CAPÍTULO 83 Maria Eduarda Duarte Acordei devagar, com a cabeça pesada, como se estivesse saindo de um pesadelo. Tudo ao redor parecia frio. Quando tentei me mover, algo estava errado. Minhas mãos estavam presas, amarradas às costas da cadeira. Tentei mexer as pernas, mas elas também estavam imobilizadas. Um pânico tomou conta de mim, fazendo o coração disparar. Olhei ao redor, tentando entender onde estava. A sala era escura, iluminada apenas por uma luz fraca num canto. As cordas apertavam meus pulsos, machucando a pele, e a cadeira rangia a cada movimento que eu fazia. Minha respiração ficou pesada, e senti o medo se espalhar, subindo pela garganta. Eu tentava lembrar o que havia acontecido. A última coisa que veio à mente foi quando eu estava atravessando a rua para ir à farmácia. Depois disso, tudo se tornou um borrão. E agora, aqui estou, sozinha, amarrada, sem ter ideia de onde estou ou quem me trouxe até aqui. Fechei os olhos, tentando me acalmar, buscando al
CAPÍTULO 84 Maicon Prass Fernandes Cheguei no local indicado pelo rastreador, os pneus do carro cantando quando parei de repente. O lugar era um armazém velho, escuro, decadente, com a tinta descascada e as janelas quebradas. Meu coração ainda estava apertado, aquela dor de merda latejando, mas eu ignorei. Antes que eu pudesse sair do carro, o meu celular tocou. Olhei a tela e vi que era do hotel. Atendi com a voz ainda carregada de tensão. — O que é? — Senhor Maicon — começou o gerente, a voz nervosa — os policiais estão aqui. Eles estão pedindo as imagens das câmeras de segurança e, se possível, sua localização atual para enviar reforços. Respirei fundo, tentando manter a calma, embora cada fibra do meu corpo gritasse para eu avançar logo naquele armazém. — Passa as imagens que tiverem, merda! — rosnei — E aqui vai minha localização — enviei a coordenada para ele antes de continuar — Porra, vão demorar muito? “Eu vou entrar nesse lugar sozinh
CAPÍTULO 85 Maicon Prass Fernandes Soltei o desgraçado, ele caiu no chão. O outro se mexeu pra querer ajudar, meu soldado o cobriu no chute. — ALGUÉM TE DEIXOU SE MEXER, CARALHO! — ele gritou, mas ignorei. No fundo, eu sabia muito bem quem era o cabeça, de onde tinha vindo aquilo, então olhei para o cabelo com repulsa. — Porra! Você comeu ao lado da minha família, caralho! Fiz questão de tratar todos bem, e agora faz essa malandragem comigo, machuca a minha esposa. A mesma que pediu pra te convidar, com toda a boa intenção... — Olhei pra italiana e observei a marca vermelha no seu rosto, e isso me deixou ainda mais sem controle. O sorriso dele desapareceu do rosto, substituído por um medo que ele não conseguiu esconder. [Plaft!] — ecoou o tabefe bem-dado na cara daquele nojento. — Ousou encostar na minha mulher, seu desgraçado! — meti outro. Não eram socos, mas com o impacto da minha mão pesada, cortou o canto da boca e ficaram as marcas. — Desculpa cara! Nos deixe ir,
CAPÍTULO 86 Maria Eduarda Duarte Quando Maicon finalmente me encontrou naquele cativeiro, a mistura de alívio e desespero quase me sufocou. Cada segundo que passei lá dentro parecia durar uma eternidade. A dor de cabeça causada pelo pano que usaram para me desacordar ainda latejava, mas quando vi o rosto dele atravessando a porta, senti um alívio imediato, como se uma âncora tivesse sido jogada para me salvar de me afogar. Ele me ajudou a sair sem dizer muitas palavras, mas eu sentia o desespero na firmeza com que ele segurava minha mão. Maicon sempre teve uma presença forte, uma segurança que me fazia sentir protegida, mas naquele momento, mesmo ao lado dele, eu ainda me sentia frágil. O medo estava gravado na minha pele, e eu ainda estava tentando processar tudo o que tinha acontecido, embora também estivesse tão feliz, em saber que não tenho um marido tão frio, ele sente alguma coisa por mim, e isso me dá muita esperança. Ele mal teve tempo para respira
CAPÍTULO 87 Maria Eduarda Duarte Aquilo parecia um pesadelo. Nunca imaginei passar por algo assim, mas me mantive forte... até dona Sarita não se conteve, mas meu sangue é de mafiosa, e assim como Ivete, aguentei firme. A ajuda parecia demorar uma eternidade, mas eu o apoiei em mim e lembrei das massagens que o aliviavam, mesmo chorando sobre ele, eu precisei me recompor, e hoje fui mais precisa, pois pelos sintomas, era algo no coração. — Você deveria ter me dito, Maicon... a gente não estaria passeando com você doente, talvez se não se esforçasse tanto, isso não teria acontecido — reclamei sobre ele, palavras num tom que só ele poderia ouvir, mas eu nem tinha certeza se conseguiria. — Senhora, a ambulância deve estar chegando! A senhora pode ir com o patrão, leve dona Sarita e a Ivete, que também se machucou. Eu ficarei para resolver a questão do homicídio. A polícia logo vai chegar, então precisarei sair antes disso — falou o soldado, olhei para a Ivete e a minha so
CAPÍTULO 88 Maria Eduarda Duarte Assim que entrei no CTI, o cheiro de antisséptico me atingiu com força, misturado ao som suave dos monitores cardíacos que preenchiam o ambiente. Meus olhos procuraram desesperadamente pela cama de Maicon, e o encontrei cercado por outros pacientes. Ao lado dele, o mesmo médico que falou comigo, se aproximou de mim. — Senhora Maria Eduarda — ele tinha uma voz que parecia escolher as palavras com cuidado — Incluímos o nome do seu marido em caráter de urgência no banco de órgãos. Já enviamos o material para análise de compatibilidade. Agora, temos que ter fé que um coração compatível apareça o mais rápido possível. Meu coração, que já estava pesado, afundou ainda mais, segurei a mão do Maicon, mas antes que eu pudesse processar completamente o que ele disse, Francesco, o cardiologista da máfia e velho amigo da família Strondda, entrou na sala. Seu olhar era intenso e, de certo modo, carregado de uma preocupação que ele raramente demons
CAPÍTULO 89 Narrativa da autora ( 1 hora antes) No CTI, Maria Eduarda estava ao lado da cama de Maicon, segurando sua mão inerte, tentando encontrar forças em meio ao caos que parecia envolvê-la. Ao lado, uma família estava reunida ao redor de outro paciente, um jovem homem de cerca de trinta anos, preso a aparelhos que sustentavam sua vida. A mãe do jovem, uma mulher de meia-idade com o rosto marcado pela angústia, segurava a mão do filho com desespero. Ao lado dela, uma senhora idosa, provavelmente a avó, chorava em silêncio, com os olhos fixos no neto, como se já tivesse aceitado o inevitável. Um médico se aproximou da família, com uma expressão séria, mas carregada de compaixão. Ele se abaixou para falar com a mãe, escolhendo as palavras com cuidado. — Senhora, os exames confirmaram que seu filho teve morte encefálica — começou ele, sua voz baixa, mas firme. — Infelizmente, isso significa que não há mais atividade cerebral, e ele não tem chanc
CAPÍTULO 90 Maria Eduarda Duarte Sentada ao lado da cama do Maicon, o tempo parecia se arrastar. A cada respiração dele, eu sentia o peso da incerteza sobre nós. Segurava sua mão, tentando transmitir alguma força, mas, no fundo, eu mesma estava quase sem forças. Decidi sair por um momento, precisava de um segundo para respirar, me recompor, já que dona Sarita também estava no quarto. Fui até o banheiro do corredor, tentando afastar os pensamentos ruins, vi que Ivete veio atrás de mim. No entanto, ao sair, um sussurro familiar chamou minha atenção. Francesco, o médico do Maicon, estava ali, falando ao telefone. Parei imediatamente, o coração acelerado. Ele não me viu, mas ouvi claramente: — Don, sim, existe um possível doador — senti minhas pernas fraquejarem, Ivete me segurou — A família foi específica, estão dispostos a doar apenas para o nosso consigliere. Mas os procedimentos são rigorosos, e estou preso há ética profissional. Se negarem, não poderei fazer