Jaden
Os dois dançaram juntos. Riram juntos. Jason brincou de tiro ao alvo só para pegar para ela um bendito coala de pelúcia, e Olivia sorriu satisfeita com aquela coisa feia. Ao longe, os acompanhei por toda a feira. Ela é bonita, dos pés à cabeça. Tem grossas panturrilhas que preenchem bem o cano da sua bota cromada.
Os dois se divertiram por três longas horas. Ele notou que eu os acompanhava e encarou-me feio por duas vezes. Talvez, se tivesse coragem, depois viesse tirar satisfação, querer saber o que eu estava fazendo e o porquê disso. Diria a ele qualquer coisa, menos que estava muito interessado em trepar usando de muita força com aquela garota, que ele nem sequer teve coragem de tocar na cintura.
Não sei bem o que Olivia tem ou o que despertou em mim naquela noite no bar. Só sei que desde então me pego pensando em como seria espalmar a sua bunda a cada olhar rude e resposta maldada. Ela havia atiçado o bicho dentro de mim. Aquele que faz uso da força e do laço para chegar ao ápice do prazer.
Eles se despediram, trocaram números de telefone e se abraçaram brevemente. Eu sorri e balancei a cabeça em negação. É ridículo como o meu irmão é fraco, um grande homem mole. Mas, no fundo, talvez eu tenha gostado disso. Olivia seguiu seu caminho para fora da feira, em direção ao estacionamento de trailers. Jason não veio ao meu encontro como eu esperava. Ao longe, nos encaramos e, então, ele se foi. Caminhei até a tenda de alcoólicos e pedi uma cerveja duplo malte. Vagarosamente, degustei-a ali mesmo, enquanto conversava com alguns conhecidos que passaram por mim.
— Oi, Jaden. Você viu o Jason? — perguntou uma garota.
— Não. Algum problema?
— A amiga dele esqueceu isso na barraca do tiro ao alvo. — Estendeu-me uma jaqueta de couro vermelha.
— Posso devolver. — Sorri educadamente, apanhando-a da sua mão.
— Está bem. Até mais.
Ela se foi, e fiquei segurando o couro vermelho, pensando bem no que fazer com aquilo. Poderia procurar a sua dona para devolvê-la. Ou poderia entregá-la ao meu irmão. Sem dúvida alguma, logo eles se veriam novamente. No entanto, a segunda alternativa pareceu inviável para mim naquele momento. Ou, para o bicho ansioso dentro de mim.
Engoli em um grande gole o restante da cerveja, joguei o copo no lixo ao lado e segui para o estacionamento de trailers. Caminhei entre os inúmeros veículos parados, até que avistei um enorme ônibus estacionado ao final. Tinha um gigantesco adesivo na lateral com a imagem da Olivia e a da sua banda logo atrás dela, acompanhado pelo seu nome.
Cheguei mais perto e ao lado tinha um trailer antigo, branco com detalhes em dourado. Poderia ser o dela. Geralmente, a banda mora no ônibus e cantor em um trailer para ter mais privacidade, ainda mais sendo mulher. Caminhei até a porta e dei duas batidas.
— Já estou indo! — gritou ela lá dentro.
Afastei-me um pouco, e a porta foi aberta. Ela já não vestia mais o vestido brilhante e as chamativas botas. Agora, estava descalça e usava apenas um microshort jeans e regata branca de tecido fino. Os meus olhos se prenderam instantaneamente na sombra dos seus seios. A maneira como os seus bicos durinhos empinava o pano quase translucido era indecente e me tirou um pouco do eixo, fazendo-me desejar atacá-los ferozmente com a boca.
— O que faz aqui? — perguntou ela.
A sua voz trouxe-me de volta à realidade, ajudando a controlar a minha mente pervertida. Encarei-a e ergui a mão com a jaqueta.
— Você esqueceu isso na feira.
Ela olhou para a peça de roupa e desceu um degrau, passando pela porta. Estendeu a mão para apanhá-la, mas eu a afaste dela. Olivia me olhou com cenho franzido.
— Obrigada. Já pode me entregar e ir — disse um tanto ríspida.
Um sorriso ameno marcou os meus lábios. Dei dois passos para perto e entreguei a jaqueta na sua mão. Ela a segurou rente ao peito e me encarou nos olhos, com a boca entreaberta e a respiração levemente acelerada. Sem perceber, empinou os seios. Às vezes, uma reação involuntária do corpo fala mais do que a própria boca. As mãos apertaram o couro, demonstrando um pouco de ansiedade. Olivia engoliu em seco a pequena tensão que a aproximação causou a ela.
— Poderia me convidar para entrar.
— Não! — falou firmemente, entrando no trailer. — Com licença. — Tentou puxar a porta que se abria para fora, mas meu corpo a impediu que fechasse.
— Boa noite, Olivia. — Dei um passo para o lado.
Ela fechou a porta batendo-a com força. Poderia ter me negado hoje, mas da próxima eu nem sequer precisaria pedir para entrar. Foram poucos os gestos e mínimo o tempo, mas pude perceber que a afetava de alguma forma. E isso era extremamente interessante para mim. Foi como avaliar uma presa.
JadenQuando o sol terminou de se erguer atrás das montanhas, eu já estava cavalgando de volta para o rancho. Vi homens retornando para o pasto oeste.— Algum problema? — perguntei, alto.— Sim — respondeu um deles, vindo até mim.— A cerca foi torada outra vez.— Deixa eu adivinhar. Outro buraco?Ele assentiu.— O terceiro em uma semana. — Respirei fundo, frustrado. — Que diabos essa pessoa quer? — perguntei, irritado.— Acreditamos que esteja procurando por alguma coisa.— Não tem nada para ela aqui, seja quem for. Consertem a cerca. Coloque alguém de vigia essa noite.— Sim, senhor.Continuei o meu caminho, rumo à sede. Ao chegar à casa, Jason estava sentado na varanda com uma caneca nas mãos. Subi os degraus em direção à porta, já esperando ser interceptado por ele.— Que merda era aquela ontem à noite? — O seu tom denunciou um pouco da sua irritação.— Estava de olho em você.— Por três horas? — Levantou-se, vindo até mim.— O nosso pai agora é o governador, não posso mais deixar
JadenUm sorriso foi inevitável. Sempre é. O seu jeito um tanto ignorante me atiçava ao mesmo tempo que me irritava, mas precisava admitir, combinava muito bem com ela.— Na verdade, me parece perdida — disse sério.Olivia cruzou os braços à frente e arqueou a sobrancelha esquerda para mim.— Acho melhor deixar eu te guiar pela pista. Estar junto de um local é mais seguro.— Hoje você parece bem a fim. — Lançou-me um sorriso debochado.— Talvez eu esteja.Ela se afastou do balcão e deu um passo na minha direção, ficando a centímetros de distância. O seu perfume doce recendeu no meu nariz. Os olhos subiram do meu peito indo de encontro aos meus. Ela era baixinha, talvez um metro e sessenta, uma boa diferença para um homem com quase dois metros de altura. Mas isso apenas a deixava ainda mais sensual para mim.— Está a fim? — perguntou com a voz baixa, tocando os meus ombros com as pontas dos dedos, subindo até o pescoço.Prendi a minha respiração, concentrando-me em evitar que o meu memb
OliviaQuando o calor do seu corpo se foi, continuei grudada na lataria. Sentia as pernas fracas e as minhas estranhas vibrarem quentes. Por Deus! O que foi aquilo? O que é esse homem?Em um impulso, abri rapidamente a porta do carro e entrei. Não liguei o motor imediatamente. Não sabia se conseguiria dirigir naquele minuto. Se não fosse a sua arrogância, talvez eu tivesse tirado a roupa para ele ali mesmo. Ou será que a vontade súbita de me despir era devido à sua arrogância? Isso é problemático? Não tenho certeza, mas acho que sim.A caminhonete dele passou pela minha, indo embora. Coloquei a chave na ignição e liguei o motor, seguindo de volta para o estacionamento de trailers. Ao entrar naquilo que eu tinha há alguns anos como a minha casa, sentei-me na cama e retirei as botas. O meu corpo se pendeu para trás, acomodando-se no amontoado de travesseiros e almofadas. A minha mão direita tocou a minha barriga onde a sua havia estado alguns minutos atrás. Era como se a minha pele ainda
OliviaSubimos no palco e logo começamos a cantar. Não demorou nem duas músicas para que, em meio a plateia, eu enxergasse Jason. Parecia animado e segurava um copo de cerveja. Quando acabamos, ele me esperava aos fundos do palco. Na mão, tinha uma única rosa de cor vermelha. Preso ao seu fino caule, um delicado laço de cetim branco.— Obrigada. — Sorri e coloquei-me na posta dos pés para beijar o seu rosto. Mesmo que as botas tivessem saltos médios, ele era grande como o seu irmão.— Não tem de que — disse, retirando o chapéu.As suas bochechas ficaram levemente coradas, achei isso adorável.— Que dar uma volta? — chamei-o.— Pensei em te comprar uma maçã do amor e depois irmos na roda gigante.Sorri novamente. Jason se parecia com um dos muitos personagens dos livros de romance que lia na adolescência. É gentil, galanteador e um tanto romântico. E eu gosto muito disso.— Aceito — disse, sentindo-me um pouco nervosa com a proposta da roda gigante.O seu rosto se preencheu com um enorm
Olivia— Dez minutos lá em cima — disse Jason, balançando os ingressos à minha frente. — Está tudo bem? — Franziu o cenho.— Sim. — Tentei forçar um sorriso.Não queria que o nosso clima adorável fosse embora por minha culpa. Ou melhor… por culpa do seu belíssimo irmão.A nossa vez logo chegou e nós entramos. Quando a trava foi abaixada sobre nós e começamos lentamente a subir, concentrei a minha visão na maçã do amor que segurava firmemente com as duas mãos, a fim de não olhar para baixo. Eu não me dou bem com grandes alturas, mas Jason não precisa saber. Ele está sendo um amor e não quero estragar o seu plano romântico. E além disso, é só uns trinta metros de altura, eu posso lidar com isso.— E então… O que está achando de Helena?— Gosto daqui. — Olhei para ele. — A cidade tem um tamanho ideal e as pessoas são educadas.— Moraria aqui?— Talvez um dia, quando eu me cansar dos palcos.— Para onde vai depois daqui?— Os meninos e eu queremos ir para Nashville.— Tennessee?! — pergunt
OliviaJason me ajudou a sair da roda gigante. A minha mão grudava cheia de açúcar e manchada de vermelho. Fomos até uma barraca de bebidas e ele comprou uma garrafa d’água. Abriu-a e despejou-a nas minhas mãos, para que eu pudesse lavá-las. Depois me deu guardanapos e seguimos andando pela feira.— Aí, Jason! — Alguém gritou por ele.Paramos e olhamos para trás.— Olá, moça bonita. — Um homem cumprimentou-me, tocando cordialmente a ponta do seu chapéu. — Sou o Will. — Estendeu-me a mão.— Olivia. — Apertei a sua palma.— Larga a mão dela — falou Jason, em um tom humorado, dando um tapinha no braço do homem.— Estamos indo para o rancho. Vamos dar continuidade na festa por lá — falou muito animado.— Não faria isso se fosse vocês. Lembrem-se que amanhã acordamos às quatro. E se Jaden descobre, ele não ficará nada feliz.— Ele está bem ocupado com os negócios por aqui.Jason me olhou apreensivo.— Vamos lá, cara. Estamos levando algumas garotas e cerveja. Pode levar a Olivia. — Piscou p
JadenEstacionei o carro em frente à cabana e desci. Do alto do morro, pude ver a claridade que vinha de labaredas entre o redondel e a instalação dos peões. Aqueles infelizes trouxeram a festa para o rancho e isso não é nada bom. Noites assim sempre costumam acabar com brigas entre eles por causa de alguma mulher que nem sequer vale o par de botas que calça.Respirando fundo, segui até lá. Chegaria logo com um balde d’água sobre a fogueira e colocaria aqueles que não são daqui para fora e os meus homens para lembrar das responsabilidades que logo os chamariam antes do amanhecer. Mas, ao me aproximar, escutei o som doce de uma voz feminina cantarolar calmamente. Os meus passos desaceleraram, parando na penumbra entre os carros. Observei quem estava naquela roda. Tamanha foi a minha surpresa ao ver Olivia ali. Perguntei para mim mesmo o que ela fazia no rancho. Mas logo vi Jason sentado ao seu lado com um sorriso bobo e obtive a resposta instantaneamente.Foi impossível não me lembrar
OliviaParei a caminhonete próximo do trailer e desci, entrando em casa. Retirei o chapéu, o casaco e as botas na entrada. Estava frio ali dentro. A chegada do outono anunciava que o inverno não perdoaria. Liguei o aquecedor e sentei-me na cama. Os meus dedos frios foram até o pescoço, tocando a pele ainda arrepiada. Quando o hálito quente do Jaden me tocou logo baixo da orelha, os meus olhos se fecharam ao sentir o pequeno calor. Eu tinha de resistir a ele, precisava, mas não sabia até quando seria forte para isso.Troquei a roupa por um pijama e escovei os dentes. Debaixo dos cobertores, esperei pelo sono que demorou a chegar. Até que eu adormecesse, na cabeça passou como um filme as memórias de todas as vezes que as suas mãos me tocaram.Quando amanheceu, não havia dormido mais do que quatro horas. Sentia-me cansada e com um pouco de dor de cabeça. Uma batida forte contra a porta fez com que eu saísse da cama e vestisse o roupão. Ao abri-la, John – o meu contratante – estava ali, d