Capítulo 05

Jaden

Quando o sol terminou de se erguer atrás das montanhas, eu já estava cavalgando de volta para o rancho. Vi homens retornando para o pasto oeste.

— Algum problema? — perguntei, alto.

— Sim — respondeu um deles, vindo até mim.

— A cerca foi torada outra vez.

— Deixa eu adivinhar. Outro buraco?

Ele assentiu.

— O terceiro em uma semana. — Respirei fundo, frustrado. — Que diabos essa pessoa quer? — perguntei, irritado.

— Acreditamos que esteja procurando por alguma coisa.

— Não tem nada para ela aqui, seja quem for. Consertem a cerca. Coloque alguém de vigia essa noite.

— Sim, senhor.

Continuei o meu caminho, rumo à sede. Ao chegar à casa, Jason estava sentado na varanda com uma caneca nas mãos. Subi os degraus em direção à porta, já esperando ser interceptado por ele.

— Que merda era aquela ontem à noite? — O seu tom denunciou um pouco da sua irritação.

— Estava de olho em você.

— Por três horas? — Levantou-se, vindo até mim.

— O nosso pai agora é o governador, não posso mais deixar que o meu irmãozinho saia fazendo merda por aí.

— Tipo o quê? Dançar com uma garota? Não é como se isso fosse ilegal ou ela pudesse me influenciar ao mal caminho.

Não disse nada ou assenti, apenas continuei a encará-lo. Deixei que pensasse ou falasse o que quisesse.

— Você é patético, sabia? Pare de me perseguir!

Passou por mim, entrando na casa. Fui logo atrás dele, fechando a porta. Na sala de jantar, me sentei sozinho para o desjejum. Antes, tinha a companhia do meu pai, mas agora é apenas eu. Servi-me de linguiça, bacon e ovos mexidos. Tomei uma enorme caneca de café sem açúcar e me levantei para voltar ao trabalho.

No campo, Jason já fazia o seu serviço, separando o gado para vacinação. O dia se foi mais depressa do que começou. Quando a noite chegou, depois de um demorado banho, me deitei na cama da cabana onde moro. No celular, olhava as centenas de bobagens que as pessoas postavam o tempo todo. Eram fotos de comida, da roupa que vestiam, das botas que calçavam, da árvore na esquina, do traseiro de um cavalo, do cachorro, de dedos entrelaçados…

— Por que as pessoas são tão sem graça? — perguntei para mim mesmo.

De repente, na tela, apareceu uma foto da Olivia. Eu quase passei rápido demais por ela, mas a inconfundível jaqueta vermelha me fez voltar para ver aquilo melhor. Ela estava sobre o palco, cantando. Na legenda, alguém estranho dizia que o show da noite anterior havia sido incrível. Na foto, tinha uma marcação. Era o perfil dela, da cantora. Entrei e logo vi algo postado há trinta minutos. Era uma foto das suas belas pernas. Olivia calçava botas brancas com bordado rosa e apoiava os tornozelos sobre uma cadeira de madeira. Na legenda: noite de diversão! Ela havia marcado a sua localização. Estava em uma casa de show no centro de Helena. Instantaneamente, dentro de mim formigou o desejo de ir até lá. Quero vê-la outra vez e provocá-la até o ponto de, em algum momento, implorar para que eu entrasse naquele maldito trailer.

Bloqueando a tela do celular, relaxei a cabeça no travesseiro e fechei os olhos, pensando se devia fazer isso. Porque, no fundo, estava sentindo uma leve pitada de desespero da minha parte. Há tempos não comia ninguém, e talvez fosse por isso. Olivia me excitava. Sem pensar mais, em um pulo, saí da cama rumo ao armário. Vesti-me às pressas e deixei a casa, colocando o chapéu. Entrei no carro e, com a música bem alta, acelerei para a cidade. Longos quarenta e cinco minutos até o destino. Isso teria que valer a pena.

Ao sair da caminhonete, cumprimentei alguns peões na calçada e entrei na casa de show. Na pista de dança, logo avistei Olivia. Ela dançava com um cara que nunca vi mais feio na minha vida. Sorria para ele e parecia feliz. Desci a escada, passei pelas pessoas indo até o bar. Escorei-me ali e pedi uma dose de uísque com gelo. Talvez eu tenha ficado uns vinte minutos somente a observando e me perguntando se ela nunca se cansaria de dançar. Então, como se universo pudesse me ouvir, ela veio na direção de onde eu estava, mas não me viu. Olivia parou alguns metros à frente e pediu água.

— Mais um — pedi outra dose, colocando o copo sobre a bancada.

Ela pegou a garrafinha d’água, abriu-a e bebeu quase tudo em grandes goles. Uma pequena gota escorreu do canto da sua boca, descendo o queixo até a sua clavícula. Deus! Eu tive vontade de ir até lá e lamber aquilo. O seu corpo estava levemente suado, a pele brilhava e alguns fios de cabelo grudavam no seu pescoço e ombro.

O garçom reabasteceu o meu copo, e eu o apanhei, me levantando, pronto para ir direção em dela.

— Perdida por aqui? — perguntei, parando logo atrás, bem próximo do seu corpo.

Os ombros dela inflaram, e a sua postura enrijeceu. Vagarosamente, ela se virou para mim, escorando as costas na bancada em busca de obter um pouco mais de espaço entre nós.

— Pareço perdida para você? — Foi um pouco rude.

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