Capítulo 01

Jaden

Colocando o chapéu na cabeça, desci do carro e atravessei a rua. Ao passar pela porta, o sino acima dela anunciou a minha chegada. O lugar ainda estava um tanto vazio e silencioso, mas algumas pessoas se preparavam para tocar em breve no pequeno palco.

— Bennett! Chegou em boa hora. Uísque duplo? — perguntou Mike.

Ele era o dono do lugar e um velho amigo. Boa índole, grande fé e um fofoqueiro.

— Isso aí. Sentei-me na banqueta diante dele.

— Saudade de quando o seu pai aparecia por aqui.

— Sabe como é a agenda de um governador. — Forcei um sorriso.

— Eu sei. — Riu. — Mas isso não me impede de sentir saudade do velho Bennett.

Ele colocou o copo sobre a bancada, à minha frente. Apanhei-o e levei-o até o nariz, sentindo o adocicado e defumado aroma do líquido de cor âmbar. Dei um gole, deixando a porção se demorar um pouco na boca antes de engoli-la, sentindo-a aquecer suavemente a garganta ao descer.

— Com licença. — Uma voz suave reverberou atrás de mim.

Não fazia nem cinco minutos que eu havia chegado, e o bar ainda não estava tão cheio, mas já tinha uma mulher me importunando.

Não, garota. Irmão Bennett errado.

Virei a cabeça um pouco para o lado, sem me dar o trabalho de olhá-la, apenas para que ela pudesse me ouvir melhor.

— Não estou a fim! — fui direto e rude, olhando para frente outra vez e tomando mais um gole da bebida. Mas, antes que eu pudesse engolir o uísque, dois dedos bateram com certa força no meu ombro.

— Com licença! — disse em um tom mais firme e um pouco mais alto.

— Já disse não, garota! — Fui impaciente, virando-me para ela. Era uma mulher jovem, loira e que jamais vi ali.

— Você está sentado em cima da minha jaqueta — disse ela firmemente, encarando-me nos olhos.

Olhei para baixo e me levantei depressa. Havia uma jaqueta de cor vermelha pendurada no encosto da baqueta em que estava sentado. A ponta da sua manga estava sobre o assento, onde segundos atrás o meu traseiro descansava. A mulher a apanhou e sacudiu, indo embora sem agradecer ou me encarar novamente. Não dando mais importância, voltei a me sentar. Olhei para o lado e vi muitas banquetas vazias. Por que não prestei atenção onde estava me acomodando?

— Mais uma dose? — perguntou Mike, aproximando-se com a garrafa na mão.

Coloquei o copo sobre a bancada e empurrei-o para ele.

— Boa noite — disse alguém no microfone.

Curioso, virei-me na sua direção. A garota que havia me incomodado pouco antes agora tinha um violão branco pendurado no seu corpo e vestia a bendita jaqueta.

— Sou Olivia Davis e vou cantar para vocês essa noite.

A banda começou a tocar, e ela os acompanhou no violão, tocando suavemente as cordas. Chegou mais perto do microfone e soltou vagarosamente a voz, cantando Before He Cheats. É, eu preciso admitir. É uma linda voz. Gradualmente o seu tom foi aumentando, embalando a curtição das pessoas que estavam ali e daquelas que chegavam uma atrás da outra, lotando o bar rapidamente.

Apanhando o copo, segui para uma mesa vaga diante do palco, podendo observá-la melhor. Seus cabelos iam até um pouco mais abaixo dos ombros em delicadas ondas. Por baixo da jaqueta, um vestido preto repleto de brilho prateado. Nos pés, um par de bota country marrom-escuro de cano médio, com bordados laterais em branco. E na cabeça, um chapéu de cor preta.

Seus olhos percorreram a plateia ao final de mais um refrão, encontrando os meus. No entanto, ela os desviou rapidamente, fechando os olhos em seguida e concentrando-se na música, a qual não necessitava de esforço algum da sua parte para cantar. Quando a canção terminou, ela iniciou outra em sequência.

Com o meu copo vazio, levantei-me e retornei para o balcão, desta vez verificando o banco antes de me sentar.

— Mais um, Mike.

Ele jogou o pano de prato sobre o ombro e apanhou a garrafa, vindo até mim e servindo-me.

— Ela é boa, não é?

Olhei rapidamente mais uma vez para ela por cima do ombro.

— De onde ela veio?

— De toda parte. Ela roda o país fazendo shows com a banda. Vai tocar durante a temporada de pecuária.

— Os três meses? — perguntei um tanto intrigado.

Recebemos muitos cantores e bandas, mas eles nunca ficam por tanto tempo, no máximo por duas semanas.

— A temporada inteira! — afirmou ele, também impressionado.

— E como ela veio parar aqui, cantando nessa espelunca? — perguntei em tom humorado, arrancando uma boa risada dele.

— Ela apareceu e perguntou se podia tocar de graça. Disse ser para poder divulgá-la na pecuária. O meu filho concordou na mesma hora. — Riu. — Não é para menos, ela é uma gata. Ainda se fala assim?

Sorri.

— É, acho que sim.

O show continuou por mais algumas horas, com pequenos intervalos. A doce voz cantou um belo repertório. Eu já estava na minha sexta dose de uísque. Ao longe, já havia avaliado e admirado cada curva dela e cada centímetro de pele à mostra.

Quando Olivia se despediu, já passava das dez da noite. As pessoas começaram a pagar suas contas e ir para as suas casas, ou fazer alguma merda na rua. Ela ajudou a banda a recolher alguns cabos e os microfones. Retirou a jaqueta pela terceira vez naquela noite, expondo novamente os seus ombros. Com as mãos, juntou os cabelos, fazendo um coque desajeitado no alto da cabeça. Ao se virar de costas, me permitiu ver a peculiar tatuagem que tinha na nuca. Uma abelha. Por que alguém tatua uma abelha?

Depois de um primeiro contato desajeitado, Olivia havia conseguido chamar a minha atenção, mesmo sem desejar, e eu me senti disposto a tentar alguma coisa. Chamei o garçom e pedi que levasse para ela uma taça de gim com tônica e cerejas no fundo. As mulheres com quem saí sempre bebiam isso; talvez seja o que garotas como ela também goste.

Com a taça na mão, ele saiu de trás do balcão e caminhou até ela, entregando o drinque. Olivia franziu o cenho com um pouco de estranhamento e olhou para mim. Sorri e levantei o meu copo em forma de cumprimento. Eu não sabia o porquê de me encontrar tão disposto. Talvez eu apenas quisesse chamar a sua atenção, assim como ela chamou a minha. Ou, quem sabe, eu tivesse bebido demais. O que de jeito nenhum é o meu costume. A essa hora eu devia estar em casa, dormindo!

Olivia respirou fundo e, de cabeça erguida e olhar duro, caminhou na minha direção. Parando diante de mim, colocou a taça sobre a bancada e deu-me um pequeno sorriso com olhar levemente estreito. Seus lábios eram carnudos, e o batom vermelho que os cobria, combinava bem com o verde dos seus olhos.

— Não estou a fim! — Ela tomou o copo da minha mão e virou, em um só gole, o restante da minha última dose.

Batendo o copo sobre a madeira do balcão, ela se afastou, indo embora após apanhar a jaqueta e a bolsa jogada aos pés do palco. Olivia não se deu o trabalho de olhar mais uma vez para mim, e um inevitável sorriso se abriu no meu rosto. Arisca, belo corpo, olhar e comportamento um tanto desafiador. E não posso esquecer que ela gosta de uísque. O combo perfeito para mim.

As palmas das minhas mãos chegaram a formigar. Adoraria poder colocá-la agora mesmo debruçada sobre o meu colo, erguer aquele vestido e espalmar a sua bunda, deixando a pele alva marcada com os meus dedos. Isso seria divinamente delicioso.

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