JadenO resto do caminho foi feito em paz. Olivia cantou e depois contou algumas histórias estranhas e engraçadas que já haviam acontecido em alguns dos seus shows pelas estradas.Quando chegamos à Vegas, senti um enorme frio na barriga. Depois de tantos dias juntos, quase inseparáveis, seria difícil dizer tchau e voltar sozinho para casa.— Me sinto um pouco nervosa. E com medo, eu acho — disse ela, no quarto do hotel.— Vai dar tudo certo. — Tentei lhe passar toda a minha confiança.Segurando-a pela cintura, puxei-a para mim.— Você é puro talento, Olivia. Não precisa ter medo. Em breve, verei esse seu rostinho perfeito por todas as partes. Sempre que eu ligar a TV, alguém estará falando de você.Ela sorriu.— Eu vou sentir tanto a sua falta.— Também vou sentir a sua.— E se daqui a uma semana eu não puder ir a Montana? — Perdeu o sorriso.— Não tem problema. — Acariciei o seu rosto. — Eu irei até você, onde estiver. — Selei os seus lábios.— Cuide bem do Norman, por favor.— Cuida
JadenO sol nascia no horizonte atrás das rochas de Montana. Todos os dias, antes da lida, era ali que eu me encontrava; sentado sobre o cavalo, que pastava o capim úmido pelo orvalho. A cada segundo a mais de admiração, respirando ar puro, tinha mais certeza de que o campo era o meu lugar. Eternamente o meu lar, mesmo que, quando adolescente, eu esperasse fazer algo diferente na vida adulta.As terras pertenciam à minha família há pouco mais de um século e, embora as coisas não estivessem ficando financeiramente mais fáceis com o passar dos anos, jamais permitiria perdermos o paraíso. Dedicava todo o tempo da minha vida em mantê-lo de pé para que os meus irmãos tenham para onde voltar e o meu pai tenha do que se orgulhar. Por isso, casar-me foi tirado dos meus planos. Não poderia perder mais do que algumas horas no ano me dedicando a alguém. O que tive com cada mulher que se deitou na minha cama sempre será o suficiente para mim, além de que o que fazemos não cabe amor. Não cabe paix
JadenColocando o chapéu na cabeça, desci do carro e atravessei a rua. Ao passar pela porta, o sino acima dela anunciou a minha chegada. O lugar ainda estava um tanto vazio e silencioso, mas algumas pessoas se preparavam para tocar em breve no pequeno palco.— Bennett! Chegou em boa hora. Uísque duplo? — perguntou Mike.Ele era o dono do lugar e um velho amigo. Boa índole, grande fé e um fofoqueiro.— Isso aí. Sentei-me na banqueta diante dele.— Saudade de quando o seu pai aparecia por aqui.— Sabe como é a agenda de um governador. — Forcei um sorriso.— Eu sei. — Riu. — Mas isso não me impede de sentir saudade do velho Bennett.Ele colocou o copo sobre a bancada, à minha frente. Apanhei-o e levei-o até o nariz, sentindo o adocicado e defumado aroma do líquido de cor âmbar. Dei um gole, deixando a porção se demorar um pouco na boca antes de engoli-la, sentindo-a aquecer suavemente a garganta ao descer.— Com licença. — Uma voz suave reverberou atrás de mim.Não fazia nem cinco minuto
OliviaO ônibus da escola parou em frente à porteira do rancho. Desci, me despedindo do motorista, e percorri sob o sol quente a estrada até em casa. Ao me aproximar, observei como estava tudo estranhamente quieto. O meu pai não estava mexendo no trator, e a minha mãe não estendia roupas no varal ou fazia reparos nas camisas furadas, sentada em uma cadeira no alpendre.A porta dos fundos estava entreaberta. Subi os degraus e a empurrei, dando-me passagem. Meus olhos se arregalaram quando vi a dois passos um machado sujo de sangue, jogado no chão. Meu coração palpitou forte no peito com o pavor que me preencheu subitamente.— Mamãe — chamei-a, mas nenhum ruído foi ouvido.Tirei a mochila das costas e deixei-a no chão, junto a pia. Entrei na casa a passos oscilantes. Na quina da parede que separava a cozinha da sala, havia rastros de sangue sobre a tinta amarela. Uma mão se firmou ali antes de ser arrastada. Com olhos marejados e mãos trêmulas, continuei a caminhar. Uma linha de sangue
OliviaAo me sentar, logo o primeiro peão entrou na arena. Pobre coitado. Não durou nem cinco segundos. Depois veio o segundo. Caiu faltando milésimos para o fim do tempo. Então veio o terceiro. Ele arrasou. Jason teria que fazer muito melhor do que isso.— Esse lugar está vago? — perguntou um homem.— Sim — respondi, olhando-o em seguida. E, para minha surpresa, era o cara da noite anterior, no bar. Aquele, o senhor não-estou-a-fim.— Boa noite, cantora — cumprimentou-me com um sorrisinho debochado e sentou-se ao meu lado.— Oi. — Limitei-me a dizer, olhando novamente para frente.Um pequeno nervosismo surgiu em mim.De todos os lugares vagos, ele tinha mesmo que se sentar aqui?Espiei-o pelos cantos dos olhos, observando-o. A luz ali era melhor do que a do bar. As pequenas costeletas abaixo do grande chapéu mostravam a cor do seu cabelo. É escuro. Ele, assim como muitos cowboys por ali, tem a pele bronzeada pela lida. Acho isso tentador. O rosto tem o maxilar marcado, o corpo é gran
JadenOs dois dançaram juntos. Riram juntos. Jason brincou de tiro ao alvo só para pegar para ela um bendito coala de pelúcia, e Olivia sorriu satisfeita com aquela coisa feia. Ao longe, os acompanhei por toda a feira. Ela é bonita, dos pés à cabeça. Tem grossas panturrilhas que preenchem bem o cano da sua bota cromada.Os dois se divertiram por três longas horas. Ele notou que eu os acompanhava e encarou-me feio por duas vezes. Talvez, se tivesse coragem, depois viesse tirar satisfação, querer saber o que eu estava fazendo e o porquê disso. Diria a ele qualquer coisa, menos que estava muito interessado em trepar usando de muita força com aquela garota, que ele nem sequer teve coragem de tocar na cintura.Não sei bem o que Olivia tem ou o que despertou em mim naquela noite no bar. Só sei que desde então me pego pensando em como seria espalmar a sua bunda a cada olhar rude e resposta maldada. Ela havia atiçado o bicho dentro de mim. Aquele que faz uso da força e do laço para chegar ao
JadenQuando o sol terminou de se erguer atrás das montanhas, eu já estava cavalgando de volta para o rancho. Vi homens retornando para o pasto oeste.— Algum problema? — perguntei, alto.— Sim — respondeu um deles, vindo até mim.— A cerca foi torada outra vez.— Deixa eu adivinhar. Outro buraco?Ele assentiu.— O terceiro em uma semana. — Respirei fundo, frustrado. — Que diabos essa pessoa quer? — perguntei, irritado.— Acreditamos que esteja procurando por alguma coisa.— Não tem nada para ela aqui, seja quem for. Consertem a cerca. Coloque alguém de vigia essa noite.— Sim, senhor.Continuei o meu caminho, rumo à sede. Ao chegar à casa, Jason estava sentado na varanda com uma caneca nas mãos. Subi os degraus em direção à porta, já esperando ser interceptado por ele.— Que merda era aquela ontem à noite? — O seu tom denunciou um pouco da sua irritação.— Estava de olho em você.— Por três horas? — Levantou-se, vindo até mim.— O nosso pai agora é o governador, não posso mais deixar
JadenUm sorriso foi inevitável. Sempre é. O seu jeito um tanto ignorante me atiçava ao mesmo tempo que me irritava, mas precisava admitir, combinava muito bem com ela.— Na verdade, me parece perdida — disse sério.Olivia cruzou os braços à frente e arqueou a sobrancelha esquerda para mim.— Acho melhor deixar eu te guiar pela pista. Estar junto de um local é mais seguro.— Hoje você parece bem a fim. — Lançou-me um sorriso debochado.— Talvez eu esteja.Ela se afastou do balcão e deu um passo na minha direção, ficando a centímetros de distância. O seu perfume doce recendeu no meu nariz. Os olhos subiram do meu peito indo de encontro aos meus. Ela era baixinha, talvez um metro e sessenta, uma boa diferença para um homem com quase dois metros de altura. Mas isso apenas a deixava ainda mais sensual para mim.— Está a fim? — perguntou com a voz baixa, tocando os meus ombros com as pontas dos dedos, subindo até o pescoço.Prendi a minha respiração, concentrando-me em evitar que o meu memb