Na enfermaria.As pernas de Alana estavam gravemente queimadas, com áreas extensas de vermelhidão e bolhas. Até nos braços havia sinais de queimaduras. Ayla quis ir junto, mas Murilo não permitiu. Ele pediu que a levassem de volta para casa. Enquanto o médico tratava os ferimentos de Alana, ela puxou o ar entre os dentes, sentindo uma dor aguda. Não era apenas dor, era uma sensação ardente, como se milhares de insetos estivessem rastejando por suas pernas e braços, picando e mordendo sua pele. No meio daquela dor incessante, uma coceira penetrante se misturava, tão insuportável quanto a dor. Ela tentou levantar a mão para coçar, mas ao menor toque, a dor era excruciante. — Não toque. — Murilo segurou o pulso dela, impedindo-a de se mexer. O médico trouxe uma bolsa de gelo e a entregou a Murilo, orientando-o a colocá-la sobre a área queimada e pressioná-la contra a pele por pelo menos dez minutos. Murilo pegou a bolsa, mas algo o preocupou e ele chamou o médico antes que ele
— Continue com o gelo por mais um tempo. — Sugeriu Murilo.No momento em que a bolsa de gelo foi retirada, a porta da enfermaria se abriu de repente. Diego e Luana entraram apressados, seguidos por Telma e alguns membros da família Barbosa. — Sua desgraçada! Você destruiu a minha filha! A polícia levou minha filha embora! Vá agora mesmo até a delegacia e mande soltar a minha filha! — Luana gritou, apontando o dedo para Alana, cheia de raiva.Diego parecia mais calmo. Ele ficou visivelmente chocado ao ver os ferimentos de Alana, mas, ao notar a presença de Murilo, sua expressão rapidamente mudou:— Alana, eu vim aqui para pedir desculpas no lugar da minha irmã, mas você passou dos limites. Não importa o que aconteceu, você não deveria ter chamado a polícia! Sei que você deve ter agido por impulso. Será que não dá para retirar a queixa? Depois a gente resolve com uma compensação. — Diego, eu passei dos limites? — Alana encarou Diego diretamente e pegou o celular. Ela abriu o post q
— Você está mentindo! O diretor nunca tomaria uma decisão sem o aval do conselho administrativo. Não se esqueça de que somos membros do conselho! — Luana gritou, cheia de indignação. Alana nem sequer se deu ao trabalho de olhar para ela e, com evidente impaciência, respondeu:— Por acaso você esqueceu que existe outro conselho administrativo aqui? Assim que o nome de Murilo foi mencionado, Luana perdeu a coragem de continuar discutindo. Telma, tentando manter o controle da situação, deu mais um passo à frente e falou com um tom calmo. — Srta. Alana, na verdade, tudo isso pode ser resolvido de uma forma muito simples. Não precisamos levar as coisas a esse ponto. A família Arruda jamais vai abandonar Isadora. Por que você não pode ser mais generosa e perdoá-los? — Cale a boca! — Alana respondeu friamente, olhando diretamente para Telma. — O que essa história tem a ver com você? Você nem mesmo faz parte da família Arruda. Não venha aqui dar opiniões ou tentar me controlar. E, al
— Assine.A voz fria e grave soou acima de sua cabeça, enquanto uma folha de papel era colocada diante dela. Era um contrato de divórcio. Alana Alves ficou levemente atônita, levantando os olhos para encarar Diego Arruda. Um sorriso amargo surgiu em seus lábios.Então era isso... Não era à toa que, mais cedo, ele havia feito algo completamente inusitado: ligou para ela pela manhã, dizendo que voltaria para casa à noite porque precisava conversar.Ela passou o dia inteiro ansiosa, cheia de expectativas. Pensou que, talvez, depois de três anos de casamento, ele finalmente estivesse disposto a abrir seu coração para ela. Mas, no fim, o que ele tinha a dizer era isso. O ponto final em um casamento que, para ela, já durava uma eternidade, mas, para ele, nunca havia começado de verdade.Alana pegou os papéis sem dizer nada. Seus dedos apertaram levemente as folhas, enquanto ela permanecia em silêncio. Depois de um momento, sua voz saiu rouca:— Tem mesmo que ser assim?Diego franziu as sobra
Alana ouviu a conversa do lado de fora do escritório e abaixou os olhos. Durante todos esses anos como parte da família Arruda, ela sempre se esforçou ao máximo para cuidar de Luana, sua sogra, e de Isadora, a irmã caçula de Diego.Quando Isadora sofreu aquele acidente de carro e precisou passar por uma cirurgia delicada, foi Alana quem ficou noites inteiras no hospital, cuidando dela. Para Luana, ela sempre teve paciência e respeito, tratando-a com o máximo de atenção. Mas, no fim das contas, tudo isso não fez a menor diferença. Não importava o quanto se dedicasse, o desprezo dos Arruda por ela nunca mudou.Pouco depois, o celular tocou. Era Luiza Duarte, a voz dela soava um pouco cansada:— Alana, você realmente não vai? Eu me lembro que você adorava caçar ao ar livre. Sem falar que é sempre uma boa desculpa para dirigir como louca.Alana ficou um instante em silêncio, surpresa. Algumas lembranças vieram à tona, como se alguém tivesse puxado uma corda esquecida em sua mente.Antes de
Sob o olhar atônito de Isadora, Alana segurou a mala com firmeza e saiu sem olhar para trás.Assim que deixou os Arruda, avistou Luiza abaixando o vidro do carro. Ela inclinou a cabeça para fora e, com um sorriso radiante, mandou-lhe um beijo no ar:— Amor, entra logo no carro! Hoje você vai comemorar comigo.Embora tivesse falado em comemoração, Luiza sabia bem que o coração de Alana ainda estava pesado por causa do divórcio. Por isso, resolveu levá-la a um restaurante com temática musical, onde pudessem conversar e descontrair. Ao descobrir o motivo da separação, Luiza não conseguiu conter a indignação:— Foi por causa da Telma de novo? Mas que coisa absurda! O que o Diego viu nela, afinal?Alana mexia lentamente o café com a colher, a voz saindo preguiçosa:— Não sei…Alana nunca chegou a conhecer Telma, a mulher que parecia ser a eterna "primeira-amor" no coração de Diego. Quando Telma foi para o exterior, Alana ainda não fazia parte da vida dele. Tudo o que sabia vinha de rumores:
Alana parou os passos. Sua expressão permanecia tranquila, mas ela não estendeu a mão para retribuir o cumprimento. O rosto de Telma ficou levemente rígido.Ao lado, Diego abriu a boca para quebrar o silêncio, com a voz baixa e grave:— O vovô ficou sabendo da gente. Ele pediu para você ir jantar hoje à noite. Seu celular estava desligado, então vim te buscar.— Entendi. — Alana olhou para o celular e confirmou que estava desligado. Assentiu com a cabeça. — Vou carregar a bateria. Daqui a pouco eu vou.O subtexto era claro: ela não planejava ir junto com eles.Diego franziu as sobrancelhas:— Que tal eu esperar você aqui em baixo?Alana interrompeu-o com um sorriso leve:— Não precisa. Eu vou sozinha.Diante do silêncio dele, Alana desviou o olhar para Telma e lançou calmamente:— E amanhã, às nove da manhã, se você estiver livre, podemos ir buscar o certificado de divórcio.Por algum motivo, Diego sentiu uma inquietação crescer em seu peito:— Está com tanta pressa assim?Alana assen
Diego estava perdido em seus pensamentos quando sentiu um toque suave e quente em sua mão. Virou a cabeça e viu Telma olhando para ele com preocupação:— Diego, está com dor no estômago? Quer que eu pegue um pouco de sopa para você?Ele balançou a cabeça, recusando.Enquanto isso, Alana terminava de cumprimentar Dario. Sem demonstrar emoção, puxou a cadeira e se sentou à mesa, completamente alheia à interação entre Diego e Telma. Dario, por outro lado, deixou escapar um resmungo de desprezo.Os jantares na família Arruda sempre seguiam a etiqueta rígida de silêncio à mesa. Alana, sem muito apetite, apenas acompanhou Dario e comeu um pouco para não parecer desrespeitosa.Quando a refeição terminou, Dario segurou a mão dela e disse:— Eu já soube de tudo entre você e o Diego, Alana. Não se preocupe, para a família Arruda, você é e sempre será a única nora legítima.Dario lançou um olhar cortante para Diego e Telma, cujas expressões ficaram tensas. Aproveitando o momento, disparou com sar