Capítulo 5

O carcereiro deu uma risada grave diante da determinação cega e a coragem imprudente de Ivy. Lentamente ele avança em sua direção, o sorriso diabólico presente em seu rosto duro e cruel.

— Ora, ora... a ovelhinha decidiu enfrentar o lobo. Pena que não vai durar muito. — Ele resmunga, ficando cada vez mais próximo.

Ivy tremeu, mas não cedeu. Seu coração batia tão forte que sentia como se fosse rasgar seu peito, mas sua convicção era maior que o medo. Enquanto encarava o carcereiro, ouviu o irmão atrás dela.

— Saia daqui, Ivy! Ele vai te machucar... como fizeram comigo.

— Eu não vou deixar você sozinho — respondeu, sem desviar os olhos do homem à frente.

O carcereiro levantou o chicote novamente, pronto para desferir o golpe, mas algo aconteceu. O som grave de passos ecoou pelo corredor. Pesados, firmes, inconfundíveis.

Lucian. Lucian não hesitou. Um rosnado profundo e ensurdecedor escapou de sua garganta quando entrou com violência no recinto.

O carcereiro hesitou, os olhos piscando na direção do corredor. No instante seguinte, o Alfa apareceu, a aura dominante e ameaçadora enchendo o espaço pequeno da cela. Ele parou à porta, os olhos dourados faiscando com algo que parecia... decepção.

— O que está acontecendo aqui? — a voz de Lucian era calma, mas com um tom letal subjacente.

— Ela... — o carcereiro tentou explicar, apontando para Ivy, mas Lucian já se movia.

— Pare agora!

Com uma rapidez inacreditável, ele agarrou o chicote da mão do homem, arrancando-o com tanta força que o carcereiro cambaleou para trás. Lucian deu um passo à frente, sua altura e força esmagadoras reduzindo o carcereiro ao silêncio.

— Você desobedeceu a minha ordem — Lucian rosnou, cada palavra gotejando perigo. — Eu disse que ele ficaria vivo e inteiro. Você acha que pode desafiar minha autoridade?

— Eu... só... —

Lucian nem o deixou terminar. Em um movimento brutal, Lucian avançou como um predador, agarrando-o pela garganta e jogando-o contra a parede. O carcereiro gemeu de dor, escorregando até o chão, mas Lucian não parecia disposto a mostrar clemência. O impacto foi tão brutal que o homem desabou, sem ar, tossindo em agonia.

Lucian pressionou o pé contra o peito do homem, segurando-o ali enquanto seu olhar furioso caía sobre Ivy. Ivy se virou, os olhos arregalados, enquanto segurava seu irmão em estado lastimável.

Lucian voltou sua atenção para ela, o olhar ardente e dominador, que misturava fúria e confusão.

— E você — disse ele, a voz mais baixa, mas ainda tão intensa que Ivy sentiu o chão tremer. — Parece que subestimei sua teimosia.

Ela engoliu em seco, sem saber como reagir.

— Por que fugiu? — perguntou ele, com a voz grave, quase rouca.

— Como notou minha fuga? — Ivy rebate sua pergunta.

Lucian estreita os olhos para encará-la. O dourado dos seus olhos parece escrutinar a alma de Ivy, onde seu coração b**e aceleradamente, diante da presença e do olhar dominante e inescapável do alfa.

—  O seu cheiro é doce e inconfundível, Ivy, responsável por invadir os meus sentidos como uma trilha de fogo, me guiando.

Ivy engole em seco, dando um passo para trás diante daquela revelação e daquele olhar que parecia queimar tudo ao redor. Mesmo assim, Lucian continuou:

— Portanto, eu espero que lembre que mesmo na vastidão da floresta, no meio da noite ou na luz da manhã,  eu posso senti-la. Meu lobo ruge dentro de mim, exigindo que a encontre.

Sua voz se torna um sussurro sombrio quando volta a falar:

— Por isso, você jamais poderá fugir de mim.

Ignorando as batidas frenéticas do seu coração, Ivy levantou-se devagar, seus olhos se encontrando com os de Lucian sem medo.

— Mesmo assim, eu não me cansarei até fugir. Porque eu jamais ficaria no mesmo lugar que você — respondeu ela, cada palavra carregada de raiva e dor. — Você arrancou tudo de mim. Minha vida. Meu lar. Minha paz. Agora a única coisa que me restava era meu irmão. E mesmo isso você quer tirar de mim.

Lucian a olhou por um longo momento, seus olhos analisando cada detalhe de sua expressão, mas em seguida, apenas ignorou a raiva e a dor presente nos olhos de Ivy.

Finalmente, ele se virou para o carcereiro, que ainda estava preso sob seu pé.

— Se machucar qualquer membro sob minha custódia de novo... não verá o nascer do sol — rosnou. Então, com um último olhar de desdém, ele afastou o pé e deu as costas.

Sem mais uma palavra, ele pegou Ivy pelo braço, não com força, mas com firmeza suficiente para fazê-la recuar um passo.

— Você quer protegê-lo? Então prove que é capaz. Porque isso aqui... — ele gesticulou para a cena à sua frente — não é algo que se resolve com bravura e impulsos.

Sem esperar resposta, ele começou a se afastar, tentando arrastar Ivy consigo. Mas Ivy se recusou a sair do lugar, forçando todo o seu corpo a permanecer ali, naquela cela, junto com Ethan.

— Não irei a lugar algum. Ele é o meu irmão e não irei abandoná-lo.

O olhar de Lucian endureceu por um breve instante diante da teimosia desobediente de Ivy, mas antes que ele pudesse responder, o som grave da sentinela da manhã soou, ressoando pelas paredes como um aviso.

Ivy congelou. Ela reconhecia aquele som. O desespero caiu sobre ela como uma onda.

— Não... — sussurrou, com a voz falhando. Seu olhar voou para o irmão, debilitado e encharcado de sangue. — É agora. A execução...

Lucian a observou, notando o pânico tomar conta dela. Ele fechou os olhos por um breve momento, refletindo sobre o caos interno que estava enfrentando. A ideia de vê-la morta apertava seu coração mais do que estava disposto a admitir.

— Ivy... — começou, sua voz carregada de algo diferente agora, um peso. — Escute-me com atenção.

Ela o encarou, com as mãos trêmulas agarrando o braço de seu irmão.

— Você não precisa morrer. Nem ele. Mas vai precisar me ouvir.

Ivy o olhava desconfiada, o olhar oscilando entre ódio e desespero.

Lucian respirou fundo e se aproximou.

— Eu sei o que você significa para mim. E, acredite, isso não é algo que eu queria... Mas não posso mudar que a Deusa da lua escreveu. Não sem destruir ambos. É por isso que estou propondo um acordo.

— Um... acordo? — perguntou ela, com a voz trêmula, enquanto o eco da sentinela continuava a soar.

Lucian assentiu, sua expressão rígida.

— Você vai casar comigo. Aceitar ser minha Luna.

Ivy o encarou como se ele fosse louco, abrindo a boca para retrucar, mas ele levantou uma mão, silenciando-a.

— E, em troca, o seu irmão será libertado. Assim que o casamento for oficializado, ele poderá partir. Sem olhar para trás, sem consequências.

— E o que você ganha com isso? — ela desafiou, ainda lutando contra a ideia e descrente. — O que eu ganho com isso?

— Você ganha tempo. O tempo que precisa para dar à alcateia o que ela espera: um filho homem. Um herdeiro.

Os olhos de Ivy se estreitaram, cheios de incredulidade e nojo.

— Você quer me usar para... ter um filho?

— É isso ou sua morte. — Lucian se inclinou, a voz afiada como uma faca. — Mas, se aceitar o acordo, depois que o nosso filho nascer, você terá minha palavra: poderá ir embora. Para onde quiser. Livre.

Ivy ficou em silêncio, cada músculo de seu corpo tenso, processando as palavras dele.

— E como posso acreditar em você? — ela disparou, com os olhos cheios de lágrimas.

Lucian não respondeu imediatamente. Ele apenas a encarou com intensidade e respondeu:

— Minha palavra é a única coisa que resta deste caos que me tornei. E juro por minha alcateia, pelo meu sangue, que, se fizer sua parte, cumprirei o que prometi.

A decisão pairava no ar como uma tempestade iminente, a sentinela continuando a soar, e Ivy sabia que o tempo estava se esgotando.

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