era confiar. Eu queria falar, dizer alguma coisa, mas minha voz simplesmente não saía. Eu só conseguia olhar para ele, para o homem que era tu
CAPÍTULO 92 Maria Eduarda Duarte — Minha filha... meu Deus, o que aconteceu com você? — pensei que estivesse sonhando, quando ouvi a voz da minha mãe me chamar, e quase caí da cadeira. — Mãe? Como? — levantei meio sonolenta ainda confusa, vendo tantas pessoas conhecidas ali. Abracei minha mãe, enquanto ouvia várias perguntas ao mesmo tempo, da Rebeca e Enzo com as crianças do lado, Don Antony e até Fabiana com as crianças, Laura e Alex com a pequena. Atordoada comecei a contar tudo o que havia acontecido, detalhe por detalhe, e estranhei que todos só se preocuparam com o Maicon e comigo, não insistiram em detalhes do sequestro, até que Rebeca me tocou. — Cunhada, me escuta, está bem? Quero que volte para o hotel com a Larissa e faça check-out. Don Antony comprou um hotel, mandou fechar apenas para família por segurança... — Não Rebeca, eu não quero sair daqui... — tentei negar. — É, é vai acabar ficando mesmo, se não se cuidar. Só que daí numa cama!
CAPÍTULO 93 Maria Eduarda Duarte 10 dias depois Dez dias se passaram, momentos que pareciam uma eternidade. Todos os dias, eu vinha ao hospital, me vestia com aquelas roupas brancas que me faziam sentir como uma astronauta entrando em uma cápsula, mas nunca podia realmente tocá-lo, abraçá-lo, dizer que tudo ficaria bem com o meu próprio corpo, com a proximidade que eu tanto ansiava. Durante esse tempo, eu o observava em silêncio, prestando atenção em cada pequena mudança. Primeiro, os monitores mostravam que o novo coração estava funcionando. Depois, ele começou a respirar com menos auxílio das máquinas. E então, lentamente, o inchaço nos olhos e no rosto começou a diminuir. Cada avanço, por menor que fosse, enchia meu peito de esperança. Mas ele ainda dormia. Hoje, quando entrei no quarto, algo estava diferente. Eu sentia isso antes mesmo de vê-lo. O médico me olhou com um sorriso discreto, e foi ali que percebi. Ele estava acordado. "Maicon?" Minh
CAPÍTULO 94 Maria Eduarda Duarte — Pedi para que Laura e Alex trouxessem esse nojento, não sou obrigada a encostar nele — Rebeca falou e eu tentando entender. — Suspeitam do melhor amigo do Maicon e da dona Sarita? — questiomei, sem resposta concreta balancei a cabeça, incrédula, olhando o tal Robson, irmão da Ingrid. Don levantou, inexpressivo, mãos no bolso, se abaixou e do nada levantou o Robson pelo pescoço. — Eu acho que você não faz ideia com quem mexeu! É você, figlio de puttana! Você que apareceu nas imagens das câmeras, dirigindo o carro que levou Maria Eduarda! E é você que aparece saindo de lá, dirigindo o mesmo carro, e entrando no local onde estava a mulher que te considera um filho! — Robson começou a negar sem conseguir falar, Don o soltou, caiu novamente. — Eu não! Somos amigos, do que estão falando? — notei um reflexo e quando vi, Laura já tinha atirado uma faca, acertando o ombro do Robson — AIIIII! QUE ISSO? QUEM SÃO VOCÊS, CARAL
CAPÍTULO 95 Maria Eduarda Duarte Pelo que entendi, esperavam a minha opinião, então animada, disse: — Ela sabe, mas se não está envolvida... bom, não acho que precise pagar pelos erros do irmão — falei com receio, por mais que eu não goste dela, o que é justo é justo. — Faremos assim... aqui ela não fica mais, vou enviar para outro estado. Preciso garantir que mantenha a boca fechada, porque se abrir, morre — Don falou com segurança, dando outro chute na cara do Robson, deixando Ingrid desesperada. — Não, eu não vou conseguir sobreviver nem como prostituta, em outro lugar. Aqui tenho onde morar, por favor me deixem viver aqui! — Ingrid implorou. Lembrei de como o Maicon e a mãe dele gostavam dela. — Don, se quiser pode levá-la para a Itália, lá tem as boates, ela pode trabalhar. Se vai ser prostituta ou não, daí já é escolha dela — pedi, mesmo sabendo que acabaria topando com ela uma hora ou outra. — Por mim já envia para o diavolo! — Rebeca disse, causando ri