OliviaDo outro lado, um Bennett, mas não quem eu desejava que fosse. Senti um leve desapontamento, mas tentei ao máximo disfarçar isso, sorrindo para Jason.— Imagino que ainda não tomou café da manhã. Eu trouxe cappuccino e croissant.— Entre. — Dei-o passagem, fechando a porta após a sua entrada.Jason colocou o saco de papel e os copos com as bebidas quentes sobre e mesinha redonda ao canto do quarto. Ele ajudou a me sentar e depois pegou um copo entregando-o para mim. Rasgou o saco ao meio, que continha dos pãezinhos franceses recheados de queijo. Eu peguei um e ele, o outro. Comecei a comer, enquanto Jason se desculpava pelas poucas visitas feitas após o coma.— Eu queria ter vindo aqui antes, eu sinto muito mesmo, mas estou trabalhando em dobro desde que Jaden foi embora.Parei de mastigar e olhei para ele. Engoli o pedaço de croissant que tinha na boca, sentindo-o descer arranhando a garganta.— Foi embora de onde?— Do rancho — falou como se me dissesse o obvio.Fiquei de que
OliviaEle engoliu em seco e tentou disfarçar as lágrimas que estavam prestes a cair. Seu corpo ficou ainda mais tenso e a respiração, mais forte.— Mesmo suspeitando que me ame, se você me disser não, vou embora e nunca mais me verá no seu caminho. Não vou mais insistir. Vou entender que acabamos, que essa é a sua decisão final, mesmo achando ela burra.Jaden parecia ter engolido a própria língua, ou apenas estava emotivo demais para conseguir falar naquele minuto. Toquei o seu rosto com a duas mãos, e seus olhos se fecharam.— Por favor... responda — pedi, baixinho. — Você me ama?— Mais do que tudo nessa vida.Soltei com imenso alívio o ar preso nos meus pulmões pela enorme tensão que sentia. Lágrimas desceram abundantemente pela minha face, e sorri, feliz em finalmente ouvir isso. Jaden abriu os olhos e colocou as suas mãos sobre as minhas.— Eu escolhi você, Olivia. E escolheria outras mil vezes. Me desculpe por ter demorado tanto para tomar a decisão certa.— Isso não importa ma
JadenO verde dos seus olhos estava um pouco mais escuro. Olivia tentava conter a sua ansiedade enquanto tremia de tesão. Chegando nossos corpos mais próximos, eu vagarosamente a beijei um pouco mais. Os dedos se apertaram em mim e um gemido manhoso ecoou dela, soando como uma súplica para ser fodida.Preparei-me para penetrá-la, e ela logo soltou-me erguendo os braços para cima e segurando à beirada do colchão.— Não, hoje não. — Puxei uma das suas mãos de volta para mim.Ela olhou-me um pouco confusa, mas desceu seu outro braço, tocando-me novamente com as duas palmas.— Quero te sentir por inteira.As mãos deslizaram-se em mim com carícias leves, sem pressa.E, lentamente, penetrei-a.Seus olhos se fecharam e ela suspirou com alívio. Quando tornou a me olhar, comecei a me mexer com cuidado. Olivia estava recuperada, mas ainda assim tinha medo de lhe causar dor.Eu nunca havia feito sexo lento ou com tanto contato físico. Parecia que nossos corpos estavam se fundindo. Olivia me agar
JadenNunca pensei que teríamos essa conversa, não estava pronto. No entanto, engolindo em seco, preparei-me para falar.— Eu tinha uma amiga com quem experimentava coisas sexuais. Ela tinha problemas mentais que eu desconhecia. Uma noite, ela me procurou para dizer que estava apaixonada e que achava que devíamos ficar juntos para valer. Eu não queria isso. Nós brigamos feio, ela me atacou e foi embora após dizer que iria se matar. — Suspirei fundo e calmante. — Eu achei que ela só estava falando bobagem, fazendo chantagem emocional, mesmo Lloyd me alertando e dizendo para ir atrás dela. Quando enfim eu fiz isso, era tarde. Ela teve um surto e tirou a própria vida. A família dela queria ver o meu sangue. Tentaram me culpar de todas as formas e, por pouco, não fui condenado por omissão de socorro. O resto, acho que você imagina como foi.— Jack não merece os filhos que tem — disse com indignação.— Definitivamente, não.— Eu sinto muito. Ambos de nós não tivemos um bom pai e passamos p
JadenO resto do caminho foi feito em paz. Olivia cantou e depois contou algumas histórias estranhas e engraçadas que já haviam acontecido em alguns dos seus shows pelas estradas.Quando chegamos à Vegas, senti um enorme frio na barriga. Depois de tantos dias juntos, quase inseparáveis, seria difícil dizer tchau e voltar sozinho para casa.— Me sinto um pouco nervosa. E com medo, eu acho — disse ela, no quarto do hotel.— Vai dar tudo certo. — Tentei lhe passar toda a minha confiança.Segurando-a pela cintura, puxei-a para mim.— Você é puro talento, Olivia. Não precisa ter medo. Em breve, verei esse seu rostinho perfeito por todas as partes. Sempre que eu ligar a TV, alguém estará falando de você.Ela sorriu.— Eu vou sentir tanto a sua falta.— Também vou sentir a sua.— E se daqui a uma semana eu não puder ir a Montana? — Perdeu o sorriso.— Não tem problema. — Acariciei o seu rosto. — Eu irei até você, onde estiver. — Selei os seus lábios.— Cuide bem do Norman, por favor.— Cuida
JadenO sol nascia no horizonte atrás das rochas de Montana. Todos os dias, antes da lida, era ali que eu me encontrava; sentado sobre o cavalo, que pastava o capim úmido pelo orvalho. A cada segundo a mais de admiração, respirando ar puro, tinha mais certeza de que o campo era o meu lugar. Eternamente o meu lar, mesmo que, quando adolescente, eu esperasse fazer algo diferente na vida adulta.As terras pertenciam à minha família há pouco mais de um século e, embora as coisas não estivessem ficando financeiramente mais fáceis com o passar dos anos, jamais permitiria perdermos o paraíso. Dedicava todo o tempo da minha vida em mantê-lo de pé para que os meus irmãos tenham para onde voltar e o meu pai tenha do que se orgulhar. Por isso, casar-me foi tirado dos meus planos. Não poderia perder mais do que algumas horas no ano me dedicando a alguém. O que tive com cada mulher que se deitou na minha cama sempre será o suficiente para mim, além de que o que fazemos não cabe amor. Não cabe paix
JadenColocando o chapéu na cabeça, desci do carro e atravessei a rua. Ao passar pela porta, o sino acima dela anunciou a minha chegada. O lugar ainda estava um tanto vazio e silencioso, mas algumas pessoas se preparavam para tocar em breve no pequeno palco.— Bennett! Chegou em boa hora. Uísque duplo? — perguntou Mike.Ele era o dono do lugar e um velho amigo. Boa índole, grande fé e um fofoqueiro.— Isso aí. Sentei-me na banqueta diante dele.— Saudade de quando o seu pai aparecia por aqui.— Sabe como é a agenda de um governador. — Forcei um sorriso.— Eu sei. — Riu. — Mas isso não me impede de sentir saudade do velho Bennett.Ele colocou o copo sobre a bancada, à minha frente. Apanhei-o e levei-o até o nariz, sentindo o adocicado e defumado aroma do líquido de cor âmbar. Dei um gole, deixando a porção se demorar um pouco na boca antes de engoli-la, sentindo-a aquecer suavemente a garganta ao descer.— Com licença. — Uma voz suave reverberou atrás de mim.Não fazia nem cinco minuto
OliviaO ônibus da escola parou em frente à porteira do rancho. Desci, me despedindo do motorista, e percorri sob o sol quente a estrada até em casa. Ao me aproximar, observei como estava tudo estranhamente quieto. O meu pai não estava mexendo no trator, e a minha mãe não estendia roupas no varal ou fazia reparos nas camisas furadas, sentada em uma cadeira no alpendre.A porta dos fundos estava entreaberta. Subi os degraus e a empurrei, dando-me passagem. Meus olhos se arregalaram quando vi a dois passos um machado sujo de sangue, jogado no chão. Meu coração palpitou forte no peito com o pavor que me preencheu subitamente.— Mamãe — chamei-a, mas nenhum ruído foi ouvido.Tirei a mochila das costas e deixei-a no chão, junto a pia. Entrei na casa a passos oscilantes. Na quina da parede que separava a cozinha da sala, havia rastros de sangue sobre a tinta amarela. Uma mão se firmou ali antes de ser arrastada. Com olhos marejados e mãos trêmulas, continuei a caminhar. Uma linha de sangue